Capítulo 8: Um Visitante Inesperado
Em um dia após a chegada do inverno, quando os aldeões estavam trancados em suas casas para se esconder do frio, Gouki visitou a aldeia sem aviso prévio.
Seus negócios tinham a ver com convidar Rio para visitar Homura e Shizuku no castelo mais uma vez, então Rio partiu para a capital novamente. Havia passado vários meses desde a última vez que se encontraram, mas não havia nenhum nervosismo como da última vez, e o Rio participou calmamente do encontro secreto.
"Sinto muito por chamá-lo aqui tão de repente, neste frio.", disse Homura depois que eles trocaram alguns simples cumprimentos e se sentaram.
"Não tem problema, não há trabalho a ser feito na aldeia durante o inverno, afinal."
"Pensando bem, a última vez que nos encontramos, foi no outono. Na verdade, queríamos encontrá-lo um pouco mais cedo, mas ainda havia muitos negócios que queríamos terminar de tratar primeiro." Ser incapaz de se reunir com seu neto quando queria era triste — Homura suspirou como se dissesse exatamente isso.
"Obrigado por me receberem apesar de estarem muito ocupados."
"Não, está bem. Além disso, tínhamos algo importante que queríamos discutir desta vez." Homura olhou para ele com um olhar um pouco questionador.
"Algo importante?" Rio perguntou, ajustando sua postura.
"Sim. Tem a ver com você se vingar.", disse Homura calmamente.
"O que você gostaria de discutir?" Rio questionou com uma expressão ligeiramente rígida.
"Hm. Em primeiro lugar, eu detesto Lucius também. Emocionalmente, não desejo nada mais do que ajudá-lo..., mas, como rei, infelizmente não posso deixar este reino."
"Acredito que isso era de se esperar..."
"... E é por isso que pensei em preparar um pequeno número de vassalos para presenteá-lo. Eles lhe emprestarão sua força em nome de Shizuku e eu."
"Huh... Eh?" A bomba que Homura derrubou pegou Rio de surpresa, fazendo-o congelar no local.
"O que você diz?" Homura perguntou, observando calorosamente a estupefata surpresa de Rio.
"U-Umm, não, eu não poderia..." Rio expressou sinais de sua desaprovação, mas Homura não recuaria apenas por isso.
"Eu planejo atribuir a você uma dúzia de vassalos. Eles serão liderados por Gouki e Kayoko."
"... E os outros concordam com os dois?" Rio quase sentiu vontade de levar as mãos à cabeça, mas suportou com sua mente de aço e expressou sua pergunta, olhando para Gouki e Kayoko, que também estavam dentro da sala.
"Naturalmente.", confirmou Homura. Gouki e Kayoko também assentiram vigorosamente com a cabeça, e Rio finalmente percebeu que Homura e Shizuku estavam falando sério.
"Se alguém tão importante como Gouki-dono desaparecer deste reino, acredito que as repercussões seriam significativas, para dizer o mínimo...", Rio abordou a questão principal de forma indireta.
Gouki era conhecido por ser o maior guerreiro do Reino Karasuki. Sua força estava igual com um exército de mil, e ele obteve grandes resultados e confiança do reino. Para Gouki abandonar isso e desaparecer sem deixar rastros, sem dúvida haveria um alvoroço dentro do reino.
"Não se preocupe. Os arranjos necessários para isso já foram feitos — isso é o básico da política."
".... Entendo."
Rio se viu sem palavras, tendo sido informado com tanta confiança que não haveria problema. Ficou claro que eles tinham considerado suas palavras cuidadosamente, então se ele falasse sem formar racionalmente seu argumento, ele poderia acabar selando o acordo.
"No entanto, Gouki-dono tem sua família, sem mencionar a história da família Saga e seus deveres públicos. O que acontecerá com todos eles?" Rio argumentou ao começar sua refutação.
"Isso não é um problema. Os únicos a se tornarem seus vassalos da família Saga são Gouki e Kayoko. Embora Komomo tenha dito que irá também, independente de ser ou não um dos vassalos.", disse Homura, olhando para Gouki e Kayoko.
"Sim. Traremos Komomo junto, mas meu filho e todos os outros permanecerão nesta terra. Assim, não impedirá a continuidade da família Saga neste reino.", disse Gouki em tom inabalável.
"Meu destino — a região de Strahl — não é uma viagem que possa ser feita tão facilmente. Gouki-dono sozinho pode levar vários meses para fazer a viagem. Há uma possibilidade de você não encontrar sua família novamente."
