Capítulo 3: Seus Respectivos Sentimentos

 Após o banquete, Rio trocou de roupa no vestiário masculino antes de se encontrar com Satsuki e Miharu e voltar para seus aposentos. Satsuki ficou um pouco chateada até o final do banquete com o fato da Miharu ser a única com quem Rio não dançou, mas Miharu insistiu que ela estava bem, já que era constrangedor de qualquer maneira. Rio trouxe à tona o que havia falado com Charlotte durante a dança, o que levou Miharu a ouvir com uma cara séria.

"Entendo, Char-chan disse isso...", Satsuki colocou a mão na boca enquanto pensava. Para resumir as declarações de Charlotte:

Era compreensível que Satsuki desconfiasse do Reino de Galark. O reino também sabia por que ela se sentiria desconfiada. No entanto, eles esperavam formar um relacionamento de confiança, apesar disso. Se eles pudessem oferecer seu apoio, eles o forneceriam com prazer. Mesmo depois que Miharu apareceu, eles não tinham intenção de tomá-la como refém contra Satsuki, então ela poderia ficar tranquila em relação a isso.

O Reino de Galark não tentou interferir a fim de manter Satsuki com eles, então Satsuki não teve escolha a não ser aceitar a ajuda do Reino de Galark, enquanto cautelosa de ser usada para obter vantagens políticas. Este tinha sido o relacionamento deles até agora, mas...

O Reino de Galark nunca havia mencionado o fato de Satsuki não confiar neles até agora, embora eles devam ter suspeitado de tal coisa. Talvez seja porque eles tomaram isso como compreensão implícita, mas eles não perseguiram Satsuki agressivamente para conquistá-la.

"Como o Haruto-kun vê isso?", Satsuki perguntou.

"Primeiro, acredito que as palavras de Sua Alteza Real Charlotte foram definitivamente as palavras de Sua Majestade François."

".... Concordo.", se tudo até agora tivesse sido uma mentira, isso destruiria a confiança de Satsuki.

"Aliás, o Reino de Galark já disse antes que eles queriam que se filiasse ao reino deles e os ajudasse como seu herói, certo?"

"Sim. Mas, não fizeram nada mais do que isso. Eles entenderam minha cautela em ser seu 'herói', então mostraram sua consideração por meio de ações em vez de palavras. Como resultado, fui tratada como uma convidada temporária do Reino de Galark, o que criou condições muito positivas para mim...", disse Satsuki, murmurando enquanto pensava.

"Recentemente, a situação internacional tem estado mudando incessantemente, e agora que a Miharu-san e o Takahisa-san — quem Satsuki-san estava procurando — apareceram, o Reino de Galark deve estar buscando melhorar seu relacionamento com a Satsuki-san, não acha? É por isso que eles estão cruzando a linha que não haviam cruzado até agora. Ao colocar seu plano em palavras, eles dificultaram a tomada de ações contraditórias e, no momento em que o fizerem, arruinariam completamente a confiança que estabeleceram. Olhando para a atitude do Reino de Galark até agora e no futuro, parece que eles estão pedindo que Satsuki-san decida se deseja abordá-los e fazer um acordo ou não. Quanto a administração do reino, acho que apenas vai ter que aceitar que eles terão intenções calculistas...", Rio aconselhou Satsuki, dando sua própria suposição das intenções do reino.

".... Sim. Eu entendo, obrigada."

"Eu realmente não disse nada útil..."

"Isso não é verdade. Foi muito útil."

".... Então, o que vai fazer?", Rio queria saber quanto ela confiava no Reino de Galark e o quanto ela estava disposta a caminhar com eles no futuro.

".... Bem, é verdade que eles cuidaram das minhas necessidades vitais de graça, sem me forçar a fazer nada até agora. Eles podem estar apenas me enganando, mas acho que posso confiar no rei François, desde que nossos interesses se alinhem. Talvez eu tenha que falar com ele sobre a Aki-chan e o Masato-kun amanhã também.... Não pretendo confiar nele cegamente, mas posso me comprometer o suficiente para pagar as dívidas que devo a eles até agora. Seria desonroso simplesmente dizer 'Bem, adeus!', agora que encontrei a Miharu-chan e os outros.", mais do que tudo, seria irresponsável.

"Além disso, bem... consegui me reunir com a Miharu-chan e, depois de falar com o Haruto-kun sobre algumas coisas, pensei um pouco no futuro. Este reino também tem a Liselotte-san, e o Haruto-kun se tornou um cavaleiro honorário também.", Satsuki acrescentou, constrangida.

".... É só— e isso pode soar em vão — mas acredito que é possível que Sua Majestade tenha me nomeado com cavaleiro honorário na expectativa da Satsuki-san e eu ficarmos mais próximos.", Rio subitamente criou sua hipótese. Ter um amigo próximo afiliado criava um sentimento de familiaridade. Ele tinha uma cega suspeita de que tais sentimentos podem ter sido usados contra eles.

Eles poderiam ter alcançado seus objetivos levando Miharu para seu país, mas se insistissem demais em acolher uma garota normal como Miharu, isso poderia ser interpretado como fazer um refém, o que poderia se tornar uma fonte de desconfiança no futuro.

Nesse sentido, Rio pelo menos tinha força para não ser feito refém e recebeu publicamente uma posição como recompensa por derrotar intrusos no banquete. Mesmo que fosse com segundas intenções em mente, só poderia ser visto como um movimento positivo.

"Aah, certo. Pode ser. Se for assim, eles realmente podem estar me enganando.", Satsuki concordou com um sorriso agridoce.

