Capítulo 1: Depois Da Audiência
Na sala de audiências do Reino de Galark...
"Haruto Amakawa. Se eu puder me apresentar assim daqui em diante...", Rio disse com determinação ao rei François, na presença de todas as figuras importantes de reinos estrangeiros que estavam presentes.
"Amakawa..."
"É uma palavra de outro reino?"
"Não estou familiarizado com esse..."
"Eu também não."
"Que tipo de significado ele tem?"
O nome de família desconhecido não havia sido registrado com eles, enquanto os sussurros se espalhavam pelo corredor. Ao mesmo tempo, havia pessoas com reações notáveis presentes: Satsuki e os outros três Heróis que haviam sido invocados do Japão.
"Haruto Amakawa... Amakawa, Haruto?", murmurou baixinho o Herói invocado no Reino de Bertram, Shigekura Rui. Quando ele inverteu a ordem do nome e do sobrenome, parecia um nome japonês...
"Oi, oi, esse não é um nome japonês? Ele disse que nasceu e foi criado neste mundo, no entanto. O que está acontecendo?", disse o Herói da Restoration, Sakata Hiroaki, enquanto franzia as sobrancelhas em suspeita.
"Quem é ele...", o Herói invocado no Reino Centostella, Sendou Takahisa, olhou confuso para Rio antes de imediatamente olhar para Miharu, que havia vivido junto com Rio até agora.
"......", Miharu continuou observando Rio com a respiração presa. O Herói invocado do Reino de Galark, Sumeragi Satsuki, estava bem ao lado dela.
"Amakawa Haruto. Esse é o nome japonês dele, então? Parece meio familiar, no entanto...", ela murmurou baixinho para que ninguém pudesse ouvir, inclinando a cabeça com um olhar inquieto enquanto refletia sobre o nome.
Era natural que ela achasse o nome familiar. Haruto e Satsuki haviam se encontrado uma vez antes, no dia da cerimônia de entrada na escola.
Tendo experimentado treze anos desde então, Amakawa Haruto — Não, Rio tinha esquecido completamente o nome de Satsuki, mas para Satsuki, o evento havia ocorrido alguns meses atrás.
No dia da cerimônia de entrada, era dever de Satsuki como membro do conselho estudantil supervisionar os novos alunos. Mas o número de alunos com quem ela realmente falou por tempo suficiente para pegar seus nomes foi pequeno o suficiente para permanecer em sua memória.
"Amakawa é uma palavra desconhecida para mim. Você poderia explicar por que escolheu este sobrenome e qual o significado dele?", o rei François perguntou ao Rio.
"É uma palavra usada na terra natal dos meus pais falecidos, ou foi o que minha mãe me disse quando eu era jovem. Não sei o significado por trás da palavra, mas é como uma lembrança para mim, por isso pensei em torná-lo meu nome de família.", Rio respondeu suavemente.
Dos presentes na sala de audiências, os únicos que sabiam que o Rio tinha uma vida passada eram Miharu e Satsuki, além de Liselotte, que foi informada disso para que eles comparecessem ao banquete. Seus olhos se arregalaram ligeiramente quando Rio de repente disse o nome "Haruto Amakawa" em voz alta, mas ela observava a situação cuidadosamente com sua atenção no homem em questão.
Os outros Heróis tinham olhares contemplativos em seus rostos, mas eles não pareciam achar isso suspeito. A realeza e a nobreza presentes também não tinham dúvidas em particular.
"Entendo, uma lembrança de seus pais... Muito bem. Eu, François, dou minha aprovação. Não haverá revogação dessa regra mais tarde. Você tem alguma objeção?"
"De forma alguma. Seria meu maior prazer.", Rio abaixou a cabeça respeitosamente.
"Então, de hoje em diante, você é o Kuro no Kishi, Haruto Amakawa. Fomos interrompidos por bandidos na noite passada, mas graças aos esforços do Haruto e do Shigekura-dono, nem uma única vida foi perdida. A segurança foi aumentada e a terceira noite do banquete começará. Anunciarei formalmente a nomeação de nosso novo cavaleiro honorário lá. Aguardem ansiosamente por isso.", François disse com um largo sorriso.
"Sim...", Rio assentiu enquanto aplausos comemorativos ecoavam pela sala pelo nascimento de um novo cavaleiro honorário. Embora houvesse algumas pessoas entre eles, incluindo os Heróis, que tinham diferentes expressões em seus rostos.
"Com isso, a audiência está encerrada. Pessoal, vocês podem ir embora.", François se levantou. Sua seguinte programação deve ter se aproximado, pois ele saiu rapidamente. Enquanto isso, a realeza e a nobreza presentes se agitaram enquanto hesitavam em se aproximar do Rio.
"Haruto-kun.", Satsuki chegou primeiro até o Rio, levando Miharu junto com ela pela mão.
"Chegaram no momento ideal. Há algo que eu queria falar com vocês duas.", Rio respondeu a elas com uma expressão suave, mas pesada.
"Tudo bem, mas...", Satsuki assentiu, olhando para Miharu. Miharu estava olhando para o rosto do Rio.
"Eu vou contar tudo. Incluindo tudo o que escondi da Miharu-san até agora.", mesmo depois de anunciar o nome de Haruto Amakawa, Rio interagiu com Miharu como a pessoa que ela conhecia agora. No entanto, havia a possibilidade de que isso foi devido as pessoas ao seu redor que os observavam.
".... Sim.", Miharu assentiu lentamente. Foi então que o amigo da Miharu e da Satsuki, Takahisa, veio correndo. Bem atrás dele estava a primeira princesa do Reino Centostella, Lilianna.
"Miharu, Satsuki-san."
"Takahisa-kun, sinto muito. Temos algo a discutir com o Haruto-kun.", Satsuki disse a Takahisa, se desculpando.
"Então eu irei também!", Takahisa se convidou agitado.
"Desculpa, Takahisa-kun. É uma história importante.", Miharu disse com clareza, para que Takahisa recuasse.
"... S-Sim.", a rejeição da Miharu deve ter sido inesperada para Takahisa, pois ele perdeu o ânimo e assentiu a cabeça. Foi como se ele tivesse ouvido: "Nesse momento, Takahisa-kun, não tenho tempo para lidar com você."
"Eu realmente sinto muito. Tentaremos terminar o mais rápido possível e arranjar tempo para falar com o Takahisa-kun também. Vamos, Haruto-kun, Miharu-chan.", Satsuki os incentivou a se moverem antes que alguém os parasse para falar, e os três partiram.
"—...", Takahisa cerrou os punhos. Ele observou Rio sair imprensado entre Miharu e Satsuki enquanto todos os outros ao redor deles olhavam. Se eles estivessem no Japão, ele teria sido aquele no lugar do Rio...
Havia outro Herói que estava observando a partida de Rio também — era
Shigekura Rui do Reino de Bertram. Ao lado dele estava a primeira princesa, Christina Bertram.
"Tem certeza, Herói-sama? Parecia que você tinha algo a dizer.", Christina o perguntou.
"Havia algo que eu queria perguntar. Vou falar com ele na próxima vez que o vir. Ele parecia estar bastante ocupado.", respondeu Rui, encolhendo os ombros.
"Hmph, eu nem consigo mais dizer quem é a estrela deste banquete.", o Herói da Restoration, Sakata Hiroaki, bufou de desgosto enquanto observava como o Rio era flanqueado por Satsuki e Miharu. Ao lado de Hiroaki estava a segunda princesa do Reino de Bertram, Flora e Roanna, da Casa do duque Fontaine.
Flora estava olhando as costas de Rio com um olhar frustrado. Sua irmã mais velha, Christina, a observava secretamente.
◇ ◇ ◇
Depois que Rio e as garotas deixaram o salão, eles se dirigiram aos aposentos de Satsuki.
".... Ei, 'Amakawa' é o sobrenome do Haruto-kun em sua vida passada?", Satsuki questionou Rio no caminho até lá com um olhar inquisitivo.
"Sim, eu era um estudante universitário chamado Amakawa Haruto. Miharu-san, se lembra de uma pessoa chamada Amakawa Haruto?"
".... Umm.", em vez de responder alto e claro, Miharu assentiu. Os olhos de Rio se arregalaram levemente com isso, o que Satsuki pareceu notar enquanto os olhava interrogativamente.
".... O que quer dizer? Haruto-kun e Miharu-chan se conheceram antes?", Satsuki perguntou, inclinando a cabeça.
".... Eu vou dizer depois que chegarmos. Seria problemático se alguém ouvisse e há algumas verdades chocantes envolvidas, então vocês devem se preparar enquanto caminhamos.", Rio pensou por um momento, mas priorizou a realocação primeiro.
"Nos prepararmos para...", Satsuki tentou trocar olhares com Miharu, mas o olhar nervoso de Miharu estava fixo nas costas de Rio enquanto ele caminhava na frente delas. Sentindo o ar estranho pairando entre os dois, Satsuki, com muita perspicácia, decidiu ficar quieta até que eles alcançassem seus aposentos.
Assim, depois de se realocarem, os três se sentaram na sala de estar, com Rio de frente para Miharu e Satsuki.
"Bem, aqui estamos. Eu me preparei tanto quanto pude, então, por favor, explique o que está acontecendo aqui. Por que a Miharu-chan conhece a vida passada do Haruto-kun? Esta é a primeira vez que ouço tal coisa.", Satsuki começou imediatamente, pressionando o Rio por detalhes.
"Claro que seria a primeira vez. Eu ainda não havia contado à Miharu-san que eu fui Amakawa Haruto em minha vida passada.", Rio respondeu, olhando para Miharu.
"É.… mesmo? Mas a Miharu-chan não parecia tão surpresa, embora estivesse abalada.... Ao contrário, ela parecia nervosa, em vez disso?", Satsuki dirigiu seu olhar para Miharu.
"Ah, e~tto... Estou surpresa... bastante.", disse Miharu, recuando.
"Mas, vocês se conheciam, certo? Se alguém que você conhecia morresse sem você saber e vivesse junto com você em sua forma reencarnada.... Você não ficaria mais surpresa? É como se você já soubesse, ou pelo menos suspeitasse disso..." Satsuki encarou Miharu, seu olhar era afiado.
"É-É por isso que eu disse que estou surpresa. Estou surpresa, mas o nome dele é o mesmo do Haru-kun, então eu já tinha feito a associação antes...", Miharu respondeu hesitante, seus olhos nunca deixaram de observar o Rio.
"Haru-kun?", perguntou Satsuki. Era um apelido bastante íntimo para outra pessoa.
"Ah, e~tto, é como eu o chamei no passado...", Miharu se sentia altamente consciente de Rio enquanto se explicava para Satsuki. Satsuki cantarolou em resposta e olhou para Rio, que estava desajeitadamente evitando encontrar qualquer um de seus olhares.
".... Essa é uma questão bem básica, mas que tipo de relacionamento Amakawa Haruto, anterior Haru-kun, tinha com a Miharu-chan? Parece que vocês dois costumavam ser bastante próximos, pelo que eu posso dizer.", Satsuki perguntou, observando os dois interrogativamente.
"Miharu-san e eu éramos amigos de infância. E, sou o irmão da Aki-chan. Miharu-san e eu moramos com ela até que nossos pais se divorciaram e eu me mudei. Tínhamos sete anos.", Rio respirou fundo antes de falar.
"Amigo de infância da Miharu-chan.… —espera, irmão da Aki-chan?! Eh? Mas.... Eh? Eeh, por quê?! E como a vida passada do Haruto-kun e da Miharu-chan podiam ter sete anos? Haruto-kun não é mais velho?", Satsuki perguntou, extremamente confusa.
"Por isso eu disse que tinha algumas coisas chocantes a dizer, então espero que tenha se preparado no caminho para cá. Miharu-san e meu eu anterior eram realmente da mesma idade.", Rio sorriu amargamente com a reação que viu chegando.
"Isso é mesmo verdade, Miharu-chan?" Satsuki engoliu em seco.
"Sim. Haru-kun e eu éramos amigos de infância da mesma idade, e ele era o irmão mais velho da Aki-chan.", Miharu assentiu lentamente, observando Rio.
"Tudo parece tão confuso..., mas, não há algo errado com as linhas cronológicas aí?", Satsuki queria agarrar sua cabeça e gemer.
"Há algo estranho, sim. Mas, o 'eu' da minha vida passada definitivamente morreu enquanto estava na universidade, e eu recuperei as memórias do Amakawa Haruto neste mundo quando eu tinha sete anos de idade. Em outras palavras, Amakawa Haruto morreu no Japão quatro anos depois que a Miharu-san e a Satsuki-san vagaram por este mundo, mas o eu atual neste mundo recuperou as memórias do Amakawa Haruto nove anos atrás."
"... O que significa, que o Haruto-kun viveu cerca de treze anos a mais do que nós, certo? Nós só chegamos a este mundo há alguns meses.", Satsuki disse, quebrando as palavras de Rio para entendê-las.
"Eu não diria exatamente que vivi treze anos a mais, para ser preciso.
O 'eu' atual simplesmente compartilha as memórias e personalidade do Amakawa Haruto. Não deve haver uma continuidade estrita ou identidade compartilhada entre os dois."
"O que quer dizer?"
"O eu atual não usa o Amakawa Haruto como a base para o meu ser. Eu sou simplesmente Rio, porque nasci e cresci como tal até os sete anos.", declarou Rio.
