Capítulo 5: Um Duelo E O Resultado

 Na noite do duelo com Satsuki, Rio informou a ela e a Miharu que ele sairia por um momento. Então, ele se dirigiu sozinho para os aposentos de hóspedes onde Takahisa estava hospedado com Aki, Masato e Lilianna.

Ele não trouxe Satsuki e Miharu porque achou apropriado falar com Takahisa e Aki sozinho.

Assim, ele chegou diante dos aposentos onde as cavaleiras de Lilianna montavam guarda. No entanto, as duas cavaleiras pareciam mais meninas do que adultas. Uma era a pequena Alice, que parecia estar no início da adolescência. A outra era Kiara, que parecia ter a idade de Rio, no meio da adolescência.

"Ah, é aquela pessoa realmente forte. Wah—, ele parece ainda mais legal de perto. Ah, meu nome é Alice. A segunda filha de um duque do Reino Centostella.", a pequena garota, Alice, se apresentou de uma maneira excessivamente familiar. Ela tinha uma personalidade bastante selvagem para uma cavaleira que servia a um membro da família real.

"Ei, Alice!", Kiara imediatamente a repreendeu.

"D-Desculpa, Kiara-senpai!", Alice se desculpou com a voz vaga.

"Não sou eu a quem você deveria se desculpar. Por favor, perdoe a grosseria, Amakawa-kyō.", Kiara suspirou cansada, baixando a cabeça para Rio.

"Não, isso não me incomoda. Na verdade, eu deveria estar me desculpando por aparecer sem avisar, pois, gostaria de me encontrar com o Takahisa-sama. Poderia passar a mensagem para mim, por favor?"

".... Entendido. Por favor espere um momento. Você vem também, Alice.", Kiara pensou por um momento antes de entrar nos aposentos com Alice, deixando Rio sozinho do lado de fora.

"Bem-vindo. Entre, por favor.", a maid de Lilianna, Frill, veio para convidar Rio para entrar menos de um minuto depois. Rio seguiu Frill para dentro da sala.

"Com licença.", ele baixou a cabeça profundamente assim que entrou, com a mão sobre o peito. Sentados no sofá de alta classe dentro da sala estavam Takahisa, Aki, Masato e Lilianna.

"Seja bem-vindo, Haruto-sama.", Lilianna o cumprimentou em nome dos outros.

"Muito obrigado por concordar em se reunir comigo, apesar da hora tardia.", Rio se virou para Lilianna e baixou a cabeça mais uma vez.

"Ouvi dizer que você tem negócios com o Takahisa-sama."

"Sim. Para ser mais preciso, com a Aki-chan e o Masato também. Lilianna-sama também pode sentar-se, se assim o desejar.", Rio disse respeitosamente.

".... Do que se trata?", Takahisa perguntou a Rio com cautela.

"A continuação da conversa que nós seis tivemos hoje. Depois da nossa luta, Satsuki-san disse algumas coisas para mim. Vim aqui para informá-los sobre meus pensamentos e opiniões sobre o futuro."

".... Nesse caso, por favor, usem o quarto ali.", a resposta de Rio fez Lilianna fechar os olhos e pensar por um momento, antes de falar. Ela provavelmente ouviria os detalhes do Takahisa mais tarde. Deixando a vida passada de Rio de lado, Lilianna poderia ter sido informada sobre seus planos para o futuro e quem ficaria com quem.

"Estou muito grato por sua consideração.", Rio se curvou profundamente para expressar sua gratidão.

"O que estão esperando? Vamos lá.", Masato se levantou primeiro, fazendo Takahisa e Aki se moverem também.

"...Sim. Vamos, Onii-chan.", assim, os quatro seguiram para um quarto adjacente. Este era o quarto onde os três membros da família Sendou estavam hospedados. O mobiliário do quarto consistia em três camas, uma mesa e quatro poltronas.

"Vamos sentar. Eu vou sentar ao lado do Haruto-niichan.", Masato se sentou em uma poltrona com um baque.

"Certo. Então, se não se importa.", Rio sorriu e se sentou ao lado do Masato. Takahisa e Aki se sentaram em frente a eles. Assim que Rio confirmou que todos estavam sentados, ele imediatamente começou a falar.

"Primeiro, vocês devem saber que meus pensamentos são de modo geral os mesmos que eu disse a vocês durante a reunião de hoje. No entanto, não tenho mais a relutância de antes. Contanto que todos tenham pensado em sua resposta, eu decidi que vou respeitar isso."

"...O que está tentando dizer?", Takahisa perguntou com um olhar duvidoso.

"De agora em diante, se a Miharu-san e o Masato disserem que querem ficar sob os meus cuidados como estiveram até agora, eu não vou mais tentar impedi-los. Contanto que eles tenham tomado essa decisão depois de ouvir meus pensamentos, eles podem fazer o que quiserem.", disse Rio com uma expressão estranhamente perspicaz.

"... M-Mas você deveria! Você deve recusá-los! Você não disse que não os queria com você? Você ainda pensa assim, não é?! Então, por que mudou de ideia tão repentinamente? Recuse-os com mais firmeza! Pare de roubar a minha família de mim!", Takahisa gritou em choque. Como Rio havia indicado abertamente sua intenção de receber Miharu e Masato, os sentimentos negativos que ele havia reprimido até agora explodiram.

"Onii-chan.…", o rosto de Aki caiu enquanto ela observava a mudança repentina em seu irmão.

"Eu não posso.", Rio afirmou sem rodeios.

".... Por que?", Takahisa perguntou ressentido.

"Minha recusa mudaria suas opiniões? E se mudasse, os dois ficariam felizes em aceitar isso? No fim, isso não seria respeitar as opiniões deles. Esse é o motivo.", Rio respondeu suavemente. Masato sorriu, parecendo um tanto feliz com isso.

".... Covarde.", disse Takahisa. "Você é um covarde. Mesmo que diga que não quer a Miharu com você, você também não quer rejeitá-la — isso é covardia! Como fazer algo assim é igual a respeito?"

"Certamente, eu também pensei o mesmo. No entanto, se não conta como respeito se eu os rejeitar ou não, então ao menos quero mostrar a minha aceitação. Seria melhor do que fugir completamente ao me recusar a aceitá-los — foi o que a Satsuki-san me disse. Então eu decidi que iria encará-los adequadamente.", Rio explicou seus pensamentos com uma voz calma.

"Mas isso—!" Isso só é conveniente para você, era o que Takahisa estava prestes a responder.

".... Então, Haruto-san está fugindo de mim? Se você me deixar ir para o Reino Centostella assim, não seria o mesmo que evitar o problema comigo?", Aki acrescentou a conversa em um tom agressivo.

"Não tenho intenção de fazer isso. É por isso que vim aqui sozinho. Eu queria enfrentar você sem a Miharu-san e a Satsuki-san presentes. Se você permitir, gostaria de falar com você apropriadamente, um a um.", Rio não vacilou ao responder Aki.

"—...", Aki ficou sem fala por um momento.

"Aki!", Takahisa chamou por reflexo o nome de sua meia-irmã, olhando suplicante para ela. Esse homem estava prestes a roubar Aki dele também? Ele não podia permitir isso.

"... Porque Miharu-oneechan e eu conhecíamos o Amakawa Haruto, inconscientemente vemos o Haruto-san como o Amakawa Haruto e sobrepomos suas existências. Foi isso que você disse, certo?"

"Sim, eu disse isso."

"Você não gosta de ser sobreposto com ele?"

"Isso está errado... eu acho. O que eu não quero é ser sobreposto por uma pessoa diferente e comparado a ele." E, consequentemente, decepcionando as expectativas delas. Fazendo-as se arrepender de ter ficado com ele. É por isso que ele queria se revelar e manter distância antes que tal coisa pudesse acontecer. Mesmo agora, ele ainda tinha o desejo de se distanciar delas.

"Eu só posso ver o raciocínio de 'pessoa diferente' como nada mais do que uma desculpa conveniente para fugir.", Aki olhou para Rio com desprezo.

"É verdade que somos pessoas diferentes. Eu agora faço coisas que o Amakawa Haruto nunca faria. Ações que o Amakawa Haruto se sentiria fortemente contrário a cometer, eu faria sem pestanejar."

".... Como o quê, por exemplo?" Aki perguntou duvidosamente.

"Por exemplo, matar uma pessoa.", Rio afirmou com indiferença o que um japonês teria mais nojo de cometer.

"......", Aki estava sem palavras. Takahisa também ficou sem palavras, pelo choque. Apenas Masato ficou menos surpreso do que os dois, embora seus olhos se arregalassem ligeiramente.

"Quando se tratar de uma batalha, eu matarei. Se eu só posso me proteger matando, se uma batalha só pode ser terminada matando, então não tenho escolha a não ser fazer isso. Eu passei a aceitar isso. Mesmo neste exato momento, há alguém lá fora que eu devo matar."

 Conhecendo a moral dos japoneses, era justamente por isso que Rio se considerava incompatível com Miharu e os demais. Em geral, ele pensava na moral japonesa como coisas preciosas a serem mantidas, e embora fosse muito influenciado pelos valores do Amakawa Haruto em tempos de paz, ele considerava esses valores uma mentira bem lá no fundo, onde ele era cruel e repulsivo.

"Você já matou alguém antes?", Takahisa perguntou com um olhar de completo desprezo.

"Já.", Rio disse sem qualquer vergonha. Ele sentiu que era melhor responder diretamente.

"Então você é um assassino...?", Takahisa murmurou com desprezo.

"Isso mesmo."

"... Matar só porque é necessário não significa que seja certo. É inaceitável em um nível humano. Não posso deixar Miharu ou Masato aos cuidados de uma pessoa como você.", Takahisa disse com uma calma fria, tendo encontrado uma desculpa para se justificar.

"Oi, Aniki!", Masato tentou intervir.

"Cale-se! Como se eu pudesse deixar meu precioso irmão nas mãos de um assassino!", Takahisa gritou por cima dele.