".... É um mundo que eu não consigo acompanhar.", Miharu murmurou seriamente, com os olhos arregalados. Ela observou Satsuki com admiração por falar com Rio em um nível igual.

Nesse exato momento, houve uma batida na porta.

".... Eu me pergunto quem é a esta hora.", Satsuki virou a cabeça e olhou para a porta — o banquete havia acabado e era bastante tarde. Não seria estranho que as pessoas já estivessem dormindo.

".... Sim? Quem é?", Satsuki se levantou, se aproximou da porta e falou para a porta em voz mais alta.

"Takahisa-sama e Sua Alteza Real Lilianna do Reino Centostella chegaram.", respondeu a cavaleira que protegia a sala.

"Takahisa-kun... O que há de errado, vindo a esta hora?", Satsuki abriu a porta e recebeu Takahisa com um olhar surpreso.

"Implorei a Lily para ficar no Reino de Galark um pouco mais, mas esperava falar um pouco com você antes de você dormir...", Takahisa disse nervosamente.

"Eu sinto muito. Tentei impedi-lo porque era muito tarde, mas...", Lilianna acrescentou se desculpando. Rio e Miharu deveriam escapar furtivamente do castelo depois disso para ir para a casa de rocha, mas ainda era cedo.

"Estávamos prestes a dormir, mas se for só por um tempinho...", Satsuki deu de ombros, convidando Takahisa e Lilianna a entrar. Eles continuaram a conversar durante o chá por mais ou menos outra hora antes de Lilianna pedir a Takahisa que voltasse para seus aposentos.

◇ ◇ ◇

Tarde da noite, quando já era muito tarde para esperar mais hóspedes e o castelo se acalmou, Rio partiu para a casa de rocha com Miharu.

"Bem, então, cuidem-se.", Satsuki os viu partir enquanto Rio carregava Miharu para o céu noturno. Os dois se fundiram com a escuridão rapidamente, tornando difícil segui-los com o olhar desde o chão.

Para constar, Aishia já estava esperando na casa de rocha, então eles estavam completamente sozinhos. Mas eles não falaram por um tempo depois de partirem enquanto se esgueiravam pelos céus acima do castelo.

".... Está com frio?", Rio finalmente perguntou.

"Não. ... Haruto-san.", Miharu pressionou sua mão nas roupas do Rio e assentiu, antes de respirar fundo e levantar a cabeça.

".... O que é?", Rio respondeu um pouco tenso.

"Eu, estive pensando desde que tivemos nossa conversa. Sobre com quem eu queria estar."

"Sim.", Rio respondeu brevemente, esperando que ela continuasse.

"Eu quero ficar com o Haruto-san. Eu quero estar com o Haruto-san.", Miharu expressou em um tom forte.

"Eu... não sou o Amakawa Haruto.", Rio respondeu sombriamente.

"Para mim, você é tanto o Haruto-san quanto o Haru-kun.", Miharu balançou a cabeça e afirmou sem rodeios.

"Amakawa Haruto está morto."

"Mas, o Haru-kun está dentro de você.", a normalmente reservada Miharu recusou-se a recuar um milímetro.

"Mas agora, eu sou uma pessoa deste mundo. Mesmo que eu tenha as memórias e valores do Amakawa Haruto, essas não são minhas memórias e valores. Você ainda acredita que aquele Amakawa Haruto está em mim?", Rio também não recuou.

"Sim.", Miharu não hesitou em nada, balançando a cabeça com firmeza.

"......", Rio foi pego de surpresa. Ele queria refutá-la prontamente, mas as palavras não saíram.

"Eu quero estar tanto com o Haru-kun quanto com a pessoa em que o Haru-kun renasceu e cresceu; quero estar com ambos no futuro.", Miharu repetiu em objeção, enfatizando que ela definitivamente não considerava Rio como Amakawa Haruto.

"... O que vai fazer se ficar comigo? Não há nada que eu possa fazer por você. Estou vivendo para cumprir minha vingança.", Rio sentiu uma dor no peito, sua voz saiu com um raro tremor. Se Miharu o pedisse para desistir de sua vingança aqui, ele poderia desistir.

"Isso não importa. Mesmo assim, quero ficar com você.", quando Rio tentou rejeitá-la pelo raciocínio de que vivia de forma vergonhosa, Miharu respondeu com suas emoções. Mesmo que ela não soubesse o que era, ou o que estava esperando no futuro...

".... Você pode se arrepender um dia, quando eu acabar não sendo a pessoa que você pensava que eu era.", Rio cuspiu.

"Eu não vou. Mas eu definitivamente me arrependeria de sair do seu lado.", Miharu refutou com resolução.

"......", os olhos de Rio tremeram de hesitação. Ele não sabia que expressão fazer, seu peito estava apertando de dor.

Por quê? Por que ela iria querer estar com alguém como eu... Rio se perguntou.

"Ou, preferiria que eu não estivesse lá? Já tem a Ai-chan, Celia-san, Latifa-chan, Sara-chan, Oufia-chan, Alma-chan... Há tantas pessoas ao redor do Haruto-san o apoiando, e eu nem sou tão inteligente quanto a Satsuki-san. Então, se você não quer ter alguém tão impotente quanto eu por perto...", Miharu perguntou a Rio, expressando sua ansiedade.

".... Não é isso.", Rio negou com uma voz amarga.

"Então, o Haruto-san pensa assim sobre todo mundo? Que elas não deveriam estar com você.", a expressão de Miharu se contorceu e se enrugou quando ela perguntou.

"......", Rio não confirmou nem negou. Miharu interpretou isso como uma confirmação silenciosa.