"Rio...?"
"É o meu nome neste mundo. Tive que me mover com o nome de Haruto devido a certas circunstâncias, mas meu nome verdadeiro é Rio.", Rio informou a Satsuki.
"Então é assim..."
"Sim. É por isso que geralmente não digo a ninguém meu nome verdadeiro, então, por favor, me chame de Haruto."
"Entendido. Mas, quando disse não haver uma identidade estrita... o que quis dizer?", Satsuki perguntou, observando o rosto de Rio.
"É como eu expliquei agora. Este corpo pertence puramente ao Rio, e não ao Amakawa Haruto. Não é como se a mente do Amakawa Haruto substituísse a pessoa que o Rio costumava ser. É mais como se os resquícios das memórias e personalidade do Amakawa Haruto se misturassem com a da pessoa chamada Rio. Você não chamaria isso de ser a mesma pessoa que Amakawa Haruto, certo?"
"Isso... pode ser verdade..., mas, isso está bem para você?"
"Eu não posso mais me tornar o Amakawa Haruto. E não há prova definitiva de que as memórias e personalidade do Amakawa Haruto dentro de mim são realmente o que parecem.", disse Rio, zombando de si mesmo um tanto desanimado. Ver aquela expressão no rosto de Rio fez Miharu morder o lábio com uma expressão triste.
"Certamente, há apenas uma conexão subjetiva, o que torna as coisas um tanto vagas, mas...", Satsuki disse com um beicinho nos lábios, não aceitando bem essas palavras.
"Não vamos discutir essa parte mais, já que é tudo teórico no final. O que eu realmente queria dizer a vocês era o motivo pelo qual fiquei em silêncio sobre minha vida passada até agora: para falar de uma forma geral, é porque eu não queria que a Miharu-san e os outros ficassem ainda mais desorientados depois de chegarem a este mundo.", Rio disse, trazendo-os de volta ao assunto em questão antes que descarrilasse.
".... Bem, eu posso concordar que seria ainda mais confuso ouvir tal coisa imediatamente após ser invocado aqui do nada.", Satsuki concordou com um suspiro, tendo experimentado isso em primeira mão.
"Além disso, há mais informações que eu não mencionei.", disse Rio com uma expressão extremamente séria. Satsuki enrijeceu.
"... O que é?"
"Aproximadamente quatro anos e meio havia passado depois da Miharu-san e os demais terem sido transportados para este mundo; em outras palavras, Amakawa Haruto morreu num verão, aos 20 anos de idade, e em nenhum momento durante esse tempo Miharu-san e os outros haviam retornado à Terra."
"Eh...?", Satsuki piscou sem expressão, seus olhos estavam redondos enquanto ela o encarava. Enquanto isso, Miharu franziu a testa em frustração, já tendo recebido essa informação da Aishia.
"Meu eu do passado, Amakawa Haruto, usou sua entrada na escola como uma chance de voltar para a cidade em que ele cresceu. A fim de frequentar a mesma escola que a Miharu-san e a Satsuki-san. É por isso que vi a comoção que ocorreu quando todos vocês desapareceram no dia da cerimônia de entrada em primeira mão.", Rio explicou calmamente.
"M-Mas como você sabia? Que ainda não havíamos retornado ao Japão.", Satsuki perguntou, ficando um pouco mais em pânico.
"Nos três anos até a minha formatura, Miharu-san nunca mais voltou à escola. Depois que me formei no ensino médio e me tornei adulto, voltei para visitar minha mãe apenas uma vez. Foi quando perguntei se a Miharu-san ainda estava desaparecida."
"—... ah...", Satsuki tentou perguntar algo, abrindo e fechando a boca. Depois que ela se acalmou o suficiente, ela forçou a pergunta.
"Em outras palavras, não seremos capazes de retornar à Terra por mais de quatro anos — ou possivelmente mais?"
"Isso mesmo. No entanto, quando perguntei a minha mãe sobre Aki-chan, lembro que ela me disse que estava bem.... Imagino que minha mãe mentiu para não me preocupar ou a Aki-chan conseguiu voltar sozinha de alguma forma, mas não tenho como confirmar a verdade agora.", disse Rio, relembrando a vaga lembrança da conversa com sua mãe.
Se Aki tivesse realmente conseguido retornar, então a mãe de Amakawa Haruto saberia que Aki havia vagado em outro mundo. Nesse caso, ela saberia que a Miharu também tinha ido para aquele outro mundo e informado ao Haruto.
No entanto, era uma história tão absurda que havia a possibilidade de que sua mãe não acreditasse em Aki após seu retorno e simplesmente ficasse em silêncio.
"......", um silêncio contemplativo caiu sobre Satsuki e Miharu.
"De qualquer forma, foi por isso que não pude revelar minha vida passada para a Miharu-san e os outros. Existem outros motivos também, mas não parecia certo dizer algo tão deprimente enquanto eles ainda estavam separados da Satsuki-san e do Takahisa-san. Então eu ia esperar até que algum tempo se passasse, ou vocês todos se reunissem...", não era nada mais do que um motivo superficial. Por isso Rio parecia um pouco culpado.
"Se o Haruto-kun tivesse contado a Miharu-chan sobre sua vida passada, teria inevitavelmente nos contado que não poderíamos ir para casa. Eu tinha a leve suspeita de que não poderíamos voltar antes da formatura do ensino médio, mas ouvir isso de verdade... certamente é difícil de ouvir...", Satsuki tinha um sorriso agridoce no rosto.
"Acho que é compreensível. Miharu-san parece estar relativamente inabalada por tudo isso, mas não há como dizer que o mesmo se aplicaria a Aki-chan ou ao Masato." Rio disse, olhando para Miharu, que manteve continuamente seu silêncio até agora.
"Ah, não, umm, especialmente no caso da Aki-chan, acho que ela teria ficado mais instável se tivesse dito isso a ela.", Miharu disse em voz aguda.
".... Peço desculpas se parecia que eu estava mantendo vocês no escuro, mas isso é tudo que eu escondi até agora. Tudo o que resta é decidir quanto disso deve ser repassado para a Aki-chan, Masato e Takahisa-san, mas eu gostaria de deixar essa decisão para vocês duas, já que vocês entendem melhor a situação.", Rio desviou os olhos de Miharu e se dirigiu a ambas.
"Você diz isso, mas... é algo que eles precisam ouvir também. Temos que dizer a Aki-chan e ao Masato-kun que o Takahisa-kun foi encontrado também, e informar ao Takahisa-kun que os dois também estão seguros.... Suponho que teremos que descobrir o momento para isso, talvez marcar algum tipo de reunião.", Satsuki ponderou preocupada.
"Pelo que ouvi no banquete de ontem, a princesa Lilianna está constantemente ao lado do Takahisa-kun. Eles compartilham os mesmos aposentos, então pode ser difícil trazer o Takahisa-kun para a casa de rocha sem que ela perceba.", Miharu franziu a testa.
"O ataque aconteceu ontem à noite, então a segurança ao redor do castelo foi reforçada.", disse Rio. Seria um desafio tirar Takahisa de seus aposentos sob o olhar atento de Lilianna. O castelo tinha quartos de hóspedes sem janelas em nome da segurança, então se eles estivessem em um quarto como esses, eles teriam que usar a porta. Mesmo que eles explorassem a área primeiro, seria um alto risco com o aumento de guardas.
"... O que significa que a opção mais segura pode ser trazer a Aki-chan e o Masato-kun para o castelo antes que o Takahisa-kun retorne ao Reino Centostella. Mas, mesmo se eventualmente explicarmos as coisas ao rei e à princesa Lilianna, precisamos confirmar o que o Takahisa-kun pensa.", Satsuki pensou por um momento, então apresentou uma abordagem realista.
"Sim. Porém, para fazer isso, precisamos criar uma oportunidade para Satsuki-san e Miharu-san se encontrarem com o Takahisa-san sem a princesa Lilianna por perto."
"A única que está em posição de fazer isso seria eu, um Herói, huh?", pedir a uma princesa estrangeira que se retirasse só seria permitido por alguém com a posição de um rei ou o equivalente — como um Herói. Mesmo como um cavaleiro honorário, Rio não poderia fazer tal coisa.
"Sim. Precisamos contar com a Satsuki-san para isso. Não tenho certeza de quanto tempo o Takahisa-san vai ficar neste reino após o banquete, então de preferência o mais rápido possível."
"Entendido. Deixe comigo, por favor.", Satsuki assentiu.
"Nesse caso, também precisamos saber que tipo de pessoa é a princesa Lilianna e que tipo de relacionamento ela tem com o Takahisa-san, se vamos dizer ao Takahisa-san o que ele precisa saber.", disse Rio. Se eles soubessem que tipo de pessoa Lilianna era, eles deveriam ser capazes de entender o caráter de seu reino, até certo ponto.
"De nós três, a Miharu-chan foi quem mais interagiu com eles no banquete da noite passada. O que você acha?", Satsuki perguntou a Miharu.
"E~tto, como o Takahisa-kun disse, ela é uma boa pessoa. Ela era uma pessoa gentil com um comportamento suave. Parecia que Takahisa-kun confiava bastante nela."
"Entendo. Bem, existe a possibilidade de ser uma atuação para conquistar o herói, mas provavelmente sou eu sendo muito paranoica.", Satsuki murmurou após ouvir a explicação de Miharu.
"Acho que não machuca ser o mais cauteloso possível.", Rio riu para Satsuki.
"Sim. Eu gostaria de um pouco mais de tempo para pensar. Tudo foi tão repentino que eu ainda não processei tudo.... Mesmo assim, nunca imaginei que Haruto-kun seria meu kouhai em sua vida passada!", Satsuki tentou se animar, mudando o assunto para Rio.
"Podemos até ter passado um pelo outro na cerimônia de entrada.", Rio respondeu com um sorriso.
"Sim, talvez. Eu, estava encarregada de direcionar os alunos perdidos na frente do quadro de avisos com as listas de turmas... —Espera, talvez a gente tenha se encontrado de verdade...? Haruto, Amakawa Haruto...", enquanto Satsuki falava com Rio, uma memória perdida da cerimônia de entrada ressurgiu em sua mente, fazendo-a engasgar. Ela vasculhou o cérebro para desenterrar essa memória.
"Sério?", os olhos de Rio se arregalaram. Até a quieta Miharu piscou os olhos arregalados.
"Sim. Você, não era o garoto que ficou em frente aos quadros de avisos por um longo tempo? Me lembro de ter achado isso estranho e de falar com você, e seu eu passado tinha um nome assim... eu acho. Você se lembra?", Satsuki olhou para o rosto de Rio, não muito confiante em sua própria memória.
".... Realmente, acho que pode ter havido uma aluna mais velha que veio até mim enquanto eu estava olhando as listas de classes? Tem uma boa memória, huh?", a memória de Rio sobre isso era bastante vaga.
"Foi meu último dia na Terra, sabe? Claro que me lembraria. Bem, parece que você esqueceu completamente, no entanto.", Satsuki olhou para Rio com desdém.
"Por favor, não peça o impossível. É apenas uma das muitas coisas que aconteceram comigo antes da minha morte.", disse Rio. Afinal, havia acontecido para a Satsuki apenas há alguns meses atrás.
"Bem, isso é verdade. Mas, mesmo que tenha sido meu kouhai na Terra, Haruto-kun é mentalmente mais velho do que eu agora. Devo pensar em você como um homem adulto? 'Haruto-san', talvez?", Satsuki perguntou, tendo assumido que ele era um garoto da idade dela até agora.
"Pode simplesmente continuar como sempre. Como eu disse antes, se não estou particularmente me concentrando em algo, então minha consciência como 'Rio' é mais forte. É por isso que tenho uma noção mais forte da minha idade física. Talvez eu esteja sendo influenciado pela sensação do meu corpo físico.", Rio sacudiu a cabeça com desconforto ao pensar em Satsuki o chamando de "Haruto-san".
".... Entendido. Então, de agora em diante, vamos continuar a nos dar bem como sempre, Haruto-kun."
"Sim."
"E, só eu estive falando até agora...", Satsuki disse, olhando para Miharu sentada ao lado dela. Miharu estava olhando silenciosamente para o rosto de Rio por um tempo agora.
"Miharu-chan queria falar com o Haruto-kun sobre alguma coisa?", Satsuki perguntou. Apesar de ter um garoto com as memórias de seu amigo de infância diante dela, Miharu estava estranhamente silenciosa sobre tudo isso.
"Ah, e~tto... eu quero, mas não sei por onde começar.", Miharu parecia nervosa enquanto tropeçava nas palavras.
"Havia coisas que eu queria discutir com a Miharu-san sozinho, na verdade. Eu adoraria incluir a Satsuki-san em outras discussões mais tarde, depois que terminarmos. Posso pedir que Satsuki-san tome algum tempo para pensar sobre as coisas que discutimos até agora?", Rio falou primeiro.
".... Bem. Entendo. Então, estarei no meu quarto.", Satsuki olhou entre os rostos de Rio e Miharu, então se levantou em silêncio. Ela estava um pouco curiosa sobre o que eles iriam discutir, mas consideradamente foi para seu quarto para deixá-los a sós. Uma vez que sua porta se fechou, Rio abriu sua boca.
"Miharu-san."
"S-Sim.", Miharu gritou em resposta.
"Já faz algum tempo que achou que eu era Amakawa Haruto?", Rio olhou diretamente para Miharu quando perguntou.