".... Você está indo longe demais.", murmurou Masato, com os ombros tremendo de raiva.

"A Miharu não vai ser feliz estando com você. O melhor para a Miharu seria estar comigo, o Herói. Eu seria capaz de proteger a Miharu.", afirmou Takahisa, como se estivesse se convencendo de que era o melhor entre eles.

"Hah—, como se o Aniki fosse capaz de vencer o Haruto-niichan.", Masato zombou.

"—, Haruto-san, você também se sentiu da mesma maneira quando disse a Miharu que ela estaria melhor longe de você, certo?"

".... Sim.", Rio assentiu uma vez.

"Nesse caso, você é um covarde! Se você sabe disso, é um covarde por se recusar a rejeitar a Miharu! Miharu só quer seguir você porque não sabe que você é um assassino. Provavelmente porque ela o vê como uma pessoa diferente, como você disse. Ela definitivamente ficaria enojada se soubesse.", Takahisa disse ferozmente.

".... Ela sabe."

"Hah?", a afirmação tranquila do Rio fez Takahisa perder todo o fervor.

"Miharu-san sabe que eu matei pessoas. Eu disse tudo a Miharu-san e a Satsuki-san também."

"Quê—......" E ela queria ficar com ele apesar disso?! Miharu escolheria alguém tão egoísta? Sem mencionar Satsuki, que era uma senpai que ele sempre respeitou...

"Ela é idiota? Miharu-oneechan...", Aki murmurou amargamente em descrença. No entanto, isso significava que não havia mais meios de parar Miharu como eles queriam.

"Você realmente, realmente pretende aceitar a Miharu assim? Mesmo sabendo que a Miharu pode vir a se arrepender de tudo. Não, ela definitivamente vai se arrepender de tudo!", Takahisa parecia ter o mesmo pensamento que Aki, já que ele se opôs em um estado de pânico.

"Se ela quiser vir apesar disso, então eu não vou mais recusar. No entanto, eu não sei se serei capaz de responder a ela como o Amakawa Haruto...", embora Rio parecia um pouco culpado por isso, ele declarou sua opinião claramente.

".... Eu não vou admitir isso.", Takahisa murmurou, então ergueu a voz. "Eu absolutamente não vou admitir isso. Como se eu pudesse deixar a Miharu em suas mãos!", seu coração já estava encurralado, fazendo-o agir em puro desespero, mas ele não podia se dar ao luxo de desistir aqui.

".... Então, o que vai fazer?", Rio sabia que as coisas chegariam a esse ponto. Ele tinha vindo aqui preparado para isso.

"Lute comigo. Se eu ganhar, você deve rejeitar os desejos da Miharu. Vou vencer e provar sua desonestidade. Observe!", de todas as coisas, Takahisa desafiou Rio para uma luta. Não importava qual fosse a pretensão, era um pedido para lutar com ele.

".... O que você está tentando fazer, parece ser uma tentativa de dobrar a vontade da Miharu-san para atender aos seus próprios desejos, ao meu ver.", ressaltou Rio.

"—, v-você está tentando se justificar?!", Takahisa gritou de volta, sua voz estava cheia de culpa.

"Não, nada do tipo. Se você deseja travar um duelo para tratar a Miharu-san como uma espécie de objeto, então eu definitivamente não vou perder. Pelo menos, não tentarei dobrar a Miharu-san à minha própria vontade. Isso é tudo.", Rio deu sua postura com indiferença.

".... Sinto muito, mas eu vou apoiar o Haruto-niichan.", Masato disse de repente.

"O que?!", Takahisa olhou feio para Masato com a testa franzida.

"Também estou disposto a apostar nisso. Se o Haruto-niichan perder, farei tudo o que o Aniki me disser para fazer. Que tal isso?", Masato olhou de volta o desafiando.

"P-Parem com isso, vocês dois...", Aki observou o relacionamento entre seus dois irmãos quebrar impotentemente.

Masato franziu a testa ao olhar para Aki, antes de se levantar bruscamente. ".... Vamos lá, Haruto-niichan. Já é tarde, então você deve acertar a luta amanhã. Desculpa, mas poderia me deixar ficar no seu quarto? Eu não aguento mais dormir aqui.", ele queria sair do quarto imediatamente.

"......", Takahisa pareceu aceitar o desafio de Masato, pois ele não se preocupou em impedi-lo. Ele franziu as sobrancelhas enquanto se sentava em silêncio. Não havia mais nada a dizer aqui.

".... Tudo bem. Vamos.", Rio suspirou e se levantou. Ele começou a guiar Masato para fora do quarto com uma mão em suas costas.

"......", Aki parecia querer dizer algo para a figura do Rio saindo, mas sua boca não se moveu. Assim, Rio e Masato saíram do quarto e ficaram cara a cara com Lilianna na sala, sentada no sofá com uma expressão frustrada.

"Por favor, aceite minhas mais sinceras desculpas por causar um tumulto tão tarde da noite.", Rio se curvou profundamente para Lilianna. Mesmo se ela não tivesse ouvido cada palavra da conversa, ela deve ter sido capaz de ouvir a gritaria do quarto.

"Não se preocupe...", Lilianna balançou a cabeça lentamente.

"Além disso, eu sei que isso é extremamente egoísta da minha parte, mas, assim como com a Satsuki-sama, Takahisa-sama e eu decidimos ter uma luta amanhã de manhã. Claro, eu vou desistir se Lilianna-sama tiver alguma objeção, mas posso ter sua aprovação?", Rio pediu educadamente, baixando a cabeça.

"Enquanto for a vontade do Takahisa-sama, não vou impedir ninguém. Se possível, também gostaria de confiar o Masato-sama aos cuidados do Amakawa-kyō esta noite, embora possa ser inconveniente para você. Em relação a luta, vou providenciar tudo com Sua Majestade para a aprovação.", Lilianna baixou o olhar ligeiramente, seu belo rosto havia nublado fugazmente.

".... Estou muito grato por isso. Então, se nos der licença.", Rio colocou a mão direita sobre o peito e curvou a cabeça mais uma vez, antes de retornar aos aposentos de Satsuki com Masato.

◇ ◇ ◇

Na manhã seguinte, na arena que ficava ao lado do castelo e longe da praça de armas, Rio encarou Takahisa. Não era apenas o local que diferia da sua luta com Satsuki ontem — para evitar que essa luta se tornasse um espetáculo, os assentos do público foram ocupados por apenas algumas pessoas selecionadas que estavam envolvidas.

Entre eles estavam, é claro, Miharu, Satsuki, Masato e Aki, assim como Lilianna e Charlotte.

No entanto, Aki não estava sentada junto com Miharu, Satsuki e Masato; em vez disso, ela estava sentada ao lado de Lilianna a uma curta distância. Seus olhos estavam fixos em Takahisa.

Enquanto isso, Miharu e Satsuki foram trazidas para a arena após serem informadas de que a discussão havia resultado em um duelo.

"Ei, Masato-kun. Por que o Haruto-san decidiu lutar contra o Takahisa-kun?", Miharu perguntou ao Masato, que estava sentado ao lado dela.

"Porque o Aniki é um idiota. Bem, pense nisso como uma luta entre homens. Você mesma pode perguntar ao Haruto-niichan depois que a luta acabar."

Na noite anterior, Masato havia voltado para os aposentos deles com Rio e imediatamente adormecido de mau humor. Ele agia assim sempre que Miharu lhe pedia os detalhes. Ela sabia que Rio tinha ido conversar com a família Sendou e pôde dizer que algum tipo de discussão resultou disso, mas Rio, sem jeito, evitou dar a ela qualquer detalhe, deixando Miharu perdida.

"Bem, o Haruto-kun provavelmente está tentando se comunicar conosco do seu próprio jeito, não acha? Há coisas que não saberemos sem entrar em conflito, e tenho certeza que ele fará o mesmo com a Miharu-chan um dia. Então, vamos apenas acreditar nele e assistir a luta por enquanto.", Satsuki não sabia sobre os detalhes da disputa de Rio e Takahisa, mas sua boca estava curvada em um sorriso gentil. Ela manteve o que havia discutido com Rio após a luta de ontem em segredo, mas Miharu tinha a sensação de que a conversa deles teve um papel nisso.

".... Eu entendo.", Miharu assentiu com um suspiro.

"Bem, pelo menos não há necessidade de se preocupar com o resultado da batalha. Não consigo imaginar o Haruto-niichan perdendo, afinal. Se ainda acha que pode vencer depois de assistir a batalha da Satsuki-neechan ontem, então você é muito ingênuo, Aniki!", Masato disse, soprando pelo nariz.

"Parece que eles estão prestes a começar.", Satsuki pareceu concordar com a declaração do Masato, pois seus lábios se curvaram em um sorriso, antes que ela voltasse sua atenção para o campo. O árbitro começou a explicar as regras da luta.

"As únicas armas permitidas são espadas de treinamento. A vitória será decidida puramente pela técnica da espada. O Herói, Takahisa-sama, tem permissão para usar o Equipamento Divino para aprimorar seu corpo, e o Amakawa-kyō tem permissão para fazer o mesmo com sua espada mágica. A luta será decidida parando à beira de um golpe decisivo ou desferindo um golpe decisivo em uma área que não seja o rosto. Por favor, restrinjam seus ataques a um grau não letal. Apenas ser desarmado não contará como derrota. Essas regras são aceitáveis?", um jovem cavaleiro chamado Kyle estava atuando como árbitro. Ele olhou para Rio e Takahisa para confirmar as regras.

"Sim!" "Entendido." Takahisa assentiu ansiosamente enquanto Rio inclinava sua cabeça de maneira relaxada.

 "Ambos os lados, distanciem-se e preparem as armas, por favor.", disse o árbitro, erguendo a mão no ar. Então, uma vez que os dois tinham distância suficiente entre eles, ele confirmou que eles estavam segurando as armas em punho.

"Comecem!", ele gritou, baixando a mão para sinalizar o início da luta.

