Interlúdio: Mii-chan

 Enquanto isso, na vila do povo espiritual...

Era o início da tarde e Masato estava treinando arduamente com Arslan e os outros, enquanto Miharu e Aki recebiam uma aula de artes espirituais de Oufia. Não fazia muito tempo que Miharu, Aki e Masato se mudaram para a vila — cerca de dois meses se passaram desde que Masato começou a receber aulas de espada do Rio.

As artes espirituais eram uma habilidade que poderia ser aprendida por qualquer humano, mas não era algo que pudesse ser alcançado em um dia. A compatibilidade variava por espécie, bem como o tempo de aprendizagem. Para poder usar a mais simples das artes espirituais, um humano da região de Yagumo levaria cerca de um ano e meio a dois anos, ao passo que uma criança do povo espiritual geralmente levaria meio ano para obter o mesmo resultado. Embora, em casos raros, houvesse exceções...

".... Ah, consegui!"

Miharu e as outras crianças da Terra mostraram um progresso notável nos últimos dois meses. Miharu, que estava olhando fixamente para o vazio em sua mão estendida, soltou um grito de felicidade quando uma pequena bolha de cerca de um centímetro de diâmetro apareceu em sua palma.

"Sim, você conseguiu! Seu tempo de ativação está ficando cada vez menor a cada dia!", Oufia, que estava de lado como sua instrutora, elogiou. Ela estava tão encantada quanto Miharu.

"Isso é incrível, Miharu-oneechan. Eu apenas comecei a ser capaz de detectar o odo...", Aki, que estava mantendo sua mão estendida por perto, murmurou um pouco com inveja. Ao contrário de Miharu, Aki ainda não tinha atingido um nível onde pudesse ativar uma arte espiritual.

Alcançar o ponto de ativação da arte espiritual exigia a aquisição de três habilidades primeiro — detectar o odo, visualizar odo e detectar mana (dessas três, apenas a detecção de odo era necessária para usar a magia). Além disso, exigia a manipulação do odo e a transmissão da própria vontade ao mana, o que normalmente levaria um ser humano normal ao longo de um ano de treinamento.

Miharu era um caso especial por ser capaz de ativar uma arte espiritual em apenas dois meses, embora Aki também estivesse aprendendo artes espirituais em um ritmo excepcional para um humano. Em seu ritmo de aprendizado, ela poderia alcançar Miharu em mais alguns meses.

"Certamente, Miharu-chan pode ser incrível, mas Aki-chan não está perdendo para a maioria dos Seirei no Tami em termos de progresso, sabia? Eu não sei o motivo, mas vocês três têm uma quantidade extraordinária de essência mágica.", Oufia deve ter ouvido os murmúrios de Aki, já que ela falava algumas palavras de encorajamento.

"... Deixando de lado a quantidade de essência, meu crescimento quase não difere em comparação com o do Masato...", Aki fez beicinho.

"Hmm. Isso porque Masato-kun também é bastante incrível, mas acho que é difícil sentir isso quando não há outros humanos com quem se comparar.", disse Oufia com uma risada agridoce.

"Falando nisso, quanto tempo levou para o Haruto-san aprender as artes espirituais?", Aki perguntou, a pergunta de repente surgiu em sua mente.

"Ahh, e~tto, Rio-san tem um contrato com Aishia-sama, então ele é um caso um tanto especial, por assim dizer...", Oufia respondeu com alguma dificuldade.

"Ele foi rápido?", Aki perguntou nervosamente. Miharu as ouvia, curiosa também sobre a resposta.

"Acredito que ele disse que ainda era criança quando de repente conseguiu usá-la um dia.…", Oufia cedeu e respondeu.

"Incrível...", os olhos de Aki se arregalaram.

"Sim...", Miharu também ficou surpresa com o choque.

"Mas o caso do Rio-san é realmente único, então vocês duas não devem se comparar com ele, bem? Aki-chan é Aki-chan, Miharu-chan é Miharu-chan... Não há necessidade de se apressarem.", Oufia disse para as duas, encorajando Aki a não perder a confiança.

"...Sim. Mas eu pelo menos quero aprender mais rápido que o Masato!", Aki assentiu com entusiasmo, se animando.

"Hmm. Bem, vocês são irmãos. Suponho que ter uma rivalidade é uma coisa boa?", Oufia inclinou a cabeça, olhando para Miharu ao lado dela.

"Sim. Afinal, eles são bem próximos.", Miharu assentiu com um sorriso.

"I-Isso não é verdade!", Aki balançou a cabeça furiosamente de vergonha.