"Ao invés de achar que era, eu estava mais me perguntando se poderia ser, já que... Bem, os nomes eram o mesmo e também havia uma sensação semelhante transmitida, então enquanto morávamos juntos eu comecei... lembrando do Haru-kun..."
"Isso foi... tudo?", os olhos de Rio se arregalaram com as palavras de Miharu.
"Na verdade, lá na vila dos Seirei no Tami, Sara-chan e as outras mencionaram algo, sobre quando o Haru-kun... e a Latifa-chan entraram na vila pela primeira vez. Que quando estava inconsciente na prisão, você murmurou 'Mii-chan'...", Miharu pareceu encontrar sua resolução, chamando Rio de "Haru-kun" na cara dele.
".... Eu fiz?", ele não tinha ideia do que tinha acontecido, ele estava inconsciente, afinal. Rio franziu o cenho.
"Depois disso, comecei a me perguntar se o Haruto-san realmente era o Haru-kun, afinal.", Miharu disse, apertando a mão direita em punho sobre o peito.
"Mas, pensando sobre isso de forma realista, não acharia impossível de acreditar nisso? Eu disse que morri como um estudante universitário na minha vida passada, certo? Certamente, isso não teria importado se suspeitasse que eu estava mentindo."
"Nunca pensei que estivesse mentindo! É verdade que achei que a história era inconsistente..., mas, mesmo assim, quando Haru-kun voltou para a vila, comecei a ter a forte sensação de que o Haruto-san poderia ser o Haru-kun..."
".... Então é por isso que estava agindo de forma estranha quando voltei para a vila. E quando eu a trouxe para a mansão da Liselotte-san em Amande pela primeira vez também.", Rio tinha um rosto um tanto dolorido, mas entendeu. No entanto, ele também tinha um sentimento estranho sobre isso —ele podia aceitar que havia uma razão para a percepção dela, mas mesmo assim, Miharu havia aceitado a verdade muito prontamente. Era quase como se ela tivesse recebido uma dica de alguém.
Além disso, Miharu não parecia particularmente surpresa com nada que o Rio havia revelado até agora. Em outras palavras, ela tinha quase certeza de que ele era Amakawa Haruto.
Se ela estava praticamente certa de suas suspeitas, por que não me perguntou antes que eu lhe contasse a verdade? Havia um motivo para o silêncio dela, assim como havia um motivo para o meu? Com essas perguntas em mente, Rio relembrou os acontecimentos ocorridos com Miharu até este banquete.
Agora que penso sobre isso, um dia depois de eu levar a Miharu-san à mansão da Liselotte-san para organizar o comparecimento ao banquete, ela começou a agir de forma diferente novamente... Rio analisou em sua cabeça enquanto olhava para Miharu.
"O-O que foi, Haru-kun?", Miharu perguntou timidamente, sentindo como se Rio pudesse ver através dela.
"... Miharu-san.", Rio suspirou.
".... Sim?", ela perguntou, olhando para ele preocupadamente.
"Pode, por favor, parar de me chamar de 'Haru-kun'?", Rio disse com uma expressão conturbada.
"........ Por quê?", Miharu franziu a testa com tristeza.
"Como já expliquei, Amakawa Haruto está morto. O eu atual não é o amigo de infância da Miharu-san. Eu sou uma pessoa diferente que apenas possui as memórias do Amakawa Haruto. Então, não precisa se forçar a interagir comigo como se eu fosse o Amakawa Haruto.", Rio fingiu compostura enquanto forçava palavras que eram extremamente difíceis de dizer.
"Não me parece que seja uma pessoa diferente!", Miharu imediatamente — e inesperadamente — levantou a voz, pela primeira vez.
"........", Rio foi tomado pelo silêncio.
"Se a pessoa na minha frente agora não é o Haru-kun, para onde foi o Haru-kun que eu conheço?"
"Ele não existe mais. No mínimo, não na Terra. Os resquícios de suas memórias e personalidade simplesmente se misturaram à pessoa diante da Miharu-san agora. Mas meu corpo é do Rio, e não do Amakawa Haruto.", havia apenas a conexão subjetiva de memórias e personalidade, mas nada objetivamente conectado.
".... Nesse caso, eu acredito que o Haru-kun ainda está aqui. Neste momento, dentro de você.", Miharu olhou para o rosto de Rio e declarou.
"Eu gostaria de confirmar uma coisa. Miharu-san me vê como seu amigo de infância, Amakawa Haruto, agora? Eu, a pessoa chamada Rio, que interagi com você sob o nome de Haruto, estou presente?"
"Isso é.…", ela não foi capaz de responder imediatamente. Na verdade, Miharu estava tentando ver o Rio como seu amigo de infância. Ela procurou Amakawa Haruto do próprio Rio.
"Eu não queria ofendê-lo, Haruto-san. Mas, tendo vivido com você até agora, houve várias ocasiões em que me lembrei dos dias em que eu estava com o Haru-kun. Eu simplesmente não consigo acreditar que o Haru-kun não está dentro de você. Isso é tudo.", Miharu continuou.
"Acredito que é porque a Miharu-san não conhece o meu lado que é o Rio.", se ela soubesse, ela ficaria apavorada. Ela teria que aceitar que Rio e Amakawa Haruto eram pessoas diferentes. É por isso que ele tinha escondido até agora. Ele não conseguia se decidir. Rio refletiu sobre si mesmo e sorriu com pesar.
"Então... Então, por favor, me diga. Sobre quem o Haruto-san, não, quem o Rio-san é. Não tome a decisão por mim. Eu quero estar com você de agora em diante também. Foi isso o que eu disse, certo? Meus sentimentos não mudaram."
".... Por que... quer ficar comigo?"
"Depois de crescer com o Haru-kun até os sete anos de idade, quando o Rio-san e Haru-kun começaram a se sobrepor neste mundo, isso me fez perceber quão precioso o Haru-kun era para mim. Esses meus sentimentos só ficaram mais fortes. Alguém tão precioso para mim morreu, mas agora essa pessoa está de volta diante de mim em outra forma. Vivendo comigo e tudo mais. É como se eu tivesse recebido outra chance. É por isso que quero ficar com você."
".... Fico feliz em ouvi-la dizer isso. Mas, se a Miharu-san não tivesse sentido a presença do Amakawa Haruto dentro de mim, ainda iria querer ficar comigo?"
"Perguntar dessa forma é injusto. É verdade que minha razão de querer ficar com o Rio-san pode estar fortemente influenciada por como eu penso em você como o meu amigo de infância, Haru-kun, mas...", Miharu disse franzindo a testa.
"Desculpa. Para Amakawa Haruto, a Miharu-san... Mii-chan também era alguém precioso. Isso não mudou mesmo depois que ele cresceu. Pode parecer tolice, mas ele decidiu voltar para aquela cidade sozinho, apenas para ter a chance de vê-la novamente naquela escola. Bem, não havia como saber se a Miharu-san cursaria aquele colégio com certeza, mas...", Rio explicou, falando sobre os sentimentos do Amakawa Haruto dentro dele com sinceridade.
"—...", ouvir o nome Mii-chan trouxe de volta tantas memórias que Miharu não conseguiu evitar o choro. Mas, enquanto Rio continuava a falar, seu rosto gradualmente se torceu com tristeza.
"Por isso, é importante que saiba que Amakawa Haruto está morto. Se quer ficar comigo para estar com Amakawa Haruto, então pode ser melhor repensar isso."
".... Por quê?"
"Porque eu não posso interagir com a Miharu-san como Amakawa Haruto. Mesmo que alguns aspectos dele permaneçam, ele é uma pessoa diferente. A pessoa com quem brincou todos os dias até os sete anos — a pessoa com quem fez aquela promessa quando se separaram — não existe mais. Miharu-san vai perceber isso se ficar comigo, e pode vir a se arrepender.", ao sobreviver neste mundo de coração frio, ao se tornar um prisioneiro dos grilhões da vingança, os valores do Amakawa Haruto dentro do Rio enfraqueceram significativamente.
Não era para ser assim. Amakawa Haruto havia mudado. Não, Miharu acabaria se desiludindo, percebendo que Amakawa Haruto havia morrido de verdade.
É por isso que era melhor que eles estivessem separados para começar, Rio pensou.
".... Mesmo assim, meus sentimentos não vão mudar.", afirmou Miharu com firmeza, mordendo o lábio.
"Mesmo que a impressão que a Miharu-san tem de mim esteja longe do que eu sou na realidade?", Rio disse em um tom autodepreciativo.
"Agora mesmo, eu pude sentir vestígios do Haru-kun.", Miharu não retrocedeu.
"E, no entanto, antes de recuperar minhas memórias, eu faria qualquer coisa que os criminosos me pedissem apenas para sobreviver mais um dia. Esse é o tipo de pessoa que sou. Ainda pode dizer o mesmo, então? É o Amakawa Haruto que você conheceu uma vez?", o olhar de Rio estava gelado enquanto ele falava.
"I-Isso foi antes de recuperar suas memórias, então..."
"Se eu fiz antes ou depois das minhas memórias, não muda o fato de que ainda são coisas que eu fiz. Não é como se eu convenientemente me tornasse outra pessoa e apagasse meus pecados."
"—...", Miharu segurou a língua.
"Isso é o que significa. Mesmo depois de recuperar minhas memórias, eu não vivi de uma maneira que alguém pudesse se orgulhar. Eu bati em alguém por raiva, a ponto de eles perderem a consciência. Eu matei pessoas em retaliação por ter sido atacado. Estou tentando matar um homem por vingança por minha mãe.", Rio listou indiferentemente suas ações que estavam em desacordo com a moral de um japonês comum.
"Ah... uh...", Miharu tentou dizer algo, mas acabou ficando sem fala.
"Claro, a decisão é sua, Miharu-san. Se desejar continuar morando na casa de rocha, não vou impedi-la. Mas Miharu-san deve pensar sobre isso com muito cuidado. A pessoa que quero morta sabe o que estou tentando fazer. Se a Miharu-san ficar comigo, pode ser arrastada para isso também. Eu quero evitar isso. E, no que diz respeito a Aki-chan e o Masato... os dois adoram muito a Miharu-san — especialmente Aki-chan. Qualquer um pode ver isso. Tem o Takahisa-san também. Em vez de ficar comigo, não ficaria mais feliz se ficasse com todos que conhece da Terra?", Rio perguntou, citando os outros para tentar dissuadir Miharu.
"Você não pode simplesmente decidir meu destino assim... Mas é verdade que a Aki-chan e os outros não são alheios a isso.", Miharu franziu a testa em frustração.
"Vamos deixar de lado a questão de com quem Miharu-san deve estar por um momento. Não é um problema que possa ser resolvido agora, e também quero falar mais sobre a Aki-chan. Deixe-me ser franco: Aki-chan odeia o Amakawa Haruto, não é? Essa é a sensação que tive quando vi sua reação ao meu nome quando nos conhecemos, e em algumas ocasiões quando interagimos..."
".... Sim, ela odeia.", Miharu ficou em silêncio por um momento, mas acabou deixando seus sentimentos de lado e assentiu lentamente.
"Eu acho que a Aki-chan deveria ouvir sobre minha vida passada como Amakawa Haruto diretamente de mim, mas eu esperava ouvir a opinião da Miharu-san sobre como a Aki-chan reagiria e porque ela sente tanto ódio em primeiro lugar.", Rio disse.
"Haru... Rio-san.", Miharu estava prestes a chamá-lo de Haru-kun, ou talvez Haruto-san, antes de se corrigir.
"Pode continuar a me chamar de Haruto. Seria um problema se alguém me ouvisse sendo chamado de Rio.", Rio desviou os olhos sem jeito.
"Haruto-san, quanto sabe sobre o que aconteceu com Aki-chan depois que seus pais se divorciaram?"
"Praticamente nada. Meu pai garantiu que eu não soubesse de nada sobre minha mãe até que fiz vinte anos. A única vez que encontrei minha mãe depois de fazer 20 anos, perguntei sobre a Aki-chan e me disseram que ela estava bem, então nunca imaginei que Aki-chan tivesse aparecido neste mundo com a Miharu-san."
"Eu... entendo. Aki-chan fica muito emotiva quando se trata do assunto de seu pai e Haru-kun. Uma vez, eu a deixei muito brava com isso e ela acabou em lágrimas.... Eu evito falar sobre o Haru-kun na frente da Aki-chan desde então. É por isso... isso é apenas minha suposição, mas..."
"Poderia me dizer mesmo assim?", Rio perguntou, observando Miharu.
"Aki-chan realmente amava o Haru-kun e seu pai... Então, eu acho que ela ficou muito triste e solitária quando os dois se mudaram tão repentinamente, sem nenhuma explicação. Ela tinha apenas quatro anos na época, então não entendia por que eles a deixaram. Deve ter doído muito esperar por duas pessoas que nunca mais voltaram...", Miharu disse franzindo a testa.
"Entendo...", Rio processou suas palavras com uma expressão quieta. No entanto, se ela apenas estivesse triste, isso não explicava por que sentia tanta raiva infundada do Haruto.
"Além disso, na época, Yuki-san... sua mãe também lutou muito com o divórcio, e o trabalho não parecia estar indo bem para ela, então ela acabou adoecendo. Aki-chan ficou chateada porque vocês dois não voltaram mesmo depois disso, o que gradualmente se transformou em raiva...", Miharu acrescentou, explicando por que a raiva de Aki havia se manifestado. Yuki era a mãe de Aki e Amakawa Haruto.