"Haaa!", Takahisa gritou com raiva enquanto se aproximava de Rio. O aprimoramento físico de um Equipamento Divino era poderoso e sua velocidade ultrapassava facilmente os limites humanos. Embora não muito, seus movimentos mostravam sinais de que ele havia treinado com uma espada. No entanto, do ponto de vista do Rio, ele estava cheio de aberturas.

Eu poderia terminar a luta em um instante, mas.... Para reduzir um pouco a hostilidade do teimoso Takahisa, derrotá-lo facilmente não seria suficiente. Ele tinha que fazê-lo se render depois de pressionar Takahisa a dar tudo o que tinha. Com isso decidido, Rio enfrentou o ataque feroz do seu oponente de frente.

"Aaaaa!", Takahisa lançou um incontável número de ataques de espada no Rio. Rio se moveu atrás de cada um, brandindo sua espada para desviar o curso de cada ataque feito em sua direção. Aproximadamente dez segundos se passaram dessa maneira.

"Kuh— ...", Takahisa sentiu que seus ataques não estavam surtindo nenhum efeito — ele nem mesmo se sentia mais como se estivesse brandindo sua espada contra o Rio. Ele fez contato visual com o olhar que tudo via de Rio e involuntariamente recuou para colocar distância entre eles. No entanto, Rio permaneceu parado. Ele ficou lá, esperando que Takahisa fizesse seu seguinte movimento; em parte para se conter e evitar derrotá-lo inadvertidamente.

"Você planeja ficar aí parado o tempo todo?!" Que arrogância! Takahisa fez uso de suas habilidades físicas amplamente melhoradas para confundir Rio. Mesmo assim, Rio não se moveu para atacá-lo. Takahisa correu em círculos ao redor do Rio antes de lançar um ataque por trás, visto que Rio estava mais desprotegido ali.

"Gwah?!" Era como se Rio tivesse olhos na nuca. Sem nem mesmo olhar, ele se virou e brandiu a espada, repelindo a espada que Takahisa estava brandindo. O retrocesso fez Takahisa cambalear para trás. Quando ele fez contato visual com o olhar frio de Rio, ele fez uma careta de humilhação.

O que era aquele olhar nos olhos dele?! Ele está me menosprezando quando ele mesmo é um assassino?! Enquanto pregava sobre como ele está tentando respeitar a opinião da Miharu, esse hipócrita! Eu não vou.… não vou deixar um assassino me menosprezar! Como eu poderia deixar a Miharu ao lado de um assassino?! Não a minha... minha Miharu...! Ele não queria que a Miharu fosse roubada dele. Com esse único pensamento em mente, Takahisa foi dominado por uma sensação quase opressora de paranoia enquanto se movia.

Ele queria vencer. Lutar— e vencer. Contra esse homem.... Esse hipócrita! Ele precisava vencer para provar a Miharu que ele era mais forte que Rio. No entanto, era um feito impossível, a um grau que ele desconhecia. Para ele, contanto que ele vencesse, contanto que ele emergisse vitorioso, Miharu entenderia. Takahisa acreditava nisso sem sombra de dúvida. Não, essa crença era a única coisa que o fazia continuar. No entanto—

"Droga, nesse ritmo...!"

Ele não poderia vencer. Takahisa teve o leve pressentimento de que esse era o caso.

Mas ele não queria perder. Ele não podia perder. Essa foi a quantidade de resolução que ele teve ao entrar nesta batalha, colocando seu orgulho e sua vida em risco.

"Haaaaa!", Takahisa intensificou a habilidade de aprimoramento de seu Equipamento Divino e foi diretamente na direção do Rio. Ele se moveu na velocidade de uma flecha lançada, atirada diretamente no Rio.

No entanto, a paixão de Takahisa o levou a cometer um erro. Ele e Rio aumentaram a força de seus corpos físicos de modo que um golpe de uma espada de treinamento machucaria, mas não seria fatal. Mas a velocidade atual de Takahisa estava criando energia cinética suficiente para ignorar o aumento da força corporal, embalando o suficiente para causar um ferimento fatal.

Com essa velocidade, eu vou conseguir! Takahisa estava certo de sua vitória e se alegrou. Sem qualquer hesitação, ele despejou cada grama de força que tinha na espada que segurava entre suas mãos e a brandiu contra o Rio.

"Quê—...?!", sua espada brandida cortou o ar, deixando Takahisa sem palavras. Não houve resistência alguma. Não havia nem um traço do Rio deixado diante dele. Por que?! Takahisa sentiu uma sensação de dúvida que se aproximava da raiva, quando—

"Guh—!", Takahisa sentiu um leve impacto nas costas e, no momento seguinte, perdeu o equilíbrio. Ele havia sido empurrado por Rio, mas o ataque foi claramente contido. Não foi o suficiente para ser considerado um ataque decisivo. O árbitro também não se manifestou.

"O que?!", Takahisa lutou freneticamente para se virar com a espada em punho, gritando na direção do contato. No entanto, Rio não estava à vista.

"Seu campo de visão é muito estreito.", a voz calma de Rio ecoou pelas costas de Takahisa.

"Uwa—!", Takahisa balançou sua espada em pânico.

"Em uma batalha em que você já está com a cabeça quente, acelerar sua velocidade além do ponto de controle só fará com que perca de vista o seu alvo. É por isso que seu campo de visão está se estreitando. O mesmo pode ser dito de você e a Miharu-san...", Rio saltou para trás de forma relaxada, evitando o ataque de Takahisa enquanto falava.

".... Isso é sarcasmo? Você não tem o direito de dizer isso!", Takahisa cuspiu com ódio.

"Pode ser.", Rio concordou facilmente. Para Takahisa, parecia que Rio estava irritantemente mostrando a diferença em suas capacidades por meio de sua atitude relaxada. Ele atacou o Rio vigorosamente.

"Você não é digno da Miharu!"

"Eu sei."

"Seu hipócrita assassino!"

"Eu sei disso também."

"Eu absolutamente não vou permitir isso!"

"Eu preciso da sua permissão?" Essa foi a verdadeira arrogância.

"É por isso que eu vou vencer esta luta!", Takahisa declarou, brandindo sua espada contra o Rio. A espada desembainhada desenhou um arco nítido para baixo em direção ao seu oponente.

"Quê—?!", de todas as coisas a fazer, Rio soltou sua espada. Ele cravou a ponta no chão, deixando-a ficar na vertical. No entanto, não havia mais como parar a lâmina de Takahisa.

Foi nesse ponto que Takahisa finalmente temeu que pudesse acabar matando Rio. De repente, Rio deu um passo à frente por sua própria vontade.

Mas não era como se Rio pretendesse morrer também. Visando o momento em que o fervor do Takahisa enfraqueceu ligeiramente, ele prendeu a lâmina da espada entre as mãos.


Era o movimento divino que qualquer japonês estaria familiarizado. Um feito acrobático impossível que ninguém em sã consciência tentaria em uma batalha real.

"Shirahadori ?!", Satsuki gritou dos assentos de espectadores. O grupo que veio da Terra — assim como Liselotte, que renasceu neste mundo assim como Rio — ficou obviamente horrorizado, mas mesmo Charlotte e os outros, que não sabiam o nome da técnica, reagiram da mesma forma.

"Uh—!", quando o movimento da lâmina parou e Takahisa enrijeceu, Rio aproveitou a chance para torcer seus pulsos e braços para roubar a espada de Takahisa. Ele então a jogou no chão ao lado deles.

No entanto, as regras diziam que desarmar seu oponente não era suficiente para contar como uma vitória. Apesar disso, normalmente se perderia a vontade de lutar nesta situação. Rio estava almejando esse resultado.

"Ainda vai continuar?", Rio perguntou. Se ele quisesse pegar sua espada, estava livre para fazê-lo, isso era o que estava implícito.

"Não... me menospreze!", Takahisa rugiu e pegou sua espada freneticamente. Ele não prestou atenção em como sua postura havia entrado em colapso ao fazê-lo, ao invés disso a brandiu contra o Rio novamente. Ele teimosamente se recusou a desistir.

Ele ainda não vai desistir. Então o seguinte—, Rio agarrou sua espada e saltou alto, retrocedendo por um momento.

"Você está fugindo?!", Takahisa correu a toda velocidade em sua perseguição. Ele começou a apoiar sua arma acima da cabeça e balançá-la para baixo, mas isso era exatamente o que Rio esperava.

Rio ficou parado, aguçando seus sentidos para ver através da espada de Takahisa. Então, uma vez que ele previu seu caminho, ele ergueu sua própria espada. Com um tempo preciso, ele acelerou com grande força, brandindo sua espada em uma velocidade extrema. O resultado foi o som do choque violento de metal ecoando em toda a arena. Naquele momento, Rio e Takahisa terminaram de brandir suas espadas e ficaram de costas um para o outro. Então, um instante depois, o som de algo apunhalando o chão alcançou os ouvidos de Rio e Takahisa. Foi a espada que estava na mão de Takahisa.

"Uh. Ah— ...", Takahisa abriu a boca, olhando entre a lâmina cravada no chão e o cabo em sua mão. A espada de Takahisa foi despedaçada — esmagando com ela o coração de quem a segurava.

"Se você ainda quiser continuar, podemos ir com os punhos em seguida.", Rio afirmou rotundamente.

"Ah, —... Merda!", Takahisa preparou sua espada quebrada desajeitadamente, mas logo a jogou contra o chão. Rio de repente começou a caminhar lentamente em direção a ele.

"Eu, não vou aceitar minha derrota.", Takahisa disse ao Rio, com o corpo todo trêmulo de frustração. Rio firmemente continuou a diminuir a distância entre eles.

"Eu, não vou desistir!", apesar dessas palavras, Takahisa parecia ter aceitado a derrota, já que não tentou atacar apenas com os punhos. Rio apontou indiferentemente sua espada para Takahisa.

".... Temos um vencedor! O vencedor, é o Amakawa-kyō!", o árbitro anunciou a vitória em voz alta.

