Capítulo 7: Para Amande Mais Uma Vez

 Na tarde seguinte, Rio partiu da casa de rocha localizada nos arredores do Reino de Galark para visitar Amande. Miharu o acompanhou, e Aishia estava em sua forma espiritual.

Eles estavam finalmente indo para a mansão de Liselotte.

Os dois foram até o portão da zona norte da cidade e passaram por todos os processos designados antes de entrar na mansão.

"Está nervosa, Miharu-san?", Rio perguntou à garota de rosto rígido enquanto caminhavam.

"Sim, um pouco. Esta será a primeira vez que encontro um nobre...", Miharu assentiu sem jeito. Ela já havia conhecido a filha de um nobre quando se tratava de Celia, mas parecia que ela havia esquecido esse fato.

"Cecilia é uma nobre também. Ou ela não parece assim?", Rio a informou, usando o pseudônimo que foi decidido. Ele estava tentando acalmar os nervos de Miharu e tinha um sorriso provocador no rosto.

".... Ah, e~tto, no caso da Cecilia-san, eu ouvi com antecedência que ela era próxima do Haruto-san, então ela não parecia assim, ou algo do tipo... Claro, eu acho ela linda e inteligente, assim como uma princesa, não é?", Miharu engasgou e desculpou-se nervosa. Na verdade, do ponto de vista de Miharu, Celia era maravilhosa e tinha uma presença incrível.

"Ela ficaria encantada em ouvir isso. Se não esteve nervosa interagindo com a Cecilia, então deve ficar bem com a Liselotte-san também, então relaxe seus ombros, por favor.", disse Rio, sorrindo naturalmente.

"Sim.", Miharu assentiu, espiando o perfil lateral de Rio.

Ainda bem, ainda podemos conversar normalmente, mesmo quando estou sozinha com o Haruto-san. Ela suspirou de alívio.

Pode ter sido imaginação de Miharu, mas ela estava um pouco preocupada porque recentemente parecia que seu relacionamento com o Rio havia estado um pouco estranho. Em particular, depois que Rio voltou à vila para informá-los do paradeiro de Satsuki, e Miharu tentou perguntar a Rio sobre sua vida anterior...

Havia duas causas mais prováveis: a primeira era que a própria Miharu estava fortemente convencida de que Haruto — que Rio — era Amakawa Haruto. Esta era certa.

Então, quanto a outra.... Por alguma razão, desde que o Rio voltou para a vila, parecia que ele vinha se distanciando um pouco. Claro, ele não fazia isso de uma maneira óbvia e agia normalmente quando eles estavam com todos os outros, mas Miharu podia sentir uma distância que era difícil de expressar em palavras. Era diferente de ser afastada, mais como ser evitada...

Isso deixou Miharu triste. É por isso que ela estava um pouco ansiosa por hoje — ela estaria em uma situação com apenas os dois. Embora parte de seus nervos fosse pelo encontro com Liselotte, a maior parte era porque ela tinha que ficar sozinha com Rio.

Dito isso, Aishia também estava com eles em sua forma espiritual, então, tecnicamente, eles não estavam sozinhos. Além disso, a própria Miharu sabia que seus pensamentos deveriam estar focados em outras coisas agora, então ela manteve suas dúvidas escondidas em seu coração.

Isso mesmo — hoje estou aqui em nome da Aki-chan e do Masato-kun. Este foi meu próprio pedido egoísta, Miharu pensou, reorientando sua mente.

"Por enquanto, vou cuidar de toda a conversa, então Miharu-san pode se concentrar apenas em ouvir a conversa entre Liselotte-san e eu. É o suficiente se Miharu-san apenas responder sempre que Liselotte-san ou eu nos dirigirmos a você diretamente. Um tópico a ser cuidadoso seria se Liselotte-san trazer à tona produtos apropriados do conhecimento da Terra.", Rio deve ter pensado que a expressão de Miharu era de desconforto, enquanto falava com ela gentilmente.

"S-Sim. Farei assim como discutimos antes, darei o meu melhor.", disse Miharu com firme determinação.

Liselotte Cretia. O fato de ela estar se apropriando de conhecimentos da Terra para desenvolver produtos neste mundo era basicamente um fato inegável para o Rio e os visitantes da Terra. Consequentemente, eles haviam considerado profundamente todas as possíveis reações que Liselotte poderia mostrar se Miharu, uma japonesa, aparecesse.

"Miharu-san vai ficar bem. Aishia está aqui em sua forma espiritual também."

"...Sim. Ai-chan, por favor, cuide de mim.", Miharu deu uma leve risada.

"Conto com você se o pior acontecer, Aishia.", disse Rio. Dito isso, a chance real de "o pior" acontecer era muito baixa. Não era nada mais do que a presunção de Rio, mas tendo interagido com Liselotte várias vezes até agora e vendo-a interagir com o herói Sakata Hiroaki de uma maneira normal, ele tinha certeza de que sua atitude não mudaria de repente.

Entendido, Aishia respondeu curtamente.

"Está vendo?", Rio disse com um sorriso nos lábios.

"Fufu, mesmo que eu não possa vê-la, posso facilmente imaginar o rosto da Ai-chan agora.", Miharu também riu divertida. Para constar, Aishia estava atualmente dentro do corpo de Rio em sua forma espiritual, mas era capaz de se comunicar telepaticamente com Miharu quando ela estava a uma distância extremamente próxima, graças ao seu contrato temporário anterior. Com o Rio presente, significava que os três poderiam se comunicar com suas mentes.

Então, enquanto os três continuavam a conversar casualmente, eles chegaram ao portão diante da mansão de Liselotte. Rio parou cerca de dez metros antes do portão.

"Esta é a mansão da Liselotte-san.", disse ele enquanto olhava para Miharu.

