Interlúdio: O Quinto Herói
Vários meses atrás, na época em que Satsuki, Rui, Hiroaki e Takahisa foram invocados para a região de Strahl...
No grupo de pequenos reinos espremidos entre o Reino de
Galark e o Império Proxia, havia um pequeno país chamado Reino Vilkis. No lado oriental deste reino, um Herói foi
secretamente invocado.
O nome do Herói era Kikuchi
Renji, um estudante do ensino médio que morava no Japão. Ele estava um
pouco abaixo da altura média de um estudante do ensino médio, com 160
centímetros de altura, e tinha uma expressão inocente, mas obstinada.
".... Que lugar é esse? Eu estou... parado em uma
cratera?", Renji murmurou, com os olhos arregalados e confuso.
Depois de voltar da escola, ele saiu de casa ainda vestido
com o uniforme para passar na loja de conveniência. No entanto, antes que
percebesse, ele se viu parado em um lugar desconhecido. A área onde Renji
estava foi escavada no chão como uma cratera redonda, deixando-o no centro. Não
era de admirar que ele tenha ficado surpreso.
Não havia sinal de nada feito pelo homem ao seu redor, e
parecia que o que quer que tivesse criado esta cratera tinha destruído tudo ao
seu redor durante o impacto — não havia nada além do solo se espalhando em um
círculo ao redor dele para onde quer que ele olhasse. A borda da cratera
parecia estar a várias centenas de metros de distância, mas Renji não conseguia
dizer o que estava acontecendo fora da cratera de onde ele estava.
"Está um pouco frio... E hoje era para ser quente...
Ainda é o Japão?", Renji tremia em seu blazer escolar enquanto dava outra
boa olhada ao redor. A hora do dia não havia mudado, mas o local era
completamente diferente. Foi nesse momento que um pensamento cruzou sua mente.
É quase como um daquelas novelas de invocação em outro mundo.
Os japoneses estavam lendo muitas novelas envolvendo invocação
para outro mundo, então a possibilidade ocorreu a ele.
"Não, isso seria impossível."
As light
novels que Renji lia eram apenas uma forma de entretenimento para matar o
tempo. Mundos fictícios dentro de histórias fictícias. Não havia como isso
acontecer na vida real.
"Mas..."
Algo que deveria ser impossível aconteceu. Ele estava em uma situação que não poderia ser explicada
de outra forma. Renji lançou o olhar sobre a área e engoliu em seco.
Acho que vou verificar o que está acontecendo fora da cratera.
Com isso decidido, Renji começou a caminhar em direção à
borda da cratera. Havia uma inclinação do centro para a borda mais distante,
então sair da cratera foi fácil. Ele chegou à borda para ver uma floresta de
árvores espalhada diante dele.
"Uma floresta, huh...", Renji fechou os olhos
como se quisesse evitar a realidade e bateu algumas vezes na própria cabeça,
depois abriu os olhos e olhou em volta novamente. A cratera ainda estava
cercada por árvores, tanto quanto ele podia ver.
"—, isso mesmo, meu smartphone...... está fora de
alcance, huh?", Renji de repente tirou seu smartphone do bolso do blazer.
A situação impossível o abalou tanto que ele se esqueceu da primeira ferramenta
que deveria ter verificado. No entanto, o símbolo perto do indicador de bateria
mostrou que ele estava fora do alcance da rede. Isso significava que mesmo se
ele ainda estivesse no Japão, não seria capaz de usar um aplicativo para
encontrar sua localização.
"........ Por
agora, acho vou dar uma olhada fora da cratera."
Era possível que esta cratera estivesse localizada na borda
da floresta, e ele seria capaz de sair facilmente.
Com isso decidido, Renji suspirou
pesadamente e começou a andar.
◇ ◇ ◇
Algum tempo
depois...
"Como
imaginei, isso não é bom."
Renji não conseguiu encontrar uma saída e
suspirou profundamente. Não importa onde ele estivesse ao longo do perímetro
externo da cratera, ele não conseguia ver o fim da floresta.
"Eu não
tenho escolha a não ser entrar na floresta? Acho que não... Hm?"
Ele se encostou em uma árvore enquanto olhava ao redor e
falava sozinho. Então, do outro lado da cratera, um grupo de pessoas apareceu
da floresta. Havia oito delas.
"Aquilo é.…!"
Renji avistou as figuras opostas à
sua posição e quase correu na direção delas sem pensar. No entanto, ele foi parado
pela cautela que cresceu dentro dele.
....... Não importa como se olhe para isso, eles não são japoneses....
Eles estão vestidos como se tivessem saído diretamente de um mundo de fantasia.
Alguns deles até têm espadas.
Renji rapidamente se escondeu atrás da árvore em que estava
apoiado e forçou os olhos para observar o grupo que saía da floresta. Todos
eram homens na casa dos vinte a quarenta anos. Alguns deles tinham espadas nas
mãos. Se aquilo eram ferramentas agrícolas, estavam sendo usados no lugar de
armas? Eles não tinham nenhum equipamento defensivo, como armadura, escudos ou elmos
equipados, e as roupas que vestiam eram variadas. Comparadas com o uniforme
escolar que Renji usava, elas pareciam bastante simples.
Eles não parecem soldados.... Eles são aldeões? Renji supôs.
Estão apontando para a cratera e dizendo algo.
Os aldeões pareciam animados. Ele não sabia o que eles
estavam dizendo, mas não parecia haver qualquer raiva em suas expressões. Eles
estavam surpresos?
Deixando isso de lado, meus olhos parecem que podem ver muito
claramente agora.... Eles deveriam estar bem distantes, mas eu posso ver seus
rostos sem problemas, Renji pensou de repente. Sua visão não exigia óculos,
mas ambos os olhos estavam abaixo de 1,0. Ele se perguntou por que podia ver
tão longe e tão claramente.
Estão vindo para cá?
Os homens começaram
a caminhar pelo lado de fora da cratera.
Mesmo
se eu me mostrasse, não seríamos capazes de nos comunicar. Eu também não quero me
aproximar de homens armados com as minhas mãos vazias. Vamos ver o que acontece
um pouco mais.
Renji decidiu recuar um pouco mais para dentro da floresta.
A atenção dos aldeões foi atraída para a cratera, como se estivessem
preocupados com alguma coisa.
Pode haver lobos ou outras feras perigosas. Não, este é um mundo de
fantasia, então monstros também podem ser possíveis.
Assim que chegou a esse pensamento, Renji olhou de volta
para a floresta com medo. Havia apenas árvores densas crescendo lá, mas o
pensamento de criaturas perigosas lhe deu calafrios. No entanto, ele não podia
se mover de sua posição atual. Renji se escondeu nas árvores e esperou que os
aldeões se aproximassem.