"... Aki-chan sabe por que nossos pais se divorciaram agora?", Rio perguntou depois de um momento de hesitação.
"Desculpe, eu não sei. O tema do divórcio se tornou um tabu para ela.", Miharu balançou a cabeça se desculpando.
"Entendo..., mas é possível que ela não tenha ouvido.", disse Rio.
"Como sabe?", Miharu perguntou com os olhos arregalados.
"... Só ouvi isso do meu pai depois que cresci, mas eles se divorciaram por causa da infidelidade da minha mãe. Aki-chan não é filha do meu pai.", Rio disse um tanto desconfortavelmente. Ele hesitou em contar a Miharu, mas acabou decidindo que era melhor ela ser informada.
"Eh...?", Miharu ficou sem palavras, com os olhos arregalados de choque.
"Amakawa Haruto e Aki-chan eram meios-irmãos. É por isso que meu pai ficou tão furioso que eles se divorciaram. Não acho que minha mãe teria contado isso para a Aki-chan diretamente, no entanto.", a culpa era de quem estava traindo, mas Aki nasceu como resultado. Aki poderia acabar se culpando pelo divórcio dos pais, então, pelo menos, não era algo que Aki pudesse ter ouvido durante sua juventude.
"...U-Umm, acho que Aki-chan sabe que a raiva que sente por Haru-kun é infundada e ilógica. Ela simplesmente não consegue controlar suas emoções bem, então... me desculpe.", Miharu parecia se sentir um pouco responsável, pois abaixou a cabeça melancolicamente.
"Porque Miharu-san está se desculpando? Não é algo pelo qual nem mesmo a Aki-chan deveria se desculpar.", Rio disse com um sorriso forçado.
"Tenho agido como a irmã mais velha da Aki-chan, mas não pude fazer nada mais do que observar tudo se desenrolar...", ela havia evitado o tópico do Haruto por medo de arruinar seu relacionamento com Aki — por medo de deixar Aki ainda mais zangada. Miharu se sentia culpada.
"Não estou em posição de falar, tendo as memórias do Amakawa Haruto, que nunca fez nada relativamente fraterno. Mas se eu estivesse no lugar da Miharu-san, também só seria capaz de observar. Muito obrigado. Por estar ao lado da Aki-chan, no lugar do Amakawa Haruto, o irmão que a deixou.", o lado Haruto do Rio mostrou-se fortemente quando ele agradeceu Miharu.
"......", ver aquele rosto nele fez Miharu fazer uma careta de tristeza. Por um momento, a aparência de Rio coincidiu com a do Haruto adulto que ela tinha visto em seu sonho.
Momentos como esse eram o motivo da Miharu não conseguir evitar sobrepor o Rio com Haruto. A pessoa em questão insistia que eram pessoas diferentes, mas Miharu ainda não tinha aceitado isso completamente. Mas, as coisas que Rio havia explicado não podiam ser descartadas como incorretas, o que tornava as coisas ainda piores.
"Algum problema?", Rio olhou para o rosto de Miharu e inclinou a cabeça em dúvida.
"Não... não é nada.", Miharu reprimiu as emoções que ainda não havia processado e balançou a cabeça com um sorriso forçado.
"Eu esperava que a Miharu-san pudesse participar quando eu contar a Aki-chan sobre minha vida passada. Se a reação dela for particularmente forte, Miharu-san pode precisar intervir..."
"Claro. Mas deixe-me pensar um pouco mais sobre qual seria a melhor maneira de dizer a ela."
"Certo. Não me importo se discutir com a Satsuki-san sobre quanto do que discutimos agora deve ser revelado, e para quem. Por favor, organize seus pensamentos.", disse Rio, parecendo um pouco triste. Depois disso, Miharu se dirigiu ao quarto de Satsuki para que as duas pudessem conversar um pouco.
◇ ◇ ◇
Enquanto isso, no escritório do rei François, o príncipe Michel levou sua irmã, Charlotte — ou melhor, ela o seguiu por conta própria — para solicitar com certa força uma audiência com seu pai.
"Se posso ser bem direto, Chichiue, o que estava pensando?", Michel entrou na sala com permissão, sentou-se em uma cadeira do escritório e perguntou com uma expressão descontente.
"Minha prioridade é o bem-estar do reino.", François respondeu categoricamente, seus olhos não deixaram os documentos que ele estava olhando. Michel retrocedeu com isso.
"O que… está dizendo?"
"Eu poderia perguntar o mesmo. O que você está tentando dizer?", François finalmente levantou a cabeça, olhando diretamente para seu filho.
"E-Eu simplesmente declarei que não consigo entender a razão pela qual Chichiue daria àquele homem de origem desconhecida o título de um cavaleiro honorário.", Michel advertiu, sua voz saiu estranhamente aguda.
"Deve ser óbvio. Foi para o benefício do reino.", François disse francamente.
".... Eu não consigo entender de forma alguma. Embora possa ser um título moderno, um cavaleiro honorário tem a mesma posição social que um conde! Embora nossos costumes permitam que pessoas de nacionalidade estrangeira recebam status, essa é uma tradição assumida pelos nobres do nosso reino quando eles se casam em um reino estrangeiro. É inédito para um vagabundo que nem mesmo é nobre receber tal coisa. Você poderia simplesmente ter dado a ele dinheiro ou bens. E, além disso, o deixou passar várias noites nos aposentos da Satsuki...", Michel fez uma careta.
"Hmph.", François zombou em diversão.
"O-O que é tão engraçado?"
"Michel. Eu esperei por você por vários meses, para ver se você poderia fazer a Satsuki-dono se apaixonar por você. Mas o resultado foi claro: você não poderia. Dia após dia, a mente da Satsuki-dono estava se fechando cada vez mais e se concentrando apenas no mundo exterior. É por isso que segui adiante com o banquete."
".... Para ajudar a encontrar os amigos da Satsuki e recuperar seu bom humor?", Michel perguntou com uma cara amuada.
"Essa é outra razão. Mas, esse era apenas o objetivo de curto prazo. Se fôssemos olhar para isso de uma perspectiva de longo prazo, seria mais preciso dizer que era para amarrar a Satsuki-dono ao nosso reino. E se ela não pode ser atada ao romance, então simplesmente temos que explorar as outras opções. O banquete foi ideal para isso."
"Não deveria ser nosso dever como realeza assegurar a Satsuki, o Herói, para o reino?"
"É por isso que eu esperei por você. Por vários meses, além disso. A Satsuki-dono é uma mulher com sentidos aguçados. Como você acha que ela reagiria se eu provesse a ela outra realeza além de você neste momento?"
"M-Mas, também teríamos um problema se toda a atenção dela fosse direcionada para outro lugar. Mesmo que ele seja o salvador da boa amiga da Satsuki, não consigo entender o propósito de deixar um plebeu desconhecido ficar tão próximo. Se fosse esse o caso, então eu..."
"Hmph. Você é contra a ideia da Satsuki-dono se aproximar de outros homens além de você, Michel?", François zombou mais uma vez, observando o rosto de seu filho.
"Quê—...?!", Michel ficou vermelho enquanto procurava as palavras.
"Acredito que ordenei que você chamasse a atenção da Satsuki-dono e ganhasse a confiança dela..., mas em vez de fazê-la se apaixonar por você, você acabou se apaixonando por ela. Que adorável.", François riu.
"I-Isso não é verdade—!"
"Você achou que poderia me enganar? Seus pensamentos estão perfeitamente claros para mim. O fato da Satsuki-dono não se sentir atraída por você também. Mas você mesmo está ciente disso, não?"
"—...", Michel foi incapaz de refutar isso.
"Um Herói-dono é um símbolo de crença religiosa, mas ao mesmo tempo é um estimulante político extremamente poderoso. Assim, integrá-lo na política do reino corretamente pode produzir efeitos maravilhosos, mas fazer isso de forma inadequada pode trazer caos ao reino. Você também está mais do que ciente disso, certo?"
".... Sim.", Michel assentiu severamente.
"Um casamento bem-sucedido é uma maneira de lidar com isso de uma forma que pode dar os melhores resultados, mas o outro lado é um Herói-dono. Seria absolutamente proibido forçá-la a um casamento político indesejado como qualquer outra filha da realeza ou nobreza. Acima de tudo, a própria Satsuki-dono não parece aceitar o conceito de casamentos políticos que ignoram a vontade das pessoas envolvidas. É mais desejável que a Satsuki-dono se alinhe com nosso reino por conta própria.", François disse, enquanto pensava.
Bem, teria sido diferente se a Satsuki-dono fosse um homem, François pensou.
"Se não há esperança para você, recue antes de ser evitado. Um homem que não pode desistir será odiado, entendeu? Tenho certeza que você percebeu que tipo de pessoa a Satsuki-dono é nesses últimos meses.", François acrescentou, dando uma punhalada no orgulho de Michel.
"—... e-eu estou ciente.", Michel pareceu se acalmar um pouco com essas palavras, engolindo suas emoções ao assentir.
"Isso é bom. Tendo dito tudo isso, tenho certeza que você entende que minhas ações até agora foram feitas com o propósito de manter Satsuki dentro deste reino por meio de sua própria vontade?"
"Claro, não tenho objeções a esse objetivo."
"Mas você não aprova os meios, huh? Embora você entenda isso, ainda parece dar muita ênfase aos status sociais. Os Heróis são discípulos que personificam o poder dos Seis Deuses Sábios. Para nós, pessoas que mantêm o poderio por meio dessa força, suas existências estão muito fora do padrão. Seria o pior plano de ação controlá-los com força. As normas nem sempre são a resposta correta. Se houver uma maneira eficaz de prender a Satsuki-dono, você precisa jogar fora suas noções e valores preexistentes e usar esses métodos agressivamente."
"Então é por isso que orquestrou o banquete e a aparição resultante da Miharu-dono, do Takahisa-dono... e daquele Haruto, Chichiue?", quando Michel disse o nome "Haruto", seu rosto contorceu ligeiramente.
"Isso mesmo.", François respondeu imediatamente.
"No entanto, eu não entendo qual é a conexão entre manter a Satsuki dentro deste reino e deixar o Haruto nos aposentos da Satsuki, indo tão longe a ponto de dar a ele o título de um cavaleiro honorário. Não teria sido suficiente manter a Miharu-dono aqui também?", Michel perguntou.
"Miharu-dono apareceu do mesmo mundo que a Satsuki-dono. Embora ela não seja um dos Heróis, Miharu-dono tem um relacionamento de longa data com ela. Mas isso não significa que podemos considerá-la não relacionada aos Seis Deuses Sábios e tratá-la com leviandade, certo? Porque isso só aborreceria a Satsuki-dono."
"Então é por isso que se concentrou no Haruto..."
"Haruto tinha um caráter notável para começar. Mesmo sem seu relacionamento com a Satsuki-dono considerado, teria sido difícil deixar isso passar. Parece que a Satsuki-dono também gostou bastante do Haruto. Não é verdade, Charlotte?", foi nesse ponto que François finalmente se dirigiu a Charlotte, que estava ouvindo em silêncio.
"Sim, Satsuki-sama tem sido uma pessoa diferente nos últimos dias. Claro, embora reunir-se com a Miharu-sama teve uma parte nisso, eu acredito que é inegável que o Haruto-sama teve um efeito também. A própria Satsuki-sama disse que ele era como um amigo de muitos anos e, embora tenha sido cancelado devido à intrusão, ela não era contra a ideia de dançar com ele.", Charlotte alegremente relatou as coisas que observou cuidadosamente de Satsuki durante o banquete.
"Isso mesmo.", François sorriu de alegria.
".... Eu entendo.", Michel finalmente aceitou, assentindo enquanto a força se esvaía de seus ombros.
"Assim espero. Tenha a mente aberta, Michel. Se mostrar compostura para suportar o Haruto, você pode até fazer a Satsuki-dono mudar a maneira como ela o vê.", François disse com um sorriso.
"O-O que está dizendo?!", o rosto de Michel ficou vermelho.
"Hmph. A situação está ficando mais complicada agora, mas não pretendo interromper suas ações, desde que você aja de acordo com seu status. Se você notar alguma coisa sobre a Satsuki-dono no futuro, continue a relatar para mim."
"S-Sim, eu entendo. Muito bem, então, estou de acordo com isso. Vamos, Charlotte.", Michel assentiu com a voz tensa, antes de se virar e começar a ir embora com Charlotte.
"Não, Charlotte ficará. Tenho algo para falar com ela. Você pode ir embora."
".... Entendido. Então, nos vemos mais tarde, Charlotte.", Michel assentiu antes de partir. Ele estava um pouco curioso para saber o que François tinha para falar com Charlotte, mas ele sempre poderia perguntar a ela mais tarde.
Assim, pai e filha foram deixados sozinhos. "Como esperado, você é bom, Otou-sama. Sabe como mobilizar o Onii-sama perfeitamente. A forma como Otou-sama disse isso deixa o Onii-sama sem escolha a não ser aceitar o Haruto-sama.", Charlotte disse com uma risadinha.
"Ele não tem o pensamento flexível que vem com mais experiência. Contanto que seja mostrado o caminho certo, ele é capaz de pensar logicamente."
"Seguirei seu exemplo."