"Oho~? O que está acontecendo aqui?"

"O rosto da Aki-chan está vermelho!"

Latifa e Bella fizeram uma pausa em seu treinamento próximo e se aproximaram, notando o rosto corado de Aki.

"Estávamos conversando sobre como Aki-chan e Masato-kun são irmãos realmente próximos.", Miharu respondeu com uma risada.

"M-Mō~, Miharu-oneechan!", Aki ficou ainda mais vermelha.

"Entendo, entendo.", Bella disse com um sorriso, olhando para o rosto de Aki.

"N-Não somos! Talvez com Onii-chan, mas definitivamente não com o Masato!", Aki se virou para esconder seu constrangimento e inchou as bochechas. Se Masato estivesse presente, ela teria ficado ainda mais envergonhada.

"Fufufu. Nós sabemos, Aki-chan. Certo, Latifa-chan?", Bella assentiu, então olhou para Latifa.

"Sim, isso mesmo.", Latifa sorriu amplamente.

"Esse olhar me diz que vocês duas definitivamente não entendem...", Aki olhou para Bella e Latifa com reprovação.

"Ahaha, está tudo bem. Eu também gosto muito do meu Onii-chan. Nós somos iguais!", Latifa disse com um sorriso despreocupado. Bella também estufou o peito com orgulho.

"Eu também amo muito a Sara-neesama, então eu sou igual também!"

"... Muu~. Tudo bem, tanto faz. É verdade que eu sou próxima do meu Onii-chan.", Aki murmurou baixinho, escondendo sua timidez.

"Fufu.", Miharu e Oufia trocaram olhares antes de começarem a rir. Alma e Sara, que estavam treinando nas proximidades, também se aproximaram.

"Miharu-neechan, Oufia-neechan — devemos nos preparar para a aula de culinária em breve?", Alma perguntou.

"Ah, isso mesmo. Vamos lá, Miharu-chan.", sugeriu Oufia.

"Está bem.", Miharu concordou alegremente. Ela vinha tentando tirar o máximo proveito de suas habilidades para ajudar a vila o máximo possível. Para fazer isso, ela assumiu a aula de culinária que o Rio às vezes organizava para as mulheres da vila. Ela também começou a dar aulas de artesanato. Oufia era sua assistente.

"Tenho certeza de que vão precisar de quantas mãos puderem obter. Nós vamos ajudar também, então vamos juntas.", Sara ofereceu.

"Nós também queremos ir!", Latifa e Bella trocaram olhares antes de se voluntariarem imediatamente.

◇ ◇ ◇

Depois disso, o grupo de Miharu mudou-se para o centro comunitário da vila. Elas trabalharam juntas para se preparar para a aula de culinária em uma grande sala de preparação de alimentos.

As mulheres da vila gradualmente se reuniram e a aula começou sem incidentes. Os participantes foram divididos em grupos para confeccionar bolos de torta cremosos, que era a receita do dia. Apesar de estar nervosa com seu papel de instrutora, Miharu trabalhou com Oufia para ensinar as mulheres da vila. O tempo passou em um piscar de olhos.

"Agora, é hora de experimentar!", Bella exclamou alegremente.

Elas seguiram para o refeitório comunitário para provar os resultados. As orelhas e cauda de lobo de Bella balançaram de um lado para o outro enquanto ela olhava com expectativa para os bolos fatiados.

"Miharu-oneechan depressa, depressa!", Latifa estava pedindo a Miharu que cortasse os bolos mais rápido.

"Cheira bem...", embora Aki não estava apressando ninguém, ela olhava para o bolo de maçã com um desejo intenso.

"Esperem só mais um pouco.", Miharu sorriu divertidamente enquanto cortava os bolos com uma mão cuidadosa. Depois de servir o bolo para os mais novos primeiro, ela passou a colocar uma fatia de bolo para cada uma em um prato para Sara, Oufia, Alma e ela mesma. Durante esse tempo, Oufia preparou chá para todos. Com isso, finalmente era a hora de comer.

"Itadakimasu~!", todos disseram antes de experimentar o bolo.

"Ufufufu~!", Latifa, Bella e Aki pareceram extremamente satisfeitas com o resultado.

"Sim, isso é muito delicioso.", Sara também deu uma mordida no bolo antes de assentir alegremente.

"Quando todos trabalham juntos, o gosto é ainda melhor.", Alma disse com um sorriso.