"Como guerreiro, é preciso estar sempre preparado para a possibilidade de nunca mais ver sua família quando se aventura no campo de batalha. Isso não é diferente.", disse Gouki.
Era difícil argumentar racionalmente contra ele quando tais visões da vida eram trazidas à tona tão instantaneamente.
"Não, esse não é o problema... Como você vai explicar sobre isso para Hayate-dono e os outros?"
"Embora possa ter sido presunçoso da nossa parte, já explicamos tudo ao meu filho. Todo mundo aceitou."
"E isso se aplica aos outros que nos acompanham, também? Alguns deles não se sentiriam relutantes em deixar o reino?"
"Devido a várias circunstâncias, os outros são todos membros do esquadrão secreto associado à minha família. Eles não têm parentes, são leais, e são todos extremamente habilidosos, por isso não devem ser um obstáculo."
".... No entanto, não há provas de que aquele homem — que Lucius esteja mesmo vivo.", disse Rio, tentando convencer Gouki a não o acompanhar.
"Rio-sama, esta é uma oportunidade que ansiamos há muito tempo. Embora nosso ódio por Lucius desempenha uma grande parte nisso, esta é uma chance única na vida para Kayoko e eu realizarmos o desejo mais querido que não fomos capazes de realizar no passado. Então, por favor, eu imploro isso a você.", implorou Gouki, abaixando a cabeça profundamente para Rio.
Com isso, Rio finalmente entendeu. Gouki e os outros não estavam vindo porque receberam ordens, estavam vindo porque eles queriam. Seus argumentos lógicos desajeitados não seriam suficientes para fazê-los recuar. Mas, mesmo assim, Rio não tinha intenção de fazer de Gouki e dos outros seus vassalos. Não era uma questão de lógica — ele simplesmente não achava que era forte o suficiente para suportar o peso da vida de outras pessoas. Foi por isso que...
"Eu não posso aceitar sua ajuda. Eu agradeço o pensamento, mas isso é algo que eu devo fazer por mim mesmo." Rio só pôde rejeitar as intenções de Gouki e dos outros.
"Entendo. Então, chegamos a isso depois de tudo..." Homura disse amargamente. Parecia que ele tinha previsto a recusa de Rio desde o início. Gouki e os outros também não pareciam estar muito abalados.
"Rio... Nós odiamos Lucius tanto quanto você o odeia, e não podemos ficar tranquilos até que ele pague pelo que fez. Como sentimos o mesmo que você, não podemos permitir que você assuma todo o fardo da vingança sozinho.", Homura disse hesitantemente para Rio.
"Isso é... Mesmo assim — não. Além disso, não quero menosprezá-lo, mas Gouki-dono e os outros não seriam capazes de me acompanhar." Rio balançou a cabeça firmemente.
"O que... você quer dizer? O grupo é composto pelos melhores guerreiros do meu reino. Acho difícil acreditar que eles não serão capazes de acompanhar..."
"Isto é o que eu quero dizer..."
Será mais rápido mostrá-los; eles não terão escolha a não ser recuar diante da grande lacuna em nossas habilidades. Com esse pensamento, Rio revelou voluntariamente um dos truques que tinha na manga.
Enquanto falava essas últimas palavras, Rio usou suas artes espirituais de vento. Uma brisa se formou na sala, levantando o corpo de Rio para o ar. Homura e os outros arregalaram os olhos, em um silencioso espanto.
"Quê... V-Você está flutuando?"
"Não é simplesmente flutuar. Também posso voar livremente pelo ar. E assim, vocês não serão capazes de me acompanhar apenas reforçando seus corpos com artes espirituais, já que eu posso voar sobre qualquer tipo obstáculos."
O às na manga que Rio revelou foi incrivelmente eficaz; Homura e os outros ouviram o comentário de Rio com admiração.
".... Pensar que as artes espirituais de vento poderiam ser usadas de tal forma... Gouki, você é especialista em artes espirituais do vento. Você pode fazer o mesmo?" Homura perguntou. O rosto de Gouki torceu de frustração.
".... Eu não posso.", respondeu ele.
Então, este foi o segredo por trás da extraordinária velocidade que ele mostrou durante a batalha de prática. Entendo... Gouki percebeu, um pouco frustrado.
Se fosse apenas usar o vento para empurrar seu corpo por trás, então Gouki era capaz disso também, mas ele não poderia usá-lo em uma situação de combate real. Se cometesse algum tipo de erro na quantidade de força ou direção, isso poderia inversamente colocá-lo em um problema ainda maior.
"Você consegue pensar em mais alguém que possa fazer isso?"