"Nesse caso, por que nos ajudou tanto? Por que salvou Celia-san, que estava prestes a se casar contra sua vontade? Por que adotou a Latifa-chan como sua irmã mais nova?", Miharu ergueu a voz trêmula. Se ele pensava que ela ficaria melhor longe dele, então não deveria tê-la salvado desde o início.

No entanto, Rio salvou Miharu e os outros. Ele havia permitido que eles ficassem ao lado dele. Eles viveram juntos. Isso não foi nada mais do que uma medida temporária?

"......", Rio ficou em silêncio mais uma vez, franzindo as sobrancelhas e desviando os olhos. Ele não era capaz de dar uma resposta lógica.

"Depois de cuidar tanto de nós, de se tornar tão familiarizado conosco, de vivermos juntos como uma família... não há como aceitar que você se distancie assim. Isso é tão... egoísta...", a voz de Miharu sumiu fracamente, o que a fez soar ainda mais como um grito para Rio.

No entanto, Rio não tinha decidido sua vingança com uma resolução hesitante, também. Ele sabia que seu caminho seria sangrento e se preparou para seguir em frente.

"…...", ele não disse nada. Ele não conseguia.

É exatamente como a Ai-chan disse... O Haruto deste mundo tinha fechado seu coração. Foi o que Aishia disse a Miharu na noite em que teve o sonho em que Amakawa Haruto morreu. E agora que Miharu estava lhe contando seus sentimentos assim, Rio estava mantendo sua postura negativa.

Ele provavelmente permaneceria teimoso, não importa o que ela dissesse. Experimentando intensamente as palavras de Aishia se concretizando, Miharu olhou para o rosto de Rio com uma terrível tristeza em seus olhos.

No entanto, Aishia também disse isso: se Miharu realmente queria ficar com o Haruto no futuro, então ela não poderia fugir.

É por isso que Miharu não desistiu. Se ela não pudesse convencer o Haruto completamente aqui, ela se agarraria a ele com tudo que ela tinha.

"Haruto-san, quando viemos para a capital, você me prometeu no convés da aeronave encantada da Liselotte-san, certo? Que respeitaria a minha vontade."

".... Sim.", parecia que ele ainda se lembrava. Rio assentiu em um ângulo estranho.

"Eu quero ficar com você."

"…..."

"Eu quero ficar, com você. Haruto-san, Haru-kun.", no silêncio de Rio, Miharu simplesmente se repetiu.

"…..."

"Haru-kun.", ela repetiu novamente. Rio tinha uma expressão claramente amarga em seu rosto quando ela o chamou por esse apelido.

".... Eu entendo.", ele suspirou, assentindo.

"Obrigada.", o rosto de Miharu iluminou-se de felicidade.

"Não há necessidade de se apressar em responder, então tome seu tempo para decidir. Ainda estaremos juntos por enquanto.", disse Rio, sugerindo um compromisso.

"Sim. Entendi.", Miharu assentiu com um sorriso puro e gentil. Rio observou seu rosto, então desviou o olhar de seu esplendor.

"Por favor, pare com o 'Haru-kun'.", ele acrescentou com uma cara mal-humorada. Mesmo que ela o chamasse por esse nome, Rio não era capaz de responder a Miharu como o Amakawa Haruto.

◇ ◇ ◇

Quase meia hora depois, Rio e Miharu chegaram à casa de rocha e estavam sentados de frente para Aki e Masato na sala. Os outros residentes também estavam presentes ao seu redor.

Mais de meio dia se passou desde que Aishia explicou as circunstâncias para eles — agora, era hora de ver se suas resoluções permaneceram firmes.

"Como já ouviram falar da Aishia, encontramos o Takahisa-san. Ele está atualmente no castelo real do Reino de Galark e sabe que vocês dois estão seguros. O Takahisa-san queria muito vê-los, mas primeiro precisamos perguntar... o que vocês dois querem fazer?", Rio perguntou, indo direto ao ponto.

"Eu vou! Eu quero ver o Onii-chan!", Aki olhou para Rio e Miharu, respondendo imediatamente sem nenhum sinal de hesitação. Essa era a resposta que eles esperavam. Rio começou a olhar para Masato em busca de sua resposta.

"E o Masato?"

"Hmm... eu quero vê-lo, eu acho. Especialmente se ele quiser me ver.", Masato murmurou como se estivesse considerando seus sentimentos uma última vez.

"Entendi. Além disso, como esperávamos, Takahisa-san está dizendo que quer a custódia de vocês dois. O que querem fazer sobre isso?", Rio perguntou.

"Eu, quero ficar com o Onii-chan.", Aki ainda parecia um pouco hesitante, pois seus olhos olhavam para o chão ao responder.

"Eu... como eu disse antes, se parecer que não posso voltar facilmente, então eu quero ficar com o Haruto-niichan. Eu ainda tenho que manter minha promessa com o Arslan, e eu preciso que supervisione minha prática com a espada.", Masato também não parecia estar absolutamente certo de sua resposta, já que sua voz estava um pouco rígida.

"Takahisa-san é o herói do Reino Centostella. Vocês já devem ter ouvido da Celia-sensei, mas o reino está fechado e seus assuntos internos são desconhecidos. É possível que se vocês seguirem o Takahisa-san... podemos não ser capazes de nos encontrar de novo facilmente.", Rio olhou para Celia, que estava sentada separada deles enquanto observava sua conversa, enquanto ele dava seu palpite sobre o que Masato temia. Foi uma explicação direcionada a Aki.

