Capítulo 3: Sumeragi Satsuki

 No dia seguinte, após o almoço na mansão, Liselotte trouxe Rio e Miharu para visitar o castelo real de Galark. O objetivo deles era, é claro, encontrar Satsuki antes do banquete.

Em circunstâncias normais, os dois nunca teriam permissão para entrar, mas graças a Liselotte preencher os procedimentos necessários exigidos no portão do castelo, tanto Rio quanto Miharu foram autorizados a entrar sem investigação.

Assim que entraram no castelo, Liselotte entregou uma nota a um dos funcionários do castelo dirigida ao rei — a nota solicitava uma audiência urgente com o rei François* de Galark. Os nobres tinham o privilégio de buscar uma audiência com o rei a qualquer momento, desde que tivessem um bom motivo, e ela havia exercido esse privilégio. Em alguns casos, eles poderiam esperar um mês, mas desta vez o oficial voltou com a resposta de que o rei poderia encontrá-los imediatamente.

No entanto, as informações a serem discutidas devem ter sido consideradas altamente confidenciais, já que eles iriam usar uma sala de recepção real para uma reunião não oficial em vez da sala de audiência para uma reunião oficial.

Rio, Miharu e Liselotte foram conduzidos à sala de recepção e François logo apareceu. François estava na casa dos quarenta anos, a idade em que um rei ficava mais rechonchudo. Seu olhar e semblante eram severos, típicos de um rei de grande poder.

Em ambos lados de François havia uma pessoa, um homem de vinte e poucos anos e uma garota no início da adolescência. Ambos usavam roupas de aparência cara que, combinadas com as roupas de François, indicavam que ambos eram da realeza. Outras atendentes vestindo uniformes de maids também fizeram uma entrada.

"Fizeram bem em chegar até aqui. Não me encontrei com Liselotte cara a cara desde que recebi o relatório sobre o ataque a Amande. Achei que a próxima vez que nos encontraríamos seria no banquete, mas...", François olhou para Miharu e Rio. Eles não falaram, apenas aceitaram o olhar de François silenciosamente enquanto olhavam para baixo.

"Perdão. É um prazer estar diante de Vossa Majestade. Peço desculpas sinceramente por solicitar esta audiência repentina durante um momento em que Vossa Majestade deve estar terrivelmente ocupado com os preparativos para o banquete de amanhã. E sou muito grata pela resposta imediata ao meu pedido.", disse Liselotte, dando uma reverente saudação em nome de Rio e Miharu.

"Está bem. Mesmo se você tivesse avisado com mais antecedência, não teria tornado isso mais fácil de responder. Ao trazer a atual pessoa aqui, você omitiu as etapas intermediárias desnecessárias. Acima de tudo, você também está muito ocupada. Bem, vamos todos nos sentar.", François disse calorosamente, então se sentou no assento principal. O jovem e a garota que o acompanhavam sentaram-se em cadeiras colocadas no canto da sala.

"Com licença.", Liselotte baixou a cabeça e sentou-se graciosamente. Rio e Miharu também se curvaram uma vez antes de tomarem seus assentos em ambos lados de Liselotte. Em contraste com Miharu, cujos movimentos eram estranhos pelo nervosismo, Rio se endireitou com o olhar voltado para baixo, como um nobre faria.

".... Esse cavalheiro é Miharu-dono? Aquele que afirma ser amigo da Satsuki-dono?", François perguntou.

"Este cavalheiro é o Haruto-sama. Ele colocou a Miharu-sama sob sua proteção quando ela vagava por este mundo e pediu que eu arranjasse uma maneira de Satsuki-sama encontrá-la. Além disso, ele ajudou a repelir os monstros durante o ataque a Amande e resgatou a Flora-sama quando ela foi sequestrada.", explicou Liselotte.

Os olhos de François se arregalaram de interesse. "Hou~, então ele é o espadachim mágico que você mencionou naquele incidente. Eu ouvi sobre suas façanhas. Você cumpriu bem seu dever, tanto com a Miharu-dono quanto com o resto. Você pode levantar a cabeça.", na verdade, François estava dando permissão ao Rio para falar com ele.

Apesar do fato de que esta era uma reunião não oficial, com a outra parte sendo o líder de um reino inteiro, regras de etiqueta mais rígidas do que com outros nobres tinham que ser seguidas. Foi por isso que Rio não levantou seu olhar para olhar diretamente para o rosto de François. Se Rio tivesse participado da conversa de François e Liselotte, ele teria sido considerado indelicado.

No entanto, uma vez que Rio recebeu permissão para falar, ele finalmente abriu a boca. "Não há maior honra do que receber palavras de elogio de Vossa Majestade.", ele levantou a cabeça ligeiramente para que François pudesse ver seu rosto, antes de abaixá-la mais uma vez.

"Foi informado no relatório também, mas você realmente parece jovem. Repelir o hálito de um grande semi-dragão com uma espada mágica nessa idade é uma façanha e tanto. Ouvi dizer que seus pais eram migrantes, mas você parece capaz de seguir a etiqueta nobre também. Que garoto interessante. Eu gostaria de ouvir mais sobre você mais tarde.", François olhou para o Rio com grande interesse. O jovem e a garota no canto da sala também observavam Rio com curiosidade nos olhos.

"Seria uma honra.", Rio se absteve de dizer algo mais e baixou a cabeça respeitosamente. Nesse momento, alguém bateu na porta da sala antes de abri-la imediatamente.

"Com licença.", uma garota em meados da adolescência apareceu. Ela usava o que poderia ser um uniforme típico para mulheres cavaleiras neste mundo, só que feito sob medida para ser mais extravagante. No entanto, sua estrutura facial era a de uma pessoa japonesa.

Ela tinha olhos grandes e um olhar digno. Sua figura era feminina e esbelta, e seus longos cabelos, que alcançavam a parte de baixo de suas costas, estavam amarrados. Ela era bonita.

A garota parecia ter corrido para cá, pois estava um pouco sem fôlego. No entanto, ela não prestou atenção enquanto olhava ao redor da sala ansiosamente, imediatamente focando seu olhar em Miharu.

"... Miharu-chan!", a garota — Sumeragi Satsuki — gritou depois de recuperar o fôlego. Ela havia falado em japonês.

"Satsuki-san!", Miharu ficou de pé, enquanto seu rosto se iluminava ao ver a amiga. Como Satsuki havia falado em japonês, Miharu fez o mesmo.


"Aah, eu sabia. Miharu-chan também está neste mundo, ainda bem! Embora eu não saiba se isso é uma coisa para estar feliz. Mas, estou aliviada. Estou tão aliviada em encontrar a Miharu-chan neste mundo!", Satsuki correu até Miharu e a abraçou com força; ela deve ter lutado contra a solidão e a ansiedade por ser a única invocada a este mundo. Ela enxugou seu alívio na manga.

"Eu também estou aliviada em encontra a Satsuki-san!", Miharu permitiu que Satsuki a abraçasse como quisesse, retribuindo o abraço com um forte aperto.

"O que devo fazer? Tenho tanta coisa que quero contar. Mas, por onde devo começar? Eu costumava pensar o tempo todo sobre o que diria se encontrasse a Miharu-chan e os outros de novo..., mas agora que realmente se tornou realidade, minha cabeça está em branco e não consigo imaginar o que dizer.", os olhos de Satsuki estavam cheios de lágrimas enquanto ela sorria de felicidade.

"Eu também tinha várias coisas que planejava contar a Satsuki-san quando nos encontrássemos novamente, mas não sei por onde começar.", Miharu concordou com uma leve risada. Enquanto isso, François e os outros observavam Satsuki e Miharu como se estivessem testemunhando algo muito estranho se desenrolando.

"... Umm, há algo errado?", Satsuki de repente percebeu que estava sendo observada por todos e se separou do abraço de Miharu, enquanto olhava para François.

"Não, eu sabia que os Equipamentos Divinos tinham algum tipo de magia de tradução posta sobre a Satsuki-dono, mas é estranho ouvir quando estão tendo uma conversa como esta. Eu posso entender tudo o que Satsuki-dono está dizendo, mas as palavras vindas da Miharu-dono estão além da minha compreensão.", François explicou com um sorriso irônico.

"Ah, entendo. .... Espera. Are? Miharu-chan não é um herói...?", quando Satsuki percebeu que as palavras de Miharu não estavam sendo traduzidas para a linguagem do mundo, seus olhos se arregalaram.

"Não, acho que não. Eu não tenho um daqueles equipamentos divinos."

"Então, como normalmente se comunica com as pessoas?"

"Aprendi a falar a língua da região de Strahl, mas apenas a língua comum.", respondeu Miharu.

"A-Aprendeu a falar... Faz apenas alguns meses que viemos a este mundo, certo? Aprendeu em tão pouco tempo... e sozinha?", Satsuki confirmou como se ela não pudesse acreditar. Seria uma coisa se Miharu tivesse um tutor, mas ela duvidava que fosse possível aprender um idioma inteiro sozinha.

"E~tto, Haruto-san tem um artefato mágico antigo que pode permitir que as pessoas se comuniquem, como o Equipamento Divino da Satsuki-san. Eu usei isso para aprender palavras suficientes para me sentir confortável com uma conversa normal.", Miharu olhou para Rio enquanto dava a resposta que eles prepararam com antecedência.

A verdade era que Rio tinha lembranças de sua vida anterior e sabia japonês, fazendo com que ele pudesse ensinar a língua da região de Strahl para Miharu, mas era uma história muito absurda para que alguém acreditasse, e o próprio Rio não queria que a história se espalhasse. Se não fosse pela situação da Miharu, ele também não teria contado a Liselotte sobre si mesmo.

Só para constar, Liselotte sabia da situação e, claro, estava ciente de que a explicação de Miharu havia sido uma mentira, tendo concordado com a explicação falsa também. Já havia um precedente de magia de tradução nos Equipamentos Divinos, então a explicação de haver artefatos antigos que poderiam permitir a comunicação não era muito improvável.

"Então, tal artefato existia... Por acaso, essa pessoa, é esse 'Haruto-san'?", Satsuki olhou para Rio com admiração.

"Sim. Ele me salvou depois que eu vaguei por este mundo e não sabia para onde ir.", Miharu assentiu.

"Haruto...", Satsuki murmurou o pseudônimo de Rio e olhou para seu rosto atentamente.

".... Do que estão falando?", François interrompeu. Embora pudesse ouvir a metade da conversa de Satsuki, ele parecia ter interesse nas respostas da Miharu.

"E~tto, está tudo bem compartilhar o que me disse agora?", Satsuki perguntou a Miharu.

"Sim, claro.", Miharu assentiu sem hesitar.

"Estávamos conversando sobre como a Miharu-chan aprendeu a falar a língua deste mundo em tão pouco tempo. Aparentemente, havia um artefato antigo que permitia a comunicação, então ela o usou para aprender.", Satsuki disse a François.

"Hou~, tal item...", François olhou para o Rio com interesse.

"Mas, nós usamos muito aquele artefato enquanto estudávamos e ele quebrou...", Miharu acrescentou timidamente à explicação que haviam preparado. Disseram a ela que artefatos mágicos antigos eram difíceis de reproduzir usando magia moderna, então seria fácil usar isso como uma desculpa sem que alguém bisbilhotasse, mas ela ainda estava nervosa que alguém pudesse ver através de suas mentiras.

Dito isso, ela não podia permitir que o segredo de Rio fosse conhecido por causa dela, então ela fez o seu melhor para se acalmar e respirou fundo, um pouco nervosa.

"Infelizmente, esse artefato não resistiu ao uso excessivo e quebrou, ao que parece.", Satsuki interpretou as palavras de Miharu para François. Bem, Satsuki estava falando japonês também, mas para François e os outros, parecia que estava sendo traduzido para a língua deste mundo.

"Haruto, você ainda está com o artefato quebrado?", François perguntou diretamente ao Rio.

"Foi uma lembrança dos meus pais, então ainda estou..., no entanto, o núcleo do orbe mágico com a fórmula da magia embutida foi sobrecarregado e rompeu em pedaços. Está além do reparo.", Rio respondeu sem hesitação.