".... Não, não posso. Eu mesmo sou capaz de criar uma rajada de vento e me enviar através do ar, mas quando se trata de flutuar com tanta estabilidade..."
"Então é isso... eu entendo. Rio, vamos recuar por enquanto. Mas, por favor, poderia manter essa oferta em algum lugar da sua mente? Você pode mudar de ideia antes de partir."
".... Está bem."
Embora duvidasse que isso aconteceria, Rio concordou.
◇◇◇
Um dia depois de recusar os vassalos que Homura ofereceu, Rio estava hospedado na residência Saga, assim como da última vez que esteve na capital. Lá, Komomo o importunou até que ele concordou em se juntar a ela em seu treinamento. Uma vez que o treinamento havia acalmado, Komomo de repente lhe fez uma pergunta.
"Rio-sama vai em direção às terras do extremo oeste?"
"Sim, isso mesmo.", assentiu Rio.
"Umm! Eu gostaria de acompanhá-lo, Rio-sama!" Komomo propôs sem demora. Seu rosto tinha uma expressão de verdadeira pureza enquanto ela olhava para Rio com um sorriso alegre.
".... Você não pode."
Os olhos de cachorrinho de Komomo tinham um encanto que fazia com que qualquer pessoa, independentemente do gênero, cedesse às suas exigências, mas Rio de alguma forma conseguiu resistir a eles.
"Eu não posso... não importa o que?"
"Não importa o que." Rio balançou a cabeça firmemente.
"Aww..." Komomo inflou as bochechas, fazendo um beicinho.
"Gouki-dono, por favor, abstenha-se de usar sua filha como meio de tentação.", Rio levantou sua objeção, vendo diretamente através do instigador atrás dela. Ele se virou para dar um olhar exasperado para Gouki, que estava assistindo o treinamento acontecer ao lado deles.
"Hum, parece que fui descoberto."
"Obviamente. Mesmo para Komomo-chan, a viagem seria muito dura para uma menina de 10 anos, você percebe? Por favor, não seja absurdo."
Embora houvesse um precedente antes, Rio optou por não mencionar Latifa.
"Mas Komomo adquiriu a capacidade de reforçar a si mesma usando artes espirituais. O longo caminho seria uma boa experiência de aprendizado para ela."
"Não, isso não é para ser uma experiência de aprendizado..."
Embora a longa e dura jornada possa ser, de fato, uma boa experiência de aprendizado, o otimismo do cérebro-de-músculos em tratá-la como uma oportunidade de treinamento fez Rio suspirar. O fato de Komomo estar pronta e ansiosa para ir o deixou ainda mais perdido.
"De qualquer forma, partirei para a região de Strahl sozinho."
".... Sim, é verdade. O encontro anterior mostrou o quão resoluto você é. Se você acredita que isso é impossível, então não devemos mais insistir em acompanhá-lo." Gouki sorriu ironicamente com um pequeno encolher de ombros.
"Huh? Ah, certo..." Rio ficou surpreso com a facilidade com que Gouki desistiu. Para ser honesto, ele esperava um pouco mais de resistência, e foi por isso que não pôde deixar de enviar um olhar examinador na direção de Gouki.
"Hm, qual é o problema?"
"Ah, nada. Se Gouki-dono está bem com isso, então eu não tenho objeções em particular..." Temendo causar mais problemas para si mesmo, Rio se absteve de perguntar mais.
"Mas é um pouco solitário. Para começar, não temos muitas oportunidades de nos encontrarmos, então pensar em você partindo para um lugar distante é... Você voltará para a aldeia em poucos dias, certo?" Komomo abaixou a cabeça enquanto expressava seus sentimentos.
"Sim. Infelizmente, esse é o caso." Rio assentiu com uma expressão conturbada.
"Então, quando poderemos nos encontrar novamente?"
"Vamos ver... Isso dependeria da disponibilidade de Suas Majestades, mas acredito que o mais cedo seria no próximo mês..."
"No próximo mês..." Komomo ficou ainda mais triste.
"Komomo-chan...." Rio olhou para Komomo com uma expressão conflitante.
"Eu... Eu quero ir para a aldeia do Rio-sama.", sussurrou Komomo, olhando para o rosto de Rio.
"Para... a minha aldeia?"
"Sim. Quero ficar ao seu lado. Gostaria que você me treinasse mais, e quero saber como é a aldeia em que você vive." Incapaz de conter sua tenacidade, Komomo expressou todos os seus desejos.
Embora ele não pudesse permitir que ela o seguisse até a região de Strahl, se fosse apenas até a aldeia, então o Rio não se importava.