"E-Enorme. Eu também estava pensando nisso enquanto caminhávamos.", Miharu olhou para o lado de fora da mansão atentamente. A propriedade era cercada por muros, mas mesmo sem eles seria impossível ver todo o terreno da posição deles. Assim de grande era a propriedade de Liselotte.

"Ela é filha de um grão-lorde e presidente de um grande grêmio de comerciantes também. Considerando que Amande não era uma cidade grande para começar, esta seria na verdade uma propriedade menor.", Rio explicou a Miharu. Amande ainda estava em desenvolvimento e em expansão contínua; portanto, se houvesse mais terras sobressalentes para começar, a propriedade seria muito maior.

Os dois discutiram essas coisas perto do portão quando um dos porteiros se aproximou deles.

"Com licença, vocês têm negócios com a mansão?", perguntou o porteiro. Rio e Miharu não estavam escondendo seus corpos e rostos com sobretudos e capuzes, também, embora suas roupas estivessem arrumadas, eles claramente não eram nobres e podiam parecer suspeitos. A cor do cabelo de Miharu também havia sido alterada com um artefato.

"Meu nome é Haruto. Vim solicitar uma audiência com Liselotte-sama. Se ela está ocupada no momento, então um compromisso futuro também seria suficiente.", disse Rio respeitosamente.

"Haruto-sama.... Minhas desculpas por não o reconhecer. É o mesmo espadachim-sama que salvou minha mestra quando ela estava sendo atacada por monstros, correto?"

"Eu não diria totalmente que a salvei, mas...", Rio respondeu modestamente com um sorriso irônico.

"Então essa garota... é uma companheira do Haruto-sama, se posso perguntar?", o porteiro olhou para Miharu.

"Sim. O nome dela é Miharu Ayase."

Rio deu o nome completo de Miharu, o que fez o porteiro pensar que ela era uma nobre por causa de seu sobrenome. Ele arregalou os olhos e convidou os dois a passar pelos portões da mansão.

".... Entendido. Então, primeiro vou levá-los as assistentes da minha mestra, então, por favor, venham por aqui. Oi, é o Haruto-sama. Enviem uma mensagem para a mansão.", disse ele aos outros soldados no portão. Um dos soldados correu para a mansão para informá-los da situação primeiro.

Rio e Miharu foram então conduzidos pelo portão e para a propriedade. O jardim da propriedade era grande e espaçoso, capturando o olhar de Miharu para onde quer que ela olhasse.

Então, assim que chegaram à construção, a porta da frente se abriu para as maids darem as boas-vindas. Cosette, Natalie e Chloe apareceram.

"Ora, Haruto-sama, bem-vindo à propriedade.", Cosette assumiu a liderança para oferecer palavras de boas-vindas, respeitosamente baixando a cabeça. Natalie e Chloe fizeram o mesmo.

"Há quanto tempo, pessoal.", Rio respondeu a Cosette de uma maneira amigável. Com isso, Cosette levantou a cabeça e avistou Miharu pela primeira vez, dando-lhe um olhar curioso. Ela não expressou nenhum pensamento em voz alta.

"Sim, é um prazer vê-lo novamente. Eu ouvi a situação. Por favor, entrem.", Cosette disse alegremente, convidando Rio e Miharu para a mansão.

"Muito obrigado.", Rio fez uma reverência e seguiu a liderança de Cosette para dentro.

"C-Com licença.", Miharu também se curvou desajeitadamente, seguindo Rio com passos tímidos.

"Nós assumiremos a partir daqui. Obrigada.", Natalie disse ao soldado guardião em sua partida. O soldado prontamente pediu licença e voltou para o portão da mansão.

"Lamento ter passado por aqui tão repentinamente, mas esperava pelo menos garantir um acordo para um encontro futuro.", Rio disse a Natalie enquanto caminhavam pela mansão.

Natalie balançou a cabeça. "Não, Haruto-sama é o salvador da nossa mestra, por isso recebemos a ordem de sempre recebê-lo com prioridade em sua visita. Pode ser que precise esperar um pouco, mas deve poder encontrá-la hoje, então deixe-nos levá-los para a sala de estar.", ela respondeu calorosamente.

".... Estou honrado em ouvir isso.", Rio sorriu envergonhado.

"Esta é a sala de estar. Por favor, entrem.", depois que Cosette os guiou para a sala de estar, ela silenciosamente abriu a porta e os instou a entrar.

"Com licença.", Rio se permitiu ser guiado para dentro e se sentou em uma cadeira. Miharu nervosamente sentou-se ao lado dele. Depois, o chá foi servido imediatamente.

"Bem então, por favor, esperem um momento até que minha mestra chegue. Estaremos esperando fora da sala, então nos chamem se precisarem de alguma coisa.", as maids retiraram-se da sala respeitosamente.

"... E-Estou me sentindo muito nervosa de repente.", assim que Miharu ficou sozinha com Rio, ela respirou fundo para se acalmar.

"Vai ficar tudo bem, tenho certeza que ela vai concordar que a Miharu-san nos acompanhe. Apenas deixe comigo.", Rio a assegurou prontamente, mas não era uma promessa vazia de forma alguma. Mesmo que Liselotte recusasse, ele havia trazido consigo um meio de negociação.

"Eu sinto muito. Mesmo que este tenha sido meu próprio pedido egoísta, tudo foi deixado para o Haruto-san de novo...", Miharu se sentiu envergonhada de sua própria inutilidade e se desculpou.

"Eu estou fazendo isso porque quero. Não deixe que isso a incomode.", Rio encorajou Miharu com um sorriso. Naquele momento, uma batida veio da porta. Rio e Miharu olharam para a porta, que se abriu alguns momentos depois.

"Desculpe por deixá-lo esperando, Haruto-sama.", quem entrou foi a dona da propriedade, Liselotte. Atrás dela estava sua maid chefe, Aria.

"Já faz um tempo, Liselotte-sama.", Rio imediatamente se levantou e colocou sua mão direita em seu peito respeitosamente enquanto a cumprimentava.