"É muito divertido cozinhar e comer em um ambiente diferente do que normalmente estamos. As pessoas que se juntaram à classe também pareciam se divertir, então é tudo graças a Miharu-chan.", Oufia assentiu, sorrindo para Miharu. As outras mesas do refeitório estavam ocupadas por mulheres da vila, que conversavam amigavelmente enquanto comiam seu bolo.

"Eh, eu?", Miharu foi pega de surpresa e arregalou os olhos.

"Sim. Foi graças a Miharu-chan que assumiu a função de instrutora no lugar do Rio-san que essa aula foi retomada.", Oufia respondeu imediatamente.

"Ahaha, eu não sei se posso ser uma boa substituta para o Haruto-san, mas se ajudar a vila, mesmo que seja um pouco, então estou feliz.", Miharu sorriu um pouco insegura.

"Isso é muito mais do que um pouco. Todas esperam ansiosamente pelas aulas de culinária da Miharu."

"Sim, por favor, tenha mais confiança em si mesma.", Sara e Alma falaram para encorajar Miharu.

"Isso mesmo! A culinária da Miharu-neesama é tão deliciosa quanto a culinária do Rio-niisama. O tempero é um pouco diferente, mas isso é porque são alimentos da cidade natal do Rio-niisama na região de Yagumo, certo?", Bella assentiu.

"...Sim. Embora também haja alguns alimentos de Strahl.", Miharu assentiu desconfortavelmente. Enquanto Latifa e as garotas mais velhas estiveram presentes na discussão sobre trazer Miharu e os outros para a vila, Bella não sabia que eles eram de outro mundo. Ela ainda acreditava que eles eram da mesma cidade do Rio.

"Entendo. Existem alguns alimentos que são semelhantes aos da nossa vila, mas existem muitos alimentos no mundo que não conhecemos também. Foi realmente uma coisa boa que o Rio-niisama e a Miharu-neesama tenham vindo à nossa vila!", Bella cantarolou em apreciação antes de sorrir com uma expressão feliz.

"Fufu, obrigada. Também sou muito grata por ter vindo a esta vila e conhecer todas vocês. Tudo graças ao Haruto-san.", Miharu sorriu alegremente enquanto falava.

"Sim! Graças ao Rio-niisama eu pude me tornar amiga da Latifa-chan, então o Rio-niisama realmente é nosso salvador!", Bella olhou para Latifa e acenou com a cabeça com entusiasmo. Latifa sorriu alegremente, retornando o olhar de Bella.

"Ehehe."

".... É verdade que se não fosse pelo Rio-san, nunca teríamos sido capazes de nos encontrar com a Latifa, nem a Miharu ou a Aki assim. Quando você pensa dessa forma, é meio milagroso.", Sara murmurou sentimentalmente.

Latifa riu. "Olhando para trás agora, a primeira vez que Onii-chan e eu visitamos a vila, não tínhamos ideia do que iria acontecer.", disse ela com diversão.

"Uh..." Em contraste, Sara, Oufia e Alma pareciam bastante culpadas.

Aki assistiu a troca entre as garotas Seirei no Tami em silêncio, de repente se lembrando do passado. Pensando bem, quando Masato recebeu pela primeira vez a aprovação do Haruto-san para seu treinamento de guerreiro, Alma-san disse algo nas fontes termais.... Sobre como a primeira vez que Haruto-san e Latifa-chan vagaram pela floresta, ela teve calafrios lutando contra ele igual quando estava observando o treinamento de guerreiro.

Naquela época, ela foi capaz de ter um raro vislumbre do lado frio do Rio. Agora, ela estava completamente distraída por pensamentos dessa interação, deixando-a curiosa sobre o que aconteceu no passado.

".... Pensando bem, Latifa-chan foi trazida para essa vila pelo Haruto-san também, certo? O que aconteceu naquela época?", Aki perguntou nervosa.

Latifa ponderou sobre por onde começar.

"Hmm. Bem, para resumir, Onii-chan foi confundido com um sequestrador e jogado na prisão..."

"Eh, de verdade?!", os olhos de Aki se arregalaram em choque. Miharu também voltou sua atenção para elas com surpresa.

"Sim. E~tto, os anciões disseram a vocês por que as pessoas dessa vila vivem longe dos humanos, certo? Portanto, sempre colocamos uma barreira ao redor da vila para afastar os humanos.", disse Latifa, começando com uma explicação da história de fundo.

"Ah, pode ser que vocês acabaram lutando porque entraram na barreira sem permissão, ou algo assim?", Aki perguntou, dando um palpite.