"Bem, não deve haver nenhum problema, contanto que Gouki-dono e Yuba-san permitam isso...", Rio murmurou.
"... Hm. Não há objeções da minha parte. Eu não tenho permitido que ela saia muito desde a tentativa de sequestro, por isso pode ser uma boa mudança de ritmo." Gouki começou a considerar, de forma otimista.
"Huh? Posso mesmo?"
"Por mim está bem. Embora eu não tenha tanta certeza sobre outras aldeias, é da aldeia em que Rio-sama está vivendo que estamos falando. Hmm... por enquanto, vou escrever uma carta para Yuba-dono e discutir isso com ela.", disse Gouki entusiasmado, partindo dos campos de treinamento em direção à mansão para começar a escrever a carta.
".... Eu posso ir para a aldeia do Rio-sama?!" Komomo perguntou alegremente a Rio.
"A-Ainda não, ainda não foi decidido..." Rio hesitou e balançou a cabeça.
Fui um pouco precipitado demais? Rio reavaliou, mas era um pouco tarde demais para se perguntar.
Depois disso, os arranjos foram feitos rapidamente, e a estadia de Komomo na aldeia foi decidida; seria por um longo período de tempo, juntamente com sua guardiã, Aoi. E quando tivessem tempo para fazer isso, haveria o bônus adicional de Gouki, Kayoko, e Hayate ocasionalmente vindo para visitar.
Rio teve o pressentimento de que o inverno estava prestes a ficar bastante ocupado.
◇◇◇
Algumas semanas depois, Rio estava andando pela aldeia, mostrando a Komomo os arredores.
"É como um sonho... Ser capaz de vir para a aldeia de Rio-sama assim. A paisagem é linda e o ar é límpido — eu acho que é um lugar maravilhoso.", disse Komomo com muita alegria.
"A capital está repleta de pessoas, afinal. Você não pode desfrutar desse tipo de paisagem com muita frequência. Fico feliz que você tenha gostado, Komomo-chan.", respondeu Rio com um sorriso levemente tenso.
"Se possível, gostaria de cumprimentar as pessoas da aldeia... Mas há muitas delas. Com quem seria melhor começar?", perguntou Komomo, olhando ao redor.
Muitos dos aldeões permaneciam dentro de casa durante o inverno — ninguém saía sem uma boa razão para isso — mas havia alguns aldeões por perto no momento. Os aldeões estavam famintos por entretenimento, então provavelmente se reuniram para dar uma olhada quando ouviram que uma figura de classe alta estava visitando a aldeia. Toda a atenção da aldeia estava focada na doce visão de Komomo caminhando ao lado de Rio com um sorriso, vestida com seu hakama favorito.
"Vamos começar com as outras garotas primeiro?" Rio sugeriu, e eles se aproximaram de onde as garotas da aldeia estavam reunidas.
"Olá a todas."
"O-Olá, Rio-sama." As garotas devolveram a saudação de Rio um pouco nervosas.
"Gostaria de apresentar essa garota, que vai ficar aqui na aldeia por um tempo. Todas têm um momento?"
"S-Sim! Tudo bem!"
"Esta é Saga Komomo, a irmã mais nova de Hayate-dono, que anteriormente visitou a aldeia como um oficial de impostos." Rio apresentou Komomo de forma que os aldeões do entorno pudessem ouvir também.
"Meu nome é Saga Komomo. Vou morar nesta aldeia a partir de hoje. Estou muito feliz em conhecer todos vocês — por favor, cuidem de mim!" Komomo mostrou um adorável sorriso e se apresentou energicamente.
"I-Irmã mais nova do Hayate-sama? Então ela é uma dama... é tão fofa..." Quando as garotas colocaram os olhos em uma dama de alta classe, não puderam deixar de olhar para Komomo com admiração.
"Oh, muito obrigada..., mas todas aqui também são lindas.", disse Komomo timidamente.
Seu feitio conquistou os corações de todas as garotas da aldeia.
"U-Umm! Por que decidiu morar em nossa aldeia? Posso perguntar qual é a sua relação com Rio-sama...?" Uma garota reuniu coragem para perguntar.
"Rio-sama é meu salvador. Ele anteriormente me salvou quando eu estava prestes a ser sequestrada por alguns malfeitores na capital.", respondeu Komomo, e Rio complementou sua resposta.
"Foi durante a viagem à capital para o comércio das aldeias. Talvez você se lembra, Sayo-san? Durante aquela viagem de compras..."