"P-Prazer em conhecê-la. Desculpe a intromissão.", Miharu também se levantou prontamente e baixou a cabeça um tanto desconfortavelmente.

"... Miharu Ayase-sama, não é? Meu servo me informou seu nome. Prazer em conhecê-la. Eu sou Liselotte Cretia, a governante da cidade de Amande.", Liselotte olhou para Miharu e gravou sua aparência na memória antes de se apresentar com um sorriso sociável.

"—, sim. É uma honra estar em sua presença.", Miharu respondeu, engolindo em seco, nervosamente.

"Parece que você tem algo a discutir hoje, então por que não nos sentamos todos?", Liselotte os convidou a se sentar com receptiva facilidade.

"Estou aqui para discutir o que mencionei antes — o motivo pelo qual pedi para participar do banquete noturno. É algo que envolve a Miharu-san, então ela veio para isso.", uma vez que Rio se sentou, ele imediatamente iniciou a discussão.

"Poderia explicar melhor?", Liselotte calmamente o incitou a continuar, com sua expressão permanecendo a mesma.

"Miharu-san é amiga de Satsuki Sumeragi-sama, o herói que foi convocado no Reino de Galark. Com essa informação, tenho certeza de que pode inferir o resto."

Liselotte fechou os olhos por um momento. "... Aria, por favor, saia por um momento. Espere do lado de fora da porta e certifique-se de que ninguém entre."

".... Entendido.", Aria assentiu respeitosamente, saindo da sala como ordenado.

"Me desculpe por isso. A verdade é que, o Herói-sama... Sakata-sama, Flora-sama e os outros ainda estão aqui na mansão, então é possível que eles possam vir aqui. Tomei os meios necessários para evitar que interrompessem nossa conversa."

"Obrigado.", Rio baixou sua cabeça com um leve sorriso. Sakata Hiroaki certamente iria invadir uma sala sem qualquer consideração, o que seria indesejável de fato.

".... Na verdade, desde o momento em que vi o rosto da Miharu-sama, tive a impressão de que sua estrutura facial não era a mesma que eu já tinha visto nos reinos vizinhos. No entanto, isso não é o suficiente para provar que Miharu-sama é do mesmo mundo que um Herói-sama. O testemunho do Haruto-sama me faz inclinar para o lado da crença, mas se não se importa, posso falar um pouco com a Miharu-sama? Devo ser capaz de verificar se Miharu-sama e o Herói-sama são do mesmo mundo.", Liselotte respirou curta, mas profundamente, e olhou diretamente para Miharu enquanto falava.

"Ah, e~tto...", Miharu olhou para Rio ao lado dela e pediu permissão com seu olhar. Rio assentiu em aprovação para Miharu.

"Sim, não há problema.", disse Miharu.

"Mais uma vez, é um prazer conhecê-la, Ayase Miharu-san. Meu nome é Liselotte Cretia. Eu fui uma japonesa na minha vida passada. Consegue entender o que estou dizendo?", Liselotte de repente começou a falar em japonês. Sua pronúncia foi um pouco estranha, mas definitivamente era japonês.

"—...", Miharu foi pega de surpresa com um choque intenso. Ela nunca havia imaginado que Liselotte de repente começaria a falar em japonês — e nem Rio esperou.


Sem saber como responder, Miharu olhou para o Rio para confirmar. Se Rio desse a ordem errada aqui, estaria revelando para Liselotte que ele podia entender o japonês, mas eles felizmente estabeleceram um sinal com antecedência apenas para esta situação.

O que devo fazer? Entrar na conversa também? Mas... Rio decidiu observar por enquanto, colocando a mão direita sobre a esquerda e batendo duas vezes com o dedo indicador. Em outras palavras: um sim.

"Ah, e~tto, isso é... Sim.", Miharu respondeu hesitante em japonês.

"Está se perguntando por que eu posso falar japonês? Ou esperava que eu fosse capaz de falar japonês?", Liselotte deu uma risadinha, adivinhando o que Miharu poderia estar pensando no momento.

"Umm, por que de repente falou em japonês?", Miharu perguntou. Embora a resposta certa fosse a última, ela estava mais curiosa para saber o motivo pelo qual Liselotte de repente falou em japonês.

"Porque Miharu-san era capaz de falar a língua deste mundo com clareza. Sua pronúncia não era totalmente fluente, mas o movimento de seus lábios corresponde aos sons, então deduzi que Miharu-san era capaz de entender a linguagem deste mundo. Esse é o motivo.", Liselotte respondeu.

"O que, quer dizer com isso?", Miharu pareceu não entender apenas com essa explicação. Ela inclinou a cabeça em dúvida.

Entendo... Rio entendeu o motivo apenas com aquela informação e ficou muito impressionado, embora não tenha mostrado em seu rosto.

"O único herói que conheci até agora foi o Sakata, mas ele só fala em japonês. Parece ser traduzido automaticamente para a linguagem do nosso mundo por meio de alguma habilidade. Eu acredito que este é um dos poderes dos Equipamentos Divinos, mas também significa que se você olhar de perto, verá que seus lábios não combinam com suas palavras."

"E~tto...", Miharu ainda não parecia convencida.

"Em outras palavras, o herói Sakata não percebeu que os produtos da Companhia Rikka tinham o nome de palavras japonesas ou terrestres. Mas Miharu-san sabia, não é?", Liselotte inclinou a cabeça e confirmou.

"Ah, sim.", Miharu disse honestamente. Ela havia discutido isso com o Rio com antecedência; eles decidiram que não havia problema em responder honestamente a esse respeito.

"Nesse caso, deve ter antecipado que o item deve ter sido inventado por mim ou por alguém da Companhia Rikka, certo? Na verdade, é por isso que está aqui, não é?"

"S-Sim."