Depois de quase dez minutos terem passado, os homens
estavam finalmente ao lado das árvores atrás das quais Renji estava escondido.
Renji recuou um pouco mais para dentro da floresta para evitar ser detectado,
mantendo o silêncio enquanto os ouvia com atenção.
"Chefe, como
a gente explica isso para o senhor da região?"
"Não sei. Nós não temos escolha a não ser contar a verdade
como ela é— que toda a água do lago sumiu."
Obstruído pelas árvores, havia cerca de dez metros de
distância entre eles, mas ele podia ouvir claramente a conversa entre os aldeões.
Então aquela cratera era um lago, huh... —Espera, espera, o que?! Eu entendi as palavras deles?! Eles falam
japonês?!
Renji engoliu a
respiração em choque.
"Demos uma volta uma vez, mas não havia nada. O sol
vai se pôr em breve, então vamos voltar.", disse o chefe da aldeia,
fazendo os outros moradores se moverem. Eles começaram a partir rapidamente,
sem perceber a presença de Renji. Assim que confirmou isso, Renji os seguiu a
uma distância suficiente para não os perder de vista.
Ser capaz de falar japonês é como o padrão exato de uma história de
outro mundo, mas sou grato. Não quero me aproximar de estranhos armados, mas se
eu puder me comunicar com eles, então posso ser capaz de negociar algo. De
qualquer forma, não adianta ficar aqui. Quer eu negocie com eles ou não, devo
pelo menos segui-los para sair desta floresta.
Renji tinha quase certeza de que aquele era outro mundo
agora. Ele decidiu que iria seguir os aldeões até que eles deixassem a
floresta.
◇ ◇ ◇
Nós só andamos um pouco, mas saímos da floresta bem rápido,
surpreendentemente.
Renji havia chegado à beira da floresta. Cem metros à
frente dele estavam os aldeões que ele vinha seguindo, e além deles estava a aldeia
para a qual eles se dirigiam. A aldeia era cercada por uma cerca bastante alta
para impedir a entrada de intrusos, e havia um portão de entrada para a aldeia.
Eles devem ser residentes dessa aldeia.
Vendo os telhados
de madeira mal construídos e seus números, a população da aldeia era
provavelmente de algumas centenas de pessoas. O sol já estava começando a se
pôr, então sua única opção era contar com a hospitalidade da aldeia ou dormir
fora.
Posso imaginar como é o padrão de vida deles pela aparência das suas construções,
mas acho que seria melhor do que dormir ao ar livre. Bem, eu vou ter que me
virar. Renji decidiu ir para a aldeia.
Se eu seguir esses
caras para a aldeia assim, eles vão perceber que eu saí da floresta depois
deles. Seria um problema se eles bisbilhotassem por que eu estava na cratera.
Eu devo me mover. Com esse pensamento, ele fez um desvio. Ele se distanciou
para que os aldeões não o vissem, então deu a volta na aldeia para o lado
oposto da floresta. O lado oposto da floresta eram terras agrícolas. A estrada
em direção à aldeia cortava as plantações, então ele fez seu caminho até a
estrada e pelo portão, quando—
".............."
Ele encontrou uma garota que parecia ser uma aldeã. Ela
devia estar no meio da adolescência — ou da mesma idade de Renji, ou mais
jovem. A garota o viu e congelou ao ver um estranho desconhecido.
"Ei, você é um dos aldeões aqui?", Renji marchou
direto para ela.
"Sim, eu sou. Umm... Você é um nobre?", a garota
perguntou, olhando para o rosto de Renji com um pouco de cautela.
"Não, eu não
sou um nobre."
"Mas, você
está vestindo roupas finas..."
"Fumu.
Então, essas roupas parecem finas
para você?", Renji olhou para o uniforme do colégio que estava vestindo.
"Elas são tão limpas... Só um nobre usaria algo
assim.", a garota olhou entre as roupas dele e as dela em comparação. As dela
estavam bastante desgastadas e sujas por seu trabalho diário, parecendo um
tanto surradas aos olhos de Renji.
"Certamente,
as suas roupas parecem gastas. Mas eu não sou um nobre."
"H-Haa~, entendo."
"A propósito, o que você está fazendo aqui?", Renji
perguntou para a garota ligeiramente mal-humorada.
Quando a garota percebeu que Renji não era um nobre, ela
relaxou a guarda e suspirou levemente. Com sua mudança de atitude, ela o
questionou de uma maneira menos formal. "Isso é o que eu deveria estar
perguntando... —, haa~. Quem é você?"
"Eu sou um
viajante."
"Um
viajante...", a garota lançou a Renji um olhar duvidoso.
"Não há necessidade de suspeitar de mim. Não estou aqui
para fazer nada de ruim."
"Fu~n...
Então o que você quer da nossa aldeia? —, ah, você está aqui porque viu o pilar
de luz?", a garota ainda olhava para Renji com desconfiança, mas então ela
pensou em uma possível razão pela qual Renji veio visitá-los e perguntou sobre
isso.
"O pilar de
luz?", Renji inclinou a cabeça.
"Ele desapareceu imediatamente, mas havia um incrível
pilar de luz no céu agora mesmo."
"Ah... aquela luz. Certo. Eu vi isso à distância e
vaguei nessa direção. Eu realmente não tinha um destino, então segui a luz.",
Renji rapidamente combinou sua história com as palavras dela.
"Eu sabia. Se é o pilar de luz que você está
procurando, ele veio da floresta. Todos na aldeia ficaram chocados e fizeram um
alvoroço por causa disso. Algumas pessoas foram para a floresta investigar, mas
devem voltar logo.", a garota explicou, animada.
Com
base na situação, o centro da cratera onde eu estava seria o ponto do pilar de
luz, certo? Então essa luz foi o que me invocou a este mundo.
"Entendo.",
Renji assentiu enquanto analisava a situação em sua cabeça.
“Se você quiser ouvir mais sobre isso, eu posso te mostrar
ao chefe.", a garota ofereceu gentilmente.
".... Não,
também estou interessado nisso, mas tenho outro favor a pedir."
"Um
favor?"
"Eu não
tenho outro lugar para ir. Posso ficar nesta aldeia?"
"Eh…?"
"Posso? Caso
contrário, eu teria que dormir fora."
"Eu teria
que perguntar ao chefe da aldeia."
"Por favor,
pergunte a ele, então."
"Eh—? Por que eu? Eu vou te mostrar o caminho para o
chefe, então você pergunta a ele.", a garota franziu a testa.
"Entendo. Não tem outro jeito.",
Renji concordou com um encolher de ombros.
Que cara esquisito. A cor do cabelo dele também... não é muito
estranha, mas preto não é uma cor que eu já vi nesta vila. O rosto dele não é
muito feminino, mas sim infantil? Ainda assim, ele é arrogante e sem vergonha.