"Hweh... Ah! A garota daquela vez?" Sayo, que tinha sido chamado pelo nome, abriu bem os olhos quando lembrou do que aconteceu.
"Huh? O quê, o quê? O que aconteceu?! Conte para a gente, Sayo!"
"Eeh? Umm..." Garotas repletas de curiosidade se aproximaram de Sayo.
"Típico do Rio-sama. Constantemente em guarda..."
"Mas, tipo, esta não é uma chance para ele se casar com uma garota rica?"
"Não pode ser... Ruri já tem uma grande vantagem sobre nós. Nós nunca vamos ter uma chance agora."
As outras garotas sussurravam umas para as outras, enquanto os aldeões ao redor também perceberam a situação e começaram a discuti-la por diversão. Assim, a cena instantaneamente ficou mais barulhenta.
"Sobre o que todos estão fazendo um alvoroço?" Komomo perguntou a Rio ao lado dela e inclinou a cabeça curiosamente.
"Haha... Eu me pergunto." A risada seca de Rio foi abafada pelo barulho.
"Ooh, Rio-...do...-dono. Qual é o problema com toda essa confusão?" Hayate apareceu junto com Ruri e a guardiã de Komomo, Aoi.
A origem de Rio já havia sido revelada a Hayate, que hesitou brevemente antes de se dirigir a ele com o "dono" na frente de todos. Ele ficou surpreso ao ver vários aldeões reunidos do lado de fora, conversando ruidosamente mesmo sendo inverno.
"Não é nada, eu estava apenas apresentando Komomo-chan aos aldeões..." Rio explicou.
"Ahaha, não parece que essa confusão vá acabar tão cedo.", Ruri, achando a situação divertida.
Nesta noite, uma pequena festa de boas-vindas foi realizada na casa da chefe da aldeia para Komomo e os outros.
◇◇◇
O segundo dia da estadia de Komomo na aldeia...
Hayate, que originalmente tinha vindo junto com Komomo apenas para escoltá-la, já tinha partido para a capital pela manhã. Depois, Komomo andou pela aldeia com Aoi.
Sempre que passavam por qualquer aldeão, ela os cumprimentava com entusiasmo e os envolveria em uma breve conversa. No início, Komomo era tratada com reverência por causa da diferença em seu status social, mas graças à sua aparência fofa e comportamento amigável, os aldeões logo se abriram para ela.
"Estou de volta!" Komomo cumprimentou energicamente quando voltou para a casa da chefe da aldeia junto com Aoi.
"Ah. Bem-vinda de volta, Komomo-chan." Ruri, que estava sentada na sala de estar, levantou-se para conversar com Komomo.
"Estou de volta, Ruri-san. Rio-sama não está aqui agora...?" Komomo perguntou, olhando ao redor da sala.
Parecia que as duas tinham se tornado mais próximas uma da outra desde a noite anterior.
"Rio foi para as fazendas da aldeia com Obaa-chan. Algo sobre a construção de uma roda d'água e um canal antes da primavera."
"Deixando de lado o canal, o que é uma... roda d'água? Aoi, você sabe?" Komomo perguntou.
"Lamentavelmente não. Nunca ouvi falar disso, também." Aoi balançou a cabeça com pesar.
"Aparentemente, uma roda d'água pode automaticamente extrair água e fornecê-la aos campos.", explicou Ruri, baseando-se no que ouviu.
"Algo tão conveniente... Rio-sama com certeza tem um amplo conhecimento." Komomo assentiu com admiração.
"U-Umm. Desculpem-me!"
A voz de um visitante soou da entrada — era a voz de Sayo.
"Huh, Sayo? Bem-vinda... O que há de errado?"
"N-Nada. Eu estava por perto, então.... Vocês estão ocupadas?" Sayo falou timidamente enquanto olhava ao redor da sala. Quando sua expressão em branco encontrou os olhos de Komomo, ela hesitou levemente, cativada por seu rosto bonito.
"Você é.… a que me salvou junto com Rio-sama, certo?" Komomo perguntou, inclinando um pouco a cabeça.
"Huh? N-Não. Eu apenas estava lá..." Sayo negou com as mãos agitadamente.
"Você vai ficar com frio aí — venha para dentro por enquanto. Rio está com Obaa-chan agora, mas vou servir um pouco de chá para você.", disse Ruri, convidando-a para entrar.
"... Ok. Com licença." Sayo timidamente se aproximou da sala de estar.
"Olá de novo. Meu nome é Saga Komomo. Minha guardiã atrás de mim se chama Aoi. Nós vamos ficar nesta aldeia por um tempo, então estaremos sob seus cuidados." Elas se curvaram uma para a outra, antes de Komomo educadamente cumprimentar Sayo. Aoi também se curvou.