"É por isso que falei em japonês desde o início, em vez de esconder de maneira indireta. A razão pela qual escolhi usar palavras da terra para os produtos da Companhia Rikka foi para buscar aqueles que eram como eu, como uma mensagem. Não pretendia me esconder daqueles que receberam minha mensagem."

"Isso é… incrível.", oprimida pelo intelecto afiado de Liselotte, Miharu murmurou seu espanto baixinho. Era tudo o que ela podia fazer para acompanhar suas palavras, não deixando espaço para pensar.

"Obrigada pelo elogio. Mas há uma coisa sobre a qual estou curiosa.", disse Liselotte.

"O-O que é?", Miharu perguntou com medo.

"Japonês não deveria existir neste mundo. Então, como Miharu-san aprendeu a língua deste país? Parece que já adquiriu o idioma para um nível de conversação fácil, mas alcançá-lo com o auto estudo exigiria uma quantidade enorme de tempo. No mínimo, seria impossível de conseguir desde que o Herói-sama foi invocado."

"...", Miharu ouviu as palavras cuidadosas de Liselotte com uma expressão desconfortável.

"Em outras palavras, precisaria de um excelente professor. Agora, quem poderia ter desempenhado esse papel... Com todo o respeito, Haruto-sama, poderia ter sido você?", Liselotte de repente olhou para Rio e perguntou em japonês.

"Eh, não...", a expressão de Miharu endureceu enquanto ela olhava nervosamente para o Rio. Enquanto isso, a expressão de Rio nem mesmo vacilou. Afinal, ele havia preparado uma desculpa com antecedência.

"Sim, é exatamente como suspeita. Suas habilidades de observação e dedução são muito louváveis.", Rio elogiou Liselotte e facilmente confirmou sua conjectura. Desta vez, a expressão de Liselotte endureceu.

"—, como eu... pensei.... Você, você reencarnou também? Você recuperou suas memórias da Terra enquanto vivia neste mundo? Seu nome — Haruto — é ...", em uma rara demonstração de impaciência, Liselotte ficou tensa e fez uma pergunta após a outra, mas Rio parou com isso.

"Por favor espere um momento. Viemos aqui hoje por um assunto diferente. Tenho certeza de que deve ter um tempo limitado também, então poderíamos encerrar esse negócio primeiro?", disse Rio, optando por usar a linguagem deste mundo.

".... Por favor, desculpe meu comportamento, eu fiquei muito animada.", Liselotte se desculpou, voltando a seus sentidos.

"Não, é que essa discussão levará algum tempo para ser concluída, então devemos planejar outro dia onde possamos conversar sem interrupção. Por enquanto, vamos deixar essa discussão na minha confirmação de que tenho memórias de minha vida passada como japonês. Podemos manter isso em segredo entre nós? Não tenho intenção de revelar isso a outras pessoas que não conheço bem.", Rio sacudiu a cabeça respeitosamente, confirmando o mínimo. É claro que ele estava disposto a expandir essa discussão mais tarde, mas não queria perder de vista seu objetivo original aqui.

"Sim. No momento, o herói..., Sakata Hiroaki também não está ciente disso, então eu ficaria grata se pudéssemos continuar assim. Não pretendo contar a ninguém além daqueles que perceberam minha dica, então posso prometer que não revelarei seu segredo.", Liselotte concordou com um sorriso irônico.

"Muito obrigado. Então eu também devo prometer o mesmo.", Rio se curvou respeitosamente.

"Então, me contará mais sobre esse outro assunto? Parece que tornei o clima um pouco estranho...", Liselotte disse, sorrindo levemente. Como resultado do que ela começou, este espaço agora estava ocupado por um saltador de outo mundo e dois reencarnados. Havia uma sensação de algo difícil de descrever — quase como familiaridade.

"É sobre a Miharu-san. Desejo pedir que Miharu-san se junte a nós no banquete onde Satsuki-san será apresentada.", Rio disse com um leve sorriso.

"Claro, não vejo problema.", Liselotte concordou prontamente.

".... Está realmente bem?", os olhos de Rio se arregalaram de surpresa. Ele esperava que houvesse mais resistência e discussão em torno do tópico.

"Sim. A própria Miharu-san quer ir ao banquete, certo? Tenho uma grande dívida com o Haruto-sama. Um pedido desse nível é fácil de atender. Agora que conheço seu objetivo, verifiquei que não tem segundas intenções. Não fará diferença se Miharu-san se juntar a nós também. Mais importante, desejo voltar à discussão de nossas vidas passadas o mais rápido possível.", Liselotte disse, rindo para si mesma com um sorriso verdadeiro.

"... Umm, muito obrigada, Liselotte-sama.", Miharu estava observando parte da conversa atordoada, mas de repente agradeceu a Liselotte.

"Não, nem mencione. Foi graças a você que pude encontrar alguém na mesma situação que eu.", Liselotte balançou a cabeça lentamente, olhando atentamente para Rio.

".... Por isso, quer dizer alguém que tem memórias de sua vida passada, certo?", Rio supôs.

"Sim. Sempre me perguntei por que renasci neste mundo e se havia outras pessoas que renasceram como eu. Como eu disse antes, esse foi o motivo pelo qual usei palavras da Terra nos produtos da Companhia Rikka."

"O que a fez pensar isso?"

"Tive um palpite. Com base na situação da minha morte, deveria haver outras pessoas que morreram também. E se eu tivesse renascido, então era possível que o mesmo acontecesse com aquelas pessoas. Esse foi o meu pensamento."

".... Entendo.", Rio olhou fixamente para Liselotte. Ele sempre teve a mesma suspeita também. Afinal, ele havia conseguido encontrar Latifa.

"Nesse caso, é possível que eu conhecesse você.", com uma expressão séria, Liselotte engoliu em seco e respirou fundo. "Haruto-sama... Talvez você tenha morrido em um acidente de trânsito em sua vida passada?"

"... Antes de responder a essa pergunta... Miharu-san.", Rio não respondeu à pergunta de imediato, em vez disso se dirigiu a Miharu ao lado dele.