Acho que todos os garotos são assim. O amigo de infância da garota veio à
mente quando ela comparou a atitude de Renji com a dele, fazendo-a suspirar
baixinho.
"Então,
vamos.", ela instou.
"Certo."
"A
propósito, qual é o seu nome?"
"....... É
Renji."
Quando a garota perguntou seu nome, Renji hesitou antes de
responder. O motivo do atraso de sua resposta foi porque ele temia que dar seu
nome japonês soasse questionável. No entanto, Renji era um nome que passou até
mesmo no exterior, então ele percebeu que poderia usá-lo abertamente aqui.
"Bem. Meu nome é Rea. É um
prazer.", foi assim que Renji e Rea se conheceram.
◇ ◇ ◇
Naquela noite, na
casa da Rea...
"Aah~, por que
ele tem que ficar aqui? Sou uma jovem solteira, morando sozinha...", Rea
murmurou para si mesma com os lábios em um beicinho enquanto cozinhava na
cozinha.
"Foi você
quem concordou, certo?", Renji disse sem jeito.
"Honestamente,
por que eu concordei?"
Rea havia mostrado Renji ao chefe da aldeia, mas ele
expressou sua desaprovação em fornecer alojamento.
"Sério. Quem
é você?"
"........ Eu
disse que era um viajante errante."
"Isso é
muito suspeito..."
Renji se recusou a explicar sua origem de maneira adequada.
Porque ele estava tentando esconder sua invocação para este mundo, ele não pôde
evitar a carência de seu histórico, mas como resultado, todos os aldeões,
incluindo o chefe, olharam para ele com um olhar desconfiado.
Se ele não era um nobre, por que ele tinha roupas tão
limpas? Se ele era um viajante como dizia, por que não tinha uma espada com
ele? Por que ele estava viajando sem dinheiro ou ferramentas? Além disso, ele
queria que eles lhe mostrassem a cidade mais próxima.
"Bem, é a verdade, então não posso evitar.",
Renji declarou corajosamente, deixando uma má impressão no chefe da aldeia. Ele
expressou seu descontentamento em deixar um forasteiro desconhecido ficar na
aldeia.
Mas quem deteve o chefe foi Rea. "As noites são frias;
seria lamentável fazê-lo acampar do lado de fora...", foram as palavras
que iniciaram um debate entre ela e o chefe sobre como " este homem não tem modos" e "isso não significa que podemos deixar ele
dormir lá fora.", e assim por diante.
No final, o chefe disse: "Se você é tão insistente,
então o hospede em sua própria casa. Eu vou permitir ao menos isso.", e
com a permissão de Rea, foi decidido que ele ficaria na casa dela.
"Bem, eu sou grato por não ter que dormir fora. ......
Desculpa.", Renji se desculpou sem jeito, sentindo-se mal por tudo que
tinha feito.
"Está bem. Mas você vai embora na próxima vez que um
comerciante vier, entendeu?", Rea enfatizou. Renji estava hospedado na
casa dela com a condição de que partisse com o próximo comerciante que passasse
pela aldeia, que daria no máximo um mês.
"Sim, eu sei. Em troca de ficar aqui, vou ajudar com
todo o trabalho que puder."
"Naturalmente.", Rea suspirou.
Ela voltou a cozinhar e disse secamente: "Eu deixei uma muda de roupa
fora, então use as que eu coloquei lá."
"Você mora sozinha porque seus pais morreram, certo?
De quem são essas roupas?", Renji perguntou.
"Do meu
falecido irmão mais velho.", Rea respondeu suavemente.
".......... Fuun.
Entendo.", Renji foi pego de surpresa, mas ele não sabia como reagir,
então ele ignorou levemente.
"………", Rea não disse nada mais do que isso,
silenciosamente trabalhando na cozinha.
Assim começou a vida temporária de Renji e Rea juntos.
◇ ◇ ◇
Tarde da noite, quando todos os aldeões haviam
adormecido profundamente...
"Mm.…", Renji estava dormindo na cama que Rea
havia emprestado a ele. Ele estava sonhando, mas sua consciência estava
completamente agitada.
Onde estou...?
Antes que ele percebesse, ele estava em uma sala totalmente
branca. A sala continuava indefinidamente.
(Herói.)
Uma voz masculina
desconhecida de repente ecoou na cabeça de Renji.
Quem está aí?! Renji olhou em volta com
um engasgo.
(Herói. O Herói escolhido.)
Herói...? Ele está se referindo a mim?
(Eu o concedo o conhecimento de como usar o
Equipamento Divino de Gelo que você recebeu. Aceite-o).
O que? —...?!
No momento seguinte, o conhecimento irrompeu na cabeça de
Renji. Era um conhecimento das ferramentas chamadas Equipamentos Divinos, que
ele nunca tinha ouvido falar. De repente, ele entendeu o que era um Equipamento
Divino, o que eles podiam fazer e até como usá-los.
Isso é... Renji foi pego de surpresa em
seu sonho.
(O Equipamento Divino atenderá suas solicitações, concedendo-lhe poder.
Você é um Herói. Você é uma existência especial, escolhida. Saiba disso.)
Kuh—, que diabo é isso?! Quem
é você?! Isso é tão unilateral! Renji questionou o dono da voz.
O dono da voz falou com Renji sem reconhecer o outro. Não
havia conversa para ser mantida. E então—
(Este é meu último conselho para você. Até o dia chegar: sobreviva.)
O dono da voz deixou para trás essas palavras e sumiu da
consciência de Renji.
O-Oi, espera! Você se foi?! Quem é você?! Você é quem me trouxe a este
mundo? Porque você fez isso?! Renji gritou às pressas, mas não houve
resposta. No momento seguinte, Renji acordou de repente.
"—?!"
Seu coração estava batendo forte, possivelmente de excitação.
"Hah... Hah... Foi... um sonho? Não...", Renji
engoliu em seco.
Imagine. O Equipamento Divino que consegui.
Pelas informações
em sua cabeça, o Equipamento Divino se materializaria na forma da arma
imaginada por seu portador. Renji fechou os olhos e focalizou sua mente,
estendendo a mão direita.
Um momento depois, leves partículas de luz flutuaram no ar,
juntando-se no instante seguinte para formar uma alabarda em sua mão. Era mais
alta do que a altura de Renji, com um design intrincado e artístico.
".... Consegui.", Renji sorriu. "Pelo que
aprendi, esse Equipamento Divino tem o poder do gelo. Aparentemente, se eu der
um nome, minha impressão dele vai fortalecer e acelerar a materialização...
Gelo, né? Nesse caso, Cocytus*...?"
(NT.: コキュートス: [Kokyūtosu])
Cocytus era o nome do mundo gelado na camada final do
inferno. Embora mantivesse isso em segredo das pessoas ao seu redor, Renji era
na verdade um otaku quando se tratava
de coisas assim, então ele tinha uma quantidade abundante de conhecimento
inútil.