"Sim. Foi cerca de quatro anos atrás, eu acho. Cruzamos a barreira sem perceber e estávamos acampando na floresta quando fomos atacados. Eu estava dormindo, então já havia sido carregada para a vila quando acordei...", disse Latifa, relembrando. As inúmeras barreiras que se estendiam ao redor da vila eram todas de altíssima qualidade. Naquela época, Rio ainda não tinha aprendido os caminhos das artes espirituais adequadamente, então, embora fosse capaz de ignorar os efeitos da barreira e passar, ele não havia notado sua ativação.

Aki foi pega de surpresa antes de hesitantemente olhar para Sara e as outras garotas.

"Por acaso, Sara-san e as outras estavam lá também?"

Sara assentiu com pesar. "...Sim. Quando vimos Latifa dormindo, nós a confundimos com uma criança raptada de uma vila e emboscamos o Rio-san. Não havia desculpa pelas nossas ações."

Oufia e Alma também se lembraram daquela época com expressões sombrias.

Aki deve ter sentido o ar ficando mais pesado já que falou apressadamente. "M-Mas o mal-entendido foi esclarecido, certo? Vocês são tão próximos quanto uma família agora. Estou um pouco curiosa sobre a série de eventos que levaram a isso acontecer com todos."

".... Assim é, percebemos imediatamente o próprio mal-entendido. Afinal, Rio-san tinha equipamentos de viagem para ele e para a Latifa...", Sara explicou hesitante.

"Era no meio da noite, mas rapidamente relatamos isso à Asura-sama quando percebemos que Latifa talvez não fosse daqui. Ela ficou zangada e ordenou que o libertássemos imediatamente, então Alma-chan e eu fomos para as celas, eu acho...", Oufia continuou.

".... Sim.", Alma concordou pesadamente ao se lembrar. "Mas a prisão estava congelando e o Rio-san tinha desmaiado com apenas uma fina camada de roupas, então seu corpo estava completamente gelado. Ele nem mesmo se mexeu quando o chamamos, então ficamos em pânico por um tempo, pensando que ele tinha morrido."

"Ahaha. Alma-chan entrou em pânico na época. Ela foi correndo para verificar se ele ainda respirava.", Oufia refletiu sobre a lembrança amarga e sorriu fracamente.

"E-Eu não estava tão em pânico..., mas eu estava preocupada.", Alma se explicou com vergonha.

"Fufu. Você ficou tão aliviada quando pôde confirmar que ele ainda respirava. Então tentamos acordá-lo, o sacudimos, mas Rio-san simplesmente não acordava...", disse Oufia.

".... Pensando bem, Rio-san estava murmurando algo em seu sono. Quando ele acordou, também parecia ter saído de algum tipo de sonho, todo atordoado e tal...", Alma observou.

"Ah, certo. Sim, ele parecia bastante desapontado quando viu nossos rostos, quase como se não estivesse nos vendo. A expressão dele estava muito triste também...", Oufia também parecia ter se lembrado do rosto do Rio naquela hora, pois ela parecia bastante confusa. Que impressão ela teve do Rio na época?

".... Algo assim aconteceu?", os olhos de Latifa se arregalaram de interesse. Miharu, Aki e Sara também estavam ouvindo em silêncio, olhando para Oufia e Alma com olhares de profunda curiosidade.

"Sim. Se não me engano, acho que ele chorou um pouco. Talvez ele tenha encontrado alguém em seu sonho? Se for assim, podemos ter feito algo horrível ao acordá-lo à força...", Oufia falou sobre seus sentimentos complicados em relação ao passado com uma expressão de vergonha.

"... O que o Onii-chan disse naquela hora?", Latifa não pôde deixar de perguntar.

"E~tto, eu não sei do que se tratava, mas... Se não estou enganada algo como 'yattoaeta' e 'miichan', talvez?", Oufia respondeu da melhor maneira que pôde. Naturalmente, ela não sabia o que aqueles sons significavam; afinal de contas, as palavras que Oufia tinha ouvido Rio proferir eram japonesas — palavras para "finalmente encontrei você" e "Mii-chan".

"Eh...?", para Miharu, cuja língua materna era o japonês, as palavras de Oufia fizeram seu coração saltar uma batida.

Aki e Latifa — a última estava escondendo o fato de que tinha memórias de sua vida passada — ambas sobressaltaram com interesse também.

"Algum problema, Miharu?", Sara percebeu a mudança na expressão de Miharu e a chamou com curiosidade.

"Ah... Não. Não é nada.", Miharu manteve um sorriso no rosto enquanto balançava a cabeça.

.... Não poderia ser. Haruto-san disse que era um estudante universitário de qualquer maneira, ela disse a si mesma.