"Fu~, não me diga.", François sorriu presunçosamente.
"Então, a razão pela qual me chamou de volta tem algo a ver com a Satsuki-sama afinal? Eu relatei tudo sobre os relacionamentos em torno da Satsuki-sama ontem à noite.", ela estava se referindo a Miharu e Haruto, é claro, mas também a Takahisa, que se juntou a eles na noite anterior.
"Isso é resultado do que penso sobre aquele relatório. Se alguém tão cauteloso quanto a Satsuki-dono pôde abrir seu coração para o Haruto tão rapidamente, então simplesmente devemos fazer uso dessa conexão. A situação política, antes paralisada, finalmente começou a se mover. Mesmo que os nobres cabeças-duras com certeza desaprovem..."
"Então era para isso que servia o novo título de cavaleiro honorário.", Charlotte disse com um olhar astuto.
"Com feitos tão notáveis, aqueles tolos teimosos não serão capazes de se opor. Embora ele tenha sido erigido sobre seus feitos existentes, Haruto nos mostrou como suas proezas militares são esplêndidas no banquete.", François sorriu. Em outras palavras, seu objetivo era usar Haruto como o intermediário conectando Satsuki ao Reino de Galark.
"Sim. Então, estou certa em assumir que meu papel daqui em diante é indiretamente empurrar a Satsuki-sama em direção ao Haruto-sama, consequentemente formando uma conexão de confiança com nosso reino?", Charlotte sorriu alegremente.
"Isso mesmo. No entanto, é com a Satsuki-dono que você está lidando. Ações precipitadas apenas farão com que Satsuki-dono se torne cautelosa. Restrinja suas ações apenas ao que é natural, para que ela se mova livremente por sua própria vontade. Vou deixar o método para você."
"Ara~, tem certeza?", os olhos de Charlotte cintilaram ainda mais brilhantes com isso.
"Eu não deixaria isso nas mãos de alguém como o Michel, que valoriza tradição e status. Bem... em contraste, você tem uma tendência a ser flexível demais..., mas eu reconheço que é a mais capaz. E você ganhou a confiança da Satsuki-sono até certo ponto."
"Estou honrada. Então, há apenas uma coisa que eu gostaria de perguntar sobre esta função. Quão próximo é o relacionamento que Otou-sama quer que Satsuki-sama e Haruto-sama tenham? Até eles trocarem votos?", ela estava falando de votos de casamento, é claro. Charlotte pareceu gostar de fazer a pergunta, como se já soubesse a resposta.
Sem nenhuma esperança para Michel, a outra opção seria... colocar Haruto sob a influência de nosso reino, atando-o com a Satsuki-dono, e então casando seu filho com nossa realeza... O pensamento passou brevemente pela mente de François.
"Nós devemos esperar e ver. Não há garantia de que Satsuki-dono se sentirá assim. Continue observando o relacionamento deles e relate imediatamente se alguma coisa mudar. Vou dar-lhe instruções para obter o melhor resultado para a nossa situação política.", ele ordenou a Charlotte.
"Entendido. O relacionamento entre a Miharu-sama, Takahisa-sama e Lilianna-sama pode ser fortuito para nós, então seria uma possibilidade abordá-lo dessa forma. O que significa... Ara, ara, o que devo fazer? Há muito em que pensar.", disse Charlotte, sorrindo alegremente. François observou sua filha com olhos ligeiramente exasperados, mas sorriu enquanto considerava seus planos para o futuro.
◇ ◇ ◇
Aproximadamente uma hora depois, em um local diferente...
Os convidados do Reino Centostella, Takahisa e Lilianna, estavam na sala dos aposentos de hóspedes do castelo real do Reino de Galark.
"Acha que a Miharu e a Satsuki-san ainda estão falando com ele?", Takahisa estava andando pela sala inquieto enquanto Lilianna estava sentada em um sofá. Não era uma pergunta para a qual Lilianna saberia a resposta, mas ele provavelmente estava ciente disso e perguntou de qualquer maneira.
"Se elas ainda não chegaram para ver o Takahisa-sama, provavelmente não é esse o caso?", Lilianna respondeu com uma voz calma.
"Entendo, é isso mesmo...", Takahisa afundou pesadamente no sofá e começou a balançar a perna inquieto. Vê-lo assim fez Lilianna falar.
"Takahisa-sama, o tempo vai passar mais rápido se tirar uma soneca. Você deve estar cansado por toda a viagem e ir ao banquete nos últimos dias, então que tal descansar um pouco no seu quarto? O chamarei imediatamente se a Miharu-sama e a Satsuki-sama chegarem."
"É, sério?"
"A fadiga aumenta sem aviso prévio. Se deitar na cama, poderá dormir em questão de instantes e, de qualquer maneira, seria bom descansar antes do banquete hoje à noite.", explicou Lilianna, persuadindo Takahisa para seu próprio bem-estar.
"Eu, entendo... Então, por favor.", Takahisa sorriu fracamente e se levantou com um suave suspiro. Ele provavelmente estava ciente de sua própria inquietação. Deitar-se era uma boa sugestão e ele poderia pelo menos usar o tempo para se acalmar um pouco.
"Por favor, descanse."
"Sim. Estou indo."
Com isso, Takahisa foi embora. Quando a porta de seu quarto se fechou, Lilianna foi deixada sentada no sofá, acompanhada por sua maid adolescente, Frill, e Hilda, que estava encarregada de suas guardas.
"Hilda, pode pedir a Kiara para ficar de guarda do lado de fora da porta e chamar a Alice aqui?", pediu Lilianna.
"Entendido.", Hilda baixou a cabeça respeitosamente antes de sair da sala. Ela abriu a porta e falou com as duas cavaleiras que estavam de guarda, chamando a mais jovem, Alice, para dentro.
"Me chamou, Lilianna-sama?", Alice inclinou a cabeça e perguntou em uma voz lenta que ainda tinha um toque de inocência. Ela tinha quatorze anos, o que era um pouco jovem para ser uma cavaleira que protegia um membro da família real, mesmo quando comparada a Kiara, que tinha dezessete. Isso ocorreu em parte porque muitas jovens cavaleiras se retiraram para o casamento, e em parte por causa dos talentos especiais de Alice. Foram esses talentos que a fizeram se alistar como cavaleira, embora fosse filha de um duque.
"Alice, no banquete da noite passada você disse que havia uma quantidade enorme de essência mágica fluindo naturalmente do corpo do Amakawa-kyō, correto? Quanto é isso?", perguntou Lilianna. Na verdade, apesar do fato de que Alice era uma humana que vivia na região de Strahl, ela podia visualizar a essência mágica. Essa habilidade despertou nela quando tinha doze anos, quando foi recrutada para proteger a primeira princesa.
"Hmm, mais ou menos a mesma quantidade que nosso Herói-sama, eu acho? Mas, falando honestamente, não tenho certeza. A quantidade de essência que flui de seu corpo pode ser controlada, e ele parecia ser capaz de fazer isso extremamente bem também. Eu nunca vi ninguém se envolver em essência mágica de forma tão limpa e eficiente antes. É possível que ele tenha menos essência do que nosso Herói-sama, mas também é possível que ele tenha mais.", Alice ponderou sobre sua resposta, batendo os dedos nos lábios.
Os humanos que podiam usar magia tinham níveis variados nos quais podiam detectar e manipular a essência mágica, mas era inédito as pessoas darem um passo adiante e visualizar a essência. Essa era uma habilidade necessária para usar artes espirituais, o que tornava os humanos naturalmente inadequados para o aprendizado das artes espirituais.
Claro, era possível aprender a visualizar a essência com bastante prática ao longo do tempo, mas infelizmente, a técnica "aprenda muito mais fácil a magia" havia se espalhado muito pela região de Strahl, não deixando ninguém com conhecimento das artes espirituais.
No entanto, havia exceções a isso mesmo entre os humanos, e Alice era um desses gênios que tinha alta compatibilidade com as artes espirituais. Embora ela não pudesse usar artes espirituais, ela poderia utilizar sua habilidade de visualizar a essência mágica para sentir seu fluxo e proteger sua senhora. Além disso, ela poderia dizer quanta essência mágica uma pessoa tinha ao ver a essência emitida naturalmente de seu corpo.
A propósito, em termos de percepção e manipulação da essência mágica necessária para usar magia, Celia era esmagadoramente mais talentosa, mas em termos de visualização da essência sozinha, Alice era melhor do que Celia. No entanto, Celia estava aprendendo a visualizar a essência mágica durante seu tempo na casa de rocha, de modo que a lacuna de habilidade estava lentamente se fechando.
".... É mesmo possível ter mais essência mágica do que o nosso Herói-sama? Ele possui mais essência mágica do que todos os nossos magos reais combinados, certo?", Hilda perguntou com uma expressão duvidosa, achando difícil de acreditar.
"É por isso que eu disse que não tinha certeza. Pode ser mais correto dizer que não consigo ver seus limites. Embora seja verdade que a essência mágica que flui do corpo de uma pessoa é representativa de sua quantidade total de essência, só posso fazer uma estimativa muito vaga. Você pode controlar a essência que flui de você diariamente com bastante prática também. Pense no assunto como ser incapaz de dizer a diferença entre um copo d'água e um balde d'água.", disse Alice, encolhendo os ombros.
"Hilda, a seus olhos, como eram as habilidades do Amakawa-kyō?", Lilianna perguntou a Hilda.
".... Pelo que pude ver da batalha, sua habilidade é excelente. Os rumores diziam que ele derrotou vários minotauros com sua arte de espada e repeliu o hálito de um semi-dragão com sua espada mágica, e eu acredito que ele tem as habilidades para apoiar essas afirmações.", conjecturou Hilda.
"Em outras palavras, neste ponto, Amakawa-kyō é intocável. Depois de conversar com a Miharu-sama no banquete na noite passada e ver seu comportamento na audiência mais cedo, ele parece ter uma personalidade reservada também.", resumiu Lilianna, então suspirou um tanto apática.
".... Há algum problema com ele?", Hilda perguntou, estreitando os olhos. Como chefe da guarda, se havia algo de que suspeitar, ela precisava estar ciente de todos os fatores que poderiam afetar seu dever.
"Esse não é o caso.", disse Lilianna. Mas sua expressão ainda mostrava sinais de preocupação.
Não há nenhum problema com o próprio Amakawa-kyō. Ele tem sido o assunto da cidade, afinal. Boatos sobre ele se espalharam por toda parte. No entanto, todos eles falam apenas bem dele. Se houve um problema, então...
Seria como Takahisa parecia ter uma sensação de negatividade em relação ao cavaleiro honorário Haruto Amakawa. Toda vez que rumores elogiando Haruto chegavam a seus ouvidos, ele franzia a testa. Isso era por causa da garota chamada Miharu, por quem Lilianna sabia que Takahisa tinha sentimentos.
Takahisa-sama está com ciúmes de Amakawa-kyō. Embora eu não saiba quanta consciência ele tem disso... Lilianna queria aliviar o estado da mente de Takahisa, permitindo que ele se reunisse com Satsuki, e foi por isso que ela tornou esta visita ao Reino de Galark uma realidade.
Mas agora ela estava preocupada que o estado mental de Takahisa tivesse se tornado ainda mais instável ao vir aqui. Embora, no momento, ainda fosse apenas uma pequena semente de medo...
É arriscado. Ter sentimentos de rivalidade com uma pessoa tão excepcional como ele.... Geralmente é impossível para uma pessoa vencer outra em todos os aspectos, porque cada pessoa tem seus próprios pontos fortes e fracos.
No entanto, o ciúme pode nublar os olhos de uma pessoa. Não havia necessidade de tal coisa, mas eles ficam desiludidos com a necessidade de vencer o outro em todos os sentidos. Se não vencem, eles sentem uma ansiedade insuportável.
E se o ciúme de Takahisa estivesse profundamente enraizado? E se ele percebesse sua derrota contra o Haruto em áreas nas quais não poderia vencer? Seria melhor remover essa semente de ciúme do Takahisa o mais rápido possível. Exortando-o a retornar ao reino imediatamente, para ser mais preciso. Contudo—
.... Mesmo se eu puder prever o que vai acontecer, não posso pedir ao Takahisa-sama como ele está agora para retornar ao nosso reino. Mesmo que ela sugerisse que retornassem mais cedo, Takahisa não concordaria.
Lilianna não poderia conter Takahisa à força e levá-lo de volta para seu reino; fazer isso prejudicaria imediatamente sua confiança nela e faria com que ele se voltasse contra o reino.
Devo me mover como Takahisa-sama desejar. Esse é meu dever como princesa. Mas.... Também era seu dever guiar Takahisa pelo caminho correto, como seu apoio. Com esse pensamento, Lilianna fechou os olhos silenciosamente e endureceu sua determinação.
Naquele momento, a porta do quarto que Takahisa foi para dormir se abriu. Claro, aparecendo na porta estava o próprio garoto.
"Ei, Lily. Talvez eles devem ter encerrado a conversa agora.... Podemos ir para os aposentos da Satsuki-san e da Miharu para verificar?", Takahisa perguntou a Lilianna com uma cara terrivelmente ansiosa. Nesse exato momento, sua única aliada era ela mesma — essa foi a ilusão pela qual Lilianna foi atingida. Ela sabia o quão fraco Takahisa era; como ele era apenas um garoto, apesar de seu título de Herói.