"Eu não vou aceitar, não vou aceitar... não vou. Você não pode ficar com Miharu. Ela está sendo enganada. Eu tenho que... eu tenho que fazer alguma coisa...", Takahisa baixou a cabeça enquanto murmurava amargamente, como se estivesse recitando algum tipo de maldição.

◇ ◇ ◇

Após a luta, Takahisa deixou a arena sozinho, indo para os aposentos de hóspedes do castelo como se estivesse fugindo de Miharu e Satsuki. No entanto, quando ele estava prestes a abrir a porta dos aposentos, Aki e Lilianna o alcançaram.

"Espere, Onii-chan!"

"Por favor, espere um momento, Takahisa-sama."

As três cavaleiras estavam com elas.

"Vocês duas...!", Takahisa finalmente parou, se virando.

"Onde pensa que está indo?", Lilianna perguntou com um suspiro.

".... Eu estava voltando para o meu quarto.", Takahisa respondeu envergonhado.

"O que ia fazer depois de voltar para o seu quarto?", Lilianna perguntou, como se estivesse acalmando uma criança fazendo beicinho.

".... Pensar em um plano para manter a Miharu longe dele.", Takahisa murmurou em resposta.

"Então, ainda não desistiu, afinal." Lilianna suspirou novamente, desta vez pesadamente.

"Ele é.… perigoso.", Takahisa murmurou amargamente.

"Por que você diz que ele é perigoso?", Lilianna perguntou calmamente.

"Porque ele é um assassino!", Takahisa gritou.

Lilianna verificou se não havia cavaleiros ao redor deles antes de exalar em alívio. "Por favor, não pronuncie essas palavras em voz tão alta. Ele é um cavaleiro honorário do Reino de Galark. Sua saída silenciosa depois da luta já foi indescritível — a outra parte é um importante cavaleiro honorário de outro reino. Mesmo se você for um Herói, sair sem dizer uma palavra mostra desrespeito, o que pode causar um incidente internacional."

"Mas é a verdade!"

"Se é verdade ou não... Vamos entrar primeiro. Podemos conversar depois que você se acalmar. Vocês três fiquem de guarda fora da sala. Por favor, recusem a entrada de todos os visitantes não importantes."

Assim, as três cavaleiras ficaram de guarda do lado de fora da sala enquanto Takahisa entrou com Lilianna e Aki. Lá dentro, a maid de Lilianna estava esperando.

"Frill, chá para todos."

"Entendido.", Frill foi para a cozinha sob as ordens de Lilianna.

"Agora, por favor, sentem-se.", Lilianna levou Takahisa e Aki para os assentos em frente a ela.

"......", Takahisa entrelaçou os dedos e olhou para baixo, pensativo.

"Eu gostaria de perguntar uma coisa primeiro— Takahisa-sama, o seu desejo é estar junto a Miharu-sama? Ou você ficaria contente contanto que a Miharu-sama não estivesse mais ao lado do Amakawa-kyō?", Lilianna começou, sua pergunta estava indo direto ao cerne da questão.

".... Se ela tivesse que ir com ele, então eu acredito que seria melhor para ela ficar comigo."

"No entanto, a luta de agora não era para decidir com quem Miharu-sama iria?"

"Não! Era para ele se recusar a ficar com a Miharu se eu ganhasse! Eu não estava tentando forçar para aonde a Miharu iria!", enquanto Rio se recusasse a ficar com Miharu, Miharu teria seguido Aki, que estava vindo com ele. Esse era o seu motivo oculto, mas ele não disse isso em voz alta.

"Se deseja estar com a Miharu-sama, não seria melhor apenas perguntar a ela com sinceridade?", Lilianna perguntou, dando um argumento sólido.

"I-Isso não vai funcionar, é por isso que tivemos aquela luta!"

"E aquela luta foi perdida."

"—...", Takahisa fez uma careta com o tiro que ela lançou.

"Eu acredito que seria melhor perguntar a ela honestamente. Se não funcionar, você terá que desistir."

"Eu já te disse! Se eu pudesse fazer isso...!" Ele não teria sofrido tanto. Afinal, Miharu já estava firme em sua decisão de ficar com o Haruto.

"Os sentimentos da Miharu-sama já são tão certos que nem Takahisa-sama nem Aki-sama podem convencê-la mais. Isso está correto?"

"—...", a expressão de Takahisa caiu severamente. Lilianna interpretou isso como uma afirmação.

"Nesse caso, que tal retornarmos temporariamente ao nosso reino para esfriar sua cabeça? Podemos até partir hoje, se você quiser. Eu acredito que seria melhor para você se distanciar da Miharu-sama por enquanto."

"Eu não posso fazer isso!", Takahisa recusou imediatamente.

"No entanto, não há como resolver isso por meio de uma discussão. Um duelo.... Não, a luta que você travou também não resolveu isso. Isso não o deixa sem outra solução? Você não levaria a Miharu-sama à força para o Reino Centostella a contragosto, não é?", não havia como tal ação egoísta ser aprovada. Isso é o que Lilianna queria insinuar ao dizer isso, mas—

".... Entendo. Eu sempre poderia simplesmente levar a Miharu para o Reino Centostella primeiro. É fato que ele é um assassino. Qualquer motivo que ele dê para justificar, não o torna perdoável. E se eu contar a ela meus sentimentos e falar com ela corretamente, ela certamente vai entender...", ele começou a murmurar para si mesmo. Parecia que Takahisa considerou suas palavras uma opção realista.

"Essa opção é impossível. Se for descoberto que você a levou à força, isso realmente se tornaria um incidente internacional.", afirmou Lilianna em um tom áspero.

"Mas, não há outra opção!"

"Sim, há. Deve haver. O Takahisa-sama que eu conheço nunca recorreria a tais ações covardes. Afinal, tenho cuidado de você nesses últimos meses. E, como realeza, já entrei em contato com muitas pessoas antes. É por isso que sei que você pode ser inexperiente em algumas áreas, mas definitivamente não é uma pessoa má. Se você seguir com essa ação agora, você se sentirá culpado pelo resto de sua vida.", o usual comportamento gentil de Lilianna estava longe de ser visto enquanto ela avisava ao Takahisa com o olhar de um líder da realeza guiando os outros para longe do caminho errado.

"Lily..." O que você sabe sobre mim depois de apenas alguns meses? Ele não podia dizer isso porque entendia o quão devotada Lilianna tinha sido em apoiá-lo naquele tempo.

"Pelo que posso ver, o Amakawa-kyō é um indivíduo excepcional. Esse é o motivo da Miharu-sama, Satsuki-sama e até mesmo o Masato-sama confiarem tanto nele, não? E o fato do Amakawa-kyō ter trazido a Aki-sama e os outros para o castelo por sua causa e por Satsuki-sama é a maior prova disso, não é?"

".... Você não sabe, Lily. Você não o conhece.", quando Lilianna elogiou Rio, o rosto de Takahisa ficou amargo novamente. O da Aki também.

"Você não pode acreditar no Haruto-sama? No homem em que a sua preciosa Miharu-sama tanto confia?", Lilianna perguntou a Takahisa.

"Se eu pudesse, não estaria sofrendo tanto agora!", Takahisa gritou como se procurasse algum tipo de salvação.

".... Eu acho que seria melhor para você se distanciar temporariamente da Miharu-sama, afinal. Você não vai voltar para o reino comigo? Nosso reino pode estar fechado, mas enquanto você desejar, a Miharu-sama será bem-vinda em nosso reino como uma convidada a qualquer momento, mesmo se ela não for afiliada a nós.", Lilianna sugeriu como um compromisso.

"Isso não é... Isso não é bom o suficiente! Se eu não puder levar Miharu comigo, então não voltarei para o Reino Centostella! Na verdade, vou desistir de ser um Herói e levar Aki, Miharu e os outros comigo para vivermos sozinhos!"

"O quê—...", a declaração egocêntrica de Takahisa deixou até mesmo Lilianna com os olhos arregalados de choque. Aki, que estava ouvindo em silêncio, também piscou surpresa.

"Você não disse que se tornaria o Herói do nosso reino? Você me prometeu que voltaria para o Reino Centostella mesmo que se reunisse com a Miharu-sama e os outros durante nossa visita ao Reino de Galark, não foi? Você não prometeu que trabalharia comigo para tornar nosso reino melhor? Está me dizendo que a promessa era mentira?!", o rosto de Lilianna se contorceu de tristeza. A deserção de um Herói era a maior perda que poderia acontecer a um reino, mas mesmo antes disso, ela acreditava que havia construído uma relação de confiança com Takahisa.

"Não era mentira! Eu não quero fazer disso uma mentira, então não me torne um mentiroso! Eu não quero fazer uma coisa dessas! É por isso.... É por isso que quero sua cooperação!", Takahisa usou seu trunfo — sua posição de Herói — para fazer uma petição à primeira princesa do reino. Era praticamente coerção neste ponto.

"....... Por que você insiste tanto que a Miharu-sama não pode ficar com o Amakawa-kyō?", Lilianna perguntou depois de hesitar por um momento.

"Porque não há como Miharu, alguém nascida e criada no Japão, encontrar a felicidade estando com um homem que mata pessoas sem pestanejar. E de qualquer forma, uma vez que a Miharu— uma vez que eu contar a ela os meus sentimentos, ela certamente vai entender.", Takahisa deu uma resposta terrivelmente unilateral. Aos ouvidos de Lilianna, era uma declaração de pura ignorância.

Ela estava um pouco curiosa para saber o que significava ele dizer que o Haruto era alguém que podia matar sem questionar, já que muitos cavaleiros já haviam matado uma ou duas pessoas quando movidos pela necessidade antes. Se ele tivesse amaldiçoado aqueles cavaleiros chamando-os de assassinos na cara, teria sido considerado uma afronta.