Os orbes mágicos eram diferentes das pedras mágicas porque a energia mágica podia ser reabastecida uma vez que fosse usada, tornando-se o equivalente às pedras espirituais dos Seirei no Tami. Eles eram impossíveis de serem refinados pelos humanos modernos, então era a desculpa perfeita.

".... Estou um pouco curiosa. Se a Miharu-chan consegue entender o japonês e a língua deste mundo, como minhas palavras soam em seus ouvidos agora?", Satsuki perguntou de repente.

"Soam japonesas. Mas quando me concentro em ouvir a linguagem deste mundo, posso ouvir as palavras como as deste mundo.... É realmente estranho ouvir mudar o idioma tão repentinamente...", Miharu disse com um sorriso tenso.

"Hmm. Bem, eu não sei o que dizer. Talvez isso dependa da consciência do ouvinte? Geralmente, as palavras são convertidas no idioma que seu cérebro reconhece como sua língua materna, ou o idioma que você costuma usar em sua vida diária...", Satsuki criou sua hipótese com interesse.

"A propósito, Satsuki-dono. Você não deve manter nossa convidada de pé enquanto você está falando. Há algumas coisas sobre as quais gostaria de pedir mais detalhes, mas esta é sua grande reunião. Tenho certeza de que vocês duas estão atordoadas de empolgação e devem ter muito o que discutir. Miharu-dono também parece um pouco nervosa, então que tal vocês duas conversarem sozinhas primeiro?", sugeriu François, tendo lido a ocasião. Ele certamente queria mostrar consideração pelas duas e deixá-las se sentirem confortáveis.

No entanto, na realidade, assim como Satsuki e Miharu podem ter achado difícil falar na frente de François, François tinha coisas que achava difíceis de dizer na frente de Satsuki também, por isso fez a sugestão.

".... Tudo bem?", Satsuki lançou um olhar inquiridor para François.

"Claro. Eu gostaria de falar pessoalmente com a Miharu-dono mais tarde, mas se for apenas pela sequência de eventos e confirmação da verdade, posso obter o relatório do Haruto. Há coisas que eu gostaria de perguntar a Liselotte e ao Haruto também. Vocês duas provavelmente não teriam nada para fazer enquanto isso está acontecendo, então seria mais eficiente ter vocês conversando em outra sala ao invés disso.", François disse calorosamente, encolhendo os ombros.

"Eu entendo. Obrigada por sua consideração. Nesse caso, iremos para o meu quarto. Não precisaremos de uma escolta dessa forma.", disse Satsuki.

"De acordo."

"Então, vamos, Miharu-chan?", Satsuki pegou a mão de Miharu.

"S-Sim...", Miharu olhou para Rio e hesitou antes de assentir a cabeça. Mas antes de Satsuki sair da sala, ela parou e olhou para Rio.

"Haruto-san, obrigada por salvar a Miharu-chan. Vou pegá-la emprestada por um momento, mas posso falar com você mais tarde também?", ela abaixou a cabeça.

"Claro.", Rio colocou a mão direita sobre o peito e assentiu respeitosamente.

◇ ◇ ◇

Depois que Satsuki saiu com Miharu, Rio e Liselotte continuaram seu encontro com François.

"Agora, sem mais delongas, gostaria de ouvir os fatos sobre Miharu-dono nas próprias palavras do Haruto. A nota de Liselotte não tinha nenhum detalhe. Você se importaria?", François olhou para o Rio e disse.

"Entendo.", Rio curvou sua cabeça com familiar facilidade, então começou a explicar os eventos que aconteceram com Miharu até agora.

No início, imediatamente depois de ser invocada para este mundo, Miharu vagou por uma vasta pastagem na fronteira entre os Reinos de Galark e Centostella. Quase foi raptada por mercadores para ser vendida como escrava, quando Rio, que passava por ali em sua jornada, a salvou.

Então, depois tomar Miharu sob seus cuidados, ele usou um antigo artefato para ensiná-la a língua deste mundo, que ela estudou zelosamente. Em um ponto, eles perceberam que os amigos da Miharu podiam ter se tornado heróis neste mundo e começaram a buscar a origem do herói de cada região.

Além da parte sobre o antigo artefato mágico, não havia nenhuma outra falsidade em sua história. No entanto, eles decidiram não revelar a presença de Aki e Masato ainda, então seus nomes não apareceram.

".... Agora eu entendo a essência geral das coisas. Foi um feito tremendamente meritório da sua parte acolher a amigo da Satsuki-dono e exercer seus esforços para reuni-las. Além disso, seus méritos em salvar Amande, Liselotte e a princesa Flora também são brilhantes. Eu o parabenizo mais uma vez. Você realmente cumpriu bem o seu dever.", disse François de maneira majestosa, uma vez que terminou de ouvir.

"É uma honra receber suas palavras.", Rio curvou sua cabeça profundamente.

"Eu gostaria de confirmar algumas coisas."

"Por favor, pergunte."

"Não me parece bem que alguém tão capaz como você não tenha sido afiliado até agora. Ouvi dizer que seus pais eram migrantes, isso é verdade?", François perguntou, olhando diretamente para Rio.

"É verdade."

"Então, onde você aprendeu a etiqueta de um nobre? Não posso acreditar que um plebeu das ruas possa adquirir tais habilidades.", François perguntou de forma intrusiva, sem hesitação. Esta era uma área que até Liselotte, que sabia que Rio tinha memórias de sua vida anterior, se absteve de perguntar por consideração, mas não era um assunto que fosse demais para o rei perguntar.

Liselotte observou de soslaio a expressão de Rio com interesse.

"Um dos meus conhecidos é um nobre, então eu aprendi interagindo com ele.", sem ser afetado pela pergunta, Rio respondeu fluentemente. Ele havia aprendido na Academia Real de Bertram, mas não podia dizer isso diretamente.

Aliás, o conhecido de quem ele estava falando era a Celia.

"Qual é o nome desse nobre? De qual reino ele é?"

"Devido a várias complicações no passado, ele está atualmente escondido sob um pseudônimo. Lamento muito dizer isso, mas não posso revelar o nome dessa pessoa sem sua permissão. Eu humildemente peço seu perdão.", respondeu Rio, baixando ainda mais a cabeça. Embora não fosse favorável se recusar a responder à pergunta de François, isso não queria dizer que ele podia revelar a existência de Celia também.

"Hmm. Se você diz que essa pessoa tem circunstâncias especiais a serem consideradas, não vou insistir mais por agora. O que quero saber são os motivos por trás das ações de uma pessoa como você. Sua procedência e relacionamentos são apenas coisas para me ajudar nisso.", François disse eloquentemente.

"Eu pessoalmente não sou afiliado a nenhum reino. Também não estou seguindo as instruções do nobre conhecido que tenho. O relacionamento que tenho com essa pessoa é puramente pessoal e ele não têm nenhuma relação com o caso atual. Além disso, embora eu não seja o mais familiarizado com a política do reino, estou certo de que o nobre não guarda rancor de Vossa Majestade ou do Reino de Galark.", Rio respondeu, tentando confirmar o que François não estava dizendo.

"Então, você agiu para permitir que a Miharu-dono e a Satsuki-dono se encontrassem. Com a Satsuki-dono encontrando a Miharu-dono, o que você ganharia com isso?", François perguntou sem rodeios.

"Eu só quero fazer o que a Miharu-san quer.", Rio afirmou simplesmente.

"...Ha?", François deixou escapar um som desapontado. Os membros da realeza presentes no encontro também pareciam pegos de surpresa.

"Miharu-san queria encontrar a Satsuki-sama. Por isso, eu queria ajudá-la. Apenas isso.", acrescentou Rio após observar a reação de François.

".... Esse foi o único motivo pelo qual você se aproximou da Liselotte e realizou tanto?", François perguntou enquanto olhava para Rio atentamente.

"Encontrar com a Liselotte-sama durante sua crise foi uma coincidência. Claro, eu considerei a possibilidade do Herói-sama do Reino de Galark ser a Satsuki-sama e pensei em me aproximar dela por meus próprios interesses. No entanto, acredito que as coisas só correram tão bem graças ao poder da Liselotte-sama e à grande sorte da Miharu-san em que o herói fosse de fato sua amiga Satsuki-sama.", Rio respondeu humildemente.

"Fu—, fuahahaha! Você com certeza diz coisas fascinantes. Tudo é pelo bem da Miharu-dono, a fim de salvar a garota com a qual o destino brincou— então você está dizendo que conseguiu essas façanhas de herói por esse simples motivo?", imediatamente depois, a boca de François se ergueu em um sorriso malicioso e ele falou, rindo vigorosamente.

"Façanhas de herói... Acredito que seja um elogio muito alto para alguém como eu..."

"Bobagem. Você salvou uma das principais cidades do meu reino, a filha de um grande nobre, a princesa de um reino proeminente, e repeliu um semi-dragão no processo. Se você não pode chamar de herói a pessoa que realizou essas coisas, o que você consideraria um herói? Sem contar que, ao final de todas essas conquistas, o motivo acabou sendo todo por uma única garota? Quase parece suspeito, mas é exatamente por isso que soa como as histórias das lendas. Você é um homem a ser respeitado.", François sorriu com bom humor, ignorando a resposta de Rio. O jovem e a garota reais estavam olhando para François como se estivessem vendo algo raro.

".... Eu não sou digno de suas palavras.", Rio disse modestamente, baixando a cabeça.

"Tenha um pouco de orgulho*. Você já fez o suficiente para se permitir isso. No entanto... Kuh—, fuahahaha. Que agradável. Eu não ria espontaneamente há muito tempo. Talvez seja por causa da frequência com que eu falo com as raposas astutas no reino e na corte real, mas eu tinha me preparado para algum motivo oculto. Se me permite perguntar informalmente — você está apaixonado pela Miharu-dono?", François ainda estava segurando sua risada abafada quando perguntou ao Rio.

".... Não, esse não é o caso.", Rio sacudiu a cabeça com um olhar conturbado.

"Aliás, quantos anos você tem?"

"Tenho dezesseis."

"Hou~, que jovem. Você tem compostura além da sua idade. Eu não podia dizer que tipo de pessoa você era pelo que vi no relatório, então eu queria descobrir onde sua lealdade estava nesta reunião. Ah, mas agora eu entendo um pouco. Um misterioso espadachim mágico com a habilidade para repelir o hálito de um grande semi-dragão.", François se gabou de bom humor.

"É uma honra.", disse Rio em uma demonstração de modéstia.

"Você trouxe um homem interessante aqui, Liselotte.", François sorriu, olhando para a garota em questão.

"Estou honrada. Não tendo acontecido nada além de eventos infelizes recentemente, considero o encontro com Haruto-sama uma bênção do mais alto grau. Eu acreditava que Vossa Majestade seria capaz de ver o caráter do Haruto-sama com um encontro cara a cara, então estou muito feliz em ouvir os elogios de Vossa Majestade a ele.", Liselotte disse com um sorriso alegre.

"Então está dizendo que a situação atual é exatamente como você planejou, hmm? Que despeito.", ao contrário de suas palavras, a boca de François estava mostrando um sorriso satisfeito.

Embora a presença da Miharu-dono tenha sido muito útil para manter o bom humor da Satsuki-dono, esse homem pode, inesperadamente, ser o 'maior prêmio'. Liselotte parece ter estabelecido uma relação favorável com ele antes do banquete também. A razão pela qual ela definiu o momento desta reunião para um pouco antes do banquete foi provavelmente porque ela queria monopolizar o relacionamento dela com o Haruto. Vejo que ela não mudou nada, pensou ele.

"Eu humildemente peço a misericórdia de Vossa Majestade.", Liselotte baixou silenciosamente a cabeça.

"Graças a você tive uma reunião maravilhosa. Só falta ouvir algumas coisas da Miharu-dono e fazer um julgamento. Com meu interesse despertado, espero que vocês me entretenham com um pouco mais de conversa. Mas, primeiro, devo desculpas ao salvador do nosso reino por fazer comentários acusatórios. Me perdoe.", François se desculpou com o Rio com um sorriso forçado. Seu tom ainda era de uma posição de poder, mas já era uma exceção pedir desculpas a um andarilho com procedência desconhecida. Isso mostrou o quanto François valorizou o Rio em tão pouco tempo.