O nome de Satsuki foi mencionado, mas aquela que Takahisa queria ver era Miharu. Isso era fácil de ver...
".... Não posso recomendar isso no momento.", Lilianna hesitou antes de responder.
"...", Takahisa baixou a cabeça em desespero, mas as palavras que Lilianna proferiu em seguida o animou.
"No entanto, podemos ir e verificar se é esse o caso. Se me prometer que sairemos imediatamente se eles ainda estiverem ocupados, irei acompanhá-lo. O que acha?"
"Vamos!", sua resposta foi imediata. A maneira como seu rosto mudou tornou seus pensamentos tão fáceis de ler que ele teria falhado como membro da realeza ou nobreza. Takahisa era um tipo de pessoa com quem Lilianna nunca interagiu, e era exatamente por isso que ela não sabia como interagir com ele.
"Então vamos. Todas vocês devem nos acompanhar." Lilianna sorriu, fazendo com que todos começassem a se mover. Ela podia sentir uma dor como se um espinho espetasse seu coração.
◇ ◇ ◇
Quase uma hora se passou desde que Rio contou a Satsuki e Miharu sobre sua vida passada e discutiu o que fazer sobre o futuro.
Miharu terminou de discutir as coisas sozinha com Satsuki e voltou até Rio, então planejaram seus pontos de informação para o que estava por vir.
Em outras palavras, o quanto da verdade eles poderiam revelar ao Takahisa, tendo em mente a presença da princesa Lilianna do Reino Centostella, e o quanto sobre sua vida passada como Amakawa Haruto deve ser compartilhado com Aki e os membros da família Sendou.
"Miharu-chan me explicou tudo, mas o problema em contar a verdade aos três membros da família Sendou será a Aki-chan, não é? Aki-chan odeia a vida passada do Haruto-kun como Amakawa Haruto-kun, mas ela não sabe sobre a vida passada do Haruto-kun ainda.... Isso torna tudo complicado.", ao colocar a situação em palavras, Satsuki podia sentir o quão complexo o assunto era e sorriu ironicamente.
"Desculpa.", disse Rio.
"Eu também, não pude fazer nada com medo de que meu relacionamento com a Aki-chan mudasse...", Miharu baixou a cabeça se desculpando.
"Não, vocês dois não deveriam se desculpar, mas... hmm...", Satsuki inclinou a cabeça, imaginando o que poderia ser feito. ".... Eu acredito que as emoções da Aki-chan são ilógicas, mas se fosse algo que pudesse ser explicado em palavras, então não se arrastaria por tanto tempo, sabe? É por isso que era difícil para a Miharu-chan falar com a Aki-chan sobre isso. Se a Miharu-chan revelasse a vida passada do Haruto-kun para a Aki-chan, ela poderia recuar e distorcer a conversa do rumo."
".... Sim.", Miharu assentiu amargamente.
"É só que... se dissermos a eles que não voltaremos à Terra nos próximos anos, pelo menos, inevitavelmente precisaremos contar a eles sobre a vida passada do Haruto-kun. E o Takahisa-kun precisa saber que Aki-chan e Masato-kun estão seguros, e o inverso também se aplica. Seria cruel manter escondida a verdade sobre nosso retorno à Terra. Hmm...", Satsuki organizou as informações que recebeu com precisão e ponderou. "Então, que tal isso? Não queremos que a discussão saia do assunto, e há também as preocupações sobre a princesa Lilianna, então primeiro vamos contar ao Takahisa-kun um pouco da informação que pudermos. Apenas que Aki-chan e Masato-kun estão seguros. Então, para Aki-chan e Masato-kun.... Assim que a Aki-chan souber que o Takahisa-kun foi encontrado são e salvo, contaremos a ela sobre a vida passada do Haruto-kun. Agora que o Haruto-kun se nomeou com o sobrenome Amakawa, Aki-chan perceberá a verdade assim que chegar ao castelo. O que seria tarde demais."
".... Eu não tenho nada para argumentar sobre isso.", Rio colocou a mão contra sua boca e concordou com Satsuki. Ele achou que era o plano mais razoável para evitar que a conversa ficasse mais complicada.
"Mesmo? Se você tiver alguma objeção, fale."
"Não, eu também acredito que isso seria o melhor. Você é muito hábil nisso, Satsuki-san."
"Ahaha, acho que já fui uma líder antes— Ou melhor, uma representante do conselho estudantil. Eu costumo expressar minhas opiniões sem hesitação durante uma discussão. Também, quando se trata da Aki-chan, posso fornecer uma opinião objetiva como um terceiro, eu acho. Então, Miharu-chan o que acha?", Satsuki disse timidamente, antes de se virar para Miharu para saber sua opinião.
"Eu também não tenho nenhum problema com isso.", Miharu assentiu.
"O único outro problema seria se não haveria problema em trazer a Aki-chan e o Masato para o castelo se os três concordassem em se encontrar, suponho? Temos uma resposta para isso?", Rio perguntou.
Satsuki trocou um olhar com Miharu e assentiu. "Discuti isso com a Miharu-chan e achamos que a única opção é eles se encontrarem no castelo, uma vez que todos concordem com os riscos envolvidos."
"Entendido. Nesse caso, vou deixar a explicação para o Takahisa-san com Satsuki-san e Miharu-san, e vou escapar do castelo esta noite para explicar as coisas para a Aki-chan e o Masato eu mesmo."
"Umm, eu também vou.", Miharu ofereceu imediatamente.
".... Entendido. Então, podemos deixar este lugar com a Satsuki-san. Se algo acontecesse com a segurança do castelo, alguém poderia vir aqui. Seria ruim se todos estivéssemos desaparecidos."
"Entendido. Se alguém acabar visitando, eu farei algo sobre isso. Vocês dois, não se preocupem.", Satsuki concordou prontamente.
"Então, por favor!", Rio assentiu para Satsuki.
Aishia, posso pedir que entregue uma mensagem por mim? Rio perguntou a Aishia secretamente.
Sim, está bem. Quer que eu vá até Aki e Masato? Aishia devia estar ouvindo, pois ela respondeu imediatamente.
Sim. Gostaria que fosse primeiro à casa de rocha e informasse que o Takahisa-san foi encontrado. Então, esta noite, quando a Miharu-san e eu visitarmos, gostaria que eles pensassem com cuidado e decidissem se gostariam de encontrar o Takahisa-san no castelo.
Entendido. Então, estou indo. Aishia prontamente deixou o corpo de Rio em sua forma espiritual e se dirigiu para a casa de rocha. Naquele exato momento, uma batida na porta ecoou pela sala de estar.
".... Me pergunto quem é?", Satsuki disse, levantando-se e indo em direção à porta. Ela começou a abri-la para revelar as duas mulheres soldados que estavam de guarda diante de seus aposentos, bem como Takahisa e Lilianna. Eles estavam acompanhados pela maid de Lilianna, Frill, e suas guardas cavaleiras.
"Oi, Satsuki-san.", Takahisa a cumprimentou com um sorriso um tanto estranho.
"... Takahisa-kun.", Satsuki piscou. Ela tinha certeza de que havia dito a ele que tinha algo importante para discutir com o Haruto, então ela iria contatá-lo mais tarde. E ainda assim, ele tinha aparecido aqui desse jeito...
"Eu sinto muito. Simplesmente eu não podia esperar mais..."
"Ahaha, bem, nós estávamos encerrando nossa discussão..." Satsuki disse, voltando para a sala de estar. Rio e Miharu estavam sentados juntos, e seus olhares dirigidos aos visitantes.
Claro, a visão de Rio e Miharu sentados juntos também estava dentro do campo de visão de Takahisa.
"—...", instantaneamente, o rosto de Takahisa escureceu enquanto ele cerrava a mandíbula. Ele não ficou muito impressionado ao ouvir que tinha sido excluído enquanto eles discutiam algo importante.
Satsuki suspirou baixinho. ".... Suponho que seja um bom momento. Há algo que gostaríamos de dizer ao Takahisa-kun também. Gostaria de entrar? Umm, desculpe dizer isso à princesa, mas gostaríamos de falar com Takahisa a sós."
"Tudo bem, Lily?", Takahisa olhou para Lilianna, que estava atrás dele.
".... Elas são amigas que você não vê há muito tempo, então tenho certeza que vocês têm muitas coisas para discutir. Nesse caso, não agirei tão rude a ponto de insistir na minha presença...", Lilianna parou por um momento, olhando para Rio — que não tinha relacionamento com Takahisa — antes de dar sua resposta animadamente.
"Se esse é o caso, eu devo sair também.", Rio leu a mensagem implícita e imediatamente se ofereceu para sair.
"E—, mas...", Satsuki hesitou reflexivamente, tentando parar Rio.
"Se está proibindo a presença de Sua Alteza Real Lilianna com o raciocínio de um reencontro entre amigos, então não faz sentido eu ser tratado de maneira especial, certo? Tenho certeza de que, em termos de posição, a princesa também preferiria permanecer com o Takahisa-sama o máximo possível.", explicou Rio, mostrando consideração por Lilianna.
Não poderia ser fácil para o Reino Centostella abandonar seu Herói. Eles iriam querer mantê-lo dentro de seu campo de visão tanto quanto possível, afinal — especialmente quando ele estivesse na presença de um nobre desconhecido recém-nomeado. Isso era ainda mais desfavorável para Lilianna de sua posição. No mínimo, eles deveriam ser cautelosos com isso. Isso também era da natureza de seu reino fechado.
"Agradeço sua consideração, Amakawa-kyō.", Lilianna falou o sobrenome que Rio havia anunciado na audiência com o rei, tendo lembrado claramente dele.
"Não. É uma honra que tenha lembrado de mim.", disse Rio, demonstrando respeitosa humildade. Assim, Takahisa assumiu o lugar de Rio na discussão com Satsuki e Miharu, enquanto Rio saiu da sala.
◇ ◇ ◇
Depois de sair da sala, Rio e Lilianna desceram juntos a escada da torre. A maid de Lilianna, Frill, e as cavaleiras Hilda, Kiara e Alice ficaram na retaguarda.
Elas estão me observando. Estão desconfiadas de mim? Não, não é isso... Rio sentiu seus olhares sobre ele e casualmente olhou para trás. Alice estava olhando fixamente para ele. Era um pouco evidente demais para ser um olhar de cautela — parecia mais que ela estava olhando por curiosidade.
"Amakawa-kyō, gostaria de se juntar a mim para conversar um pouco? Você parece próximo da Satsuki-sama e da Miharu-sama, então eu adoraria ouvir seus pensamentos.", nesse momento, Lilianna falou.
"... Claro, não tenho motivos para recusar. Se Vossa Alteza Real Lilianna achar que eu sou um parceiro de conversa digno, terei o maior prazer em cumprir esse papel.", embora Rio ficou ligeiramente surpreso com o pedido repentino, ele concordou prontamente. Afinal, não se podia recusar o pedido de alguém da realeza sem um motivo.
"Muito obrigada. A área em que ficaremos fica na base desta torre, então vamos para lá.", assim, o grupo passou o minuto seguinte tranquilamente descendo as escadas em direção aos quartos de hóspedes onde Lilianna estava hospedada. No caminho, eles encontraram Charlotte e Christina conversando no corredor. As duas estavam acompanhadas por suas respectivas maids, que aguardavam nas proximidades.
"Ara~, se não é a Lilianna-sama. E o Haruto-sama também. O que vocês dois estão fazendo?", Charlotte perguntou curiosamente.
"Takahisa-sama está nos aposentos da Satsuki-sama falando com ela e a Miharu-sama, então eu tive um momento livre de sobra. Eu estava pensando em conversar com o Haruto-sama.", Lilianna explicou.
"Oh, é mesmo? Nesse caso, eu adoraria me juntar a vocês."
"Claro, não vejo nenhum problema.", Lilianna concordou prontamente.
"Muito obrigada. Então, Christina-sama definitivamente também virá? Estava prestes a voltar para seus aposentos agora mesmo, certo?", Charlotte disse brilhantemente.
"Eu... Não, eu concordo. É uma rara ocasião, então eu agradeceria a oportunidade.", Christina parecia que ia recusar por um breve momento, mas pareceu mudar de ideia quando viu o rosto de Rio.
"Então, está decidido. Ara~... Flora-sama!", enquanto sorria alegremente, Charlotte, por pura coincidência, avistou Flora passando mais adiante no corredor e chamou seu nome avidamente.
Flora caminhava ao lado da cavaleira que a acompanhava, mas parou ao ouvir chamar seu nome. Quando ela avistou sua irmã mais velha, Christina e o Rio, seus olhos se arregalaram e ela se aproximou apressadamente.
"... Umm, por que todos estão reunidos aqui assim?", Flora perguntou a Charlotte, ao mesmo tempo tendo sua atenção voltada para Rio e Christina. Enquanto Rio se curvou uma vez, Christina não a olhou e permaneceu parada.
"Eu tinha acabado de ver Christina-sama no corredor e estava conversando com ela quando Lilianna-sama e Haruto-sama apareceram, então nós quatro estamos prestes a tomar chá juntos.", Charlotte olhou casualmente entre as duas irmãs do Reino de Bertram e falou com um sorriso radiante.