"Você acredita que há alguma possibilidade realista em sua declaração? Mesmo se eu cooperasse com você, não haveria como esconder o fato da Miharu-sama ter sido levado à força. E seria impossível para você viver livremente com a Miharu-sama e a Aki-sama deixando seu posto de Herói sem a minha cooperação."

"Eu posso. Não importa como isso aconteça, vou garantir que dê certo. Eu tenho que fazê-lo.", Takahisa respondeu com os olhos injetados de sangue. Ele estava perigosamente instável, mantido cativo por seu próprio egoísmo intenso e pela crença de que seus pensamentos eram absolutos. Não havia como dizer se ele poderia ser persuadido nesta situação e, ao mesmo tempo, ele corria o risco de se perder, o que obviamente seria um problema. Se ele usasse o poder de seus Equipamento Divino para correr solto, ele poderia causar danos terríveis.

"A realidade é muito mais dura do que você imagina. Se você escolhesse essa opção, seus sentimentos de arrependimento seriam inevitáveis e você também entenderá como foi incrível o Amakawa-kyō ter mantido a Miharu-sama e os outros sob seus cuidados até agora."

"....... Não saberei até tentar."

De onde vinha essa confiança dele?

"Há algumas coisas que você pode saber sem tentar.", Lilianna suspirou pela enésima vez, o observando resolutamente.

"Mas você sabe, Lily. Sobre o poder heroico escondido dentro de mim. Que meu poder pode proteger as pessoas mais próximas de mim."

"Você acabou de perder para o Amakawa-kyō momentos atrás. A habilidade especial escondida em seu Equipamento Divino é realmente poderosa, mas se alguém tão experiente quanto você enfrentar ele, até mesmo um Herói perderia. Por favor, entenda isso. Existem más ações neste mundo que não podem ser tratadas simplesmente pelo poder também. E um plano como este iria desmoronar no momento em que a Miharu-sama ou a Satsuki-sama soubessem disso.", Lilianna ergueu a voz para que pudesse ser ouvida com clareza na cozinha.

"Mesmo assim, minha resposta é que eu irei protegê-los. Não chegaremos a um acordo desse jeito, Lily.", disse Takahisa, observando Lilianna com determinação.

"... Aki-sama, não tem nada a acrescentar para persuadir Takahisa-sama?", Lilianna buscou a salvação de sua irmãzinha Aki, que vinha observando a situação com atenção. Aki abaixou a cabeça, hesitando por um momento.

"Eu... Eu estarei lá... Isso não é o bastante, Onii-chan?", ela perguntou, levantando o rosto lentamente.

"......", Takahisa franziu a testa dolorosamente, mas não teve escolha a não ser balançar a cabeça. Não, não era o bastante.... Seus punhos tremeram.

"Entendo...", por um momento, Aki baixou os olhos como se fosse chorar. Mas, depois de um tempo, ela conseguiu sorrir com tudo o que tinha.

"Então, vamos sequestrar a Miharu-oneechan juntos. O Masato seria contra, então teremos que deixá-lo para trás..."

"—......", Lilianna ficou sem palavras. Quem eram esses irmãos? Como eles podem ser tão egoístas por si mesmos? Talvez fosse simplesmente a natureza humana...


"Minha família foi destruída uma vez pelo desaparecimento daquela pessoa. Quem se tornou minha nova família depois disso foi o Onii-chan. E a nova família que construí será quebrada novamente... por ninguém menos que a mesma pessoa. É por isso... não há outra opção. Se o Onii-chan vai levar isso a sério, então eu também farei o mesmo.", Aki disse com um sorriso entrecortado.

".... Onde você está indo, Frill?", Takahisa se virou e chamou Frill, que estava tentando sair da cozinha em silêncio. Frill parou tremendo.

"Ah, umm... Estávamos sem folhas de chá..." "Tudo bem, esqueça o chá. Volte."

"S-Sim...", Frill voltou para o meio da sala.

"Lily, você estava tentando informar a Miharu e a Satsuki-san sobre isso?", Takahisa parecia pensar que Lilianna havia dado a ordem a Frill ela mesma, como se dissesse que ele estava pronto para começar seu plano imediatamente.

".... Você não vai ceder, Takahisa-sama? Sobre voltar para o Reino Centostella comigo. A única coisa esperando no final da estrada que você está tentando descer é a destruição. Não há como enganar seu caminho.", Lilianna disse com um suspiro resignado.

"Eu tenho que enganá-lo! Porque tenho que proteger a todos. Para que todos sejam felizes!", Takahisa disse resolutamente.

"Isso é apenas seu...", Lilianna estava prestes a dizer algo, mas interrompeu com uma cara amarga. Ela percebeu que se falasse em voz alta, ela poderia realmente quebrar o relacionamento que havia formado com Takahisa.

Não, já foi quebrado pelo próprio Takahisa. Almejar a felicidade que havia perdido, testemunhá-la cair nas mãos de outra pessoa diante de seus próprios olhos o fez lutar terrivelmente. No entanto, a realidade não estava indo do jeito que ele queria— tanto que ele temporariamente, ou talvez permanentemente, enlouqueceu.

Aah, que pessoa lamentável, Lilianna simpatizou com o cenho franzido. Mas depois de alguns segundos, ela falou.

".... Eu entendo. Contanto que Takahisa-sama não se importe de ser o único culpado por correr selvagemente quando for pego, eu lhe dou permissão para usar nossa aeronave encantada para levar a Miharu-sama embora. No entanto, não importa que tipo de fim o aguarde, você será o único a assumir a total responsabilidade. Isso você deve aceitar. Também farei com que você aceite várias outras condições com antecedência. Se você quebrar essas condições no futuro, vou puni-lo sem misericórdia. Posso não ser capaz de salvá-lo quando você se arrepender mais tarde. Você ainda está disposto a escolher esta opção apesar de tudo isso, Takahisa-sama?", Lilianna perguntou friamente, como se questionasse a resolução de Takahisa. Por um momento, até mesmo Takahisa foi oprimido pela forma como ela o pressionou.

".... Eu estou. Eu escolhi isso.", ele respondeu.

"Recebi sua palavra. Certifique-se de não voltar atrás.", o tom de Lilianna estava mais cortante do que o normal.

"Lily, tenho certeza que você já sabe, mas contar para a Miharu e os outros..."

"Não vou mais tentar tal coisa. Agora que as coisas chegaram a esse ponto, devo me preparar para o pior também. Vou guiá-lo até o fim.", Lilianna abateu as palavras de desconfiança de Takahisa imediatamente.

".... Tudo bem.", Takahisa acenou com a cabeça, um pouco assustado.

"Bem, esta é uma tentativa imprudente para começar, então, por favor, dê-me algumas horas no máximo para fazer meus preparativos. Não há garantia de que teremos sucesso mesmo com isso, mas vou lhe contar o esboço do plano. Aki-sama terá um papel especialmente importante, então, por favor, esteja preparada.", explicou Lilianna. Não havia como voltar atrás agora.

◇ ◇ ◇

Três horas depois que Takahisa formou seu plano imprudente de abdução com Lilianna, Aki foi visitar os aposentos de Satsuki sozinha para dizer a eles que Takahisa voltaria ao Reino Centostella com urgência.

"Eh, Takahisa-kun, já está voltando?!", Satsuki gritou em choque. Cinco pessoas estavam atualmente na sala: Rio, Miharu, Satsuki, Masato e Aki.

"Umm, ele ficou bastante chocado por ter perdido a luta para o Haruto-san...", Aki explicou, olhando para Rio momentaneamente. Quando eles fizeram contato visual, ela olhou para baixo com culpa.

"Haa, isso é tão patético, Aniki...", Masato disse exasperado, mas ele sentiu simpatia por seu irmão, pois suspirava preocupado.

"Eu decidi que irei com o Onii-chan.", declarou Aki.

"……", todos ficaram em silêncio com expressões desconfortáveis em seus rostos.

"Miharu-oneechan e Masato não virão também, certo?", Aki olhou para Miharu e Masato para confirmar.

"... Sim. Sinto muito.", Miharu recusou tristemente. Era algo que ela havia decidido há muito tempo, mas quando chegou a hora de se despedir, parecia que seu peito estava prestes a explodir.

"Eu... é uma escolha difícil, mas eu também não vou.", Masato achou que não beneficiaria seu irmão se ele mudasse de ideia aqui e fosse com eles, mas ele não disse isso em voz alta. Agora, ele só queria fugir.

".... Entendo.", a voz de Aki soou aliviada e chateada ao mesmo tempo.

"Mas, vou vê-los partir.", Masato disse resolutamente.

"Sim. Onii-chan quer se desculpar com todos antes de partirmos. Vocês podem vir comigo?", Aki respirou fundo e ergueu a cabeça, falando claramente para todos.

◇ ◇ ◇

Rio e os outros deixaram os aposentos de Satsuki para seguir Aki pelo castelo. Eles chegaram a uma seção do jardim que cercava o castelo e viram Takahisa parado ali.

"Aniki!", Masato gritou e correu primeiro.

"Ei, pessoal. E Haruto-san também...", Takahisa deu um sorriso sombrio enquanto respondia a todos eles.

"Ouvimos a notícia. Você está voltando para o Reino Centostella?", Satsuki perguntou um pouco infeliz.

"Sim. Eu já causei bastante tumulto... Então Lilianna disse que seria melhor eu deixar todos e esfriar minha cabeça temporariamente. Eu sinto muito.", Takahisa baixou a cabeça, mordendo o lábio inferior. Além disso, ele chamou seus nomes um por um e abaixou a cabeça, dizendo repetidamente o quanto realmente lamentava.

.... Por que ele está aqui sozinho, então? Rio achou estranho. Ele estava esperando Aki trazê-los aqui esse tempo todo? Não houve hesitação nos passos de Aki, o que também foi um pouco curioso.

"Haruto-san também, sinto muito. Eu disse tantas coisas rudes para você.", Takahisa baixou a cabeça para Rio também. Ele tinha se acalmado nessas poucas horas? Assim que Rio pensou isso, ele teve um vislumbre de uma escuridão tenebrosa nos olhos de Takahisa enquanto abaixava a cabeça. Isso deu a ele uma sensação sinistra.