"Não há necessidade disso.", Rio curvou sua cabeça com ênfase.

O sorriso de François suavizou levemente. "Entendo. Então, permita-me apresentar meu filho e minha filha. Estes são o primeiro príncipe Michel e a segunda princesa Charlotte. Eles têm 21 e 14, respectivamente. Vocês dois, venham aqui e se apresentem ao Haruto."

Os dois se aproximaram de Rio, que prontamente se levantou para se curvar a eles.

"Eu sou o primeiro príncipe, Michel Galark. Notícias de seus feitos militares em Amande chegaram aos meus ouvidos também. Nunca imaginei que seria capaz de conhecer o suposto herói. É uma honra.", Michel encolheu os ombros um pouco exageradamente ao se apresentar ao Rio. Ele tinha cabelos loiros e uma aparência bonita e bem proporcionada, mas tinha um certo ar pomposo.

"Não, eu estou honrado por ter chamado a atenção de Vossa Alteza.", Rio respondeu a Michel com um sorriso amigável.

"É um prazer conhecê-lo, Haruto-sama. Eu sou a segunda princesa, Charlotte Galark. É maravilhoso saber que o herói que salvou a Liselotte é um cavalheiro tão jovem e inteligente.", Charlotte sorriu alegremente e se dirigiu a Rio com uma voz clara e fofa. Sua aparência era realmente adorável, seu cabelo semi longo era de um vermelho profundo que lhe caía bem e, embora a inocência permanecesse em seu rosto, seu comportamento era o de uma dama.

"Não mereço o seu elogio. Obrigado, Charlotte-sama.", assim como com Michel, Rio respondeu a Charlotte de maneira amigável.

"Não, é extremamente raro o Otou-sama gostar de alguém ao conhecê-lo pela primeira vez, sabia? Isso por si só é algo de que você pode se orgulhar.", Charlotte disse com um sorriso despreocupado.

"Ei, não diga isso, Charlotte.", François disse com um leve sorriso.

"Fufu, parece que o Otou-sama está se sentindo envergonhado.", Charlotte mostrou indícios de expressão travessa.

"Não incomode muito o Chichiue, Charlotte", Michel a repreendeu, exasperado.

"Sim, Onii-sama.", Charlotte assentiu obedientemente.

"Como você pode ver, ela ainda é um pouco infantil, mas é uma irmã mais nova atenciosa. Ela tem uma personalidade sociável, então provavelmente falará com você sobre várias coisas, então, por favor, trate-a bem.", disse Michel, como um bom irmão mais velho.

"Como desejar.", Rio sorriu e assentiu a cabeça, observando como eles pareciam ser um par de irmãos próximos.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, ao mesmo tempo que Rio falava com François e os outros...

No último andar de uma das muitas torres do castelo real de Galark estava Miharu. Ela estava sendo levada para a área de estar dos aposentos que foram alocados para Satsuki morar.

Satsuki foi até a cozinha preparar chá e lanches, enquanto Miharu se sentou sozinha no sofá da sala de estar. Ela olhou ao redor do espaço com interesse. A sala estava mobiliada com itens claramente caros, enchendo o cômodo com o clima de uma elegante suíte de um hotel cinco estrelas.

Alguns minutos depois, Satsuki apareceu na sala de estar.

"Obrigada por esperar. Aqui, sirva-se.", Satsuki colocou a bandeja de chá e lanches na mesa antes de se sentar no sofá em frente a Miharu.

"Muito obrigada. Satsuki-san mora neste quarto sozinha?", Miharu balançou a cabeça e perguntou.

"Sim. Eles se ofereceram para me designar uma maid, mas eu disse a eles que posso fazer tudo sozinha e recusei a entrada de qualquer outra pessoa. Há uma sala de estar e sala de jantar, e a cozinha e o banheiro estão totalmente mobiliados. Há três quartos, então é um pouco grande para alguém que mora sozinho, mas é como morar em um apartamento.", disse Satsuki com um sorriso amargo.

"Então a chance de ser espionado aqui é.…?"

"Ninguém pode entrar nesta sala sem a minha permissão. Pode falar sem se preocupar aqui, então me conte tudo. Pela forma em como está agindo, acho que não queria que o rei e os outros ouvissem, não é?", Satsuki inclinou a cabeça com um sorriso pelo nervosismo de Miharu.

"Sim. A verdade é que a Aki-chan e o Masato-kun vieram a este mundo comigo, mas eles estão se escondendo em um local diferente agora..."

"Entendo, então os dois também estão com a Miharu-chan. Eu acho que é uma pequena bênção que vocês não tenham sido todos separados, huh... Sim, eu deveria estar feliz que os dois estão seguros. Não disse ao rei que os dois estão em outro lugar, certo?", os pensamentos de Satsuki foram processados rapidamente e ela foi rápida na compreensão.

"Sim, seria perigoso para todos nós aparecermos quando não estávamos certos da situação, Haruto-san me avisou sobre isso."

".... Então, trazer Miharu-chan para o castelo, foi ideia dele?"

"Fui eu que pedi. Haruto-san disse que poderia vir ao castelo sozinho para fazer contato com Satsuki-san, mas deixar tudo com o Haruto-san é doloroso para mim...", Miharu balançou a cabeça lentamente, parecendo se sentir um tanto culpada enquanto respondia.

"Entendo... Eu gostaria de ter encontrado a Aki-chan e o Masato-kun também, mas acho que foi uma decisão prudente e correta não os trazer para o castelo imediatamente. Eu contarei sobre mim mais tarde, mas primeiro, poderia me contar em ordem cronológica o que aconteceu com vocês? E sobre o Haruto-kun, aquele quem os salvou.", Satsuki olhou atentamente para o rosto de Miharu e sorriu gentilmente. Miharu assentiu de acordo e começou a relembrar o que havia acontecido com ela.

"Nós vagamos pela primeira vez em um campo gramado neste mundo. Não havia nada ao nosso redor, meu smartphone não tinha sinal e estávamos perdidos..."

".... Essa é uma situação bem difícil de se estar. Eu fui invocada para o castelo, então estava tudo bem comigo, mas Miharu-chan e os outros estavam caminhando por uma rua moderna quando foram puxados para o meio do nada, certo?", Satsuki disse com uma expressão de dor.

"Sim, estávamos realmente confusos. Antes de tudo, decidimos seguir rumo à civilização e começamos a andar, mas...", Miharu relembrou e franziu a testa levemente.

"Aconteceu alguma coisa?", Satsuki pareceu notar a mudança na expressão de Miharu, enquanto prendia a respiração.

"Umm, as primeiras pessoas que encontramos eram mercadores de escravos que quase nos sequestraram.", Miharu respondeu o mais brilhantemente possível.

"—, vocês ficaram bem?!" Satsuki perguntou em pânico.

"Sim, assim que fomos forçados a subir nas carruagens, Haruto-san apareceu e nos salvou. Eu não podia perceber o que estava acontecendo, mas acredito que houve uma briga. Ele resolveu as coisas com os mercadores de escravos por nós...", Miharu falou sobre o que aconteceu vagamente. Ela realmente não sabia o que tinha acontecido lá fora, mas ela podia dizer pela gritaria que algum tipo de comoção havia acontecido.

"Vocês realmente tiveram muito mais dificuldades do que eu... e ainda assim, viveu corajosamente e até me encontrou novamente. Tenho vergonha de dizer que fiquei deprimida por muito tempo depois que vim a este mundo.", disse Satsuki, parecendo culpada.

"Eu estava junto com a Aki-chan e o Masato-kun, e o Haruto-san foi quem providenciou tudo para nós, então é por isso que pude estar no meu melhor.", Miharu balançou a cabeça com um sorriso irônico.

"... Ele parece uma pessoa incrível, esse Haruto-kun. Posso dizer que a Miharu-chan realmente confia muito nele. Mas, quem é ele?", Satsuki perguntou.

"Quem é ele...?", talvez seja porque a pergunta de Satsuki teve amplas implicações, ou talvez porque ela foi repentinamente questionada sobre Rio, que Miharu a questionou de volta em confusão.

"Como devo dizer... A aparência dele quase parece um meio japonês com forte sangue ocidental, sabe? Também, o cabelo dele é grisalho, e o nome Haruto tem ligações com a Alemanha, mas também pode ser visto como um nome japonês... então, estou curiosa, eu acho. Eu nunca vi ninguém com um rosto como o dele neste mundo, então eu estava me perguntando por que ele fez tanto pela Miharu-chan e os outros...", Satsuki acrescentou à sua pergunta, perguntando de forma indireta se Haruto era japonês.

"E~tto, Haruto-san é uma pessoa deste mundo que nasceu e foi criado na Região de Strahl. É só que... gostaria que se abstivesse de contar aos outros o que estou prestes a dizer sem a permissão do Haruto-san, mas, sabe sobre o lugar chamado Região Selvagem a leste de Galark?", Miharu perguntou, escolhendo as palavras com cuidado. Para constar, ela havia conversado com o Rio com antecedência e predeterminado o quanto ela poderia explicar sobre ele em seu reencontro com Satsuki.

".... Ah, sim.", Satsuki assentiu lentamente.

"Os pais do Haruto-san são de um lugar mais a leste da Região Selvagem chamada região de Yagumo. Eles migraram para cá, mas parece que pessoas com cabelo preto e o que nós consideraríamos como rostos do Leste Asiático na Terra vivem por lá."

"Então é por isso que ele tem um rosto parecido com o de um japonês...", Satsuki aceitou com interesse.

"Se fizer uma busca na região de Strahl, poderá encontrar pessoas com rostos semelhantes ao dos ancestrais de Yagumo. Embora eles sejam poucos e raros.", disse Miharu.

"Hee~, então é assim... Espera, nos desviamos do assunto. Não vejo nenhum problema em dizer isso a outras pessoas, no entanto. Existe uma razão pela qual seja um segredo?", Satsuki perguntou curiosamente.

"Umm, a parte sobre a qual gostaria que não conte ainda está por vir... Pode me prometer que não contará a mais ninguém?", Miharu perguntou a Satsuki de volta, suas palavras foram um pouco inarticuladas.

".... Sim, eu prometo.", Satsuki assentiu firmemente com uma expressão séria.

Com um sorriso gentil, e um tanto triste, Miharu começou a falar.

"A razão pela qual o Haruto-san fez tanto por nós, é porque o Haruto-san é gentil. Essa é a razão principal. Mas é possível que o fato de sermos japoneses também tenha desempenhado um pequeno papel nisso."

Isso mesmo. Haruto-san— Haru-kun — ele sabia sobre mim e a Aki-chan. Ele sabia, mas ficou quieto sobre isso enquanto nos salvava. Miharu refletiu sobre essa verdade em seu coração novamente.

".... O que quer dizer?", Satsuki inclinou a cabeça em dúvida.

"Haruto-san tem memórias de sua vida anterior. Memórias de quando ele era um japonês...", Miharu afirmou claramente.

".... Estou perplexa.", Satsuki disse após uma longa pausa.

"Não consegue acreditar?", Miharu perguntou nervosamente.

Satsuki suspirou encolhendo os ombros. "Se eu ainda estivesse no Japão, não teria acreditado. Mas agora, por alguma estranha razão, posso aceitar isso facilmente. .... Estou aqui, em um mundo como este, afinal. Isso é o que eles chamam de reencarnação? Em outras palavras, o Haruto-kun tem memórias de quando viveu na Terra?"

"Sim. Ao que parece, ele era um estudante universitário no Japão.", Miharu assentiu.

"Um estudante universitário japonês, entendo... Ah, então, o artefato mágico que permitia que vocês se comunicassem era...", Satsuki relembrou sua conversa anterior com um engasgo.

"Aquilo foi uma mentira para esconder o segredo do Haruto-san do rei. Eu sinto muito.", Miharu abaixou a cabeça se desculpando.

"Não, está tudo bem. Agora que conheço a situação, entendo. Mas... tem certeza disso? Me contando o segredo dele assim...", Satsuki perguntou a Miharu hesitantemente.

"Sim, recebi permissão do Haruto-san, com a condição de que mantenha seu silêncio."