"......", Aki parecia ter alguns pensamentos sobre isso, já que pressionava os lábios com firmeza.

"A propósito, quanto ao Reino de Galark, eles têm mantido sua postura de não fazer qualquer coisa a qual Satsuki-san se oponha. Eles não fizeram nenhum movimento para tomar a Miharu-san como refém ou usar seu relacionamento com Satsuki-san. Dito isso, não há garantia de que o mesmo se aplicaria ao Reino Centostella, embora parecesse que eles estavam priorizando a vontade do Takahisa-san sobre qualquer outra coisa. O resto não sabemos ao certo.", explicou Rio, olhando para Aki e Masato novamente.

"Então, esta é a última vez que vou perguntar. Ao se encontrarem com o Takahisa-san, que está na companhia de alguém com poder, vocês podem estar restringindo sua própria liberdade no futuro. As coisas podem não sair do seu jeito e vocês podem até ser tratados injustamente. Apesar disso, vocês dois querem ir ao castelo para ver o Takahisa-san. Não há engano, certo?", ele disse cuidadosamente.

".... Sim."

"Certo."

Aki e Masato engoliram em seco e assentiram.

"Entendido. Amanhã, ou melhor, ao meio-dia de hoje, vamos levar vocês dois para o castelo. Com isso resolvido, há outra coisa que eu gostaria de falar...", a boca de Rio se contraiu em uma linha tensa enquanto fixava seu olhar em Aki. Aki inclinou a cabeça e olhou para ele.

Sem saber por onde começar, Rio contemplou por um momento antes de começar a falar.

"Vou contar a todos o que venho escondendo. Eu já disse a Latifa e a Celia-sensei, e ao grupo da Miharu-san antes, mas será novidade para o grupo da Sara-san — eu tenho memórias da minha vida passada.", primeiro, Rio olhou para o sofá no canto da sala onde a bestial Sara, a alta elfa Oufia e a anã anciã Alma estavam sentadas juntas.

"Memórias da sua vida passada...?", a mudança abrupta de assunto deixou o grupo de Sara arregalando seus lindos olhos. Ao lado delas, a expressão de Latifa também havia mudado.

"Vocês se lembram da reunião com os anciões antes de eu levar o grupo da Miharu-san para a vila? Onde surgiu a questão de como eu era capaz de ensinar a língua deste mundo e se eu sabia a língua do mundo deles?", Rio perguntou.

"Sim...", o grupo de Sara trocou olhares e assentiu. Naquela vez, elas participaram da reunião entre Rio e os anciões, mas Rio não disse por que conhecia a língua do mundo da Miharu e os demais em voz alta. Como resultado, isso estava no canto de suas mentes esse tempo todo, embora elas não tivessem perguntado sobre isso em consideração.

"Isso foi porque eu tenho as memórias de um humano que nasceu no mesmo mundo que a Miharu-san e os demais. Eu informei aos anciões assim que levei o grupo da Miharu-san para a vila, mas foi meio difícil encontrar o momento certo para contar a todas. Sinto muito por isso.", Rio desdobrou as mãos de seu colo e corrigiu sua postura, baixando a cabeça.

"Não, não há necessidade de se desculpar."

"Sim, entendemos as circunstâncias.", Sara e Alma falaram primeiro.

"Em vez disso, nós devíamos agradecê-lo por nos contar, não é?", Oufia acrescentou com um sorriso, concordando com as duas. Rio quase sorriu de alegria ao ouvir isso, mas a verdade que estava prestes a revelar o fez morder os lábios.

"Eu agradeço... E então, passando ao assunto principal em mãos, isso é algo que eu tinha escondido até mesmo da Miharu-san até outro dia.…", olhando mais uma vez para Aki, o tom de Rio foi um pouco evasivo enquanto falava. Imaginar como Aki reagiria o deixou um pouco assustado, mas ele tinha que dizer isso.

"Isso é mesmo algo que deveria nos contar, Rio? Você não tem que se forçar por nossa causa.", Celia parecia ver a sombra no rosto de Rio, e expressou sua preocupação por ele em uma voz gentil. No entanto, Rio já havia tomado sua decisão e assentiu antes de começar a falar novamente.

"Isso está tangencialmente relacionado, mas na segunda noite do banquete, houve um incidente em que alguns intrusos conseguiram invadir. Eu ajudei a repelir os atacantes e fui nomeado cavaleiro honorário pelo rei do Reino de Galark."

"V-Você... É um cavaleiro honorário...?", a revelação deixou Celia, uma antiga nobre, chocada. No entanto, não pareceu registrar para os outros, que pareciam confusos em vez disso.

"É uma função incrível?", Sara perguntou a Celia com curiosidade.

"S-Sim. É um título de prestígio concedido a alguém com façanhas militares notáveis e dá a ele uma posição com direitos especiais, mas sem dever para com o reino. Eles são vistos como o mesmo posto que os condes e outras nobrezas de classe alta, então raramente alguém é nomeado...", explicou Celia, olhando fixamente para o Rio.

"Hmm, em outras palavras, você se tornou um nobre do Reino de Galark, Haruto-niichan?", Masato perguntou secamente.

"Bem, me pergunto se esse é o caso. Não é como se eu estivesse servindo ao reino, então não tenho que fazer nada em particular."

"Mas, o que se tornar um cavaleiro honorário tem a ver com a vida passada do Haruto-san?", Alma inclinou a cabeça para o lado.

"Me foi permitido ter um nome de família quando fui nomeado cavaleiro honorário. Haruto era meu nome da minha vida passada, mas por várias razões, eu fiz meu sobrenome ser igual ao da minha vida passada também."