Apesar de sentir algo inquietante, Rio curvou a cabeça de volta.

"Não, eu agi fora da linha também. Posso perguntar o que você já estava fazendo aqui?"

".... As carruagens estão esperando no jardim central para nos levar ao porto, mas Lily está conversando com o rei. Pensei em dar uma curta caminhada enquanto esperava.", Takahisa respondeu com uma expressão ligeiramente rígida. Ele parecia um pouco desconfortável com alguma coisa. No entanto, isso respondeu à pergunta de por que ele estava aqui.

"Aí estão vocês, Satsuki-sama, Haruto-sama.", Charlotte apareceu, chamando os nomes de Rio e Satsuki. Naquele momento, as expressões de Takahisa e Aki endureceram claramente. Vendo isso, Charlotte deu um sorriso agradável.

"Aconteceu algum problema?" Ser chamada pelo nome assim significava que ela precisava de algo. No entanto, o fato de ela ter percorrido todo o caminho até os jardins fora do castelo por conta própria parecia um pouco estranho. Bem, não era tão estranho se ela tivesse sido guiada por aqueles que os viram em sua busca...

"Eu tenho algo importante para discutir com vocês dois. Posso ter um pouco do seu tempo?", Charlotte bateu o dedo indicador direito contra a boca e piscou os cílios olhando para os rostos de Rio e Satsuki.

"E~tto, Takahisa-kun e Aki-chan estão prestes a ir para o Reino Centostella, então se não for urgente, primeiro gostaríamos de falar um pouco mais com os dois...", disse Satsuki. Era difícil para Rio recusar por causa de sua posição social, mas como um Herói, Satsuki poderia recusar a princesa sem repercussão.

"Ah, nós estamos prestes a partir de qualquer maneira, então está tudo bem. Prefiro não prolongar nossas despedidas por muito tempo, caso contrário, ficarei relutante em ir embora...", Takahisa disse com um olhar um pouco estranho e inquieto.

".... Entendo. Então, desta vez, vamos dizer nosso adeus— e esse é um pouco amargo. Da próxima vez, estaremos em um lugar muito melhor. Todo mundo finalmente se reuniu de novo, graças ao Haruto-kun. Temos que reservar um momento para apreciar o bem que veio disso. Vamos nos encontrar novamente em breve, definitivamente.", Satsuki parecia não duvidar que eles se encontrariam novamente, embora seu rosto ficasse sombrio enquanto ela falava.

".... Sim.", Takahisa e Aki olharam para baixo e assentiram, dificultando a leitura de suas expressões. No entanto, parecia que havia uma sombra sobre seus rostos.

"Tchau, Takahisa-kun. Aki-chan.", Satsuki disse, abraçando levemente os dois.

"Bem então, nos vemos.", Rio também disse a eles na despedida.

Takahisa respondeu com um "sim" ligeiramente rígido, mas Aki desviou o olhar em silêncio. Ver a reação de Aki fez Miharu querer dizer algo, mas—

"Agora, vamos?", Charlotte perguntou, fazendo com que Rio e Satsuki se movessem.

Aishia. Eu sei que estamos no castelo, mas estou um pouco preocupado com a falta de guardas. Você poderia ficar ao lado da Miharu-san e dos outros em sua forma espiritual e me avisar se algo acontecer? Se algo acontecer, você também pode se materializar, Rio disse para Aishia dentro dele.

Sim. Entendido, Aishia respondeu imediatamente. Nesse tempo, Charlotte ocupou seu lugar ao lado esquerdo dele, enquanto Satsuki, parecendo relutante, moveu-se para ficar ao lado direito de Rio.

Como resultado, com a exceção de Aishia em sua forma espiritual, os únicos que sobraram foram Takahisa, Aki, Masato e Miharu.

"Ah—!", só então, Aki deixou escapar um ruído de compreensão.

"Qual é o problema?", Masato perguntou a Aki depois que seu pequeno corpo se encolheu.

"Eu esqueci algo no meu quarto. Eu tenho que pegá-lo antes de partirmos. Venha comigo.", Aki agarrou o braço direito de Masato.

"O-Oi! Aki-neechan, o que está fazendo?!", Masato perguntou enquanto era arrastado em direção ao castelo.

"Tente ser discreto pelo menos uma vez. Você também percebeu, não foi? Apenas cinco minutos são suficientes.", Aki olhou para trás, para Takahisa e Miharu.

"Nossa. Não se pode evitar então.", Masato olhou para os dois antes de coçar a cabeça com a mão esquerda e suspirar. Enquanto isso, um ar estranho pairava sobre Takahisa e Miharu, que haviam ficado para trás.

"Quer dar um passeio?", Takahisa perguntou a Miharu.

"Sim, está bem...", Miharu assentiu desajeitadamente, depois seguiu a liderança de Takahisa ao redor do jardim. Miharu deixou um pouco de distância entre eles enquanto caminhavam. Um, depois dois minutos se passaram em silêncio; suas conversas não duravam muito, mesmo quando eles estavam no Japão, mas seu silêncio prolongado agora foi provavelmente influenciado por como seu relacionamento se tornou afetado desde seu reencontro aqui.

"Ei, Takahisa-kun. Até onde estamos caminhando?", Miharu perguntou depois de um tempo. Eles haviam percorrido todo o caminho até os limites do terreno do castelo. Não havia ninguém na área e eles estavam bem próximos à parede que cercava o castelo.

"Ah, e~tto, eu não tinha decidido. Desculpa...", Takahisa parou e disse sem jeito.

"E~tto, devemos voltar? Estamos muito longe do castelo agora...", sugeriu Miharu.

"Não... Diga, Miharu. Por que Miharu quer ficar junto com ele?", Takahisa perguntou de repente.

"Porque, porque...? Umm, porque eu quero, eu acho.", Miharu pensou seriamente antes de dar uma resposta redundante.

"Essa não é uma razão." Então ela iria escolher ele em vez de mim, afinal. Takahisa sentiu dolorosas emoções girando em seu peito mais uma vez, mas fingiu compostura enquanto falava com Miharu. Sua voz tremia.

"Mas, é desse jeito. Eu não consigo explicar bem em palavras." Não, havia uma maneira precisa de expressar isso, mas não era algo que deveria ser admitido aos outros levianamente. Contudo...

Talvez ela precisasse contar ao Takahisa, afinal. Miharu hesitou por um momento, mas decidiu dizer por si mesma.

"Umm... Você gosta dele? É por isso que quer ficar com ele?", no entanto, Takahisa foi quem mencionou isso.

"E~tto... Sim. Isso mesmo, eu gosto dele. É por isso que quero ficar com ele.", normalmente ela ficaria com vergonha de admitir em voz alta, mas por algum motivo, ela disse isso agora sem sentir qualquer sinal de timidez.

"Isso é porque ele é o Amakawa Haruto? Ou por causa do seu eu atual?", a expressão de Takahisa endureceu. Ele ficava com vergonha de falar sobre amor com a Miharu enquanto eles estavam no Japão, mas estava sendo bastante intrusivo com suas perguntas agora. Os olhos de Miharu vacilaram de surpresa, mas ela logo sorriu e respondeu.

"Ambos. Acho que amo os dois. O Haru-kun de antes de renascer, e o Haruto-san de agora. Eu me apaixonei pela mesma pessoa duas vezes."

Porque o Haru-kun existe, ela podia amar o Haruto-san atual ainda mais. Porque o Haruto-san existe, ela poderia amar o Haru-kun ainda mais. Esse era o seu pensamento.

No entanto, essa resposta abriu um buraco no coração de Takahisa. Isso era inaceitável. Não havia absolutamente nenhuma maneira que ele pudesse aceitar. Ele cerrou os dentes.

"Mas, mas—", ele começou a falar, seus ombros tremiam como se ele fosse um criminoso encurralado.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, Charlotte trouxe Rio e Satsuki para o jardim do terraço, que era reservado para a realeza.

"Vejam, não é uma bela vista do lado de fora do castelo? Vocês podem ver o porto de aeronaves encantadas daqui também.", Charlotte caminhou até os limites do jardim do terraço e girou para sorrir para Rio e Satsuki atrás dela.

"Certamente é adorável, mas... Qual era o assunto importante que você queria discutir, Char-chan?", Satsuki perguntou, apesar de estar impressionado com a vista do jardim. No caso de Satsuki, era um cenário que ela via todos os dias do último andar da torre em que residia, que era ainda mais alta do que o jardim, então ela não ficou tão impressionada.

"Fufu. Bem, não há necessidade de tanta pressa. Eu preparei alguns lugares para nos sentarmos aqui, então vamos sentar primeiro. Agora, por favor, venham por aqui.", Charlotte os ignorou de maneira indiferente, convidando-os vagarosamente para os assentos que haviam sido preparados em um local para observar a paisagem.

Haruto.

Nesse momento, a voz da Aishia ecoou na cabeça do Rio.

.... Há algo errado? Rio seguiu atrás de Charlotte enquanto ele respondia imediatamente.

Takahisa está levando a Miharu para fora do castelo.

Ele está tentando fazer alguma coisa?

Não sei. Eles estão conversando agora. Quer ouvir?

Eh, eu posso fazer ouvir...?

Haruto e eu estamos conectados, então eu posso compartilhar com o Haruto as coisas que vejo e ouço.

Assim que Aishia disse isso, vozes abafadas que não pertenciam a ela encheram a cabeça do Rio. Era a voz de Takahisa.

"Umm... Você gosta dele? É por isso que quer ficar com ele?", ouvi-lo dizer de repente algo assim surpreendeu Rio.

Ei, Aishia. Isso é algo privado, por isso... Ele não achava que deveria estar ouvindo esta conversa, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa para Aishia, outra pessoa falou.

"E~tto... Sim. Isso mesmo, eu gosto dele. É por isso que quero ficar com ele."