Só para constar, as festas do chá eram como as mulheres nos círculos reais e nobres se socializavam, e um convite para o chá era o mesmo que um convite para uma conversa. Embora houvesse exceções, era uma regra silenciosamente aceita que a pessoa de posição social mais alta convidaria uma pessoa de posição social inferior para o chá se a conversa fosse prolongada. Se elas estivessem em pé de igualdade, não importava quem fez o convite. Por outro lado, se a pessoa de posição social mais alta não fizesse o convite para o chá, era uma forma silenciosa de expressar que não queria falar por muito tempo. Nesse sentido, era preciso saber ler as entrelinhas com grande sensibilidade.
"Todos estão indo tomar chá juntos...", Flora parecia querer se juntar a eles, enquanto olhava para os quatro com olhos ligeiramente invejosos, parecidos aos de cachorrinho. Charlotte inclinou a cabeça.
"O que Flora-sama estava fazendo?"
"Estava pensando em dar um pequeno passeio antes de voltar para os meus aposentos...", Flora respondeu com sinceridade. Como Christina e Lilianna, os aposentos em que Flora estava hospedada também ficavam neste andar.
"Entendo.", Charlotte assentiu, sorrindo alegremente. No entanto, isso foi tudo o que ela disse. Ela não convidou Flora imediatamente.
"... Umm. Então, se me derem licença.", Flora parecia desconfortável e evitou olhar nos olhos de alguém enquanto lentamente tentava voltar.
"Ara, ara, espere um momento, por favor. Flora-sama gostaria de se juntar a nós também?", foi então que Charlotte finalmente convidou Flora para o chá.
"Eh, mas... Tudo bem?", Flora perguntou timidamente, observando as expressões de Rio e Christina.
"É claro, eu não vejo problema algum.", Charlotte assentiu brilhantemente.
"Eu também ficaria feliz. Raramente tenho a chance de tomar chá com princesas de outros reinos.", Lilianna também concordou alegremente.
"Também não tenho motivos para recusar.", acrescentou Rio. Do ponto de vista social, Rio não era capaz de recusar como as demais.
Com isso restou sua irmã mais velha, Christina, que atualmente estava aqui como embaixadora do Reino de Bertram. Como irmã de Flora, que era a representante da Restoration, que estava se rebelando contra seu reino, elas estavam em facções opostas.
No entanto, como ela já havia concordado em se juntar a eles para o chá, mudar de ideia tão descaradamente seria visto como um ato de desrespeito para com Charlotte e Lilianna.
".... Eu também não me importo.", Christina se conteve para não suspirar pesadamente e assentiu com uma expressão impassível.
"Muito obrigada.", disse Flora alegremente.
"Então, onde vamos conversar? Eu estava pensando em usar o quarto de hóspedes onde estou hospedada, mas...", disse Lilianna.
"Se esse é o caso, há um jardim no terraço para uso da realeza. Permitam-me liderar o caminho.", Charlotte sugeriu imediatamente, e começou a se mover. E assim, Rio acabou indo a um chá com quatro princesas, uma do Reino de Galark, duas do Reino de Bertram e uma do Reino Centostella, representando os três grandes reinos que se estendem do oeste ao leste de Strahl.
Elas estavam cercadas por suas respectivas maids, formando um grupo bastante grande. Naturalmente, apenas andar pelo castelo assim atraiu muita atenção. As pessoas pelas quais passavam nos corredores seriam atraídas pelas quatro lindas princesas primeiro. Então, a maioria das pessoas arregalaria os olhos e congelaria, antes de voltar aos seus sentidos e correr por um corredor lateral para evitá-las.
O seguinte a chamar a atenção das pessoas seria o Rio, o único homem entre o grupo e que havia acabado de ser nomeado cavaleiro honorário. A visão dessas quatro pessoas se reunindo para tomar chá era algo tão inédito que era provável que nunca mais acontecesse. Não havia como eles serem discretos.
Vou me cansar antes mesmo de começar a terceira noite. Como as coisas acabaram assim? Embora qualquer outro garoto da família real estaria com inveja e entusiasmo com tal situação, o rosto de Rio se contraiu silenciosamente.
◇ ◇ ◇
Algum tempo antes, nos aposentos de Satsuki, uma explicação estava sendo dada a Takahisa. Satsuki enfatizou como as coisas que elas estavam prestes a dizer deveriam ser mantidas estritamente entre eles, antes de informar a Takahisa que Aki e Masato estavam seguros.
"Aki e Masato... estão, seguros?", Takahisa repetiu as palavras de Satsuki em choque.
"Sim, o Haruto-kun os acolheu, junto com a Miharu-chan, e eles estão morando em um lugar seguro. Os únicos que sabem disso são o Haruto-kun, a Miharu-chan e eu. E agora o Takahisa-kun. Por favor, lembre-se disso.", explicou Satsuki.
"O Haruto...san?", Takahisa disse, parecendo um pouco confuso.
"Os dois vagaram por este mundo com a Miharu-chan, então foram salvos junto com ela."
"E-Espere um pouco, por favor. Nesse caso, então por que os dois não foram trazidos para o castelo também?"
"Eles não tinham certeza de como seriam tratados no castelo. É por isso que a Miharu-chan veio com o Haruto-kun em nome deles primeiro."
"Disseram que eles estão em um lugar seguro... esse lugar é realmente seguro?"
"Eles estão seguros até hoje, não é?", Satsuki ressaltou para acalmar Takahisa.
".... Mas, se os dois estão seguros, eu vou acolhê-los! E à Miharu também!", Takahisa deixou escapar em frustração, incapaz de aguentar mais. Miharu estava prestes a dizer algo reflexivamente, mas Satsuki a impediu com a mão.
"Não seria o Takahisa-kun acolhendo, mas o Reino Centostella, certo? Se eles fossem para o castelo, eles poderiam ser usados de uma forma política. Eles também podem perder a liberdade de agir. E embora seja sua responsabilidade cuidar da Aki-chan e do Masato-kun como irmão mais velho dos dois, esse não é o caso da Miharu-chan, não é?", ela disse com um suspiro.
"M-Mas, o castelo é definitivamente mais seguro! Lily também é confiável!"
"Se Takahisa-kun está insistindo tanto, bem, vou acreditar que ela não é uma pessoa de mau coração. Mas isso não significa que podemos confiar nela. Eu não sei que tipo de pessoa é a princesa Lilianna, e também não sei que tipo de reino é o Reino Centostella. Mesmo que a princesa seja uma boa pessoa, o reino poderia ser diferente. A princesa Lilianna seria capaz de ir contra os interesses de seu reino para agir em nome da Aki-chan e do Masato-kun? Ela tem o poder de fazer isso?"
"Isso é—…!", Takahisa tentou objetar, mas lutou para encontrar suas palavras.
"Não pode dizer com certeza, certo? Mesmo eu não confio no Reino de Galark completamente. É por isso que posso entender seu desejo de ficar com seu irmão e irmã mais novos, e pessoalmente gostaria de ficar com vocês também, mas estou preocupada...", Satsuki acrescentou, franzindo a testa.
"Você diz que está preocupada, mas estou mais preocupado em não os ter ao meu lado. Eu simplesmente não consigo ficar quieto e me pergunto se algo pode acontecer com eles. Eu já experimentei isso o suficiente nos últimos meses. A dor de não ter as pessoas de quem gosto ao meu lado.... Não ser capaz de protegê-los se algo acontecer..."
"Enquanto estiverem sob a proteção do Haruto-kun, eu acredito que eles estarão seguros...", Satsuki percebeu que, assim como Lilianna era para ela, Haruto era alguém que Takahisa provavelmente não podia confiar também.
"... Satsuki-san parece confiar bastante no Haruto-san.", Takahisa disse com um tom ligeiramente mordaz.
"Bem, Haruto-kun tem o histórico de proteger a Miharu-chan e as crianças desde o momento em que eles chegaram a este mundo. Ele até trouxe a Miharu-chan para nós. Mesmo que ele não tivesse conseguido nada com isso, ele ajudou um estranho... ajudou estranhos como a Miharu-chan e as crianças, sabe? E quando eu realmente sentei e conversei com ele, ele parecia uma pessoa realmente sincera.", Satsuki olhou para Miharu enquanto ela falava dos feitos e personalidade de Rio. Eles não eram totalmente estranhos, então ela se atrapalhou um pouco com as palavras, mas Takahisa não pareceu achar isso particularmente estranho.
"Nesse caso, confie em mim também! E confie na Lily, que tem me apoiado até agora! Satsuki-san não quer acreditar em mim?", Takahisa objetou veementemente.
"Claro, eu acredito que seus sentimentos sobre a Aki-chan, o Masato-kun e a Miharu-chan são verdadeiros. Também acredito que você tem uma responsabilidade sobre Aki-chan e Masato-kun como seu irmão mais velho, e que normalmente seria a coisa certa a fazer. Não negamos isso e não vamos impedi-lo de encontrá-los.", em contraste, Satsuki falou calmamente com Takahisa.
"Então...!", Takahisa parecia ter interpretado as palavras de Satsuki como algo encorajador, enquanto sorria de alívio. No entanto, ele parecia mal-humorado mais uma vez por causa do que Satsuki disse a seguir.
"Mas se vai se encontrar com a Aki-chan e o Masato-kun, quero que prometa que não vai ignorar as próprias intenções deles. Embora eu saiba que você deve ter ficado ansioso por ficar sozinho esse tempo todo, isso não significa que você pode simplesmente forçar sua opinião para os outros, sabe? Nem todo mundo pode pensar da mesma maneira que o Takahisa-kun. Além disso, Takahisa-kun não tem o poder de decidir as ações da Miharu-chan por conta própria."
"......."
"Desculpe por soar tão mandona. Mas quando eu olho para o Takahisa-kun agora, tudo que vejo é sua ansiedade. Não há garantia de que a Aki-chan e o Masato-kun pensem da mesma maneira que o Takahisa-kun e, se for esse o caso, não quero que force suas opiniões sobre eles. Se não pensasse nisso como um sermão, mas sim como um pedido de uma senpai, eu ficaria feliz.", Satsuki parecia um pouco culpada enquanto falava com o silencioso Takahisa.
"Certo...", Takahisa fez beicinho e assentiu.
"Então... duvido que precise perguntar de novo, mas, Takahisa-kun quer ver Aki-chan e Masato-kun?"
"Sim."
"Os dois estão atualmente morando fora do castelo. Como heróis, não seremos capazes de deixar o castelo sem nenhuma explicação para o rei, e mesmo se explicarmos, apenas nos dirão: 'Então, traga-os aqui.'. Por isso, se quiser encontrá-los, teremos que trazer Aki-chan e Masato-kun para o castelo. Mas a decisão final de virem ao castelo ou não recai sobre os dois.
Quanto tempo Takahisa-kun acha que pode ficar neste reino?"
"Eles resolveram que temos algumas coisas para colocar em dia, então vamos ficar por mais alguns dias."
"Nesse caso, não deve ser um problema. Haruto-kun vai visitá-los amanhã para explicar a situação. Se os dois concordarem em vir ao castelo, ele deve ser capaz de trazê-los imediatamente. Pode esperar até então?"
".... Eu esperarei.", Takahisa suprimiu seu desejo de vê-los imediatamente e assentiu mal-humorado.
"Isso resolve tudo. Está bem com isso, Miharu-chan?", Satsuki exalou, voltando-se para Miharu. Ela assentiu lentamente.
"Sim. Desculpe, eu a deixei com todas as explicações..."
"Está tudo bem, este é o meu trabalho como sua senpai.", Satsuki se gabou um pouco, encolhendo os ombros.
"Muito obrigada. Agora, até o Haru-kun... Haruto-san voltar, tudo o que resta é esperar, certo? Tínhamos mais alguma coisa a dizer...?", Miharu sorriu suavemente e relaxou, o que provavelmente a fez chamar acidentalmente o Rio de "Haru-kun". Ela imediatamente se corrigiu dizendo "Haruto-san", mas Satsuki e Takahisa a ouviram claramente. Takahisa parecia querer dizer algo em resposta ao apelido íntimo.
".... Haruto-san, planeja fazer o quê?", Takahisa perguntou, mas ele não conseguiu perguntar sobre o apelido "Haru-kun".
"Haruto-kun também está ficando nesses aposentos.", respondeu Satsuki.
"Eh—?!", a expressão de Takahisa caiu em choque. Ele olhou para Miharu e Satsuki incredulamente, como se estivesse questionando o que elas estavam pensando.
"Mesmo que ele esteja hospedado aqui, é claro que ele está um quarto separado.", então não era um problema, Satsuki sugeriu.
"Ainda assim, ficar nos mesmos aposentos que um homem da sua faixa etária...", Takahisa simplesmente não conseguia entender isso.
"Porque, era mais fácil compartilhar informações fazendo com que ele ficasse nesses quartos. De qualquer forma, Takahisa-kun está hospedado nos mesmos aposentos que a princesa Lilianna, não é?"
"Está bem para mim! Eu juro que não faria nada como me aproximar à força de uma mulher e as outras cavaleiras da guarda e maids também estão lá. Mas aqui, incluindo a Miharu e a Satsuki-san são apenas os três, certo? Estão colocando muita confiança nele."
"Está bem para mim, você diz... Se você diz isso, o Haruto-kun também não é do tipo que aborda uma mulher à força. Não é, Miharu-chan?", Satsuki riu ligeiramente exasperada antes de se virar de repente para Miharu.
"Fueh? Ah, s-sim!", Miharu não esperava ser questionada sobre isso, então ela ficou surpresa no início. Takahisa viu que as duas confiavam em Haruto completamente e franziu a testa em desaprovação.