"Mesmo assim, é um movimento bastante arriscado se quiser manter isso em segredo. É claro que eu não vou contar a ninguém, mas não vejo como isso o beneficia de alguma forma..."

"É porque eu confio na Satsuki-san. Por causa disso, Haruto-san também está disposto a confiar na Satsuki-san. Ele disse que não queria que mentíssemos para a Satsuki-san, em consideração ao nosso relacionamento...", Miharu disse com uma expressão calorosa.

"Ah—, entendo. Então é assim. Acho que entendo por que a Miharu-chan confia tanto nele agora. Ele é uma pessoa muito sincera, não é? Bem, nesse caso, eu vou confiar nele também. Terei que agradecê-lo adequadamente mais tarde e gostaria de ter uma conversa com nós três também.", Satsuki sentiu que entendia o Rio um pouco mais e ficou profundamente impressionada.

Ah, mō~! Estou tão envergonhada por pensar que ele era sombrio! Satsuki se repreendeu levemente.

"Poderia simplesmente chamar o Haruto-san para esta sala também.", Miharu disse de repente, sem pensar muito.

"Ah, é uma boa ideia.", Satsuki bateu palmas.

"Eh?", Miharu ficou surpresa.

"Vamos falar com o rei.", disse Satsuki, completamente de acordo.

"Falar…?"

"Sim. Vou perguntar se está tudo bem a Miharu-chan e o Haruto-kun ficarem nos meus aposentos esta noite.", Satsuki deu um sorriso despreocupado, embora sua declaração foi definitivamente mais do que Miharu havia esperado.

◇ ◇ ◇

Depois, na sala de recepção onde Rio estava se reunindo com François...

"A propósito, o que acha disso, Haruto: estaria interessado em ser nomeado cavaleiro por seus serviços ao nosso reino? Para um espadachim do seu calibre, posso garantir uma estrada para o sucesso.", perguntou François.

".... Minhas mais sinceras desculpas. É uma oferta muito tentadora para um migrante como eu, e eu agradeço, mas...", o rosto de Rio enrijeceu um pouco quando ele recusou a oferta. Foi uma oferta direta do próprio rei — o peso era diferente de quando a oferta vinha de um nobre. Embora não fosse uma abordagem formal, recusar-se abertamente era uma ação bastante difícil de tomar. Michel não tinha uma expressão muito feliz no rosto.

"Hou~, Liselotte já fez um movimento, talvez?", François perguntou curiosamente, não parecendo chateado enquanto o fazia.

Um caminho para servir a filha de um nobre normal, outro caminho para servir ao reino — e o próprio rei — como um cavaleiro. Para qualquer um com os valores padrão de um nobre, o último seria a escolha óbvia. No entanto, o fato de Liselotte ser a nobre em questão tornava o assunto totalmente diferente. Isso era quanto valor o nome Liselotte Cretia, filha do duque Cretia, atualmente detinha.

"Naturalmente, eu também fiz uma oferta para ele. Mas ainda não recebi uma resposta favorável.", acrescentou Liselotte.

"Há uma razão?", François perguntou diretamente ao Rio.

".... Eu expliquei isso para a Liselotte-sama também, mas estou no meio de uma jornada para encontrar alguém que tinha laços com meus pais migrantes. Minha jornada está suspensa para ajudar a Miharu-san, mas assim que este caso for resolvido, estou pensando em retomar minhas viagens ao redor do mundo novamente.", Rio baixou o olhar enquanto respondia, expressando sua humildade.

"Hou. Certamente, há privilégios em ser nomeado cavaleiro para a nobreza, mas isso acarreta um custo de responsabilidade com o reino. Você não seria capaz de viajar sempre que quisesse...", François disse pensativo, aceitando sua resposta.

"Já que esse era o caso, pedi ao Haruto-sama para nos dar alguma consideração se ele algum dia precisar de uma residência permanente no futuro.", disse Liselotte, imediatamente enfatizando a relação entre ela e Rio.

Enquanto Rio estava fazendo sua escolha — e não havia garantia de que a escolha seria apenas entre essas duas opções — ao afirmar que ela já havia feito tal comentário para ele, ela esperava que pudesse suavizar o golpe se Rio a escolhesse no futuro. Mesmo que a pessoa que ela estava enfrentando fosse o rei, ter uma pessoa como Rio arrebatada seria bastante indesejável. Não havia nada a perder construindo as bases certas para o futuro.

"Entendi. Vejo que você cobriu todas as suas bases, como de costume.", disse François, sentindo as intenções por trás das palavras de Liselotte.

Bem, seria muito duro dizer "desista" para você, eu suponho. Embora, eu pudesse ter dito isso se fosse qualquer outra pessoa além da Liselotte. O rei sorriu.

Naquele exato momento, alguém bateu na porta da sala de recepção.

".... Quem é?", com um olhar aguçado, François instruiu uma atendente que esperava dentro da sala a verificar a porta. A atendente imediatamente se levantou e seguiu até a porta.

"Satsuki-sama e Miharu-sama voltaram.", a atendente abriu a porta para as duas e prontamente as conduziu para dentro.

"Ooh, Satsuki-dono e Miharu-dono. Isso foi inesperadamente rápido. Terminaram sua conversa?", os olhos de François se arregalaram ao vê-las.

"Sim, não queríamos deixar todos esperando por muito tempo, e eu também queria perguntar algo... Vocês terminaram suas discussões aqui?", Satsuki olhou em volta para a atmosfera pacífica em que eles estavam conversando.

"Praticamente. Ele é um espadachim errante com uma espada mágica poderosa o suficiente para repelir o hálito de um semi-dragão. Vim aqui hoje me perguntando que tipo de rufião ele poderia ser, mas fui recebido por um homem bem-educado. De fato, um sujeito interessante. Agora... o que queria discutir?"

"Ah, e~tto, como devo dizer isso? Eu tenho um pedido. Mas primeiro, eu queria saber quais são os planos para a Miharu-chan e o Haruto-kun hoje à noite.", disse Satsuki.

"Alguma coisa foi decidida, Liselotte?", François perguntou, já que foi ela quem os trouxe aqui.

"Liselotte...", Satsuki murmurou, olhando para ela com curiosidade.

"Umm, ah, a propósito, Satsuki-dono ainda não foi apresentada a Liselotte. Antes de responder à sua pergunta, você deve se apresentar."

"Com sua licença, Majestade. É uma honra conhecê-la, Herói-sama. Sou a filha mais velha do duque Cretia, Liselotte. Prazer em conhecê-la.", Liselotte mostrou um sorriso sociável e a cumprimentou de forma elegante.

"Sim, ouvi falar de você. Como mulher, tenho considerado os produtos da Companhia Rikka insubstituíveis. Ouvi dizer que Liselotte-san era uma jovem nobre, mas não imaginei que seria assim...", Satsuki respondeu enquanto olhava para o rosto de Liselotte.

"Você pode ficar feliz em saber que a Satsuki-dono adora os produtos da Companhia Rikka.", François informou a Liselotte com um sorriso bem-humorado.

"Oh, é uma honra.", Liselotte sorriu amplamente.

"Eu não fui capaz de explicar antes, mas Liselotte-san foi quem realmente nos trouxe ao castelo.", disse Miharu a Satsuki, que estava ao lado dela. À primeira vista, parecia uma explicação para o benefício de Satsuki, mas também funcionava como uma explicação para Liselotte. Liselotte deu permissão a Miharu para explicar o segredo por trás dos produtos da Companhia Rikka para Satsuki.

A questão de saber se a Satsuki-sama percebeu ou não foi colocada em espera. Ao que parece, talvez, há uma chance de 50-50 que ela tenha percebido? Mesmo se tiver percebido, não há muita chance de ela mencionar isso a alguém, Liselotte pensou, fazendo uma suposição com base nas palavras de Miharu agora e no aspecto de Satsuki.

"Oh, isso é verdade? Obrigada, Liselotte-san.", Satsuki curvou-se elegantemente.

"Não, era meu dever natural como nobre do Reino de Galark, e eu também tinha uma dívida para pagar ao Haruto-sama... De qualquer forma, por favor, levante a cabeça.", disse Liselotte, curvando a cabeça para Satsuki de volta.

"Se possível, adoraria falar com você também em algum momento no futuro.", disse Satsuki enquanto levantava a cabeça.

"Seria um prazer. Estarei na capital durante o banquete, então, por favor, me informe sempre que estiver disponível.", Liselotte concordou, assentindo amigavelmente. Com base em suas posições, era uma tarefa difícil até mesmo para a filha de um duque como Liselotte pedir para se encontrar com Satsuki sozinha, mas esse não era o caso se Satsuki fosse quem a convidasse.

"Sim, posso contatá-la em um futuro próximo. Estou ansiosa para vê-la então."

"Sim. Oh, isso mesmo. Foi perguntado sobre os planos do Haruto-sama e da Miharu-sama para esta noite. O plano era que eles ficassem na casa da minha família se preparando para o banquete. Não fizemos quaisquer outros planos em particular.", Liselotte respondeu à pergunta de François sem problemas.

"Hmm. Eles deveriam comparecer ao banquete acompanhando você, correto? Se a Miharu-dono e o Haruto concordassem, eu iria convidá-los para jantar comigo.... O que Satsuki-dono queria pedir?", François perguntou.

"A verdade é que, eu esperava que a Miharu-chan e o Haruto-kun pudessem ficar nos meus aposentos esta noite.", Satsuki começou.

"Quê—?!", Michel engasgou.

"Miharu-dono à parte... o Haruto também?", François perguntou a Satsuki calmamente.

"Sim. Com a Miharu-chan já está confirmado, mas eu também gostaria de ter tempo para falar com o Haruto-kun, seu salvador.", Satsuki explicou com confiança, assentindo.

"Hmm...", François murmurou, pensando sobre isso com calma.

"O que você está dizendo? Você sabe o que significa ter um homem no quarto de uma mulher solteira como você?", Michel advertiu Satsuki com veemência.

"Ara, mas a Miharu-chan também vai ficar. Além do mais, Miharu-chan à parte, ele ficará em um quarto separado em meus aposentos. O que exatamente você está inferindo disso?", apesar de saber o significado por trás das palavras de Michel, Satsuki repeliu com sua lógica.

Miharu-san deve ter contado a ela sobre o plano. Embora certamente fosse mais fácil levar a Satsuki-san furtivamente para a casa de rocha se ficássemos em seus aposentos.... Eu posso entender as objeções do príncipe, Rio presumiu. Na realidade, Satsuki estava sendo extremamente proativa. Miharu não havia mencionado que a levariam temporariamente para fora do castelo, o que era um mal-entendido trivial.

"Mesmo assim, não há necessidade de conversar no seu quarto à noite, não é?", Michel tentou argumentar de volta.

"Ara, há muitas coisas para falar que não são apenas sobre nós, então, se quisermos conversar em um ambiente tranquilo, acredito que a noite seria o melhor momento.", Satsuki disse sem rodeios.

"Mas..."

"Chega, Michel.", Michel ainda não estava recuando, fazendo com que François repreendesse seu filho.

"Chichiue, mas...", Michel fez uma careta.

"Calma, calma, Onii-chan. Ouça o que Otou-sama tem a dizer primeiro.", Charlotte disse alegremente.

".... Qual é a sua opinião, Chichiue?", Michel perguntou com um suspiro, aparentemente acalmado pelas palavras de sua irmã.

"Bem, não temos o direito de restringir a vida pessoal do Herói-sama sem um bom motivo. Seria uma coisa se ela ficasse sozinha com o Haruto, mas a Miharu-dono estará lá também.", François disse facilmente.

"—...", Michel parecia em conflito enquanto olhava para Rio. A opinião do próprio Rio não havia sido questionada até agora.

Bem, existe uma lacuna no status social. Eu devo ficar quieto.

Se alguém lhe tivesse perguntado sua opinião, Rio não teria escolha a não ser responder. O assunto em discussão o preocupava, mas não o suficiente para enfatizar sua própria opinião e causar problemas. Apesar de notar o olhar de Michel, ele manteve o silêncio.

"Você está insatisfeito?", François perguntou a Michel.

".... Não, se é isso que o Chichiue diz.", Michel era incapaz de desafiar François, aceitando suas palavras com relutância.