"S-Sim?", Miharu estava ouvindo atentamente, hesitando enquanto respondia.

"Posso pedir que Miharu-san saia por um momento?", Rio perguntou a Miharu.

"Eh? Ah, mas...", Miharu hesitou, querendo permanecer presente. Contudo—

".... Por favor.", Rio baixou a cabeça profundamente.

"—, ah... eu, entendo.", Miharu disse desanimada, com sua voz sumindo. Ela não podia dizer não; o olhar de Rio pedia a ela para não se exceder.

"As maids do lado de fora a levarão para outra sala. Por favor, siga-me.", Liselotte não pôde evitar interromper, exortando Miharu a sair também.

".... Bem.", desanimada, Miharu relutantemente moveu-se para sair da sala. Ela lentamente abriu a porta com um estalo para ver Aria e Natalie esperando do lado de fora.

"Parece que Miharu-sama não está se sentindo muito bem. Por favor, levem-na para outra sala para descansar.", Liselotte ordenou as duas maids.

As duas maids trocaram um olhar antes de Natalie se adiantar para guiá-la. "Entendido. Miharu-sama, por favor, venha por aqui.", Aria continuou a proteger a porta de intrusos externos.

".... Peço desculpas por isso. Parecia que estávamos nos desviando para um território que eu ainda não tinha revelado a Miharu-san, então eu não estava totalmente preparado para isso.", disse Rio assim que a porta foi fechada novamente, baixando a cabeça profundamente.

"Não, eu deveria me desculpar. Eu trouxe isso do nada...", Liselotte desculpou-se com pesar.

"Não, vamos continuar a conversa. Sua pergunta era se eu tinha morrido em um acidente de trânsito... A resposta é sim, isso é exatamente certo.", Rio disse com um sorriso tenso, seu rosto estava ligeiramente infeliz.

"Eu, sabia... Quem... Quem era você em sua vida passada? Era o jovem da universidade? Ou a menina na escola primária? O motorista do ônibus?", era como se anos de perguntas de Liselotte tivessem sido descongeladas de uma vez, enchendo-a com uma sensação de triunfo e impaciência enquanto ela covardemente fazia perguntas uma atrás da outra.

".... Eu era o estudante universitário. E você?"

"A estudante do ensino médio. Você, se lembra de mim?"

"Eu me lembro que você estava lá, eu acredito...", Rio disse, buscando em suas vagas memórias.

"Nunca tivemos contato direto. Mas eu me lembro de você.", Liselotte disse, examinando o rosto de Rio com um sorriso.

"É assim mesmo?"

"Sim. Você sempre pareceu triste, então fiquei um pouco curiosa sobre você. E.…", Liselotte olhou para o rosto de Rio, fazendo uma significante pausa.

"...E?", Rio inclinou a cabeça com curiosidade.

"Nada..., mas você também ajudou a menina da escola primária daquela vez que ela perdeu a parada e chorou no ônibus, certo?", Liselotte balançou a cabeça lentamente, relembrando suas memórias com carinho.

"Você até se lembra disso..."

"Sim. A propósito, na minha vida passada eu era Rikka — Minamoto Rikka. O nome da Companhia Rikka deriva, na verdade, do meu próprio nome em minha vida passada.", revelou Liselotte, agora em um clima nostálgico.

"Rikka, não é? Eu.... Meu nome era Haruto. Amakawa Haruto.", com o fluxo da conversa como estava, Rio não teve escolha a não ser revelar seu nome.

"Imaginei. É um nome que você ouve aqui também, mas sempre achei que soava mais japonês.", Liselotte sorriu alegremente, seus olhos estavam como linhas finas.

"Liselotte-sama... Não, Rikka-san. Tenho um favor a lhe pedir.", Rio começou com um olhar sério.

".... Sim?", Liselotte ajustou sua postura e respondeu.

"Eu gostaria que você mantivesse todas as informações em torno disso em segredo da Miharu-san, incluindo meu nome."

".... Posso perguntar por quê?", Liselotte perguntou, olhando para Rio.

"Miharu-san foi invocado para este mundo da Terra, quatro anos antes de morrermos."

"Eh...?", os olhos de Liselotte se arregalaram.

"O mesmo provavelmente se aplica aos outros heróis. No que diz respeito à linha de tempo, morremos depois que eles foram invocados a este mundo, mas reencarnamos antes de eles chegarem. É algo que teremos que dizer a eles algum dia, mas eu quero que você esconda isso da Miharu-san e dos heróis por enquanto.", Rio explicou desajeitadamente.

"Eu... entendo...", mesmo Liselotte ficou chocada com aquela bomba, mas de alguma forma ela conseguiu proferir uma resposta.

"Se falarmos sobre nossas vidas anteriores, Miharu-san definitivamente notará a lacuna nas linhas de tempo. É por isso que gostaria que você confiasse o momento de contar a ela para mim.", disse Rio, olhando para o rosto contemplativo de Liselotte.

"Eu entendo, se for esse o caso..., mas não estaria tudo bem Haruto-sama dizer a ela o nome anterior, pelo menos?", Liselotte perguntou curiosamente. Ela não entendia por que ele havia solicitado especificamente isso.

".... Não posso. Porque Miharu-san deve saber quem eu fui na minha vida anterior.", com uma expressão sombria, Rio sacudiu a cabeça.

"—...", Liselotte ficou chocada mais uma vez.

"Eu revelei tudo isso para você porque confio em Liselotte-sama. Poderia, por favor, considerar fazer este favor por mim?", Rio baixou sua cabeça mais uma vez.

Liselotte respirou fundo para se acalmar. "Por favor, levante a cabeça. Eu prometo fazer exatamente isso.... Mas se possível, Haruto-sama poderia me contar um pouco mais sobre você e sua vida passada? E sobre a Miharu-san também, é claro."