"Desapareça.
Pronto, desapareceu."
Cocytus desapareceu
em um instante.
"Cocytus."
Desta vez, ele tentou materializá-lo. Talvez tenha sido
porque ele o nomeou, mas praticamente não houve intervalo de tempo.
"Parece familiar na minha mão. Não é nada pesado.
Parece que meu corpo e minhas habilidades físicas também foram aprimorados."
A alabarda tinha cerca de dois metros de comprimento. Ele
não sabia de que material era feita, mas era um objeto de metal que deveria
pesar bastante.
No entanto, por algum motivo, parecia que
ele poderia lidar com isso livremente.
"Eu quero tentar usá-la.", Renji não pôde evitar
o desejo dentro dele de experimentar brandir Cocytus. Ele tinha a expressão
ansiosa de alguém que havia acabado de comprar um novo jogo para jogar.
"…....
Talvez eu possa escapar silenciosamente e experimentar?"
Os aldeões estavam todos dormindo, incluindo sua colega de
casa. Eles não deveriam notar se ele escapulisse da casa. Com esse pensamento,
Renji saiu da casa de Rea.
A lua cheia está quase aqui. Eu deveria ser capaz de andar nesta
escuridão.
Não havia luz vazando de nenhuma das casas, então os
aldeões deviam estar dormindo profundamente. A única fonte de luz era a lua,
mas os bastonetes* do olho humano
podiam ver claramente sob o luar sem nenhuma lâmpada de rua.
(NT.:
Os bastonetes são células da retina dos olhos dos vertebrados, que detectam os
níveis de luminosidade. São basicamente responsáveis pela visão noturna, têm
este nome devido à sua forma alongada e cilíndrica e são também usados na visão
periférica. Estas células estão concentradas mais externamente na retina e
existem, na retina dos humanos, cerca de 120 milhões de bastonetes. São 100
vezes mais sensíveis à luz que os cones,
mas detectam apenas tons de branco, preto e cinza.)
A região em que Renji vivia no Japão era cercada por
fazendas sem luzes artificiais também, então ele não tinha medo desse tanto de
escuridão.
"Até aqui deve estar tudo bem.", Renji chegou a
um local longe o suficiente para supervisionar as casas da aldeia e começou a
passar alguns minutos fazendo alguns alongamentos leves para relaxar os
músculos de seu corpo. Então—
"Cocytus.", ele chamou o nome do
Equipamento Divino que havia desaparecido antes e o materializou em sua mão. Em
seguida, ele tentou segurá-lo em uma posição com as duas mãos.
"Eu não sei se esta é o jeito certo
de segurar, mas... Haah—!", Renji confiou na força de seu corpo aprimorado
para oscilar Cocytus horizontalmente com todas as suas forças.
"Fumu…. Muun! Hah—!", ele balançou a
alabarda uma segunda e terceira vez para captar a sensação.
"Entendo.", Renji sorriu presunçosamente e
começou a balançar o Equipamento Divino silenciosamente. Horizontalmente,
verticalmente para baixo, verticalmente para cima, girando-o sobre a cabeça...
Ele executou com agilidade todos os movimentos complicados que considerou
legais. Era uma façanha que nenhuma pessoa normal poderia fazer. Depois disso,
ele mudou de um agarre com as duas mãos para um agarre com uma mão, balançando
Cocytus várias vezes para traçar o caminho que ele queria.
"Eu peguei o jeito agora.", ele balançou a
alabarda para baixo uma última vez, parando apenas antes de raspar o chão. Ele
então a ergueu e apoiou o cabo no ombro direito, rindo.
"Ainda assim, eu estive girando uma coisa tão grande por
aí de forma tão dramática e ainda não estou sem fôlego. Faz sentido, já que estou
em outro mundo, huh."
Graças a todos as light novels e histórias de outro mundo
que havia lido enquanto estava obcecado pelo subgênero, Renji foi de alguma
forma capaz de aceitar a situação em que havia sido deixado com bastante
tranquilidade. No entanto, como ele não sabia nada sobre como retornar à Terra
no momento, ele ainda tinha suas preocupações.
"..............
Hora de voltar?"
Renji olhou para o céu, perdido em pensamentos, antes de
retornar para a casa de Rea.
◇ ◇ ◇
Na manhã seguinte,
durante o café da manhã...
"Diga,
Rea."
"O que é?"
"Você sabe
sobre os heróis?", Renji perguntou.
"Eu sei, mas..............., você
está tirando sarro de mim por eu ser do campo?", Rea estava com uma
expressão exasperada, como se não houvesse forma de ela não saber.
"Não, essa não era a minha
intenção...", Renji coçou a bochecha, franzindo a testa.
"Nós ouvimos falar deles em contos de fadas, então até
as crianças sabem sobre eles. Eles são os discípulos dos Seis Deuses Sábios que
salvaram o mundo, certo?"
".... Sim, isso mesmo. Eu só estava me perguntando se
havia alguma disparidade com os contos de fadas que eu conheço. Estou curioso.
Como são os contos de fadas contados nesta aldeia?", Renji perguntou,
imediatamente ajustando suas palavras para caber na resposta dela.
Rea olhou para o teto para relembrar suas memórias da
história. "Fu~un. Duvido que
houvesse muita diferença, mas.... É uma longa história, então, para resumir, um
rei demônio maligno que podia controlar monstros apareceu mil anos atrás. Para
salvar o mundo, os Seis Deuses Sábios transmitiram sabedoria a nós, humanos. A
luta com os demônios se intensificou, então os Seis Deuses Sábios invocaram
seis Heróis-sama do mundo dos deuses para o bem da humanidade. Os Heróis-sama
podiam matar milhares de monstros com um único golpe. Os Seis Deuses Sábios e
os Heróis-sama trabalharam juntos para derrotar o exército de demônios,
trazendo paz ao mundo. E todos eles viveram felizes para sempre. Parece
familiar para você?"
"Entendo.
Não é diferente da história que eu conheço, então."
"Bem, é uma história escrita nas escrituras sagradas.
Se alguém tentasse distorcer a verdade, seria declarado um herege e
denunciado."
"…. Sim,
isso mesmo.", os Heróis eram seres religiosos, aparentemente.
Se é um conhecimento que até uma criança saberia, então não posso fazer
muitas perguntas sobre isso. Caso contrário, minha falta de conhecimento seria
exposta. Com esse pensamento—
"Acha que os
heróis existem?", Renji perguntou.
"Eles são os heróis de uma lenda, então seria uma
coisa incrível se eles aparecessem, não acha?", Rea respondeu com uma
risada divertida.
"Sim, é claro. E mesmo se eles aparecessem, é
improvável que alguém acreditasse neles.", Renji murmurou
significativamente, então não falou mais nada sobre os Heróis para Rea depois
disso.