"Obrigada por sua aprovação, rei François.", com a conversa encerrada, Satsuki agradeceu antes que as coisas saíssem dos trilhos novamente.

François encolheu os ombros e balançou a cabeça. "Não precisa. Mas... é mesmo. Não precisa ser uma troca, mas que tal jantar hoje à noite com todos aqui? Com a Satsuki-dono, a Miharu-dono e o Haruto.", ele disse aos três.

"Claro, seria um prazer. Miharu-chan e Haruto-kun... está bem?", Satsuki assentiu satisfeita, olhando para os dois em busca de confirmação.

"Sim, por mim está bem, contanto que o Haruto-san esteja de acordo...", Miharu respondeu, passando a decisão para o Rio.

".... Sinto muito, Haruto-kun. Eu me adiantei e presumi que você estaria bem com isso, mas é claro que você pode recusar.", Satsuki disse, observando a expressão de Rio enquanto ela se desculpava com pesar.

"Não, não é que eu seja contra, apenas parece algo muito acima de mim...", Rio murmurou sua resposta com um olhar preocupado. Ele não poderia responder de nenhuma outra maneira enquanto estava diante de François e os outros.

"Kukuku. Bem, ele não está em uma posição em que possa recusar, nem pode agir feliz com isso. Não o questione mais do que isso, Satsuki-dono. Você não se importa então, Haruto?", François vigorosamente, encobrindo a resposta do Rio.

"Certo...", Rio não se incomodou em arrumar mais desculpas, assentindo com a cabeça baixa.

"Então, está decidido. Miharu-dono e o Haruto ficarão nos aposentos da Satsuki-dono, mas antes disso, Liselotte se juntará a nós para jantar.", François riu.

"Seria uma honra.", Liselotte sorriu sinceramente.

"Agora, Michel e eu temos deveres oficiais a cumprir, então vamos nos despedir aqui. Charlotte ficará para que vocês e Liselotte possam conversar. Vamos, Michel. Eu confio o resto a você, Charlotte.", ordenou François, antes de partir tranquilamente.

"Por favor, deixe comigo. Vou garantir que a Miharu-sama e todos se sintam bem-vindos.", Charlotte sorriu de maneira fofa, expressando seu entusiasmo por seu dever de anfitriã.

◇ ◇ ◇

Depois de seu encontro com o rei, as quatro garotas e Rio continuaram sua conversa.

"Agora que todas as garotas estão aqui, vamos nos divertir conversando.", Charlotte sorriu enquanto olhava para todas, falando alegremente. A ordem dos assentos, partindo do assento mais próximo à porta da sala era: Rio e Liselotte; em frente a eles estavam Charlotte, Miharu e Satsuki.

"Se estou me intrometendo na sua conversa, posso sair da sala, sendo que sou um homem...", Rio parecia um pouco incomodado. Embora morasse na casa de rocha cercado por mulheres, ele não estava em termos muito amigáveis com ninguém na sala além da Miharu.

"Oh, não podemos permitir isso. Otou-sama disse a nós cinco para conversarmos.", respondeu Charlotte.

"Isso é verdade. Então, devo humildemente permanecer aqui e me juntar."

"Não há necessidade de ser humilde sobre isso. Pessoalmente, estou muito interessado no Haruto-sama, então esperava que pudéssemos conversar mais.", Charlotte olhou para Rio e piscou os cílios. Qualquer homem não acostumado com mulheres teria justificativa para interpretar mal sua atitude.

"Estou honrado em ouvir isso. Nesse caso, será todo o prazer me unir.", Rio interpretou as palavras de Charlotte como um tipo de conversa fiada e as ignorou suavemente, aceitando entrar na conversa com uma expressão mais positiva do que antes.

".... Bem. Então, sobre o que vamos conversar? Talvez seja mais apropriado abordar o que está na mente de todos...", Charlotte olhou ao redor da sala para os rostos de todos mais uma vez, então fixou um olhar vazio em Miharu ao lado dela e inclinou a cabeça, sorrindo de maneira amigável

"É mesmo. Eu me apresentei ao Haruto-sama, mas ainda não cumprimentei a Miharu-sama. Meu nome é Charlotte Galark, a segunda princesa deste reino. Prazer em conhecê-la."

"S-Sim. Eu sou Miharu Ayase. Também é um prazer conhecê-la, Sua Alteza Real Charlotte.", Miharu parecia bastante nervosa na frente de sua primeira princesa. Ela abaixou a cabeça.

"Bem, não há necessidade de tanta formalidade. Tanto a Miharu-sama quanto a Satsuki-sama são de outro mundo, o que torna suas existências próximas de santos. Mesmo que eu seja uma princesa, seu status não está tão distante do meu.", Charlotte colocou a mão em sua bochecha, preocupada. Na verdade, a razão pela qual Charlotte estava tratando Miharu como igual era porque Miharu pertencia ao mesmo mundo de Satsuki e mais porque ela era uma amiga próxima do herói. Claro, não era algo que ela falaria em voz alta.

"Isso não é verdade, eu sou apenas uma plebeia comum.", Miharu respondeu humildemente, negando suas palavras como se fossem ultrajantes.

"Fufu, Miharu-sama parece ser uma pessoa muito modesta. Poderia dizer se a Miharu-sama é normalmente assim, Satsuki-sama?", Charlotte sorriu elegantemente e se virou para a garota em questão.

"Bem, Miharu-chan é uma garota muito boa. Ela tem uma personalidade agradável, cozinha bem, trabalha duro e é inteligente; embora ela seja um pouco tímida perto dos garotos, é isso que a torna tão fofa! No ensino fundamental, havia rumores de que ela era a garota mais fofa da escola.", disse Satsuki, listando todas as boas qualidades de Miharu com ênfase.

"Oh, é mesmo? Posso entender isso quando olho para Miharu-sama. Você não concorda, Liselotte?", Charlotte se virou para Liselotte alegremente.

"Sim. A personalidade da Miharu-sama foi descrita com muita precisão.", Liselotte assentiu com um sorriso.

"... I-Isso não é verdade. Eu sou simples, e a Satsuki-san é muito mais incrível do que eu. Ela era praticamente a "Idol" da escola.", o rosto de Miharu ficou vermelho brilhante enquanto ela olhava para baixo e elogiava Satsuki.

"Eee~, isso não é verdade. Eu e os garotos da minha série dissemos que a Miharu-chan era a mais fofa, e as receitas da Miharu-chan eram tão famosas que até o clube de culinária disse que queria experimentar, sabia?", Satsuki riu.

"I-Isso é mentira. É a primeira vez que ouço tal boato.", Miharu encolheu todo o corpo para trás.

"Não, é verdade. Garotos do ensino fundamental são surpreendentemente lentos, sabe? Não houve muitos deles que tiveram a coragem de realmente se confessar..., mas alguém realmente confessou a você antes, não foi?", Satsuki perguntou.

"Sim, mas eu nunca namorei ninguém e não tive nenhum garoto de quem fosse próxima, então... Alguém não se confessou a Satsuki-san?"

"Bem, eu não posso dizer que foi zero, mas não foram muitos.", Satsuki respondeu com um sorriso amargo.

Na verdade, durante o tempo em que Satsuki e Miharu estavam matriculadas na mesma escola fundamental, o restante da escola as considerava as garotas mais bonitas em volta. No entanto, como Miharu se sentia desconfortável com os garotos, ela não era o tipo de pessoa que se aproximava deles, então ela nunca entendeu o quão popular ela era do ponto de vista deles.

Quanto a Satsuki, por ser uma jovem de uma família bem-sucedida e seus próprios padrões eram muito elevados, ela parecia estar fora de alcance e difícil se aproximar.

"Acho que tenho uma ideia de como eram seus dias de escola. Vocês duas deviam ter muitos admiradores.", Liselotte deve ter imaginado em que tipo de situação escolar Satsuki e Miharu haviam sido colocadas, enquanto sorria.

"Não, não. Miharu-chan à parte, no meu caso foi diferente."

"De qualquer forma, Satsuki-san, eu..."

"Oh, vocês duas estão perfeitamente sincronizadas. Estou com inveja.", Charlotte sorriu divertida.

"Obrigada.", Satsuki disse embaraçada. "Mas, Char-chan conhece a Liselotte-san há um bom tempo também, certo? Você é a segunda princesa e ela é filha de um duque, afinal."

"Sim, nos conhecemos desde que éramos pequenas. Somos o que vocês podem chamar de amigas de infância. Liselotte é um ano mais velha do que eu, mas costumávamos frequentar a academia real juntas. Pensando bem, tivemos muitas festas de chá naquela época. Que nostálgico."

"Sim. Lembro que nos encontrávamos uma ou duas vezes por semana.", disse Liselotte com nostalgia, sorrindo.

"Mas então, Liselotte me deixou para trás e rapidamente pulou séries para se graduar na academia. Quando ela estabeleceu a Companhia Rikka, ficou tão ocupada que não podia mais vir para o chá. Eu estava solitária, sabia? Você deveria vir me visitar um pouco mais.", Charlotte fez beicinho.

"Sim, sinto muito por isso.", Liselotte assentiu com um sorriso tenso.

"Mas, estou feliz por podermos conversar hoje com calma. Eu ouvi muitas coisas fascinantes da Satsuki-sama e de todos."

"Eu também."

Enquanto isso, havia um garoto na sala que sentia uma indescritível sensação de desconforto.

.... Eu realmente deveria estar aqui agora? Como o único homem presente, Rio se sentia estranhamente incômodo. Já que ele não era uma pessoa muito conversadora para começar, estar em uma situação com quatro mulheres agravava mais a situação.

"A propósito, também estou curiosa para saber que tipo de pessoa o Haruto-sama é.", disse Charlotte, tendo notado Rio de repente.

"Eu...?", Rio inclinou a cabeça e piscou.

"Sim. As discussões foram todas sérias com o Otou-sama e os outros presentes, mas gostaria de saber mais sobre a natureza do Haruto-sama. É mesmo, então, Miharu-sama, aos seus olhos, que tipo de pessoa é o Haruto-sama?", Charlotte voltou seu olhar curioso para Rio.

"Eh? Que tipo de pessoa o Haruto é.…?", Miharu estremeceu quando foi abordada de repente.

"Sim. Desde que vieram a este mundo, vocês têm vivido juntos há vários meses, certo? Você deve ser a mais familiarizada com o Haruto-sama de todas aqui.", Charlotte respondeu justificadamente, dando a Miharu nenhuma escolha a não ser responder.

"Umm... O Haruto é uma pessoa incrível.", Miharu parecia envergonhada de falar sobre sua impressão da pessoa sentada à sua frente, pois suas palavras saíram curtas e hesitantes.

"Sim, estou certa disso. Ele é forte, sábio e uma pessoa de caráter. Vocês dois viajaram sozinhos esse tempo todo?", Charlotte perguntou, tentando manter a conversa.

"Não, havia várias outras pessoas que moravam conosco.", disse Rio.

"Oh, é mesmo? Que tipo de pessoa eles eram? Devo admitir que estou um pouco curiosa sobre que tipo de estilo de vida Haruto-sama e Miharu-sama tinham."

"Há um outro garoto, e ele é apenas uma criança de 12 anos. As outras são todas garotas, incluindo a Miharu-san. Nós não somos família, mas todos eles são meus preciosos amigos. Eles estão todos morando em uma cidade nos arredores da capital por enquanto.", Rio respondeu tanto quanto pôde.

Cecilia-sama e Aishia-sama devem estar com ele também, Liselotte assumiu a partir da explicação de Rio.

"Isso significa que vocês moram em uma casa com garotos e garotas? Deve ser um lugar animado e divertido.", Charlotte disse com um sorriso.

"Sim, pode ficar um pouco barulhenta, mas é cheia de risos.", disse Rio, sorrindo gentilmente.

"Se há muitas garotas, isso significa que a Miharu-chan pode relaxar nesse ambiente também.", disse Satsuki com um olhar gentil.

"Sim. Graças ao Haruto-san, consegui fazer preciosos amigos.", Miharu assentiu alegremente.

"Só por curiosidade, ter garotos e garotas sob o mesmo teto não causa um ou dois casos amorosos?", Charlotte perguntou de repente.