"E-Eu sou Sayo. É um prazer conhecê-la, Komomo-sama." Sayo baixou a cabeça com uma expressão nervosa.
"Não há necessidade de ser tão formal... Por favor, me trate como Ruri-san faz.", Komomo parecia incomodada em ser tratada como se Sayo estivesse com medo.
"E-Eu não poderia fazer isso."
"Ahaha, é assim que Sayo é. Bem, ela vai se acostumar com isso eventualmente.", disse Ruri com uma risada.
"Aww, isso é uma pena. A propósito, quantos anos Sayo-san tem?"
"Umm, eu vou ter 14 no ano novo. Um ano mais nova que Rio-sama."
"Então, isso faria você três anos maior do que eu. Espero que possamos nos dar bem."
E daí em diante — as garotas continuaram a conversar amigavelmente.
Então, quase uma hora de conversa depois, Yuba e Rio voltaram.
"Estamos de volta."
"Estou em casa."
"Bem-vindos ao lar!" Komomo ajustou sua posição para olhar os dois e levantou-se para recebê-los com um sorriso.
"Obrigado por vir nos receber, Komomo-chan. Vejo que Sayo-san está aqui também." Quando avistou Sayo sentada na sala de estar, seus olhos se abriram ligeiramente, e ele a cumprimentou levemente com um sorriso.
"Oh? Sayo está aqui também?"
"Perdoem a intromissão, Rio-sama, Yuba-sama." Sayo timidamente se curvou para os dois.
"Sinta-se em casa.", Yuba sorriu brilhantemente, acolhendo-a.
"Rio-sama, poderia me ajudar com o treinamento mais tarde?"
"Claro. Podemos ir agora mesmo, se você quiser."
"Sim! Sim, por favor! Vamos nos preparar, Aoi."
"Sim, Komomo-sama."
Komomo assentiu com muita alegria, e voltou para seu quarto com Aoi. Os lábios de Rio mostraram um sorriso para as duas, antes de ir para o seu próprio quarto para se preparar.
"Ficou muito mais animado com Komomo-chan aqui. Rio também não está entediado, então é ótimo.", disse Ruri alegremente.
"... Sim. Isso mesmo. Rio-sama parece estar se divertindo.", concordou Sayo, sua expressão escureceu com uma leve tristeza.
◇◇◇
Assim, seu tempo ocupado juntos passou num piscar de olhos — antes que eles percebessem, Komomo estava na aldeia há um mês inteiro. O ano novo tinha acabado de começar, e no início do ano, a família Saga — Gouki, Kayoko e Hayate — visitou a aldeia em segredo.
De frente um para o outro na sala de estar da casa da chefe da aldeia, Gouki cumprimentou Rio em nome de sua família.
"Rio-sama, desejamos a você um ano novo muito feliz."
"Feliz ano novo. Estou honrado em ter a visita de vocês durante um tempo tão frio."
"Isso não é nada. As mudanças nas estações não impedirão nosso caminho até você, Rio-sama. Nadaríamos através de um lago gelado para alcançá-lo, se necessário."
".... Eu agradeceria se vocês evitassem fazer isso.", disse Rio com um sorriso irônico.
"Ahaha. Rio, você realmente é da realeza.", Ruri riu com exasperação.
Nesse momento, os únicos na casa eram aqueles que sabiam das circunstâncias de Rio, com Gouki e os outros agindo como seus vassalos. Isso fazia Rio parecer uma existência intocável. Mesmo a normalmente sociável Komomo estava respeitosamente quieta hoje, permanecendo atrás de Gouki e Kayoko.
"Minha mãe era da realeza, mas eu não sou. Eu realmente não quero que vocês sejam tão formais comigo..." Rio disse de forma desconcertada, olhando para Gouki e os outros.
"Do nosso ponto de vista, Rio-sama é sem dúvida alguém a ser respeitado. Naturalmente, não podemos ignorar tão bruscamente sua vontade, mas vamos nos esforçar ao máximo para sermos moderados..."
".... Estou ciente disso. No entanto, por favor, me tratem normalmente na frente dos aldeões."
"Claro.", Gouki assentiu profundamente.
"... A propósito, Komomo não esteve causando nenhum problema, não é, Rio-sama?"
"Não, ela tem sido uma criança muito boa. Aoi-san também tem me acompanhado em suas práticas de treino. Ela tem sido uma grande ajuda."