◇ ◇ ◇
Cinco dias se
passaram desde que Renji chegou a este mundo.
Ele estava se acostumando com a vida na casa de Rea, mas
ainda não se encaixava na aldeia. Ele havia se familiarizado completamente com
a vida na casa de Rea, mas todos os aldeões o rejeitavam por ser um estranho
suspeito.
Ele foi tratado como um inimigo pelo amigo de infância de
Rea mais do que por qualquer outra pessoa; ele era um garoto que veio até ele
um dia depois de ele ter se hospedado pela primeira vez na casa dela e exigiu
que ele deixasse a aldeia. Naquela vez, Rea ficou ao lado de Renji enquanto
agia como mediadora, o que fez Renji sorrir e fazer o amigo de infância
explodir de raiva. Renji imediatamente aprimorou seu corpo com o poder de seu
Equipamento Divino para escapar de todos os socos do garoto facilmente,
continuando até que o garoto ficasse sem resistência para se mover. Mal se
podia chamar de uma briga.
Alguns moradores que testemunharam aquela cena temeram a
força de Renji, espalhando rumores até que Renji ficou completamente isolado.
Os aldeões não tinham ressentimentos em relação a Rea, mas
não tentaram se aproximar dela enquanto ela estava com Renji. Além de ficar na
casa dela, ele sempre ia com ela para o trabalho do lado de fora, então uma
atmosfera desconfortável cercava a aldeia.
"Seu amigo de infância estava me encarando de novo.",
Renji disse para Rea durante o jantar.
"Depois do
que você fez, isso é natural.", Rea disparou.
"Só para você saber, o que eu fiz foi legítima
autodefesa.", Renji disse calmamente.
Seria mais correto dizer que ele propositalmente criou uma
situação em que seu ato de autodefesa seria visto como legítimo, mas Renji não
tinha a menor intenção de mostrar misericórdia a alguém tão hostil em relação a
ele, então foi realmente nada mais do que um ato de vingança. Rea não tinha
visto o sorriso provocador que ele mandou para seu amigo de infância.
"..... Mas com a sua força, Renji não teria sido capaz
de derrotar o Yoran com facilidade?",
Rea perguntou indiretamente.
"Não seja boba. Eu não tive tempo para fazer algo
assim. Seu amigo de infância é a pessoa mais forte desta aldeia, não é? Eu
também sou muito mais baixo do que ele."
"Isso é
verdade, mas..."
Naquela vez, Renji parecia estranhamente
feliz por ter sido atacado por Yoran. Na verdade, Renji queria testar como o
aprimoramento de seu corpo físico se sairia contra Yoran, então a impressão que
Rea recebeu não estava errada.
No entanto, Rea não achava que Renji era um cara mau. Ele
era direto e pouco comunicativo, e às vezes falava com uma atitude arrogante,
mas morar com ele a fazia notar seu lado inesperadamente gentil. Ele carregava
as coisas pesadas para ela quando ela estava no trabalho e também ajudava nas
tarefas da casa. Os outros homens da aldeia careciam de tal consideração.
"..... Aquele cara está apaixonado por você?",
Renji perguntou, observando Rea para ver sua reação.
"Haah? O que
você está falando?"
"Ele ficou muito irritado por causa de
você. É por isso que eu estava me perguntando se ele estava."
"Isso não é verdade. Somos apenas amigos de infância.
Ele tem sido grosseiro comigo desde antes de você vir para esta aldeia. Não
tenho ideia de por que ele está tão bravo com isso agora.", Rea disse com
um suspiro cansado.
"Fuun. Então você está apaixonada por
aquele cara?", não importava como Renji olhasse para isso, estava claro
que o garoto tinha uma queda por ela, mas ele decidiu não apontar isso.
".... Isso
também não é verdade. Você quer levar um soco?"
"Eu
entendo."
Rea tinha enviado um olhar feroz para ele, mas Renji apenas
ignorou com uma risada alegre.
"Não é como se alguém fosse querer se casar comigo.
Estou condenada a envelhecer sozinha nesta casa solitária.", Rea disse
mal-humorada.
"Bem, você pode fazer bem o
trabalho doméstico. Tenho certeza de que há muitas pessoas por aí que gostariam
de você como noiva. Seu rosto também não é tão ruim.", Renji murmurou.
"... H-Haah?! O que você está dizendo?!", Rea
piscou várias vezes antes de ficar vermelha.
"Só disse o
que eu estava pensando."
".... Você disse que acha que meu rosto não é tão ruim,
isso significa que Renji me acha fofa?", Rea olhou para Renji com um leve
rubor nas bochechas.
"Bem, como você sabe, eu sou um andarilho... Um
imigrante, basicamente. Não tive muitas mulheres ao meu redor antes, e não vi
os rostos das mulheres em outras aldeias, então não posso dar uma opinião
objetiva.", Renji desviou os olhos e se esquivou da pergunta. Ele
frequentou uma escola de ensino fundamental e médio só para garotos, então
sentiu um pouco do charme da relutantemente carinhosa Rea. Talvez tenha sido
por isso que ele disse algo em elogio a ela, mas não podia ser franco e
chamá-la de fofa na cara.
"Estou
perguntando o que o Renji acha agora?"
"Eu acabei
de dizer isso. Seu rosto não é tão ruim."
"Esse jeito
de dizer.", Rea fez beicinho, olhando para Renji com desdém.
"O
que?", Renji se virou e perguntou.
"Renji é sempre tão arrogante. É por isso que você
acaba antagonizando todos na aldeia.", Rea apontou com franqueza.
"Eu? Os arrogantes são os aldeões. Especialmente o
chefe da aldeia e o seu amigo de infância."
"Eu não vou negar isso. Mas o Renji também tem uma
atitude condescendente quanto fala às vezes. Quando pediu para ficar nesta
aldeia, as coisas teriam corrido melhor se tivesse explicado as coisas antes de
fazer o seu pedido. Muitos viajantes ficaram na aldeia no passado."
"Mas, eles foram rejeitados pelos aldeões por serem
forasteiros também, certo?"
"Bem,
mantivemos nossa distância para observar o que eles faziam, mas ninguém evitou eles
ativamente como fazem com o Renji agora."
"................", Renji ficou em
silêncio.
"Eu sei que Renji não é um cara mau, então aposto que
eles mudariam de ideia se tivessem a oportunidade de fazer isso.", disse
Rea, observando Renji mais uma vez.
"Há uma necessidade
de eles mudarem de ideia?"
"Você disse que era um andarilho, mas, Renji tem um
objetivo para a sua jornada?", Rea respondeu à pergunta de Renji com uma própria.
".......... Não, nenhuma em
particular.", Renji pensou por um momento antes de responder.
"Fu~un...