".... Eh—?!" Miharu engasgou, tendo processado o significado da pergunta.

"Não.", Rio negou com um sorriso forçado.

"Isso é só porque Haruto-sama não sente esse tipo de emoção em relação aos outros residentes? Haruto-sama não sabe o que as próprias garotas sentem por você, não é?", Charlotte perguntou logicamente.

"Isso não... deve ser o caso...", ele não podia ter certeza sobre como as outras pessoas se sentiam, então Rio misturou suas palavras com o cenho franzido.

"Na minha opinião, acho mais questionável que as garotas não sintam nada enquanto vivem com alguém tão maravilhoso como o Haruto-sama.", disse Charlotte enquanto olhava diretamente para Rio.

"Estou honrado em ouvir isso, mas acho que Charlotte-sama está me dando muito crédito.", Rio suavizou sua expressão com um sorriso e sacudiu a cabeça.

"Ara, eu não vejo dessa forma, no entanto. Sua personalidade e habilidades já certas, e se meus sentidos estéticos não ficaram estranhos, então posso dizer que o Haruto-sama também é uma pessoa bastante bonita. Seus pais eram migrantes, então você tem uma aparência maravilhosamente exótica em seu rosto. Você não concorda, Liselotte?", Charlotte perguntou, virando-se para Liselotte. Ser abordada tão de repente não abalou Liselotte como aconteceu com a Miharu, pois sua resposta veio com um sorriso.

"Sim. É o suficiente para deixar algumas das minhas maids inquietas sempre que o Haruto-sama visita."

"Veja, acho que estou certa.", Charlotte olhou para Rio presunçosamente.

"Hahaha...", Rio não tinha certeza de como responder, dando mais um sorriso tenso. Ele não estava acostumado com garotas como ela, que fofocavam sobre o amor, então ele não tinha muita resistência a isso. Quando ele morava no Reino Karasuki, as garotas da vila faziam perguntas semelhantes, mas essa foi a única exposição que ele teve.

"Eu adoraria ouvir a opinião da Miharu-sama, que atualmente mora com o Haruto-sama. O quanto Haruto-sama é admirado pelas outras? É claro, Miharu-sama também pode falar sobre seus próprios pensamentos.", Charlotte voltou um olhar cheio de intensa curiosidade para Miharu.

"Eh, não... isso... —...", quando Miharu foi questionada, o fluxo da conversa a fez olhar para Rio, que estava sentado à sua frente. Seu rosto ficou vermelho quando ela fez contato visual com Rio, que parecia desconfortável.

"Ei, Char-chan. Não há como ela dizer qualquer coisa sem as outras pessoas presentes, para não mencionar enquanto ela está na frente do próprio Haruto-kun. Tópicos como este devem ser entre amigos mais próximos, com portas fechadas. Miharu-chan não é boa quando se trata de falar sobre essas coisas para começar, então não a incomode mais.", as perguntas de Charlotte tornaram-se bastante sugestivas, mas ninguém estava em posição de avisá-la, a não ser Satsuki, que suspirou exasperada.

"Oh, eu peço desculpas por isso. Como uma princesa sem motivo para me apaixonar, não posso deixar de ficar extremamente curiosa sobre como garotos e garotas se apaixonam.", explicou Charlotte.

"Hmm, bem, a realeza tem vidas amorosas bastante peculiares. Pessoalmente, estou mais interessada em ouvir sobre isso.", Satsuki mudou de assunto suavemente, fazendo Miharu suspirar de alívio.

"A regra geral é ter um casamento político, então casar por amor é na verdade a exceção. É especialmente notável entre as classes mais altas da nobreza e realeza. Bem... há uma notável exceção sentada conosco agora, no entanto.", Charlotte explicou, olhando para Liselotte.

"Ee~, Liselotte-san foi permitida a se casar livremente por amor?", Satsuki perguntou com interesse.

"Isso é.… sim. Todos os outros aqui já sabem, mas tive várias conquistas que foram reconhecidas e recebi o direito de escolher meu próprio parceiro de casamento.", respondeu Liselotte, um tanto constrangida.

"Não posso dizer isso para muitas pessoas, mas como outra mulher da classe da realeza e da nobreza, tenho inveja da Liselotte. Mesmo que seja pelo bem do reino ou da família, nenhuma mulher quer se casar com alguém de quem nem mesmo gosta. Os homens podem escolher suas parceiras de casamento até certo ponto, mas muitas mulheres não têm nenhuma escolha.", explicou Charlotte, expressando seus próprios desejos de ser assim de uma forma indireta.

"Não pode haver muitos casos de um parceiro de casamento político sendo alguém que você ama, eu imagino... Aliás, eu nunca perguntei antes, mas o que aconteceria no meu caso como um herói?", Satsuki perguntou com um olhar contemplativo.

"... Claro, gostaríamos que se casasse com um dos membros reais do nosso reino, mas não podemos forçar Satsuki-sama a fazer isso. Afinal, um Herói-sama é um discípulo dos poderosos Seis Deuses Sábios.", disse Charlotte com um sorriso difícil de interpretar, mas seu tom era alegre.

"Entendo. Se não há planos de eu ser forçada a me casar, não preciso me preocupar por enquanto. Também não quero me casar com alguém de quem não gosto. E eu ainda não desisti de voltar para a Terra.", disse Satsuki com um pequeno encolher de ombros.

"Então, teremos que encontrar um cavalheiro maravilhoso do nosso reino para amarrar Satsuki-sama a este mundo.", disse Charlotte com uma risada brincalhona.

Como pensei, parece que não posso baixar a guarda em torno desta princesa. Que cansativo... Rio deixou escapar um pequeno suspiro. À primeira vista, ela parecia uma garota pura e sincera, mas seus tópicos de conversa eram bastante sugestivos e ela os perguntava com insistência enquanto ultrapassava os limites. Sua expressão também era difícil de ler.

O fato de François ter deixado o grupo aos cuidados dela era prova do quanto ele confiava nela. Devido às diferenças de status social, Rio também não podia comentar com muita liberdade, então havia mais casos em que ele não poderia falar do que havia esperado.

Realmente não trazer junto a Aki-chan e o Masato foi a escolha certa. Rio deixou escapar um pequeno suspiro e concentrou de novo suas energias.

◇ ◇ ◇

Depois, eles continuaram a conversar sobre amor e outros assuntos até a hora do jantar. Rio estava um pouco desgastado pela conversa com Charlotte, mas François e Michel se juntariam a eles para o jantar, então ele se preparou para não baixar a guarda ainda.

No entanto, ao contrário das expectativas de Rio, o jantar decorreu de forma descontraída e tranquila. Não houve nenhum assunto com o qual ele tivesse que ser particularmente cauteloso, e as conversas após o jantar morreram bem cedo, pois eles foram instruídos a relaxar com Satsuki e voltar para os aposentos dela.

"Finalmente, somos apenas nós três. Venham, por enquanto, sentem-se por favor.", com o incentivo de Satsuki, Rio e Miharu se sentaram no sofá da sala. Satsuki foi para a cozinha preparar chá para os três.

Eles haviam estado constantemente com alguém desde que chegaram ao castelo, então esta era realmente a primeira vez que Rio e Miharu ficaram sozinhos durante todo o dia.

"O quanto foi dito a Satsuki-san?", Rio perguntou antes que Satsuki tivesse a chance de retornar.

"O que aconteceu depois que viemos a este mundo, brevemente. Depois, ela perguntou sobre o Haruto-san, então eu contei a ela sobre a sua vida anterior. Já mencionei que a Aki-chan e o Masato-kun estão conosco, mas nada sobre deixar o castelo temporariamente, sobre o Takahisa-kun, ou o que fazer no futuro.", resumiu Miharu.

Os olhos de Rio se arregalaram levemente. ".... Eu estava me perguntando por que vocês voltaram tão rápido. Então, como chegaram a decisão que eu deveria permanecer esta noite com vocês duas?", ele tinha assumido honestamente que ela havia contado a Satsuki sobre o plano de sair do castelo, e então elas haviam decidido facilitar as coisas fazendo Rio permanecer com elas.

"E~tto, quando eu contei a Satsuki-san sobre o Haruto-san, ela queria que nós três conversássemos juntos, então Satsuki-san disse que devíamos voltar para falar com o rei enquanto ele ainda estava lá...", apesar de ser um dos Heróis, nem mesmo Satsuki era ousada o suficiente para assumir que ela poderia deixar Rio ficar em seus aposentos sem consequências sem a permissão do rei. O rei era um homem ocupado, então ela queria resolver a discussão o mais rápido possível.

"Ela parece uma pessoa muito proativa."

"Sim. Ela incorpora o ditado 'não há melhor hora que o presente'.", Rio e Miharu riram juntos.

"Parece que estão se divertindo aqui. Sobre o que estão falando?", Satsuki disse, aparecendo de repente na sala com uma bandeja de chá.

"Há várias coisas que precisamos explicar e perguntar a Satsuki-sama, então eu estava perguntando a Miharu-san o quanto ela havia lhe contado. E um pouco sobre que tipo de pessoa Satsuki-sama é.", disse Rio.

"Hmm, eu tive esse pensamento durante o jantar e a conversa com a Char-chan e as outras também, mas... Isso me deixa desconfortável, então, não precisa adicionar o 'sama'. Pode ser algo ruim na frente das outras pessoas, mas você também não precisa agir tão educadamente. Pelo menos quando for apenas nós três.", Satsuki disse com um sorriso amargo.

".... Eu entendo. Então, Satsuki-san.", Rio mostrou um suave sorriso enquanto usava o "san" ao invés do "sama" no nome de Satsuki.

"Sim. Mais uma vez, é um prazer conhecê-lo, Haruto-kun. Eu ouvi sobre você, a Aki-chan e o Masato-kun da Miharu-chan. De verdade, obrigada por salvar os três e por me permitir encontrar a Miharu-chan novamente.", Satsuki sorriu amplamente e baixou a cabeça profundamente para Rio.

"Não, eu realmente não fiz nada significativo."

"Isso não é verdade. Cuidar das necessidades básicas de três pessoas e ensiná-las tudo sobre este mundo sem compensação, indo tão longe ao ponto de me encontrar e trazer a Miharu-chan para o castelo assim, é uma façanha incrível. Não é algo que alguém faria normalmente só porque tem lembranças de ter vivido no Japão. É por isso que eu quero agradecê-lo devidamente. Embora eu não tenha nenhum poder real, mesmo que eu esteja em uma posição social elevada agora..."

"Sou feliz com apenas os seus sentimentos. Não preciso de nenhuma outra forma de agradecimento."

"Isso não me agrada... Bem, podemos deixar isso de lado por agora. Então, o que você queria me explicar?"

"Gostaríamos de saber quais ações Satsuki-san planeja tomar, como a Miharu-san será tratada no Reino de Galark no futuro, o que seria melhor para a Aki-chan e o Masato-kun com isso em mente e sobre o irmão mais velho dos dois, Takahisa-san. Acho que isso é tudo. Tem mais uma coisa, mas isso pode vir depois.", Rio listou.

".... Tenho uma ideia de onde o Takahisa-kun pode estar. Vocês já devem saber disso, mas três outros heróis estarão presentes no banquete. Vocês estavam cientes?"

" Três outros, além da Satsuki-san? Eu sei que a facção do duque Euguno, que desertou do Reino de Bertram, enviará seu herói, Sakata Hiroaki-san, com certeza. Mas, além disso, só ouvi dizer que o Reino de Centostella pode enviar seu herói, cuja identidade ainda está escondida...", foi a primeira vez que Rio ouviu falar de um terceiro herói.

"O herói que vem do Reino de Centostella já está confirmado. Além disso, o herói do governo do Reino de Bertram também confirmou sua presença.", disse Satsuki.

"... Do Reino de Bertram?", os olhos de Rio se arregalaram de surpresa. Se esse fosse o caso, eles inevitavelmente encontrariam a facção do duque Euguno no local. Ele não conseguia imaginar que tipo de situação se desenrolaria.

"Sim. No entanto, aquele que se tornou o herói oficial do Reino de Bertram se chama Shigekura Rui, que é o nome do filho de uma grande empresa, então ele não tem relação com o Takahisa-kun."