Enquanto Rio falava, a expressão de Aki congelou enquanto ela o olhava fixamente. Seu coração batia incessantemente com uma sensação de mau agouro.

"Qual era o sobrenome, Onii-chan?", Latifa percebeu a mudança na expressão de Aki ao mesmo tempo em que adivinhou o que estava acontecendo, então ela interrompeu com uma pergunta para ligar os pontos.

"Amakawa... Haruto Amakawa. Esse é o meu nome como um cavaleiro honrado. Também é o nome que eu tinha na minha vida passada, onde fui amigo de infância da Miharu-san e irmão mais velho da Aki-chan.", Rio fixou seu olhar em Aki e falou para ela solenemente. Por um momento, todos, exceto Aishia, Latifa e Miharu — que já estavam sabendo — pareceram chocados.

No caso de Aki, sua expressão foi completamente apagada de seu rosto.

"—...!", depois de um tempo, ela cerrou os dentes com uma cara amarga. Ao mesmo tempo, os outros que estavam fora do círculo gritaram juntos.

"Eeehhh—?!"

"Ha? Eh? —Espera, eh? E-Eehhh?!", o queixo de Masato caiu, atordoado. Ele olhou entre Rio e Miharu várias vezes.

"Por que...?", uma expressão perplexa apareceu no rosto de Aki enquanto ela falava. Raiva, confusão e autocontrole — Essas três emoções giravam juntas em seu peito. Ela tentou dizer algo apesar de tudo, mas cada vez que tentava, ela fechava os olhos para suprimir sua fúria.

"E-Espere um minuto! Eu não consigo acompanhar o que está acontecendo. Em primeiro lugar, eu nem sabia que a Aki-neechan tinha um irmão antes de nossos pais se casarem!", Masato parecia não saber nada sobre Aki antes do divórcio dos pais dela.

".... Eu não tinha.", Aki sussurrou.

"H-Haa? Não, mas...", mas ele estava bem ali. Sem saber o que estava acontecendo, Masato olhou para Rio e Miharu.

"Ela tinha. Ela tem, Aki-chan tem um irmão mais velho chamado Haru-kun. Como amiga de infância, posso testemunhar isso.", Miharu estava segurando sua língua para que Rio pudesse explicar as coisas em suas próprias palavras, mas ela o interrompeu neste momento.

"Eu não tenho! Meu Onii-chan não se chama Amakawa Haruto! Ele é Sendou Takahisa! Eu sou Sendou Aki agora! Não conheço ninguém que nunca tenha nos contatado, mesmo quando a Okaa-san estava chorando sozinha e adoeceu devido ao excesso de trabalho!", Aki gritou de volta, sua voz estava cheia de emoção.

"Aki-chan! Ouça o que o Haruto-san tem a dizer. O Haruto-san não estava—", Miharu objetou a Aki em frustração, mas foi interrompida.

"Está bem. Isso não muda o fato de que o Amakawa Haruto nunca fez algo fraternal pela Aki-chan. Agora ele está morto e eu não sou o Amakawa Haruto, então não há razão para eu agir como um irmão mais velho agora. Não posso dizer nada egoísta assim.", disse Rio, parando Miharu calmamente.

"............", em vez de nuvens escuras pairando sobre eles, foi mais como se um tufão repentino tivesse atingido a sala, deixando as garotas não relacionadas com a situação observando em silêncio. Elas trocaram olhares para verificar se deveriam interromper, mas decidiram que era melhor deixar seus pensamentos se chocarem um pouco mais.

".... Por que, por que está revelando isso agora?! Se ao menos.... Se eu não tivesse que saber... que você era essa pessoa!", ela queria respeitá-lo como a pessoa que a salvou. Ela estava mais feliz por não saber da verdade. Ele deveria ter permanecido em silêncio sobre isso — isso era o que Aki estava expressando silenciosamente para Rio em seu olhar.

No entanto, Rio olhou para Aki em silêncio. Ele estava objetando em retorno com seus olhos e expressão que havia necessidade disso.

"Porque havia algo que eu não tinha contado a você. Porque eu senti que era algo que você deveria saber. Tive a sensação de que você odiava o Amakawa Haruto, com base em nosso tempo morando juntos. É por isso que eu sabia que você ficaria com raiva se eu contasse sobre minha vida passada, mas também pensei que tinha que te contar corretamente."

"Algo que eu deveria saber?", Aki perguntou em uma voz cheia de raiva.

"Sim. Eu já disse a você que o Amakawa Haruto.... Minha vida passada em minhas memórias, morreu como um estudante universitário, certo?", no momento em que o nome Amakawa Haruto foi citado, Aki fez uma careta, deixando Rio esclarecer antes de continuar.

"......", era verdade — ele havia dito isso. Aki parecia se lembrar, mas não assentiu.

"Miharu-san vagou por este mundo quando tinha quinze anos, no primeiro ano do ensino médio. Eu nasci no mesmo ano que ela e morri com vinte anos, no verão do meu segundo ano de universidade. No entanto, embora eu tenha morrido mais tarde, renasci neste mundo antes que todos viessem aqui. Você não acha isso estranho?", Rio explicou.

"Ah...", até mesmo Aki, cujo sangue estava fervendo, percebeu a anormalidade na linha do tempo.

"Quando entrei no ensino médio, eu voltei para a cidade onde cresci para morar sozinho. Foi quando entrei na mesma escola que a Miharu-san e soube do incidente quando Miharu-san desapareceu. Imediatamente depois de fazer vinte anos, também visitei minha mãe pela primeira vez em treze anos."