Era a voz da Miharu. Rio engoliu a respiração com um engasgo. Ele estava cheio de um sentimento indescritível de culpa por escutar a conversa de outras pessoas assim — e sentia o mesmo por Aishia.

"Isso é porque ele é o Amakawa Haruto? Ou por causa do seu eu atual?"

"Ambos. Acho que amo os dois. O Haru-kun de antes de renascer, e o Haruto-san de agora. Eu me apaixonei pela mesma pessoa duas vezes."

Enquanto os pensamentos de Rio estavam ocupados, a conversa da Miharu e do Takahisa continuou. Ele agora tinha certeza de que estavam discutindo sobre ele.

Aishia, eu realmente não deveria estar ouvindo essa conversa, afinal. Eu acho que Aishia também deve ficar fora do alcance da audição e apenas vigiá-los à distância. Rio repassou mensagem para Aishia suspender a transmissão da conversa, mas—

"Mas, mas ele é um assassino!", Takahisa começou a falar do Rio com desprezo. A situação estava tomando um rumo suspeito.

◇ ◇ ◇

"Mas, mas ele é um assassino!", Takahisa liberou as emoções que vinha aguentando enquanto falava mal de Rio na frente da Miharu.

"......", Miharu parecia extremamente triste.

"Ei, Miharu, abra seus olhos! Miharu está sendo enganada por ele!", Takahisa protestou frustrado.

"Então, o pedido de desculpas do Takahisa-kun ao Haruto-san antes foi apenas para mostrar."

"Aquilo—, eu tive que fazer. Eu tinha que fazer o que era necessário."

"O que era necessário?", Miharu olhou intensamente para Takahisa, fazendo-o perder a coragem com a ilusão de ter sido visto completamente.

"—, i-isso é irrelevante agora! Estou pedindo a Miharu tomar juízo e vir comigo em vez disso!", a voz de Takahisa tremia enquanto ele gritava, sem ter mais recursos.

"Eu não vou com o Takahisa-kun. Takahisa-kun é quem precisa abrir os olhos.", Miharu disse com firmeza.

"Você está sendo enganada, Miharu! Ele é um assassino!"

"Não estou sendo enganada."

"Você está! Ele age como uma boa pessoa, mas ele se virará e matará pessoas se precisar. Ele disse que há alguém que ele quer matar. Isso não é hipócrita da parte dele?! Você está sendo enganada para ficar com um assassino, não importa como você pense sobre isso!"

"E daí? Eu fui salva pelo Haruto-san. A Aki-chan e o Masato-kun também, todos nós fomos salvos por ele. Quando fomos sequestrados pelo mercador de escravos, ele estava lutando fora da nossa linha de visão. Alguém pode ter morrido naquela batalha. O Haruto-san pode ter sido aquele que o matou. Takahisa-kun ainda insultaria o Haruto-san, sabendo disso?"

"Estou dizendo isso pensando no seu bem-estar, Miharu. Vivemos em mundos diferentes em comparação com ele! Ele é uma pessoa deste mundo e nós somos pessoas que vivemos no Japão. Nós podemos voltar ao Japão algum dia. Ele seria apenas um criminoso sujo no Japão."

".... Como pode dizer coisas tão horríveis?", o choque de Miharu a fez se afastar do Takahisa para criar distância entre eles.

"É porque eu te amo, Miharu! Eu estou apaixonado por você! E sempre estive! Desde a primeira vez que nos conhecemos, todo esse tempo!", Takahisa confessou seu amor por Miharu no momento mais inapropriado.

".... Eu sinto muito. É impossível.", o susto da Miharu a fez rejeitá-lo em um tom curto.

"—…, está dizendo que o escolheu?! Quando ele não escolheu você?!"

"E-Ele não precisa me escolher! Eu sei que há muitas pessoas ao redor do Haruto-san que são mais atraentes do que eu! Eu já aceitei isso! Mas eu... eu...!", a declaração insensível de Takahisa fez Miharu levantar a voz com raiva.

"Para mim a Miharu é a número um! Se a Lily é a número dois, então a Miharu é a número um por uma grande margem! Eu sempre tive a Miharu na minha mente, estou sempre pensando ao máximo no seu bem-estar...!"

"Takahisa-kun diz que o que está fazendo é para meu bem, mas no final é tudo por si mesmo! Essa não é a hipocrisia que o Takahisa-kun tanto odeia?", Miharu apontou o comportamento contraditório de Takahisa.

"Eu sou diferente! Não me confunda com ele! Eu não sou um assassino! Eu nunca mataria uma pessoa!"

".... Eu, já tive o suficiente.", Miharu murmurou em descrença. Suas emoções superaram o choque e mudaram para a decepção. Ela se girou para voltar.

"Mesmo depois de tudo o que eu disse, você ainda não voltou a si?", Takahisa disse às costas dela, suprimindo sua raiva.

"Não quero mais falar com o Takahisa-kun. Não até que volte a si e peça desculpas sinceras ao Haruto-san. Sinceramente, não quero que Takahisa-kun leve junto a Aki-chan, mas a Aki-chan adora muito o Takahisa-kun. Certifique-se de não fazer a Aki-chan chorar. Então... adeus.", Miharu parou, mas não olhou para trás. Todo o corpo do Takahisa estremeceu.

"Eh...?", Miharu sentiu um forte impacto nas costas. Então, ela sentiu uma sensação de flutuação — como se algo a estivesse carregando.

"T-Takahisa-kun?! O-O que você está fazendo?! Pare!", Takahisa a pegou, segurando-a enquanto olhava para as paredes do castelo. Ele estava a apenas alguns metros da Miharu antes. Aishia estava à espreita em sua forma espiritual, mas levando em consideração o lapso de tempo de mudança da forma espiritual para a forma materializada, era impossível para ela interromper o movimento repentino do Takahisa impulsionado pelo aprimoramento físico de seus Equipamento Divino.

"Eu pensei, pensei que você entenderia depois que eu dissesse a você meus sentimentos. Mas se você ainda não entendeu, vou apenas passar para a próxima etapa do plano!", Takahisa disse com a Miharu nos braços, então começou a correr com força total em direção à parede. Seus olhos queimavam com uma luz vazia.

As paredes do castelo tinham cerca de 10 metros de altura. Elas geralmente eram construídas para parecerem mais curtas por dentro e mais altas por fora, então não era tão difícil de sair por dentro.

No entanto, para Miharu, que teve seus movimentos restringidos enquanto era carregada à força, a parede iminente se aproximando não incitava nada além de medo. Pouco antes de Takahisa saltar, Miharu se encolheu e fechou os olhos com força.

Não é bom, nesse ritmo...! Miharu sabia que precisava informar alguém sobre essa situação, então ela tentou freneticamente fazer alguma coisa. Ela pensou em fazer algo acontecer usando as artes espirituais que aprendeu com o povo espiritual.

Bang!

"O-O quê?!", o som de algo se rasgando explodiu bem alto, fazendo Takahisa se encolher por um momento e ficar no topo da muralha do castelo. Como suas artes espirituais ainda não estavam totalmente desenvolvidas, ela só havia criado o som do ar explodindo.

A ideia da Miharu criando aquele som nem passou pela cabeça do Takahisa, então ele olhou em volta confuso.

"Ei. Quem é aquele aí?! Tem alguém na muralha! Ele está carregando uma garota!", um dos soldados de guarda ouviu a explosão e avistou Takahisa no topo da muralha. Miharu aproveitou a chance para criar uma bola de luz em suas mãos e fazê-la flutuar no ar. Isso duraria apenas um minuto, mas serviria como um ponto de referência.

"Guh—, o quê?! Merda!", quando Takahisa avistou Miharu criando a bola de luz nas mãos, ele empalideceu. Mas ele não podia se dar ao luxo de ficar parado e ser pego, então ele procedeu a pular da muralha do castelo e correr a toda velocidade em direção ao porto onde a aeronave encantada do Reino Centostella esperava.

Esta seção da muralha do castelo era a mais próxima do lago, e Lilianna havia lhe falado sobre o caminho mais curto para o porto. Demoraria menos de um minuto para chegar lá.

"Eu vou te levar comigo! Eu vou te levar comigo, não importa o que aconteça!", os preparativos para a partida já estavam concluídos, então, contanto que eles chegassem ao navio, o plano seria um sucesso. Takahisa acreditou nisso enquanto avançava a toda velocidade.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, alguns momentos antes, Rio e as garotas estavam no jardim do terraço. Rio se sentou com Satsuki e Charlotte, mas seus ouvidos estavam voltados para a conversa de Miharu e Takahisa. Não— seria mais correto dizer que toda a sua mente estava ocupada com isso.

Ele não queria bisbilhotar, mas a conversa tomou um rumo tão perturbador que ele não pôde deixar de ouvir a conversa que estava sendo transmitida a ele em parcelas.

Aishia, qual é a situação agora? Ele perguntou a Aishia quando Miharu rejeitou a confissão de Takahisa.

É como pode ouvir. Os dois estão discutindo um com o outro.

Está… tudo bem?

Nenhum movimento ameaçador foi feito até agora. Eu não posso me materializar e aparecer para eles ainda, então vou continuar a observar assim, Aishia respondeu categoricamente.

E-Entendo... Rio se sentia aliviado por um instante, mas aquele momento não durou muito.

"T-Takahisa-kun?! O-O que você está fazendo?! Pare!", a voz da Miharu ecoou em sua cabeça. Rio estremeceu.

Aishia, o que aconteceu?! Rio perguntou instantaneamente. A resposta de Aishia veio imediatamente.

Takahisa agarrou a Miharu de repente e a levantou. Ele está escalando a parede do castelo agora. Na direção do porto de navios.

Logo depois disso— Bang! Um som ecoou por todo o terreno.

"O que, foi aquilo..." Satsuki reflexivamente saltou sobre seus pés, olhando na direção do som.