"...Claro. Se houver algo que eu possa discutir, eu adoraria. Há algumas coisas que não posso discutir, mas não devo deixar Miharu-san esperando por mais tempo. Podemos definir outra data em que possamos sentar e conversar casualmente?", Rio exalou de alívio, baixando sua postura e assentindo. Ele não conseguia ter uma leitura clara das intenções de Liselotte ainda, então ele manteria Aki e Masato ocultos por enquanto.

"É claro.", Liselotte também assentiu alegremente. Havia muitas coisas sobre o Rio que ela estava curiosa, e elas não tinham a ver apenas com sua vida passada. Mesmo que não pudesse ser tudo, simplesmente receber um acordo para saber mais a deixava muito feliz.

"Então que tal encerrarmos hoje com uma última pergunta? Se houver algo sobre o qual esteja particularmente curiosa, responderei o máximo que puder com o melhor de minhas habilidades.", ofereceu Rio.

"Eu entendo. Então, no que se refere ao banquete, posso perguntar algo a respeito da Miharu-san? Bem como, o que está pensando em fazer no futuro, depois de encontrar Satsuki-sama. Ou, pode ser possível encontrar Satsuki-sama antes do banquete, a fim de conversar.", embora ela realmente quisesse perguntar mais sobre o Rio, ela não queria ser rude logo de cara.

"Mesmo?", os olhos de Rio se arregalaram ligeiramente em admiração.

"Sim. Atualmente, todos os pedidos para encontrar Satsuki-sama foram negados, sejam internos ou externos ao reino. Mas se fosse sua amiga, possivelmente haveria uma chance. No entanto, estarei indo para a capital um pouco antes do banquete, então o pedido para encontrá-la teria que ser feito nesse momento."

"Eu ficaria muito grato por isso. No entanto, não é algo que eu possa decidir sozinho, então seria possível trazer essa informação de volta e considerá-la mais?"

"É claro. Ainda há muito tempo até o banquete. Contanto que me dê uma resposta antes disso, não será um problema.", Liselotte disse calorosamente.

"Muito obrigado.", Rio disse e baixou a cabeça. Depois disso, Rio deu a Liselotte uma explicação simples sobre as intenções de Miharu e eles encerraram a conversa, concordando em se encontrar novamente em dez dias antes que Rio fosse buscar Miharu.

"Desculpe a espera, Miharu-san.", disse Rio, uma vez que foi levado para a sala separada onde Miharu estava esperando. Miharu estava olhando para o jogo de chá deixado na mesa diante dela em transe, uma imagem do verdadeiro tédio. Ela rapidamente se levantou quando Rio apareceu.

"Ah, vocês já terminaram?"

"...Sim. Vou explicar no caminho de volta. Devemos ir?", Rio perguntou. Ele deu a entender que precisava se encontrar com Aishia e Celia indo para casa assim por hoje.

"Então, o verei de novo em dez dias. Obrigada por hoje.", Liselotte não os impediu, despedindo-se dos dois. Assim, Rio e Miharu foram conduzidos para fora da mansão.


◇ ◇ ◇


No caminho de volta da mansão...

"Pode ser possível encontrar com a Satsuki-san antes do banquete.", Rio informou a Miharu.

".... Mesmo?", Miharu perguntou surpresa.

"Sim. Contar a Liselotte-san sobre minha vida passada foi um pouco imprevisto, mas graças a isso, fomos capazes de abandonar nossas pretensões e falar honestamente um com o outro. Ela disse que tentaria organizar uma reunião antes do banquete para nós, se assim Miharu-san desejasse.", Rio explicou a Miharu da maneira mais brilhante possível.

".... Muito obrigada. Você tornou as coisas cada vez mais benéficas para nós. Sinceramente, não sei como lhe agradecer...", em contraste, Miharu franziu a testa se desculpando.

"Não se preocupe com isso.", disse Rio com um leve sorriso.

"É impossível.", Miharu murmurou baixinho.

"Eh...?", Rio foi pego de surpresa e seus olhos se arregalaram um pouco. Miharu parou em seus passos e agarrou as mangas de Rio.

"Como pensei, é impossível. Isso simplesmente não sai da minha mente. Por que Haruto-san.... Por que Haruto-san está disposto a ir tão longe por nós?", Miharu perguntou a Rio com firmeza.

Rio pensou por um momento. ".... Porque eu não poderia simplesmente fingir que fechei os olhos. E eu já comecei a ajudar, então quero ir até o fim."

"Mas isso é tudo?", Miharu perguntou duvidosamente.

"O que quer dizer com isso...?"

"Eu também... eu também...", um olhar conflituoso, mas contemplativo, apareceu no rosto de Miharu. Eu também quero ouvir sobre a vida passada do Haruto-san, por favor.... Essas palavras estavam na ponta da língua, mas ela simplesmente não conseguia dizê-las.

Ela sabia o motivo..., mas ela estava com muito medo para ter certeza. E se ela estivesse errada? Com Rio realmente diante dela, essa possibilidade passou por sua cabeça, deixando-a muito assustada para perguntar.

"O que foi?", Rio olhou para o rosto de Miharu como se ele estivesse sendo puxado para dentro.

Ei, as pessoas ao seu redor estão olhando. A voz telepática de Aishia de repente ecoou na parte de trás de suas cabeças depois de ter ficado em silêncio o tempo todo.

"—...", Miharu se encolheu. Ela havia esquecido completamente que Aishia tinha estado lá o tempo todo, sendo que ela estava tão silenciosa. Eles estavam atualmente no distrito nobre, mas como Aishia disse, os olhares das pessoas estavam voltados para eles com curiosidade.

"Sim, vamos voltar. Miharu-san, podemos continuar assim que voltarmos para casa. Devemos nos apressar e contar a Aki-chan e Masato sobre as novidades de hoje também.", disse Rio.

".... Sim.", Miharu disse em frustração.