... Satsuki-san parece estar preocupada em trazer Aki e Masato para o castelo, mas estou mais preocupado em não os ter comigo. E a Miharu também... Ele não podia deixá-los para mais ninguém. Se algo de ruim acontecesse com eles enquanto estivessem longe dele, ele se arrependeria.
Aki e Masato com certeza virão me ver. Então, nós três ficaremos juntos e podemos finalmente estabelecer uma vida estável. Não, a Miharu também tem que estar ao meu lado. Eu vou protegê-la e não vou me arrepender de nada. É por isso que preciso contar a ela, assim que Aki e Masato chegarem... Takahisa decidiu silenciosamente com determinação.
A conversa continuou por um tempo depois disso, mas em pouco tempo elas terminaram de explicar tudo o que podiam para Takahisa. Satsuki sugeriu que buscassem o Rio, esperando que Takahisa pudesse aprender mais sobre ele.
◇ ◇ ◇
Enquanto isso, algum tempo depois que Satsuki e Miharu terminaram sua conversa com Takahisa...
Apenas um pequeno número de pessoas — incluindo a família real e seus servos — tinha acesso ao jardim no telhado do castelo do Reino de Galark. Rio se encontrou sentado ali com quatro lindas princesas: Charlotte, Flora, Christina e Lilianna.
Chá e doces foram preparados prontamente, e a festa do chá começou.
As maids e as cavaleiras de cada reino ficaram ao redor do Rio, criando uma situação em que, exceto o Rio, todas eram mulheres. Todos ficaram em silêncio enquanto as princesas conversavam animadamente entre si.
O conteúdo da discussão centrou-se no Rio, que era atualmente o tema mais popular do castelo. Em primeiro lugar, cada princesa ofereceu-lhe palavras de parabéns pela sua promoção ao título de cavaleiro honorário.
"A maneira como lutou no banquete foi maravilhosa. Você repeliu os invasores com habilidade verdadeiramente incrível, especialmente aquele momento final onde cortou as Photon Bullet com a adaga.", disse Charlotte, elogiando Rio abertamente.
"Foi uma visão esplêndida. Estou impressionada que foi capaz de cortar aquelas incontáveis balas mágicas de luz voando em velocidades tão rápidas. Você conseguiu ver a trajetória de todas aquelas luzes?", Christina perguntou, havia admiração em sua voz.
"Sim, de alguma forma.", Rio assentiu um tanto sem jeito, já que os olhos de todos os presentes estavam focados exclusivamente nele.
"Tal façanha não pode ser realizada por qualquer pessoa, entende? Mesmo aqueles que foram treinados para lutar.... Você seria capaz de fazer isso, Vanessa?", Christina perguntou, virando-se para questionar a cavaleira de vinte e poucos anos; Vanessa estava parada a uma curta distância de Christina. Ela pensou por um momento antes de responder.
".... Eu acredito que não poderia. Para ser honesta, eu nem pensaria em tentar. Todos no andar superior atrás do Amakawa-kyō corriam o risco de serem pegos no fogo cruzado, embora eu acredite que ele não teve escolha a não ser fazer o que fez naquela situação."
Vanessa...? Quando Rio ouviu o nome, ele sentiu um leve puxão em sua memória. Ele já o tinha ouvido antes e olhou para o rosto de Vanessa por curiosidade.
Não apenas seu nome, rosto dela também era familiar.
Ah, ela é talvez a cavaleira que estava nas favelas naquela época? Junto com a Sensei e a princesa Christina... Rio lembrava de Vanessa nos recônditos de sua memória. Foi ela quem forçou Rio a ir ao castelo, declarando a necessidade de um interrogatório. Isso havia deixado uma impressão.
"Você consegue, Hilda?", Lilianna se virou para questionar a cavaleira mais velha que a protegia. Hilda era semelhante em idade a Vanessa.
".... Se eu pudesse aprimorar meu corpo físico com uma espada mágica, acredito que seria capaz de compreender o básico, mas não estou tão confiante de que seria capaz de realmente ver todas as trajetórias e contra-atacá-las. Seria definitivamente impossível com o encantamento normal do corpo físico por meio da magia ou magia negra.", Hilda respondeu.
"Isso só mostra como as habilidades do Haruto-sama são superiores, eu suponho.", Charlotte disse alegremente.
"Eu tenho um pouco de confiança na minha visão cinética.", admitiu Rio com certa timidez.
Bem, eu estava aprimorando meu corpo físico com artes espirituais também... Ele pensou, relembrando da batalha. Ele havia suprimido seu anormal poder a uma justa quantidade para que nenhum espectador suspeitasse de nada, mas mesmo assim, Rio se moveu de uma maneira que excedeu os limites físicos normais que a magia ou magia negra podiam aumentar.
Em seu estado natural, o corpo físico do Rio não era diferente de uma pessoa normal. Ele também não conseguia se mover além dos limites de seu corpo.
"Que humildade. Enquanto os outros cavaleiros estavam lutando para acabar com os outros invasores em um duelo um contra um, Haruto-sama acabou com seis deles facilmente.", Charlotte disse.
"Sim, foi realmente esplêndido.", Lilianna concordou sem hesitar.
"Oh, é mesmo, Flora-sama testemunhou a luta do Haruto-sama de perto na batalha em Amande, não foi?", Charlotte perguntou de repente.
"Eh? Ah, sim.... Eu o vi quando ele estava lutando contra monstros na estrada principal, bem como quando eu fui sequestrada por um mercenário chamado Lucius.", Flora observou cuidadosamente a expressão de Rio e assentiu.
"Eu ouvi dizer que monstros poderosos chamados minotauros haviam aparecido, e que esse mercenário Lucius era bastante habilidoso. Eu adoraria ouvir mais sobre como o Haruto-sama lutou.", Charlotte expressou curiosamente com seu rosto inocente, implorando por detalhes.
"Foi fantástico. Ele ficou frente a frente com um minotauro que tinha vários metros de altura com uma enorme espada de pedra, e o mercenário... O mercenário foi completamente subjugado... E ele usou sua espada mágica para repelir o ataque repentino do hálito do semi-dragão...", Flora observou o rosto de Rio enquanto tentava encontrar as palavras. Na batalha com Lucius, Rio usou algum tipo de um tremendo ataque de onda que claramente não era magia, mas ela propositalmente escolheu não dizer nada sobre isso.
"... Ele realmente realizou coisas incríveis.", os olhos de Lilianna estavam redondos e arregalados quando ela olhou para Rio, que esboçou um tímido sorriso. Enquanto isso, Christina não havia dito uma palavra a Flora desde o início da festa do chá e nem mesmo a olhou nos olhos uma vez, como se não houvesse ninguém sentado ali.
"......", ela deu o mais leve dos olhares para Flora, antes de franzir a testa levemente. Depois disso, ela olhou para Rio como se estivesse prestes a dizer algo, então hesitou, antes de finalmente fechar a boca.
"Fufu, Flora-sama foi salva pelo Haruto-sama várias vezes.", Charlotte sorriu quase se gabando, olhando para Christina enquanto falava com Flora.
"Sim. Eu gostaria de pagar a dívida de alguma forma, mas...", Flora observou o rosto de Rio e mostrou uma expressão mais sombria em si mesma. Ela podia estar se lembrando do passado de Rio que ela ouviu durante a batalha com Lucius.
"Minha resposta a isso não mudou desde a última vez que nos falamos em Amande.", Rio disse suavemente, balançando a cabeça. Christina olhou entre os rostos de Rio e Flora com uma expressão pensativa.
"Charlotte-sama, desculpe interromper a conversa.", na varanda onde realizavam o chá, que era uma estrutura simples colocada como área de descanso no jardim, apareceu uma criada do Reino de Galark. Para ela estar permitida aqui, deve ter trabalhado em estreita colaboração com Charlotte.
"O Herói-sama do Reino Centostella, Satsuki-sama e Miharu-sama chegaram. Eles dizem que estão buscando o Amakawa-kyō. Devo trazê-los aqui?"
"Claro, não tem problema. Traga-os aqui imediatamente.", disse Charlotte, e a garota foi embora. Menos de um minuto depois, Satsuki e os outros chegaram atrás da mesma garota.
"Olá, desculpem por atrapalhar o tempo livre de vocês. Todas estão aqui juntas...", Satsuki piscou ao ver todas as princesas dos grandes reinos reunidas. Quando ela viu Rio entre elas, ela o olhou exasperada.
".... Há algo errado, Satsuki-sama?", Rio perguntou. Eles estavam cercados por princesas, então ele a chamou usando o honorífico "sama".
"Nada especial... Só estou surpresa de vê-lo se divertindo tomando chá com tantas princesas no pouco tempo que esteve separado de nós. Acho que é o que se esperaria do 'Kuro no Kishi-sama'.", Satsuki parecia um pouco irritada afinal, mas ela concluiu seu pensamento com um sorriso provocador.
Eu não posso acreditar que ele estava se cercando de garotas bonitas enquanto estávamos envolvidos em uma conversa séria, ela pensou, estufando as bochechas ligeiramente.
"Ahaha... Esse é o honorável segundo nome concedido a mim por Sua Majestade, mas sinto que o título de 'Kuro no Kishi' ainda é um fardo muito pesado— e um tanto embaraçoso de ouvir. Se pudesse se abster de usá-lo...", Rio forçou um sorriso desconfortável enquanto implorava a Satsuki de uma maneira indireta.
"Ara, mas é tão legal."
"Por favor, 'Herói-sama'."
"Uh—...", o rosto de Satsuki se contorceu de vergonha.
"Está tudo bem, Satsuki-sama?", Charlotte inclinou a cabeça em dúvida.
"Não, é só que, embora eu esteja bem quando outras pessoas me chamam assim, ter o Haruto-kun me chamando de 'Herói-sama' é realmente constrangedor."
"Nesse caso, me chame como costuma chamar normalmente também, por favor.", Rio pediu a uma tímida Satsuki.
"Entendi, mō~.", Satsuki fez beicinho.
"Fufu, vocês dois parecem tão próximos. Agora, venham e sentem-se, vocês três — bem-vindos à festa do chá. Satsuki-sama pode se sentar ao lado do Haruto-sama, Takahisa-sama pode se sentar ao lado da Lilianna-sama e a Miharu-sama pode se sentar entre eles.", Charlotte sorriu alegremente, decidindo a ordem de assentos para os três e os instando a se sentar.
"Sim, com licença. Então, vamos sentar, Miharu.", Takahisa avançou primeiro, puxando o assento de Miharu para ela.
"...Sim. Obrigada.", Miharu assentiu com um rosto ligeiramente conturbado, caminhando para o assento.
"Por favor, Satsuki-sama.", Rio também se levantou para puxar o assento de Satsuki para ela.
"Obrigada, Haruto-kun.", Satsuki riu enquanto se sentava.
"Então Lily também estava aqui. Mas, como esse grupo se juntou assim? Até mesmo a princesa Christina e a princesa Flora estão aqui...", assim que Takahisa se sentou em sua cadeira, se virou para Lilianna e perguntou.
"Ah, eu também estava um pouco curiosa sobre isso. Acho que depois que a princesa Lilianna saiu da sala com o Haruto-kun só se passaram 30 minutos...", Satsuki imediatamente pulou nesse tópico.
"Depois que saímos dos aposentos da Satsuki-sama, Haruto-sama e eu descemos as escadas da torre e encontramos Christina-sama e Charlotte-sama conversando. Foi então que decidimos tomar chá.", Lilianna respondeu com um sorriso gentil.
"Nós estávamos conversando sobre Haruto-sama agora.", Charlotte explicou a Satsuki e os outros.
"Hee~, sobre o Haruto-kun...", Satsuki olhou para Rio sentado ao lado dela com interesse.
"Fufu, está curiosa?", Charlotte deu uma risadinha maliciosa.
"Bem, sim. Não é, Miharu-chan?", Satsuki não era totalmente contra a ideia, assentindo antes de olhar para Miharu ao lado dela.
".... Sim, estou curiosa.", Miharu assentiu com firmeza, olhando atentamente para Rio do outro lado de Satsuki. Mas Rio parecia estar se sentindo um pouco estranho, enquanto evitava o olhar de Miharu.
O interesse de Satsuki e Miharu foi atraído para o Rio, enquanto Takahisa parecia um pouco amargo e indiferente. Quando Lilianna percebeu isso, seus olhos se arregalaram com uma leve angústia.
Ao mesmo tempo, Flora parecia estar preocupada com Rio e sua irmã mais velha, Christina, enquanto olhava entre eles. Christina parecia ter notado o olhar de sua irmãzinha, mas propositalmente escolheu olhar para o outro lado. Charlotte observou tudo isso cuidadosamente.
Tive um palpite de que o Takahisa-sama estava apaixonado pela Miharu-sama no banquete ontem à noite, mas não parece que a Miharu-sama retribui esses sentimentos. Mas, Miharu-sama está apaixonada pelo Haruto-sama, e embora o Haruto-sama tenha notado isso, por algum motivo, ele está tentando se distanciar. Não, talvez ele esteja preocupado com isso? E, finalmente, Flora-sama parece ter alguns sentimentos em relação ao Haruto-sama, mas o Haruto-sama não percebeu isso. Ah, como estou ansiosa para o banquete de hoje à noite. A boca de Charlotte se contraiu levemente.
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