"Espe—, Miharu-chan?! E o Takahisa-kun?! O-O que é isso?!", Satsuki reflexivamente lançou seu aprimoramento físico para avistar Takahisa carregando Miharu no topo da muralha do castelo a mais de cem metros de distância. Rio também se levantou e confirmou isso.

"... Aconteceu algo?", Charlotte se levantou e perguntou a Satsuki.

"Takahisa-kun agarrou a Miharu-chan e está no topo da muralha do castelo! Eles acabaram de pular! Ele disse que estava voltando para o Reino Centostella mais cedo!", o tom de Satsuki era áspero devido à sua confusão.

"Certamente, o porto de aeronaves encantadas fica bem fora da muralha do castelo ali, mas...", Charlotte respondeu, dando seu ponto de vista geográfico.

"Não pode ser, ele está tentando sequestrar Miharu-chan?! O que ele está pensando?!"

"Não se pode dizer isso com certeza..., mas o que é aquela bola de luz? Ele está sendo disparado para o céu continuamente. É algum tipo de sinal mágico? Está cada vez mais perto do porto.", disse Charlotte, analisando a situação.

É perigoso atacar enquanto eles estão correndo. Você pode simplesmente proteger a Miharu-san depois que eles embarcarem no navio e baixarem a guarda. —Espera, eles já estão no porto? Rio já estava trocando orientações com Aishia, mas nesse curto espaço de tempo Takahisa havia chegado ao porto.

"A Miharu-san está enviando um sinal. Eu dei a ela um artefato mágico que poderia fazer algo assim. Eles provavelmente já estão no porto.", explicou Rio.

"Takahisa-sama provavelmente aprimorou seu corpo com seu Equipamento Divino, então, se eles já estão no porto, temo que o navio partirá a qualquer momento. Sem dúvida, os trabalhadores do porto não estão cientes da situação, por isso não podemos detê-los se partirem agora.", apontou Charlotte.

"O-O que vamos fazer?! Não é hora de ficar conversando despreocupadamente!", Satsuki gritou em choque.

"No entanto, não há nada que possamos fazer a partir daqui...", disse Charlotte. Parecia que não havia mais opções.

".... Eu irei.", Rio pensou silenciosamente por um momento, antes de se voluntariar para perseguir. Assim que disse isso, ele se retirou do perímetro externo do jardim do terraço. Então, puxou a espada da bainha em sua cintura.

"O que pretende fazer... Hya—?!", Charlotte estava olhando para Rio com suspeita quando Rio de repente irrompeu em uma corrida, fazendo-a estremecer. Sua habitual atitude sedutora inadequada para a idade caiu em silêncio enquanto ela soltava um grito fofo no momento em que Rio passou rapidamente por ela.

"E-Está tentando se matar?! Mesmo com o aprimoramento físico da sua espada mágica...!", ela logo recuperou os sentidos e gritou com Rio, que já havia saltado do jardim do terraço e caído fora do alcance da audição.

No entanto, depois que Rio saltou e planou no ar por um tempo, ele derramou uma tremenda quantidade de essência mágica em sua espada e usou as artes espirituais de vento para criar uma grande rajada de vento, impulsionando-o no ar.

"Ahaha... Haruto-kun, estou deixando com você! Vá em frente!", Satsuki o olhou com um sorriso atordoado por alguns momentos antes de cair na gargalhada ao ver Rio pulando sobre a muralha do castelo. Ela o animou, embora ele estivesse fora do alcance de sua voz.

"Suas ações não fazem sentido algum...", ao lado de Satsuki, Charlotte observou Rio voar pelo ar usando sua espada em transe. No entanto, seu olhar ficou gradualmente acalorado.

".... Que maravilhoso.", esquecendo sua posição como a segunda princesa, ela foi simplesmente cativada pela visão do Kuro no Kishi, cuja própria existência parecia virar o jogo em todos os lugares.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, uma das aeronaves encantadas em posse do Reino Centostella acabava de fazer uma partida de emergência por ordem forçada de Takahisa e agora estava ganhando altitude sobre a água. A bordo, Miharu confrontou Takahisa no convés do navio.

Quando Miharu foi sequestrada do castelo, Aishia suspendeu a transmissão da conversa para se comunicar com a Miharu telepaticamente. Aishia poderia de fato se materializar e resgatar Miharu daqui, mas isso tornaria as explicações a seguir bastante difíceis. Eles decidiram que ela observaria em silêncio, desde que a vida e o corpo de Miharu não fossem prejudicados. Contudo—

Se os gritos da Miharu alcançarem seu coração, então Haruto virá e salvará a Miharu.

A mensagem que Aishia enviou telepaticamente ao Rio pode ter auxiliado em sua decisão de agir por conta própria.

Miharu, Haruto chegará a este navio em breve, encorajou Aishia.

Sim! Haruto-san estava chegando. Haru-kun estava chegando. Miharu ficou incrivelmente feliz ao ouvir isso, e usou isso para se encorajar. No entanto, ela teve que primeiro condenar o Takahisa por seu ato bárbaro.

"O que estava pensando, fazendo algo assim? Você realmente acha que é algo tão imperdoável eu ficar ao lado do Haruto-san?", ela perguntou, tentando descobrir a verdadeira intenção das ações dele.

"Imperdoável? Claro que é! Eu não acabei de dizer que estou apaixonado por você desde o momento em que nos conhecemos? E apesar disso, ele é quem sempre ocupou o coração da Miharu. De forma alguma eu perdoaria! Foi por isso, por que eu fiz...!", Takahisa ficou encurralado sem ter para onde ir e começou a entrar em pânico. A instabilidade que ele raramente havia mostrado no Japão tinha sido exposta pelo estresse da busca de uma única pessoa neste mundo, despertando em uma ilusão profundamente enraizada.

"Eu não sou uma propriedade do Takahisa-kun.", Miharu testemunhou seu amigo do Japão se transformar em uma pessoa completamente diferente diante dela e se sentiu impotente. Embora ele tenha se transformado completamente por ciúme e ganância, Takahisa ainda era o irmão mais velho de Aki e Masato. Embora ela nunca o tivesse visto romanticamente, isso não mudava o fato de que ele era um amigo próximo dela.

"—.... Aah, merda! Lily não está a bordo, Aki também não está. Não era para ser assim...!", quando Miharu expressou sua rejeição clara a ele, a dor fez com que Takahisa escapasse para outra realidade. No entanto, não havia uma única realidade que o favorecesse agora.

A tripulação do navio estava se mexendo em pânico no convés, discutindo se deveriam voltar e pousar na água novamente, já que Lilianna não estava a bordo. Foi então que alguém pousou no convés. Era o Rio.

"—?!", a tripulação congelou em choque total.

"Haru-kun!", Miharu gritou.

"Quê—...", os olhos de Takahisa se arregalaram em choque, antes que ele o encarasse, furioso. Para ele, o Rio era a raiz de todos os problemas que tinha. Ele nunca aprovaria sua existência.

"Eu vim... salvá-la.", Rio sorriu sem jeito enquanto falava com Miharu em um tom gentil. Ele tinha a mesma expressão de quando salvou Miharu dos traficantes de escravos pela primeira vez.

".... Sim.", Miharu assentiu em transe. Então, Rio caminhou lentamente em direção a Miharu, sem mostrar nenhum cuidado ou cautela com Takahisa.

"Vindo até aqui...!" Só para roubá-la?! Que pesadelo! Takahisa cerrou os dentes antes de gritar "Laevateinn!", e invocar seu Equipamento Divinos. Era uma espada com uma bela lâmina vermelha — uma espada de uma mão com cerca de um metro de comprimento. Takahisa balançou a espada e a brandiu em Rio, mas Rio golpeou sua espada sem nem mesmo olhar, desviando a lâmina de Takahisa.

"AAA—, guh—?!", Takahisa foi jogado para trás e tropeçou. Nesse tempo, Rio parou diante da Miharu, mas os olhos de Takahisa ainda não tinham perdido sua luz agressiva enquanto se fixavam em Rio com ódio.

".... Acha que está tudo bem se eu o machucar?", mesmo Rio questionou a Miharu com uma expressão de cansaço no rosto. Ele estava achando Takahisa bastante persistente.

"E-Eh?", Miharu não tinha certeza do que ele havia perguntado e apenas piscou sem expressão. No momento seguinte, Takahisa mais uma vez tentou se aproximar do Rio para atacar.

"Fique longe da Mi—guh?!", Rio se aproximou dele ao invés disso, acertando um contragolpe em seu rosto com toda sua força — Takahisa voou pelo convés e se chocou contra a parede. Seu nariz estava torcido de maneira pouco natural, com sangue escorrendo. Ele também parecia ter cortado o interior da boca, pois uma boa quantidade de sangue escorria de lá também.


Uma pessoa normal teria seu pescoço quebrado, mas seu aprimoramento físico significava que ele escapou com apenas um nariz quebrado. Danos que podem ser restaurados com magia de cura.

Rio havia socado um Herói por impulso, mas era uma situação de emergência, então ele considerou justificável. Foi uma das raras ocasiões em que Rio agiu sem pensar.

".... Devemos voltar? Por aqui.", Rio se aproximou de Miharu e caminhou ao longo do convés em um ritmo vagaroso. A tripulação do navio tremeu de medo ao ver Rio socando o Herói, mas depois de um momento, explodiram em gritos e aplausos.

"Bem feito!"

"Se vocês estiverem voltando para o solo, nós podemos ajudar!"

"Que tipo de herói sequestraria à força uma jovem dessa forma?!"

A tripulação do navio parecia ter seus próprios pensamentos sobre o tumulto do Takahisa, pois elogiaram bastante o Rio.

"Haha. Nós vamos voltar assim. Segure firme, Miharu-san.", com essas palavras de despedida, Rio saltou da aeronave encantada com Miharu agarrada a ele. A tripulação correu para se inclinar para o lado, observando-os cair em pânico. Mas, uma vez que avistaram Rio voando agilmente com o uso de sua espada, eles o aplaudiram ainda mais alto.




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