"Mãe... Você foi vê-la? Depois que nós desaparecemos...", os olhos de Aki estavam cheios de surpresa.

"Sim. Na época, Tou-san tinha escondido as circunstâncias de mim, então eu não sabia que a Aki-chan também tinha desaparecido, então, perguntei para a Kaa-san se estava tudo bem com você. E ela me disse que você estava bem...", nem todos os fatos em torno disso eram claros, então a voz de Rio estava um pouco incerta enquanto ele falava. É bem possível que seu pai tenha sido informado do desaparecimento de Aki, mas não tenha passado essa informação para o Haruto.

"E-Então, isso significa que voltamos à Terra em quatro anos?!", foi assim que Aki interpretou sua linha de pensamento.

".... Isso eu não sei.", Rio negou com a cabeça lentamente.

"P-Por quê?"

"Naquela ocasião, perguntei se a Miharu-san ainda estava desaparecida. Então, ou Aki-chan conseguiu voltar para a Terra sozinha de alguma forma, ou Kaa-san mentiu para mim para evitar que eu me preocupasse...", Amakawa Haruto não havia se encontrado com Aki naquela vez, e não havia como confirmar agora.

"......", Aki olhou para Miharu suplicante. Ela provavelmente considerou que uma opção onde ela retornava à Terra e Miharu não, fosse impossível.

"É possível que você volte em quatro anos, e é possível que mais de quatro anos se passem sem que você volte. Eu só quero que você saiba disso. É por isso que eu tive que te contar sobre a minha vida passada. Isso é tudo que tenho a dizer.... Se você tiver alguma dúvida, fique à vontade para perguntar.", Rio disse para uma Aki silenciosa. Ele pensou em contar a ela a verdade sobre o divórcio dos pais por um momento, mas concluiu que não havia necessidade no momento.

"......", a expressão de Aki azedou quando ela olhou para o rosto de Rio, e ela desviou o olhar.

"Masato também, se você tiver alguma dúvida, vá em frente. Lamento por confundir a todos com este tópico repentino. Se houver alguma coisa que vocês queiram que eu fale, eu falarei.", Rio disse com um sorriso ligeiramente amargo no rosto.

"Minha cabeça está completamente em branco agora, então não consigo pensar em nada... Bem, eu estou surpreso, mas não estou particularmente zangado nem nada.", disse Masato, olhando para Aki. Celia e as outras garotas se entreolharam, mas não disseram nada.

"Que tal tomarem um tempo para pensar um pouco? Não podemos ficar até tarde porque precisamos nos preparar para as coisas pela manhã, mas ainda há tempo até que tenhamos que voltar.", Rio sugeriu, olhando para os rostos de todos. Com isso, Aki se levantou sem dizer uma palavra e prontamente saiu da sala para seu próprio quarto.

"Eu, vou falar com a Aki-chan.", disse Miharu, levantando-se silenciosamente para seguir Aki. Então, uma vez que as duas saíram da sala, Aishia e Latifa se levantaram ao mesmo tempo, se aproximaram de Rio e sentaram-se, uma de cada lado dele.

"O meu Onii-chan ainda é o Onii-chan na minha frente agora.", disse Latifa, agarrando-se ao braço de Rio como uma criança mimada.

".... Obrigado.", Rio sorriu brilhantemente. Aishia não disse nada, mas ela se aninhou mais perto do Rio.

"Mō~, essas crianças...", não havia como baixar a guarda. Celia suspirou exasperada.

"Você não deve se culpar muito. Além disso, não se sobrecarregue com tudo isso sozinho. Esse é um mau hábito seu. Você estava apenas reprimindo todos aqueles sentimentos sobre a Aki sozinho, não estava?", ela perguntou ao Rio.

"Era um problema sobre o qual eu realmente não conseguia falar, então achei que era impossível.", Rio olhou para o teto, tendo dificuldade em encontrar uma resposta apropriada.

"Mas, se você está com dor, mesmo que não possa dizer por quê, você ainda pode, você sabe...", as palavras de Celia morreram em um murmúrio. Ele estava autorizado a depender delas. Elas poderiam acariciar sua cabeça ou abraçá-lo se ele precisasse.

"Isso mesmo. Já se passaram anos desde que nos conhecemos, sabe? Já que estamos morando juntos, se você está com dor... há várias coisas que podem ser feitas!", Sara estava totalmente de acordo com Celia.

"Quais são essas várias?", Alma perguntou a Sara com uma gargalhada.

"V-Várias coisas são várias coisas! Algo como, nos divertirmos juntos.", Sara respondeu em uma voz aguda.

"Por exemplo, algo como acariciar a cabeça do Rio-san?", Oufia propôs.

"Isso mesmo!", Sara assentiu com firmeza.

"Algo como abraçá-lo?"

"Isso mesmo!"

"E lhe oferecer um 'travesseiro de colo'?"

"Isso me— espera, o que você está tentando me fazer dizer?!", Sara assentiu para encobrir seu constrangimento, mas quando ela percebeu que o exemplo que Oufia propôs era ainda mais embaraçoso, ela corou.

"Hmm, Sara-chan está dizendo isso, mas eu farei isso sempre que você quiser, por favor, basta dizer, Rio-san. Certo, Celia-san?", Oufia estava se sentindo bastante ousada hoje.

"Heh...? Ah, bem, sim.", as bochechas de Celia coraram levemente enquanto ela assentia levemente a cabeça.

"…. Então, eu também.", Alma ergueu a mão.

"Então eu vou ser muito mimada pelo Onii-chan!", Latifa apertou o braço do Rio ainda mais forte. Aishia ainda estava completamente pressionada contra o Rio.