Então, que tal morar nesta aldeia por um tempo?", Rea sugeriu de repente.
".... Eu me
pergunto.", Renji evitou a pergunta.
"Eu acho que o Renji seria uma grande
ajuda para a aldeia se ficasse. Renji é bem forte."
"Os aldeões já não gostam que um forasteiro
fique aqui temporariamente. Seria ainda pior se eu me instalasse aqui."
"Isso não é verdade. Já tivemos pessoas que se mudaram
para a aldeia antes. As pessoas mudarão quando tiverem a oportunidade certa de
fazer isso."
"Eu não sei.
Além disso, eu não tenho onde morar."
".... Pode
simplesmente continuar morando nesta casa."
"O acordo não era que eu só poderia ficar até o
próximo comerciante viajante chegar?"
Em outras palavras, pode
demorar um mês, no máximo, ou ser amanhã. Renji olhou para Rea com uma leve
surpresa.
"Se Renji insistisse em ficar nesta aldeia, então eu
não me importaria, sabe? É chato morar sozinha nesta casa e é um pouco
assustador à noite. Eu sou a única nesta aldeia que mora sozinha
também..."
"…. Você está solitária?", Renji
perguntou, observando a expressão de Rea.
"Não é exatamente solitária, mas......, ter alguém
para conversar e fazer as refeições em casa tem sido muito bom, isso é tudo.",
Rea murmurou.
Talvez fosse por isso que os arranjos de moradia que ela
tinha sido contra no início não pareciam mais tão ruins. Ela não precisava mais
ver os outros moradores voltando para suas famílias no final do dia de trabalho
com inveja.
"Renji não se sente solitário viajando sozinho?",
Rea perguntou com cautela.
"Eu........", Renji pensou em suas palavras. Era
mentira ele ter viajado sozinho. No entanto, ele podia entender como era estar
sozinho. Na realidade, ele achava muito mais divertido morar com Rea nesta
pequena casa do que quando ficava trancado dentro de seu quarto quando não
estava na escola.
Havia uma parte dele que concordava com
ela.
"Mas, não é
problemático para um garoto e uma garota solteiros viverem juntos de verdade?
Nosso atual arranjo de moradia é bastante questionável...", Renji
expressou sua hesitação, fazendo sua pergunta de forma inarticulada.
"Então,
vamos nos casar?"
".... Só se passaram cinco dias desde que nos
conhecemos. Certo?", Renji disse sem jeito, com seus olhos se arregalando.
Ele ficou bastante surpreso.
".... É-É mesmo. É tudo porque Renji disse
coisas estranhas para começar. Me chamando de fofa e tudo mais.", Rea se
recompôs e falou com o rosto vermelho brilhante.
"Eu não me
lembro de ter chamado você de fofa..."
Renji parou, incapaz de negar claramente. Depois de vagar
por outro mundo e viver junto com uma garota, seu humor estava em alto astral
sem que ele percebesse. Em sua década de vida, ele nunca experimentou a
sensação de ser querido por alguém que não fosse sua família, então os
sentimentos de Rea ecoaram profundamente em seu coração.
◇ ◇ ◇
Na tarde
seguinte, Renji e Rea fizeram uma pausa no trabalho e voltaram para casa para
almoçar, quando apareceu um visitante.
"Oi, Rea.
Venha comigo."
Era o amigo de infância de Rea, Yoran. Yoran foi até a mesa
de jantar e lançou um olhar furioso para Renji antes de ignorá-lo e falar com
Rea.
"O que você
quer?"
"O chefe da aldeia está te chamando. Ele tem algo
importante para discutir sobre o futuro da aldeia."
"..... O chefe da aldeia? O que você quer dizer com 'importante'?",
Rea perguntou, olhando para ele com cautela.
"Não posso te dizer na frente de um forasteiro.",
respondeu Yoran, ciente da presença de Renji.
".... Isso
significa que envolve o Renji?", Rea perguntou mal-humorada.
"—........., eu não sei. Só me disseram para te levar
para lá.", Yoran disse, seu foi tom áspero pelo constrangimento.
"Vá em
frente, Rea. Não se preocupe comigo."
Renji sorriu para Yoran de uma maneira
relaxada enquanto falava com Rea.
".......
Entendo."
Rea parecia infeliz por ser chamada por um motivo incerto,
relutantemente assentindo apenas depois de ouvir as palavras de Renji.
"—.... Venha."
Yoran cerrou os punhos e saiu da casa. Rea o seguiu, indo
em direção à casa do chefe da aldeia.
◇ ◇ ◇
Yoran levou Rea
para a casa do chefe da aldeia.
"O que você
queria discutir, chefe da..."
Rea avistou o chefe da aldeia assim que ela entrou na casa
e começou a questionar por que ela foi convocada em um tom agressivo. No
entanto, ela parou no meio da frase. Havia pessoas que não eram da aldeia na
casa — um total de oito pessoas. Todos estavam armados e vestidos com uniformes
militares de aparência cara. O mais bem vestido entre eles era um homem
rechonchudo posicionado na cabeceira da sala.
"Você é a garota que mora com o homem chamado
Renji?", o homem gordo em um uniforme militar olhou para Rea.
"Eh, umm...",
Rea estava completamente perplexa.
"Responda à pergunta. Você é a garota que mora com o
homem chamado Renji?", o homem gordo disse em um tom ameaçador.
"S-Sim!"
Ele era um nobre. Assim que Rea percebeu o status social da
outra parte, ela balançou a cabeça com medo.
"Vou fazer perguntas sobre aquele homem. Responda com
tudo o que você sabe."
Depois que o homem gordo falou novamente, ele fez a Rea
pergunta após pergunta. Coisas assim, o cabelo dele era realmente preto, ele
fez alguma declaração ideológica, onde você conheceu o Renji, você sabe por que
ele veio para esta aldeia, ele falou alguma coisa sobre o lago na floresta, e
assim por diante. Rea respondeu a todas as perguntas com honestidade.
"Entendo. Então você não sabe de nada útil. Nesse
caso, não tenho escolha a não ser investigá-lo diretamente.", O nobre gordo
suspirou de aborrecimento.
"U-Umm, por que estão investigando o Renji?", Rea
poderia facilmente prever que Renji era a quem o nobre se referia, então ela
questionou o motivo nervosamente.
"O lago perto desta aldeia secou completamente. Esse
lago era um dos solos sagrados deste reino, e aquele homem chamado Renji é
suspeito de secar o lago. Se isso for verdade, então é um crime que merece pena
de morte.", disse o nobre gordo.
"P-Por favor, espere um momento! Renji não faria uma
coisa dessas...!", de forma alguma ele faria algo assim.
"É isso que
estou investigando. Vamos. Mostre o caminho, chefe da aldeia."
"S-Sim."