"Isso é.… bom de ouvir. Muito obrigado por concordar com nosso pedido egoísta. Causamos muitos problemas para Yuba-dono e Ruri-dono também."
"Não, somos gratos por receber o apoio que vocês deram à aldeia como compensação. Embora nossa aldeia não tenha nada, espero que possam aproveitar calmamente sua estadia aqui.", disse Yuba graciosamente.
"Estou muito feliz por Komomo ser minha amiga, também." Ruri balançou a cabeça com um sorriso.
Gouki inclinou a cabeça para Yuba e Ruri.
"Somos muito gratos. Por enquanto, planejamos ficar por cerca de três dias."
"Nesse caso, gostaria de dar meus cumprimentos de ano novo a Sua Majestade Homura e Sua Majestade Shizuku, então se não houver problema, posso acompanhá-los em seu caminho de volta?" Rio propôs.
"O-Ooh! É isso mesmo? Na verdade, nós esperávamos pedir que fosse visitá-los, Rio-sama, se humildemente me permite dizer. Suas Majestades certamente ficariam encantados." Gouki sorriu amplamente.
Ele tinha sido indiretamente pedido com antecedência por Homura e Shizuku, que queriam ver o neto, então a proposta de Rio era uma oferta bastante oportuna.
Depois disso, eles conversaram agradavelmente por um tempo, e a vida da família Saga na aldeia começou. Já havia rumores se espalhando entre os aldeões sobre os visitantes, mas por causa de Komomo, não houve tanta comoção como da última vez quando ouviram que era a família Saga.
Durante sua estadia, Gouki levou Hayate e Komomo para caçar, lutou com eles em um dois contra um, e desfrutou totalmente de muitas atividades ao ar livre. Três dias se passaram rapidamente.
Na manhã de seu retorno à capital, oito pessoas de várias idades e gêneros se reuniram diante da casa da chefe da aldeia. Rio ficou com os membros da família Saga, do lado que partia, enquanto Yuba e Ruri estavam do lado que via partir.
"Yuba-dono, obrigado por sua hospitalidade. Faz muito tempo que não me divirto tanto.", disse Gouki, agradecendo Yuba com um sorriso brilhante no rosto.
"Fico feliz em saber que se divertiu. Graças à sua assistência, nossos estoques de alimentos preservados aumentaram bastante." Yuba balançou a cabeça enquanto sorria.
Ao lado dela, Ruri estava se despedindo de Rio e Komomo.
"Rio, certifique-se de proteger Komomo-chan. Komomo-chan, tenha cuidado no caminho para casa."
"Entendido. Estarei de volta em breve." Rio assentiu calmamente.
"Eu vou ficar bem! Vou proteger Rio-sama também!" Komomo concordou com entusiasmo.
"Ruri-dono, por favor, fique tranquila: meu pai e eu garantiremos a segurança de Rio-sama.", disse Hayate a Ruri, tendo escutado de perto.
"Mō~. O Rio é forte o suficiente para não precisar de proteção, então certifique-se de proteger Komomo-chan em vez disso, Hayate-sama.", respondeu Ruri com um rosto exasperado.
"R-Realmente. No entanto..."
"Ruri está certa. Ela é sua preciosa irmã, então, por favor, proteja Komomo-chan em vez de mim."
Sendo dito para priorizar Komomo tanto pela pessoa que ocupava seus pensamentos quanto pela pessoa que ele deveria proteger, Hayate estava perdido.
"Hmph, serei eu quem protegerá Rio-sama, então.", Komomo fez beicinho, de mau humor.
◇◇◇
Depois que Rio e os outros partiram para a capital, a aldeia ficou em silêncio.
"Ficou muito mais silencioso de repente. Espero que Rio e Komomo-chan voltem logo.", murmurou Ruri enquanto bebia seu chá na sala de estar da casa da chefe da aldeia.
Praticamente não havia trabalho a ser feito pela manhã durante o inverno, e com muitos dos aldeões ainda dormindo, Ruri estava principalmente saindo com Komomo e Rio. Agora que os dois não estavam, a solidão brotou dentro dela.
"Se você está assim agora, o que você vai fazer quando o Rio realmente partir da aldeia? Komomo-dono voltará para a capital quando o Rio deixar a aldeia também.", disse Yuba com um sorriso irônico.
"É verdade... Aah, é tão solitário.", Ruri resmungou com um suspiro.
"Por que você não vai falar com as meninas da aldeia? Você só esteve com Rio e Komomo-dono ultimamente, então não as tem visto muito, certo?"