Depois disso, os dois deixaram Amande e entraram na floresta pela estrada principal, antes de flutuar no ar e se dirigir à casa de rocha. Mas, no fim, Miharu não conseguiu continuar a conversa.

Capítulo 8: A Terra Dos Sonhos Do Amanhã


Naquela noite, Miharu teve um sonho.

Com a consciência turva, ela vagamente se perguntou onde estava e que horas eram. A sensação parecia uma que ela experimentou recentemente.

Isto é...

Certo.... Isso era um sonho.

Ao contrário da consciência turva de Miharu, ela tinha certeza de que podia sentir sua mente desperta. Agora mesmo, na frente de Miharu, um menino e uma menina familiares estavam de frente um para o outro. Claro que seriam familiares: os dois eram amigos de infância e a menina era a própria Miharu. O menino era, com certeza, Amakawa Haruto.

Miharu observou seu jovem eu encarar Haruto em transe.

Isso foi, quando Haru-kun e eu nos separamos...

Miharu vasculhou suas memórias para identificar a cena que estava acontecendo em seu sonho. Não havia dúvida — o sonho que ela estava vendo agora era a reconstituição de uma memória.

Era um dia de verão. Os raios do sol se espalhavam sobre eles enquanto a Miharu do sonho chorava enquanto se agarrava desesperadamente ao Haruto.

"Haru-kun, não vá!"

"Mii-chan, não chore. Tenho certeza de que vamos nos encontrar de novo, está bem?", em contraste com Miharu aos berros, Haruto estava galantemente tentando animá-la. Era tão incômodo e triste ver que o rosto de Miharu assumia uma expressão de dor.

"Eu venho te buscar quando formos maiores! Nós vamos nos casar! Assim... sempre estaremos juntos, estarei sempre ao seu lado e posso proteger Mii-chan com a minha vida!", Haruto declarou a Miharu, sério e desesperado.

"Sim, sim! Eu vou me casar com o Haru-kun!", os olhos da jovem Miharu brilharam intensamente enquanto ela abraçava Haruto. Foi uma promessa terna e passageira feita na juventude, sem nenhum poder vinculante, mas era exatamente por isso que parecia tão brilhante e preciosa para Miharu.

—...

Miharu não pôde evitar as lágrimas que brotaram de seus olhos enquanto observava a cena. Não houve dia mais triste em toda a sua vida do que este... E ainda, ao mesmo tempo, não houve um dia mais feliz, também.

Foi por isso que Miharu jurou ser mais forte e otimista daquele dia em diante. Conforme ela crescia, a natureza de seus sentimentos mudou, mas a jovem Miharu acreditava cegamente que um dia Haruto viria buscá-la...

Are~?

A cena que Miharu estava olhando mudou de repente, como se alguém tivesse mudado de canal de televisão. Os olhos de Miharu se arregalaram enquanto ela piscava. Era como se ela estivesse olhando para uma coleção de cenas em uma compilação. Miharu não estava lá, mas Haruto estava.

Nas cenas de mudança que se passaram, Haruto estava dando o seu melhor em uma variedade de coisas. Estudo, trabalho doméstico, agricultura, artes marciais — ele trabalhou arduamente em todas elas.

Com essa rotina, Haruto foi crescendo pouco a pouco, e em algum momento, atingiu a mesma idade da Miharu atual. Ele estava baixando a cabeça para o pai, pedindo para estudar na mesma escola onde morou com Miharu.

Talvez, ele tenha se lembrado de sua promessa comigo? Miharu não pôde deixar de se perguntar. Então, a cena mudou mais uma vez.

Este é… o colégio que eu vou…?

Miharu olhou com espanto e choque para o novo cenário à sua frente. Para sua grande surpresa, o Haruto do sonho estava lá usando o mesmo uniforme escolar de Miharu.

"...", no campus com pétalas dançantes de sakura, Haruto estava simplesmente parado, e seu olhar estava direcionado diretamente à sua frente. Miharu foi atraída a olhar na mesma direção.

Então, parada ali—

—...! estava Miharu.

O meio-irmão de Aki — Sendou Takahisa — a chamou, então os dois estavam conversando com familiaridade.

Isso foi durante a cerimônia de entrada... Miharu foi capaz de identificar o exato momento que ela estava testemunhando. Sim, não havia dúvida — isso aconteceu no dia da cerimônia de entrada. Embora parecesse que muitos dias se passaram desde então, não foi realmente há muito tempo, então suas memórias ainda estavam frescas. Mais do que tudo, aquela tarde foi o dia em que ela vagou por este mundo, então a cerimônia de entrada foi o único dia em que Miharu vestiu seu uniforme do colégio.

Isso é… realmente um sonho? Miharu teve uma estranha sensação de realidade enquanto o sangue era drenado de seu rosto. Então, o Haruto do sonho, que estava observando Miharu e Takahisa conversando animadamente, pausou, antes de mostrar um pequeno e triste sorriso.

Eh, ah.... Talvez o que Haruto viu agora o fez entender mal a relação de Miharu e Takahisa, fazendo-o pensar que eles estavam namorando. Não..., mas mesmo que ele não tenha entendido mal, a possibilidade poderia ter surgido em sua cabeça. Então, com medo de confirmar isso

Ah, e-espere!

Haruto deu meia-volta. Miharu tentou chamá-lo, mas sua boca não se movia e as palavras não saíam. Mesmo se ela pudesse pensar dentro deste sonho, ela não seria capaz de interferir com as pessoas que apareciam. Sem outra escolha, Miharu seguiu rapidamente atrás de Haruto.

Ei, Haru-kun, por favor, espere!

Miharu tentou desesperadamente agarrar o Haruto, mas não foi capaz de tocá-lo. Haruto tinha um sorriso triste e inquieto no rosto.

Ver seu perfil lateral fez o peito de Miharu apertar de dor. Então, a cena do sonho mudou mais uma vez.