O nobre se fez de surdo e se levantou, saindo com os
cavaleiros na sala.
O-O que devo fazer...?
Rea observou suas costas recuando com horror antes de
voltar aos seus sentidos e segui-los.
◇ ◇ ◇
Alguns minutos
depois, na casa de Rea...
Da entrada, ela podia ver Renji sentado em frente ao nobre
gordo nos fundos da casa. Dois cavaleiros estavam atrás do nobre, e Rea estava
mais atrás deles na entrada. Havia mais cavaleiros de prontidão do lado de fora
da casa de Rea, junto com uma reunião de aldeões curiosos.
"Qual é o significado disto?", Renji perguntou
infeliz, olhando para os nobres e cavaleiros que invadiram a casa.
"Seu nome é Renji, correto? Aquele que veio para esta
aldeia seis dias atrás?"
"...... E o que tem se eu
for?", a atitude de Renji não mudou mesmo quando ele estava na frente da
nobreza. Ele questionou o nobre de volta com uma maneira igual de falar.
O homem franziu as sobrancelhas em desgosto enquanto
falava. "Eu sou um interrogador do Reino Vilkis. Fui enviado da capital
para cá para investigar o pilar de luz que apareceu há seis dias. Depois de
questionar os aldeões, concluí que você está sob suspeita de secar o lago
próximo na floresta."
"...O que você está falando?", Renji parou por um
momento, fingindo compostura ignorante.
"Aquele lago era um solo sagrado para o reino. Seis
dias atrás, no dia em que você chegou a esta aldeia, um pilar de luz se ergueu
no céu. Foi algo em que você estava envolvido? A secagem do lago foi culpa sua,
não foi?"
".... Você
está suspeitando de mim sem qualquer prova?"
Parecia que os aldeões haviam repassado informações sobre
ele depois que os nobres chegaram à aldeia. Renji chegou a essa conclusão e
buscou a divulgação de provas.
“Eu não sou obrigado a mostrar nada a você. Qual foi o seu
propósito em visitar esta aldeia?"
"Nesse caso,
eu não sou obrigado a te dizer nada."
Renji deu um sorriso desdenhoso como retribuição. Isso fez
o nobre franzir a testa abertamente.
"Renji! Este é um nobre com quem você está falando!
Peça desculpas imediatamente ou você será morto!", nesse ritmo, Renji
incorreria no desagrado do nobre e seria morto. Rea estava com o rosto pálido
quando espiou pela porta de entrada e chamou Renji.
"Eu não tenho nada pelo que me desculpar.", Renji
respondeu mal-humorado.
"Eu não me importo se você não responder. Você será
enviado a um local apropriado pelo crime de secar o lago.", o nobre
afirmou com frieza.
"Eu não fiz isso.", Renji insistiu com firmeza.
"Nesse caso, você pode provar isso respondendo às
minhas perguntas. Se uma pessoa suspeita com uma cor de cabelo desconhecida e
roupas incomuns visitar uma aldeia imediatamente após um pilar de luz subir ao
céu, é natural sentir uma certa desconfiança, não acha? Você alegou ser um
viajante, mas estava praticamente com as mãos vazias. Você disse que perdeu
seus pertences, mas onde você os perdeu?"
O nobre não perdeu a paciência com a atitude indelicada de
Renji, em vez disso, o observou atentamente enquanto fazia suas perguntas em um
tom neutro.
"........ Eu vim para a aldeia pela estrada em frente
à floresta. Eu literalmente atravessei o portão daquele lado e encontrei a Rea
nas plantações de lá. Eu não cheguei perto da floresta. Meus pertences foram
perdidos em algum lugar ao longo dessa estrada. Já que os perdi, obviamente não
me lembro de onde."
Parecia que Renji não suportava a situação atual, pois
falava com firmeza.
"Fumu. Se
for a estrada oposta à floresta, você quer dizer que veio pela estrada oeste?
Isso significa que você pode ter perdido seus pertences no vale, a uma curta
distância na estrada. Essa área é rochosa e difícil de andar.", o nobre
gordo supôs como se estivesse pensando profundamente.
"Sim, isso
mesmo.", Renji declarou imediatamente.
"... Fumu.
Isso é estranho. Muito estranho. Eu me lembrei das coisas erroneamente agora, e
não deveria haver nenhum vale na estrada oeste.", o nobre estreitou os
olhos.
"O
que...?", o rosto de Renji congelou.
"Você realmente veio para a aldeia pela estrada
oeste?", o nobre de repente adotou uma expressão séria.
".............",
o olhar de Renji vacilou enquanto ele ficava em silêncio.
"Por que você mentiu? De onde você veio? Você
realmente estava na floresta, não estava? Você deve saber algo sobre o lago
secando, ou talvez você seja o autor por trás disso...", depois de
concluir que Renji estava mentindo, o interrogador olhou para ele com
severidade. Como esperado de um interrogador, um mero estudante do ensino médio
como Renji foi encurralado facilmente.
".... Eu não
sei de nada.", Renji balançou a cabeça, hesitando.
"Você acha que as palavras de
alguém que mente durante um interrogatório são confiáveis?", o nobre
perguntou asperamente.
"—...", Renji finalmente
sentiu uma sensação de perigo e saltou da cadeira. No momento seguinte, os
cavaleiros atrás do interrogador se separaram à esquerda e à direita para
cercar Renji.
"Não seja precipitado, agora. É meu trabalho revelar a
verdade. No entanto, se um suspeito lutar ou tentar fugir, não posso garantir
que você manterá sua vida.", advertiu o interrogador gordo.
".......", Renji olhou para os dois cavaleiros
que se aproximavam dele em sucessão para mantê-los sob controle.
"Segurem
ele."
Por ordem do interrogador, os dois cavaleiros prontamente
se aproximaram de Renji. Eles avançaram com vigor para capturar Renji, que
havia recuado até a parede.
Dois cavaleiros que haviam passado por treinamento militar,
contra Renji que havia sido um estudante normal do ensino médio poucos dias
atrás. A diferença em seus físicos era clara como o dia, e era apenas uma
questão de tempo antes que o Renji, mais baixo que a média, fosse apreendido,
não importa o quanto ele lutasse.
"—!", Rea fechou os olhos com força contra a cena
de partir o coração. No entanto, no momento seguinte, algo aconteceu que
ninguém além de Renji poderia ter previsto.
"Haaah!", Renji, que estava encurralado contra a
parede, de repente avançou em direção a um dos cavaleiros que avançavam.
"Ugh... Guh...!", o cavaleiro se aproximando pela
direita recebeu o ataque de Renji e foi lançado voando em direção à parede. Ele
atravessou a madeira fina e caiu do lado de fora.
"Que—...", aqueles que haviam testemunhado aquela
cena estavam todos congelados e sem palavras. No momento seguinte, Renji usou
essa chance para enviar o cavaleiro que se aproximava pela esquerda voando com
todas as suas forças.