"Bem, todo mundo tem se escondido dentro de casa também, mas eu acho que sim. Eu não tenho falado com Sayo ultimamente também.... Tudo bem, estarei de volta mais tarde!" Agora que tudo estava decidido, Ruri foi visitar a casa de Sayo.
"Sayo, você está em casa?" Ruri passou na casa de Shin e Sayo, batendo na porta da frente enquanto chamava o nome de Sayo. Uma leve comoção podia ser ouvida dentro da casa.
"R-Ruri-san? Há algo errado?" A porta se abriu calmamente, mas de forma rápida, revelando Sayo.
"N-Nada. Eu estava pensando se você queria tomar chá comigo. Você está ocupado agora?"
"Não. Estou livre agora, então está bem."
"Então, eu posso entrar por um tempo? Não tenho falado com você ultimamente, afinal."
"Sim... Tudo bem, mas... Umm, Rio-sama está fora agora?" Sayo olhou em volta enquanto timidamente perguntava o paradeiro de Rio.
"Ah, sim. Ele foi para a capital com a família de Komomo-chan.", disse Ruri com um suspiro.
"Ah, entendo..." O tom da voz de Sayo caiu desanimado.
"Sayo?" Ruri inclinou a cabeça curiosamente.
"Ah! E~tto... entre! Só para avisar: Onii-chan fica muito preguiçoso depois de comer, então está um pouco bagunçado. Vou começar a preparar o chá imediatamente." Sayo convidou Ruri para entrar e se apressou para a cozinha.
"Ora, se não é Ruri." Shin estava relaxando na sala de estar.
"O que você quer dizer com isso? Não parece uma saudação."
"Nada. É só que você não tem vindo aqui há um tempo. O que aconteceu com o Rio?"
"Rio foi para a capital com a família Saga."
"Oh. Entendo.... Então foi isso." Shin assentiu a cabeça em compreensão, em seguida, olhou para Sayo enquanto ela preparava o chá, diligentemente extraindo o sabor do chá com água fervida.
"Você deve ajudar Sayo mais, já que são apenas vocês dois vivendo aqui. Você está fazendo ela fazer todas as tarefas, não é?" Ruri disse cansada, fazendo Shin franzir a testa, de mau humor.
".... Cale-se. Você é minha mãe?"
"Essa seria Sayo, não eu."
E assim por diante. Ruri conversou com Shin até Sayo voltar e servir chá para os dois.
"O chá está pronto. Aqui está."
"Sayo realmente é uma boa menina, ao contrário de você.", Ruri murmurou seriamente.
"E de você também.", respondeu Shin sarcasticamente.
Ruri riu. "Eu já sei disso, seu bobo. Já faz um tempo desde que fizemos isso. É tão calmante."
"Hm". Shin resmungou com insatisfação.
"Obrigada, Sayo. E enquanto eu estou nisso, agradeço a você também, Shin.", disse Ruri com gratidão.
"O que há com você de repente?" Shin olhou fixamente para Ruri com suspeita.
"Nada, é só que de repente me senti sozinha com a partida de Rio e Komomo-chan. Há bem menos oportunidades de ver todo mundo durante o inverno, então eu realmente só queria ver Sayo.", explicou Ruri.
"Há momentos assim, realmente. Eu entendo como você se sente..." Sayo sussurrou seu acordo.
"Não é verdade? É por isso que eu estava faminta com vontade de ver você. Vem aqui!" Ruri disse, abraçando Sayo de repente, sentada ao seu lado.
"Ahaha. Seria bom se Rio-sama voltasse logo.", disse Sayo, sorrindo um pouco envergonhada.
"Sim. Você está certa. Mas ele disse que desta vez pode demorar um pouco mais do que o habitual." Ruri fez beicinho, se sentindo infeliz.
".... Quanto tempo até que ele volte?"
"Ele disse que pode demorar um mês."
"U-Um mês... Tanto tempo..." A expressão de Sayo escureceu.
"Aparentemente, há um monte de coisas que precisam ser resolvidas por lá.", Ruri murmurou.
"M-Me pergunto o que Rio-sama está fazendo lá.", questionou Sayo com uma voz ligeiramente aguda. Ela esperou a resposta de Ruri nervosamente.
"Hmm... Parece que, alguém ligado à família Saga já conheceu os pais do Rio ou algo assim."
Ruri ofuscou os fatos com uma expressão conturbada. Afinal, ela não podia revelar a verdade.
"O quê? O Rio nasceu em algum lugar próximo?"
"Eh, eu não sei sobre isso. Rio disse que está viajando há anos." A observação afiada de Shin fez um suor frio escorrer pelas costas de Ruri.
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