"E-Eu também posso fazer isso! Se o Rio-san pedir!", Sara se ofereceu nervosa.

"Veja, quantas garotas estão preocupadas com você. Já que chegou a esse ponto, você só terá que falar conosco da próxima vez que estiver preocupado sobre a Miharu, sobre a Aki— sobre qualquer coisa. Nos deixar de fora até que o problema venha à tona nos faz sentir como se fôssemos estranhas.", Celia disse ao Rio em nome do grupo.


"Ahaha...", Rio sorriu com os olhos fechados, sem se preocupar em responder.

Enquanto isso, Masato assistia aquela interação acontecer lateralmente. Hmm. Não parece uma atmosfera que eu deva interromper. Que inveja, Haruto-niichan. Mas nunca imaginei que a Aki-neechan teria um passado assim... Ele cruzou os braços com um olhar contemplativo e cantarolou.

"O que há de errado, Masato?", Rio ignorou seu próprio constrangimento falando com o Masato.

"Nada, eu só estava pensando que se a Aki-neechan e o Haruto-niichan foram irmãos em sua vida passada, então isso meio que faz do Haruto-niichan meu irmão mais velho também, embora não sejamos parentes de sangue. Aki-neechan pode ter dito o que ela disse, mas eu penso no Haruto-niichan como um irmão mais velho de verdade.", Masato coçou o nariz timidamente enquanto falava com Rio.

"Ah, obrigado, Masato.", os olhos de Rio se arregalaram antes de agradecer a Masato com um sorriso gentil.

" Mō~, no entanto, ser mimada pelo Onii-chan é o meu trabalho, certo, Masato-kun?", aparentemente, isso acendeu o desejo de Latifa de monopolizar seu irmão.

"Ahaha. Eu sei. Só vou apenas pedir a ele que cuide da minha prática com a espada.", Masato deu de ombros com uma risada.

"Tudo bem.", Latifa assentiu com satisfação. "Mudando de assunto, Onii-chan.", ela de repente olhou para o rosto de Rio.

"O que?", Rio inclinou a cabeça em resposta a Latifa, com uma expressão gentil em suas feições.

"Posso sentir o cheiro de mulheres que eu não conheço no corpo do Onii-chan.", Rio congelou quando o nariz de Latifa se contraiu enquanto ela o cheirava. Afinal, ela era uma bestial raposa com sentidos aguçados. Sara, a bestial loba prateada, também havia notado, enquanto fazia uma cara que parecia dizer: "Ah—, ela realmente perguntou."

"... Aah, isso é porque eu dancei com muitas pessoas no banquete.", ele respondeu brevemente a Latifa, que olhou para ele como se perguntasse quem. No fundo da mente de Rio, ele se lembrou de como Charlotte o havia agarrado constantemente durante toda a noite.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, Aki fechou a porta e entrou em seu quarto antes de cair na cama. Momentos depois, a porta se abriu novamente quando alguém entrou. A porta se fechou atrás delas. Como a casa era feita de rocha, era completamente à prova de som com as portas fechadas e ninguém de fora podia ouvir a conversa.

"... O que é, Miharu-oneechan?", ela sabia quem era sem precisar olhar.

"É sobre o Haruto-san. Também, sinto que tenho que me desculpar com a Aki-chan."

".... Por que a Miharu-oneechan? E por que teria que se desculpar?", Aki perguntou, decidindo tocar no último tópico primeiro.

"Eu não tinha ideia de como interagir com a Aki-chan depois que fechou seu coração para o Haru-kun, então eu sempre fugi disso. Usei o fato de que nosso relacionamento poderia terminar como uma desculpa, quando na realidade, eu não tinha coragem de encarar isso de frente. Embora eu seja como uma irmã mais velha para a Aki-chan... Sinto muito.", Miharu disse com vergonha. Quanto mais hostilidade Aki tinha em relação ao Haruto, mais fortemente Miharu se sentia ciente do quão precioso Haruto era para ela. No entanto, Miharu nunca foi capaz de confrontar esses sentimentos com Aki.

Ela estava preocupada que confrontar Aki teria arruinado o relacionamento delas. No entanto, se ela a tivesse confrontado, então poderia ter sido capaz de lançar alguma luz positiva sobre esses sentimentos ruins. Em vez disso, sua evasão resultou em deixar Aki ainda mais chateada agora, Miharu pensou.

"Isso não é.... verdade. Mesmo depois que aquelas pessoas desapareceram, Miharu-oneechan sempre foi a única ao meu lado. Miharu-oneechan não fugiu de forma alguma. Sempre ficou comigo. Então, não se desculpe. Por que está se desculpando? Não há nada para se desculpar!", apesar de estar à beira das lágrimas, Aki sorriu e abriu seu coração.

"Não. Eu tenho que me desculpar. Eu, não vou mais fugir.", Miharu disse resolutamente.

"—..., não vai mais fugir?", Aki perguntou em uma voz chorosa.

"Sim. Eu. De agora em diante vou expressar minhas próprias opiniões. Até agora, sempre me rendi a Aki-chan sempre que minha opinião conflitava totalmente com a sua. Mas eu percebi que fazer isso não estava beneficiando a Aki-chan e, acima de tudo, não estava me beneficiando também."

"—...", Aki mordeu o lábio com tanta força que quase tirou sangue.

"Aki-chan, odeia esse Haruto-san de agora?"

".... Quem eu odeio é o Amakawa Haruto."