"Nngh?!"
O cavaleiro que foi enviado voando colidiu com a parede
assim como o outro cavaleiro. Os eventos foram tão inesperados que toda a sala
ficou em silêncio.
Todos observaram
Renji, congelados.
"Hah... Hah...", Renji devia estar intensamente
agitado, pois sua respiração estava pesada enquanto ele olhava para as mãos com
os olhos injetados de sangue.
"R-Renji...?", em um estado de choque, Rea chamou
seu nome com a voz trêmula.
"........", Renji lentamente ergueu o rosto e
olhou para a entrada onde Rea estava.
"Hi—", Rea se encolheu, claramente
apavorada.
Renji engoliu em seco. ".... Não é minha culpa. Eu não
fiz nada de errado!", ele gritou enquanto corria em direção à parede
destruída.
"N-Não o deixem escapar! Não me importo se o matarem!",
o interrogador gritou com os cavaleiros do lado de fora.
Os cavaleiros estavam em alerta máximo depois que a
parede da casa foi destruída e aguardando Renji na parede quebrada. Todos eles
tinham suas espadas desembainhadas.
"Venha, Cocytus!"
Renji materializou sua alabarda divina assim que saiu da
casa. Os cavaleiros congelaram em seus passos por um breve momento, antes de
todos ativarem a magia para encantar sua habilidade física e atacar Renji com
suas espadas.
"Enchant Physical Ability!"
"Uooooooh!"
Renji balançou sua alabarda desesperadamente nos cavaleiros
que se aproximavam dele. Seus movimentos eram completamente os de um amador,
mas ele tinha uma força física avassaladora. A ponta do machado na ponta da
alabarda cortou os corpos dos cavaleiros como uma faca no papel.
"Que—..."
O interrogador que apareceu tardiamente da parede destruída
observou Renji lutar, sem palavras. De onde ele tirou a alabarda? Por que os
cavaleiros experientes estavam sendo massacrados sem nem mesmo lutar...?
"—, ugh..."
Quando Rea e os moradores viram a cena, eles pressionaram
as mãos na boca para conter a náusea.
"S-Seu
monstro! Fireball!"
O interrogador nobre apontou a varinha que estava pendurada
em sua cintura para Renji e lançou uma magia que mataria um humano normal ao
contato. Um círculo mágico apareceu imediatamente no final da varinha, formando
uma bola de fogo com mais de um metro de largura que foi disparada na direção
das costas de Renji.
"R-Renji!",
Rea gritou imediatamente.
"—?!"
Renji prontamente se virou e usou seu impulso para balançar
sua alabarda. Então, uma lança robusta de gelo foi disparada da ponta. A lança
de gelo perfurou a bola de fogo facilmente, passando suavemente pelo torso do
interrogador atrás dela.
"Guh...?"
Com a varinha ainda erguida, o interrogador olhou para a cavidade
em seu abdômen. No momento seguinte, ele caiu para frente com um baque. Todos
sabiam que ele morrera instantaneamente. Ainda havia três cavaleiros restantes.
"Aaahhh!"
Todos eles fugiram o mais rápido que puderam, deixando para
trás os cadáveres do interrogador e de outros cavaleiros.
"Hah...
Hah... Hah..."
Renji ofegou pesadamente, congelado em sua
postura depois de balançar sua alabarda. O silêncio caiu por um longo momento.
"I-Isso é ruim. O que é que você fez? Você matou um
nobre que estava visitando a aldeia. Isso, isso é péssimo. Muito, muito ruim...",
murmurou o chefe da aldeia com o rosto pálido, tendo aceitado a cena diante de
si como realidade.
Imediatamente ao lado dele estava o amigo de infância de
Rea, Yoran, que deu um passo à frente.
"O-O que
você fez?! Você está tentando destruir esta aldeia?!"
"Y-Yoran!",
Rea tentou deter Yoran agitadamente.
"Cale a boca, Rea! Tudo começou com você deixando
aquele monstro ficar nesta aldeia! Agora tem um nobre morto! O que você vai
fazer sobre isso?!", Yoran disse, olhando para os cadáveres no chão.
"E-Eu não... Isso é.…", Rea ficou mortalmente
pálida enquanto lutava para encontrar as palavras com lágrimas nos olhos.
"Você não é a culpada. É tudo culpa daquele cara!",
o sangue parecia estar subindo para a cabeça de Yoran, quando ele apontou para
Renji e gritou histericamente.
"..........",
Renji olhou feio para Yoran.
"—..... V-Você
vai me matar também?", Yoran gritou de medo.
"………...."
"O que tem isso? Huh? Huh?! Não fique em
silêncio, diga alguma coisa!"
O silêncio de Renji deu a Yoran mais confiança.
Eventualmente, ele foi encorajado o suficiente para se aproximar, agarrando
Renji pelo ombro e o sacudindo. Então, com exceção de Rea, todos os aldeões
começaram a olhar para Renji com olhares irritados.
"E-Ei! Pare com isso, Yoran!", Rea pediu que ele
parasse, mas a raiva de Yoran apenas se intensificou.
"Eu não vou
parar! É tudo culpa desse bastardo!"
"…………….."
"Esse—,
oi!"
"Não me toque!"
"Gah?!"
Enfurecido com o silêncio contínuo de Renji, Yoran
finalmente ergueu o punho, mas Renji o socou de volta e o fez rolar pelo chão.
Ele não usou tanta força como quando mandou os cavaleiros voando antes, mas
Yoran estava sangrando pela boca.
"... Ha?", Yoran olhou para o rosto de Renji como
se perguntasse por que ele levou um soco.
"Não tente aproveitar esta oportunidade para parecer
legal. Pedaço de lixo. O que eu fiz foi legítima autodefesa."
É por isso que não fui culpado. Eu não fiz nada de errado. Renji
olhou para Yoran, enfatizando seu ponto.
"Renji...",
Rea chamou o nome de Renji com tristeza.
"Eu...",
Renji abriu a boca para dizer algo.
Eu não tenho culpa. É por isso que quero que você venha comigo!
Ele foi impulsionado pela vontade de gritar isso e pegar a
mão de Rea. No entanto, Renji puxou sua mão de volta. Então, ele desviou o
olhar de Rea com a consciência pesada.
"Se vocês me atacarem, eu não vou me conter.",
disse ele, olhando para os curiosos da aldeia que o encaravam com olhares
críticos.
"Hi—..."
Os aldeões
recuaram com medo.
".......", Renji mordeu o lábio e começou a
correr para fugir da aldeia. Além desta estava o lago onde Renji estava quando
ele vagou pela primeira vez neste mundo, e mais além dele estava a nação
inimiga do Reino Vilkis, o Reino Rubia.
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