No entanto, uma sensação indescritível apertou seu coração, que estava batendo forte por algum motivo. Ela não conseguia tirar o Rio — não, o Haruto — de sua cabeça.

"Hm?", mas então, ela percebeu como Aki estava olhando para ela. Miharu colou um sorriso estranho no rosto e inclinou a cabeça.

"...", por um breve momento, o rosto de Aki se retorceu com uma expressão terrivelmente amarga antes que ela imediatamente desviasse o olhar.

Miharu-oneechan, talvez... E o que... era aquela expressão no rosto da Aki-chan bem agora? Latifa estava secretamente observando as duas. Ela sabia que Haruto costumava chamar Miharu pelo apelido de "Mii-chan", e foi por isso que seus instintos imediatamente consideraram o significado por trás da breve expressão de Aki. Ela se perguntou se era possível que elas tivessem feito a associação com o Haruto.

Mas não havia indícios suficientes sobre o que realmente estava acontecendo. Tudo o que Latifa ouviu do Rio no passado foi que os pais de Amakawa Haruto se divorciaram por causa da infidelidade de sua mãe, deixando os jovens Haruto e Aki seguirem caminhos separados. Não havia como Latifa saber o que Miharu sentia por Amakawa Haruto agora, muito menos a ignorância de Aki sobre o motivo do divórcio de seus pais ou suas emoções complexas em relação a Haruto e um pai com o qual ela não tinha nenhuma relação de sangue. Não havia evidências suficientes para ela chegar a uma conclusão sensata sobre a expressão de Aki. Mesmo que Latifa pudesse imaginar tal resposta, ela não tinha como confirmá-la, já que estava escondendo suas próprias memórias anteriores de Miharu e de todos os outros.

Mas mesmo assim...

Eu quero saber. Latifa cerrou os dentes de frustração. Ela queria revelar tudo o que sabia sobre Miharu, Aki e Amakawa Haruto. Ela queria falar com elas sobre tudo.

Mas ela não podia. Rio a tinha impedido. Não havia nenhuma maneira de Latifa desobedecer às palavras de Rio agindo pelas costas dele, não importa o quão angustiada isso a deixasse.

O máximo que ela podia fazer era formular uma pergunta que pressionasse o cerne da questão de uma forma indireta e observar a reação.

"... Mii-chan, certo? Eu me pergunto o que isso quer dizer. Não é mesmo, Miharu-oneechan?", Latifa manteve um sorriso no rosto enquanto se dirigia com medo a Miharu, que estava sentado ao lado dela.

"Sim. O que, será?", Miharu inclinou a cabeça com um sorriso um tanto antinatural.

Essa reação.... Ela realmente se lembra do Onii-chan afinal, não é? Latifa deduziu. Ela também lançou um olhar na direção de Aki, que tinha uma leve ruga na testa e uma expressão obviamente azeda no rosto.

... Aki-chan também se lembra do Onii-chan? Mas... Latifa podia adivinhar como Aki se sentia pela expressão dela, mas ela não conseguia discernir a razão por trás da emoção que Aki estava demonstrando.

"Aki-chan?", Bella também percebeu como a expressão de Aki endureceu e olhou para o rosto dela com curiosidade.

"Hm? O que há de errado, Bella-chan?", Aki rapidamente assumiu uma expressão animada.

".... Não, não é nada.", disse Bella, descartando como se fosse apenas sua imaginação. Então ela se virou para Sara e as outras. "Por favor, continuem com o que estavam dizendo, Nee-samas.", ela pediu.

"Continuar... Bem, o que aconteceu a seguir foi Latifa acordando e correndo para a cela da prisão, causando uma grande comoção, se bem me lembro.", Sara disse melancolicamente.

"Eh, Latifa-chan fez isso?!"

Começando por Bella, todas que não estavam presentes na época — incluindo Aki e Miharu — voltaram seu interesse para Latifa.

"E-Esqueçam isso já!", ao ser o centro das atenções, Latifa envergonhada, tentou interromper a conversa.

"Não, definitivamente eu quero ouvir! Certo, Aki-chan?", disse Bella. Aki riu e assentiu com a cabeça em diversão.

"Sim, eu também."

Miharu e as garotas mais velhas riram enquanto concordavam.

"Vamos ver. No momento em que Latifa abriu os olhos, ela começou a correr em busca do Rio-san sem ao menos nos ouvir. Uzuma e eu tivemos que sair perseguindo-a em pânico.", disse Sara.

"Mō~! Não deveria contar para elas sobre isso, Sara-oneechan!", Latifa corou e tentou impedir Sara de continuar.



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