"Existe alguma conexão pessoal sua com o herói invocado no Reino de Bertram?", Rio perguntou.

"Mm, se o Haruto-kun também tem memórias de ter vivido no Japão, então, conhece o nome das Indústrias Pesadas Shigekura?"

"... Sim. Tenho uma vaga memória desse nome. Elas são uma grande corporação que representa o Japão.", suas memórias de ser Amakawa Haruto no Japão lhe vieram há mais de 9 anos, mas Rio lembrava essa parte.

"Meus parentes também administravam um grupo corporativo bastante grande, então eu o conheci um pouco por isso. O suficiente para saber o nome e rosto dele, pelo menos."

"Sumeragi... Ah, por acaso, Satsuki-san é do Grupo Sumeragi?"

"Ah, você sabe meu nome também? Sim, eu sou filha de um dos executivos de lá.", Satsuki assentiu com um sorriso.

"Estou surpreso.", Rio sabia que ela era uma jovem de uma família bem-sucedida, mas não imaginava que ela fosse filha de alguém dessa empresa.

"Ahaha, não é como se eu fosse uma nobre como eles têm neste mundo, eu sou apenas uma garota normal. De qualquer forma, voltando ao tópico.... Dos três heróis, Sakata Hiroaki e Shigekura Rui certamente não são o Takahisa-kun. O problema é o herói invocado no Reino de Centostella."

"Com quatro dos seis heróis reunidos em um local, há uma grande probabilidade de ser ele. Satsuki-san também não sabe o nome do herói, certo?", perguntou Rio.

"Sim. Aparentemente, o Reino de Centostella é bastante fechado. Não há hostilidade com eles, mas também não houve nenhuma relação diplomática conosco, apesar de sermos seus vizinhos. É por isso que eles têm a tendência de guardar os segredos do reino bem estritamente, então não saberemos o nome do herói que participará do banquete até a noite do mesmo. Na minha opinião, se eles vão comparecer de qualquer maneira, não machucaria só nos dizer.", Satsuki explicou, fazendo beicinho com os lábios. "Mas, aparentemente, o reino normalmente não envia embaixadores para participar de banquetes em reinos estrangeiros. Bem, em primeiro lugar, normalmente eles não são convidados, e houve divergências até o último minuto sobre se deveriam convidá-los desta vez, mas eu solicitei que fossem convidados com a chance de eu encontrar a Miharu-chan e os outros, ou o Takahisa-kun. Então, o Reino de Centostella foi convidado, mas eles não responderam até recentemente, quando disseram que compareceriam.", acrescentou ela com uma expressão pensativa.

"... Naturalmente, Satsuki-san revelou seu nome ao Reino de Centostella, certo?", Rio confirmou com um olhar contemplativo em seu rosto.

"Sim. Não sei que tipo de troca aconteceu por trás das paredes fechadas do Reino de Centostella, mas talvez meu nome tenha sido passado para o Takahisa-kun, e abriu uma exceção como resultado. Pode ser apenas uma ilusão, mas não posso evitar esperar que esse seja o caso.", Satsuki assentiu em satisfação.

"Sim. Tudo o que resta é informar ou não a Aki-chan sobre isso.", Rio assentiu, olhando para Miharu, sentada ao lado dele.

"Tenho certeza que a Aki-chan ficaria muito feliz em ouvir isso. Mas há uma chance de que esse não seja o caso, e ela pode pedir para ela mesma participar do banquete..."

"Talvez seja melhor reter as informações até que possamos ter certeza de que o herói do Reino de Centostella seja o Takahisa-san?"

"... Sim. Mesmo se contarmos a ela, vamos reter os detalhes por enquanto.", Miharu concordou com um olhar preocupado.

"Entendido.", Rio não tinha nenhuma objeção particular ao plano e assentiu.

"Esperem um pouco. Com base na forma em que os dois estão conversando, quase parece que vocês estão planejando sair do castelo antes do banquete para encontrar a Aki-chan.…", Satsuki interrompeu, achando suspeito que eles estavam discutindo sobre encontrar Aki e Masato, que deveriam estar do lado de fora do castelo, como se fosse uma tarefa fácil.

"Isso era o que estávamos guardando para discutir por último, mas é possível. Escapar do castelo hoje à noite e se encontrar com a Aki-chan e o Masato."

".... Escapar?", Satsuki piscou, se perguntando se ela tinha ouvido mal as palavras de Rio.

"Sim. Contanto que Satsuki-san esteja bem com isso, podemos deixar o castelo temporariamente. Tenho certeza de que não há como a deixarem sair oficialmente, então é claro, estaria saindo sem aviso prévio..."

"Como? Este é o último andar de uma torre e há vários guardas fora dos meus aposentos, mesmo à noite. Assim que você sair, haverá muros ao redor do castelo, então presumi que fosse impossível.... Seria um crime grave se você fosse pego, certo?"

Rio olhou ao redor da sala. "Realmente, seria extremamente arriscado mover-se a pé. É por isso que, em vez disso, voaremos. Pela busca de essência mágica que eu realizei na sala, não parece haver nenhum artefato de detecção de essência. Contanto que ninguém entre no quarto para verificar a Satsuki-san no meio da noite, não devemos ser pegos."

"E-Espera. Você acabou de dizer que pode voar como se fosse uma coisa cotidiana.... Minha cabeça não consegue acompanhar isso.", Satsuki estava completamente confusa, mantendo a mão direita em seu rosto enquanto estendia a esquerda para sinalizar que Rio parasse.

"Estará tudo bem com o Haruto-san.", Miharu disse com confiança.

".... Você tem um artefato para fazer você voar?", Satsuki perguntou duvidosamente.

"Não, na verdade existe uma técnica semelhante ao uso de essência para lançar magia de voo, embora não seja geralmente conhecida, então eu gostaria de pedir que mantenha isso em segredo."

"Então algo assim existe...", Satsuki murmurou, com seus olhos se arregalando de admiração.

"Contudo, como Satsuki-san observou, ser pego seria um crime extremamente grave. Se tiver medo de escapar, não vamos insistir nisso. Se Satsuki-san considerar todos os riscos e decidir que vale a pena, vamos levá-la para encontrar a Aki-chan e o Masato-kun."

"... Miharu-chan, o que acha?", Satsuki perguntou.

"É assustador imaginar o que aconteceria se fôssemos pegos, e eu sei que não é algo que deveríamos fazer, mas quero que se encontre com a Aki-chan e o Masato-kun. Os dois realmente queriam se encontrar com a Satsuki-san, e ainda mais porque não puderam vir ao castelo.", Miharu colocou a mão em seu peito.

"Entendo...", Satsuki fechou os olhos, refletindo por um tempo. "Honestamente, se eu dissesse que não tenho nenhuma objeção, estaria mentindo. ..., mas eu quero me encontrar com aqueles dois o mais breve possível. Então, os dois problemas em questão aqui são: quão grande é o risco de ser pega, e quando eu seria capaz de ver a Aki-chan e o Masato-kun da próxima vez se eu perder essa chance.", ela murmurou calmamente.

"A principal preocupação em relação a ser pego é não saber se alguém vai visitar seus aposentos no meio da noite. No caso do último, é uma questão de saber se existem outras formas de se encontrar com os dois sem eles serem descobertos pelo reino. Claro, se for seguro eles serem descobertos, então não há necessidade de ir tão longe.", Rio definiu as duas questões que Satsuki levantou com mais precisão.

"Ninguém nunca entrou no meu quarto sem minha permissão até agora, e ninguém nunca me visitou à noite também. Acho que a chance de ser pego lá é quase zero. Ou melhor, a menos que a torre pegue fogo ou um intruso seja avistado, suponho. Seria difícil me encontrar com os dois de uma forma que o reino não percebesse. Mesmo se me dessem permissão para sair, eles definitivamente colocariam um guarda-costas comigo. Como mínimo, seria melhor evitar convidar os dois para o castelo até que o banquete acabe e eles decidam como lidar com a Miharu-chan.", explicou Satsuki.

"Honestamente falando, como acha que o reino lidará com a Miharu-san?", Rio perguntou.

"Primeiro, eles provavelmente vão convidá-la para morar no castelo, eu acho. Se ela concordar, provavelmente será tratada como eu. Ela terá a garantia de uma vida tranquila e nunca faltará o básico para viver, mas isso vai parecer um pouco sufocante.... Embora ela seja livre para agir como quiser, até certo ponto."

".... Eu seria capaz de recusar?", Miharu perguntou com medo.

"Provavelmente. Parece que os Heróis deste mundo têm tanta autoridade quanto o Papa na Europa medieval, então eles não seriam capazes de insistir na minha frente, pelo menos. Mas, provavelmente iriam gostar de saber seu paradeiro, no mínimo. Eles podem tentar monitorá-la secretamente em cima disso, ou enviar pessoas para ficar com você sob o pretexto de 'segurança'.... Além disso, isso vai acontecer mesmo se ficar no castelo, mas seu nome e rosto serão espalhados, então você correrá um risco maior de se envolver em problemas. Espera—, sinto muito, isso é culpa minha. Dizer isso em voz alta me fez sentir muito mal pela Miharu-chan.…", Satsuki franziu a testa se desculpando.

"N-Não, eu entendi isso quando vim aqui. Haruto-san me avisou a mesma coisa antes de chegarmos ao castelo também.", Miharu balançou a cabeça, agitada, tentando encorajar Satsuki.

"Na verdade, discutimos o que poderia acontecer a Miharu-san com a Liselotte-san também, e ela tinha praticamente a mesma expectativa que a Satsuki-san e eu. Embora ela não participe da política do reino, ela ainda é uma cidadã do Reino de Galark, então o fato de todas as nossas previsões se sobreporem significa que as coisas vão acontecer como a Satsuki-san espera. Portanto, se sentarmos e esperarmos até o fim do banquete, acho que a resposta se mostrará naturalmente.", disse Rio. A possibilidade de sua previsão realmente se concretizar era alta.

".... Então, se realmente acontecer assim, o que Miharu-chan e os demais querem fazer quando o banquete acabar? Viver no castelo? Ou viver fora do castelo como vocês têm vivido?", Satsuki perguntou.

"Isso é.… nós três, todos temos direções ligeiramente diferentes que queremos...", disse Miharu, lançando um olhar de soslaio em Rio.

".... Mesmo?", os olhos de Satsuki se arregalaram de surpresa.

"Sim. Aki-chan realmente quer se reunir com o Takahisa-kun. Se encontrarmos o Takahisa-kun, não acho que ela aceitará qualquer opção onde não possa ficar com ele."

"Entendo... Então, e o Masato-kun?"

"Também é um dos objetivos do Masato-kun se encontrar com o Takahisa-kun novamente. No entanto, se isso vier à custa de sua liberdade, não acredito que ele queira ficar no castelo.... Nesse caso, ele provavelmente iria querer ir com o Haruto-san.", disse Miharu, fazendo suposições sobre as intenções de Aki e Masato.

"Hee~, Masato-kun, huh. E, quanto à Miharu-chan?", Satsuki perguntou.

"Eu... eu também quero ficar com o Haruto-san, eu acho. Embora eu ainda não tenha explicado isso claramente para a Aki-chan e o Masato-kun.", Miharu explicou, altamente ciente de Rio, sentado ao lado dela.

".... Isso é um pouco inesperado. Haruto-kun sabia disso?", Satsuki perguntou a Rio com olhos arregalados.

"Não, esta também é a primeira vez que ouço isso...", Rio dirigiu seu olhar para Miharu enquanto pensava questionar a sinceridade dela.

"Umm, não posso?", Miharu perguntou.

"Claro que pode, não há nada de errado com isso. Eu ainda vou me deslocar bastante por aí, mas não há problema se continuarmos a viver como estamos.", Rio encobriu a pergunta, colocando um sorriso como se colocasse uma máscara.

"A propósito, se o Takahisa-kun for o herói do Reino de Centostella, então Aki-chan pode dizer que quer ir para o Reino de Centostella, certo? Nesse caso, Miharu-chan e Aki-chan podem ser separadas. O que planeja fazer sobre a Aki-chan, então?", Satsuki perguntou.