"Essas são emoções ilógicas. Você mesma entende isso, não é? Aquele Haru-kun era apenas uma criança como nós na época. Na verdade, ele tentou voltar para nós quando entrou no ensino médio.", disse Miharu, expressando para Aki os sentimentos que ela havia mantido reprimidos até agora.

"......", Aki ficou em silêncio, com uma expressão amarga.

"Mas, isso significa que não odeia o Haruto-san, então...", disse Miharu, parecendo um pouco aliviada.

"... eu não sei.", Aki murmurou.

"Não sabe?", Miharu perguntou com cuidado.

"Haruto-san é nosso salvador, e eu o respeitei até agora como uma pessoa maravilhosa, então não posso odiá-lo. Mas eu odeio o Amakawa Haruto. É por isso que não sei o que fazer.... Se gosto dele ou o odeio, simplesmente não sei. Isso mesmo— é ilógico! Eu sou ilógica! Mas eu não posso evitar! Até a menção do nome dele me irrita!", a raiva cresceu em Aki enquanto ela falava, fazendo-a começar a gritar.

"Aki-chan.…", o rosto de Miharu nublou-se de tristeza.

"Desculpa. Por favor saia. Não acho que posso falar calmamente até mesmo com a Miharu-oneechan agora.", Aki cuspiu em um tom espinhoso, como se ela estivesse suprimindo a raiva fervente dentro dela.

".........", Miharu havia dito o que ela precisava dizer, mas deu uma pausa mesmo assim, se perguntando se havia algo mais que ela pudesse dizer.

"Saia, por favor!", Aki gritou, com sua raiva explodindo.

"Você vai conversar comigo de novo depois que se acalmar?", Miharu perguntou suavemente, mas com firmeza.

"Está bem!", a resposta de Aki foi quase histérica. Sem dizer outra palavra, Miharu deu meia-volta e saiu do quarto.

"Quero ver você logo, Onii-chan.…", Aki murmurou para si mesma tristemente quando ficou sozinha.

◇ ◇ ◇

A primeira coisa que Miharu viu depois de sair do quarto de Aki e voltar para a sala foi Rio sendo pressionado contra Aishia e Latifa, que estava cheirando seu corpo enquanto se agarrava a ele.

Os olhos de Miharu se arregalaram em choque. Era a calorosa e agradável cena de sempre em suas vidas diárias. No entanto, era uma cena que ela não podia ver enquanto eles estavam no castelo. Mesmo que eles tivessem ficado no castelo apenas por alguns dias, ela tinha sentido tanta falta de ver isso.

Aah, se eu morasse longe do Haruto-san, também não seria capaz de ver isso... Miharu assistia a cena comum se desenrolar diante dela, apreciando sua visão. Sua mente estava tão ocupada com o problema entre Rio e Aki, que ela tinha esquecido quão preciosos todos aqui eram para ela também.

Ela sabia que, realisticamente, seria difícil ficar com todos para sempre. Mas ela não queria perder a vida que tinha aqui. Miharu teve uma opinião forte sobre isso.

"Miharu, já está bem?", Sara notou Miharu parada na beira da sala e caminhou até ela.

"Sim. Por outro lado, que agitação foi essa aqui?", Miharu observou Rio e os outros com um sorriso.

"Latifa repentinamente trouxe à tona como o cheiro de mulheres desconhecidas estava pairando no corpo do Rio-san. Segundo o Rio-san, elas eram apenas suas parceiras de dança no banquete.", Sara suspirou cansada.

"Ahaha. Se é um cheiro desconhecido por todas, pode ser o da princesa Charlotte. Ela ficou bem apegada ao Haruto-san a noite toda...", Miharu se lembrou de como ela não tinha sido capaz de dançar com Rio no banquete e sorriu um pouco tristemente.

"Então é assim mesmo. Mais importante, isso é algo que todas disseram ao Rio-san agora, mas estaremos sempre aqui para ouvir suas preocupações. Não seja uma estranha e se apoie em nós também. Afinal, somos uma família.", Sara fez uso de toda a sua liderança natural para parecer digna e confiável para Miharu.

"... Sim. Obrigada.", Miharu abriu um sorriso feliz, assentindo a cabeça obedientemente.

"Bom. Então, vamos voltar?"

"Sim.", Miharu respondeu. Sara a levou para o meio da sala.

"Miharu-chan, Sara-chan, venham sentar aqui.", como de costume, Oufia tomou a iniciativa de convidá-las a sentarem em lugares próximos. Tendo acabado de ter essa conversa mais cedo, elas estavam se sentindo estranhamente conscientes umas das outras, então elas estavam muito gratas por continuarem sem preocupações ou constrangimento. Uma interação normal — essa era uma coisa muito preciosa.

Então, uma vez que Miharu e Sara se sentaram—

"Miharu-san, como foi com a Aki-chan?", Rio perguntou. Ele deve ter ficado preocupado. Se essa preocupação veio do Haruto, ou se veio do Haru-kun, Miharu ainda não sabia...

".... Certo. Eu disse o que tinha a dizer, mas o coração dela não se adaptou a tudo ainda, então ela vai falar comigo depois que se acalmar. Vou tentar falar com ela novamente mais tarde, também.", o problema seria resolvido um dia com certeza, Miharu decidiu enquanto informava ao Rio sobre o estado de Aki. Rio deu um sorriso ligeiramente fraco enquanto abaixava a cabeça para Miharu.

".... Eu entendo. Por favor."

Depois disso, eles discutiram como levariam Aki e Masato para o castelo no dia seguinte. Aki se recusou a olhar ou falar com o Rio, até que Rio e Miharu voltassem ao castelo.



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