".... Nesse caso, Aki-chan seria confiada ao Takahisa-kun, e eu teria que ter uma conversa adequada com a Aki-chan para ter certeza de que ela entendeu.", Miharu pensou por um momento, antes de responder resolutamente.

É possível que não possamos voltar à Terra. Se isso acontecer, teremos que considerar quem vai morar com quem e onde.... Também terei de ter uma conversa adequada com a Aki-chan sobre isso. E se o Haruto-san é o Haru-kun, então, mais ainda, Miharu pensou.

Para Aki, o tópico de seu pai e Haruto, que desapareceu após o divórcio era tabu. É por isso que Miharu nunca havia tocado no assunto Haruto até agora. No entanto, tendo sido como uma irmã mais velha para Aki por tanto tempo, ela dificilmente poderia fugir para sempre.

"Entendo... Isso é um pouco surpreendente. Miharu-chan e Aki-chan sempre pareceram tão próximos para mim, como irmãs de verdade. Posso perguntar por que quer ficar com o Haruto-kun?", Satsuki podia sentir a forte determinação de Miharu, mas se perguntou por que ela estava disposta a ir tão longe, ao ponto de se separar de Aki, para ficar com Rio.

"Isso é.…"

As duas eram como irmãs de verdade. No entanto, ainda não era o momento para se aprofundar nos detalhes e explicar tudo. Por isso—

"Desde que vim a este mundo, fiz muitos preciosos amigos. Devo muito a eles e quero ficar com eles. Quero começar a devolver essas dívidas. Claro, eu acredito que a Aki-chan se sente da mesma maneira que eu. Eu também não quero me separar da Aki-chan.…, mas, embora eu não consiga decidir o que é mais importante, eu tenho que fazer uma escolha, e é difícil de explicar...", escondendo seus sentimentos em relação a Aki, Miharu tentou verbalizar seus pensamentos internos com frustração. Sua explicação não era apenas para Satsuki, mas para Rio também. Ela olhou para ele para ver sua reação, mas Rio colocou outro sorriso quando eles fizeram contato visual.

"...Sim. Não é algo que você pode apenas explicar facilmente. Sinto muito por perguntar. Acho que entendi o que Miharu-chan está tentando dizer, no entanto.", Satsuki disse, assentindo.

"Fico feliz em ouvir isso. Ainda não contei a ninguém sobre isso."

"Entendo. Eu vejo como isso poderia ter levado a alguns confrontos se tivesse dito. Aki-chan provavelmente argumentaria furiosamente se ouvisse o que acabou de dizer."

"...Sim. É por isso que ainda não fui capaz de dizer a ela.", Miharu assentiu com uma expressão preocupada.

"Mas, mesmo que elas vivessem separadas, não é como se elas nunca mais fossem se ver de novo. Elas podem não ser mais capazes de se verem facilmente, mas isso não mudará o fato de que elas têm um vínculo precioso com todos e o objetivo unificado de voltar juntas à Terra algum dia. Então, não seria melhor se envolvêssemos os reinos e fizéssemos um acordo para possibilitar que elas se encontrassem sempre que quisessem?", Rio perguntou. A expressão de Miharu desanimou quando ele mencionou retornar à Terra.

"Ara, você diz isso como se fosse uma coisa fácil de fazer.", Satsuki respondeu com algum nível de alegria.

“Vocês vão ter que viver separadamente devido aos assuntos do reino. Não deve ser muito pedir para que esse tipo de acordo seja arranjado. Considerando as ações de Sua Majestade, o rei François até agora, seria difícil recusar se fosse um pedido diretamente da Satsuki-san. Claro, farei o que puder para ajudar também."

"Hmm. Dizer isso vai aumentar minhas esperanças."

"Não posso ajudar muito quando se trata de questões de poder político, mas vou procurar respostas sobre o que pode ser feito para retornar todos de volta à Terra.", Rio deu um pequeno encolher de ombros.

"Sou grata por isso, mas nem mesmo os magos mais renomados do reino sabem alguma coisa sobre como retornar à Terra. Claro, o reino pode estar mentindo, mas, Haruto-kun sabe de uma coisa?", Satsuki perguntou, olhando para o rosto de Rio.

"Sim. Eu sei que as invocações de heróis são um tipo de magia espaço-tempo. O Reino de Galark também deve estar ciente disso. No entanto, como a magia moderna na região de Strahl só pode usar magia espaço-tempo em um nível elementar e os artefatos com ela são extremamente raros, acho que mesmo os magos mais conhecidos do reino não sabem muito."

"Entendo...", Satsuki suspirou pesadamente.

"O que está dificultando de usá-la facilmente, na minha opinião, é o fato de que as coordenadas de destino são necessárias para usar magia de teletransporte. Simplesmente não há uma forma de encontrar as coordenadas da Terra. Também não consigo imaginar a quantidade de essência mágica necessária para mover-se entre este mundo e a Terra."

".... Do jeito que está falando, suponho que Haruto-kun entenda pelo menos os primeiros passos do uso da magia espaço-tempo?"

"Eu só o revelei para aqueles próximos a mim, mas eu possuo alguns artefatos mágicos do tipo.", Rio elaborou.

".... Eu posso estar errada, mas você é um tipo excêntrico, não é? Quero dizer, você tem uma espada mágica poderosa também.", Satsuki disse meio exasperada.

"Realmente, estou em posse de artefatos mágicos que seriam considerados raros na região de Strahl, e posso estar carregando mais segredos do que uma pessoa comum.", Rio respondeu, insinuando um sorriso irônico.

"Umm, Satsuki-san. Mencionar isso para as pessoas deste reino seria...", Miharu disse um tanto inquieta.

"Está bem. Não pretendo falar sobre isso com ninguém sem a permissão do Haruto-kun. Mesmo que o Takahisa-kun apareça. Eu nunca trairia ninguém a quem Miharu-chan e eu temos uma dívida.", Satsuki assentiu enquanto sorria brilhantemente.

"Muito obrigada.", Miharu disse com um suspiro de alívio.

"Não, sou eu que devo ser grata a Miharu-chan. A propósito, eu estava pensando...", Satsuki tentou sorrir, mas um olhar estranho de repente a invadiu. ".... Supondo que o Takahisa-kun também seja um herói, talvez a razão pela qual Miharu-chan e os demais vieram a este mundo foi porque foram arrastados nas invocações, minha e do Takahisa-kun...?"

"E~tto..."

"Provavelmente.", Miharu hesitou em consideração a Satsuki, então Rio fez a afirmação em seu lugar.

".... Entendo. Me desculpe.", Satsuki baixou a cabeça.

"Ah, não precisa se desculpar. Satsuki-san também foi arrastada para isso contra a sua vontade. Teria sido possível que a Satsuki-san fosse arrastada se eu, a Aki-chan ou o Masato-kun tivéssemos sido invocados como o herói.", Miharu ressaltou agitada.

"Quem que foi invocado diretamente foi a Satsuki-san, mas isso por si só é como ser arrastado para um acidente. Não precisa se sentir responsável por algo que não poderia ter sido evitado, é o que eu acho.", observou Rio.

"Vocês dois...", Satsuki mordeu o lábio com uma expressão impotente.

"De qualquer forma, o que vamos fazer? O plano original era fugir do castelo hoje à noite para ir encontrar a Aki-chan e o Masato, mas, já tomou uma decisão?", Rio perguntou a Satsuki mais uma vez.

".... Eu irei. Não, por favor, me leve para ver a Aki-chan e o Masato-kun. Por favor.", Satsuki engoliu em seco, fazendo seu pedido com determinação.

"Tudo bem?", Rio olhou para o rosto de Satsuki com ligeira surpresa.

"Sim. Fugir do castelo é contra as regras, mas como você e a Miharu-chan falaram, o risco de ser pego parece bastante baixo, e estou disposta a correr alguns riscos para encontrar a Aki-chan e o Masato-kun o mais rápido possível. Bem, eu poderia ter hesitado um pouco mais se a Miharu-chan não estivesse aqui."

"Nesse caso, trazer a Miharu-san aqui, apesar dos riscos, foi a escolha certa, afinal.", Rio olhou para Miharu com um pequeno sorriso.

Embora revelar a existência de Miharu para o castelo pudesse trazer riscos desconhecidos no futuro, foi graças à presença de Miharu que a conversa de hoje progrediu tão bem. Se Rio tivesse vindo ao castelo e tentado se aproximar de Satsuki sozinho, ele teria lutado um pouco mais.

"Não, Haruto-san está fazendo todas essas coisas desnecessárias apenas por nossa causa. Eu quem deveria correr os riscos, então, por favor, use-me se minha presença puder ser útil de alguma forma.", disse Miharu, parecendo aflita.

".... Vou ficar de olho em qualquer problema ficando no caminho da Miharu-chan por minha causa. Por isso, Miharu-chan, não precisa ser considerada por minha causa, pode expressar seus pensamentos abertamente para o rei e pode rejeitar qualquer coisa que não goste e dizer o que quer fazer. Não se sacrifique apenas para acomodar os outros.", Satsuki lembrou a Miharu se desculpando.

"Isso... Sim. Muito obrigada.", Miharu sorriu corajosamente e assentiu.

Com isso decidido, Aishia, pode ir até a casa de rocha e avisar aos outros? Volte em duas ou três horas para me ajudar a carregar Miharu-san e Satsuki-san, Rio comunicou a Aishia por telepatia.

Entendido, Aishia respondeu, antes de se separar do corpo de Rio, ainda em sua forma espiritual.

"A propósito, partiremos mais tarde da noite, depois que o castelo se acalmar, certo?"

"Sim.", Rio assentiu em confirmação.

"Então, nós três deveríamos conversar até então. Ah—, falando nisso, há algo que eu queria verificar..."

"O que é?"

"É sobre a Liselotte-san. Eu sei que foi ela quem trouxe o Haruto-kun e a Miharu-chan aqui, mas quanto da sua situação vocês explicaram a ela?", Satsuki perguntou.

"Bastante, pode-se dizer. Não contamos a ela sobre a Aki-chan e o Masato-kun, mas nossas conversas foram muito profundas. Do mesmo modo, o quanto Satsuki-san notou sobre ela e a Companhia Rikka?", Rio respondeu com cuidado.

".... Notei que os produtos da Companhia Rikka são chamados exatamente da mesma forma que na Terra. As pessoas neste mundo não parecem ter notado, então eu percebi que deve haver um segredo por trás disso e nunca o apontei.", explicou Satsuki.

"Fez muito bem em perceber isso. Mesmo tendo uma magia de tradução lançada sobre si.", Rio arregalou os olhos com admiração.

"Bem, essa magia de tradução ainda é um mistério e eu estaria em apuros se parasse de funcionar. Ela também não me ajuda a ler e escrever, por isso tenho testado e estudado. E assim, notei que as palavras que ouço traduzidas através da magia não combinam com os movimentos da boca do falante, exceto por vários produtos da Companhia Rikka que têm movimentos e sons de boca idênticos. Seria uma coisa se fosse apenas um ou dois, mas eu não poderia ignorar tantos como sendo apenas uma coincidência, sabe?", Satsuki explicou.

"Se notou tanto, acho que seria seguro contá-la. Como eu, Liselotte-san também tem memórias de sua vida anterior."

"Então, isso significa que vocês revelaram um para o outro sobre as memórias de suas vidas anteriores?"

"Sim. Eu recebi a permissão da Liselotte-san para contar isso se a Satsuki-san tivesse notado o segredo da Companhia Rikka por conta própria."

"Entendo. Nesse caso, está tudo bem confiar nela por enquanto, certo?"

"Sim. Ela é uma nobre do Reino de Galark, o que torna difícil confiar nela incondicionalmente nesse sentido, mas ela nos acomodará com o melhor de sua capacidade, desde que não se oponha ao reino. Ela também é conhecida por seu bom caráter como a governante de Amande.", disse Rio, se aprofundando nos traços de personalidade de Liselotte.

"Entendi, obrigada. Quero agradecê-la pessoalmente também, então vou falar com ela na próxima vez.", Satsuki sorriu de alívio ao ouvir que Liselotte era confiável por enquanto.



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