—?!

Desta vez, ela viu dentro do prédio da escola. Haruto estava andando pelo corredor, indo em direção a uma certa sala de aula. Quanto tempo havia passado desde então?

"Ayase Miharu-san já está aqui?", Haruto perguntou a algumas garotas paradas perto da porta da sala de aula.

"Ah, e~tto. Ayase-san?", uma garota quieta parada perto da porta pareceu assustada ao ser chamada de repente.

"Ah, não foi ela quem se ausentou sem licença? Você sabe, junto com Sendou-kun...", disse uma garota diferente.

"Ausente sem licença? Mas ela estava aqui para a cerimônia de entrada ontem, certo?", Haruto perguntou curioso.

"Isso, isso! Houve rumores sobre isso durante o primeiro intervalo de hoje. Deve haver algum significado mais profundo para os dois sumirem no segundo dia de aula! A professora também não sabia por quê, então as pessoas diziam que eles devem ter fugido. Certo?", uma das garotas parecia gostar de fofocar, pois respondeu alegremente à pergunta. Em contraste, a expressão de Haruto caiu.

"Entendo... Muito obrigado. Com licença."

"Ah, espera! De que classe você.... Ei!"

Mas Haruto partiu imediatamente. As garotas tentaram chamá-lo, mas ele não parava para ninguém.

Este sonho é… o que aconteceu depois que eu desapareci? Miharu pensou, seu rosto estava se contraindo. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Se fosse esse o caso, ela estava com medo de imaginar o futuro.

Não.... Ela não queria ver. Ela não queria ver nada à frente disso. Ela estava assustada.

Um medo indescritível percorreu Miharu, fazendo-a querer fugir..., mas ela não podia. Mesmo que ela estivesse com medo, ela tinha que ver. Ela não precisava dizer nada, pelo menos; sua existência não seria notada. Mesmo que isso fosse em seus sonhos, ela ainda queria ficar ao lado do Haruto, então Miharu resolveu assistir até o fim.

O tempo no mundo dos sonhos continuou implacavelmente. Antes que ela percebesse, o Haruto do sonho estava cursando a universidade. Ele estava salvando uma menina da escola primária que chorava e que havia perdido sua parada de ônibus quando estava voltando do campus para casa.

.... Are~? Miharu teve uma estranha sensação de déjà vu no local. Se ela se lembrava bem, recentemente—

Latifa-chan disse...

Foi o que aconteceu na vida passada de Latifa. Ela era uma estudante da escola primária que perdeu sua parada de ônibus em um dia chuvoso, quando Haruto a salvou enquanto ela chorava.

Está… chovendo...

Estava chovendo torrencialmente, confirmou Miharu.

Então este é bem antes...?

Os dois morreriam — Miharu se lembrou disso e empalideceu. No momento seguinte, a cena mudou novamente. Eles ainda estavam no ônibus, mas a roupa de Haruto havia mudado.

—?!

Haruto estava balançando com os movimentos do ônibus enquanto olhava ociosamente para fora da janela. No entanto, ele de repente percebeu algo e olhou para seu lado direito traseiro. A garota da escola primária que Haruto salvou estava sentada lá.

"—...?!", a menina da escola primária estava olhando fixamente para Haruto, mas desviou os olhos quando percebeu que ele estava olhando para trás. Haruto inclinou a cabeça com um olhar não convencido. Miharu estava assistindo atordoada, mas se recuperou e estendeu a mão para Haruto.

Não é bom, a este ritmo, não, não...!

Mas no momento seguinte, o ônibus balançou violentamente.

Haru-kun!

Miharu tentou abraçar o corpo de Haruto em pânico, mas seu corpo voou levemente pelo ar, batendo no teto do ônibus.

A causa foi um acidente de trânsito por ignorar um semáforo vermelho — o ônibus estava passando pelo semáforo verde quando um caminhão colidiu repentinamente pela traseira esquerda. O caminhão tentou evitar o ônibus girando imediatamente o volante para a direita, mas bateu na traseira esquerda do ônibus e o fez tombar. A extremidade traseira do ônibus foi despedaçada — destruída a ponto de qualquer pessoa sentada lá não conseguir escapar.

Ah, ah, aah...

Miharu estava do lado de fora do ônibus antes que ela percebesse, observando atordoada os trágicos resquícios do acidente. Ela podia ouvir os gritos das testemunhas ao redor da cena.

N-Não... não, não, não, nããão!

Incapaz de suportar, Miharu gritou em seu sonho.

"—?!", Miharu acordou. No momento em que o fez, ela podia sentir seu coração batendo forte e seus pulmões ofegando por ar.

"Hah, hah, hah..."

Seu pijama estava encharcado de suor e seu coração batia forte o suficiente para abrir seu peito. Seu corpo estava tão frio que não parecia que ela estava viva. Ela não conseguia parar de tremer.

"Isso... foi um sonho, certo?", Miharu sussurrou.

Sim, um sonho. Deve ter sido um sonho.

Era muito trágico para ser real.

Algo assim era apenas… era apenas—

Haruto-san, Haruto-san não é o Haru-kun, certo? Não pode ser, não pode, não pode... Miharu disse para se convencer, mas sua intuição estava afirmando o contrário. Foi tão horrível, tão triste; lágrimas escorriam de seu rosto antes que ela percebesse.

"Miharu."

A voz de Aishia ecoou em seu ouvido de perto.

"—, Ai...-chan...?! Por que está no meu quarto...?", o corpo de Miharu tremeu quando ela respondeu. Em algum momento, Aishia havia aparecido ao lado dela.

"Miharu, quer esquecer o sonho que acabou de ter?", Aishia perguntou de repente.

"... O que, está dizendo, Ai-chan?", Miharu franziu a sobrancelha.

"Se quiser esquecer esse sonho de agora, posso fazer você esquecer. Na próxima vez que dormir e acordar novamente, não terá mais nenhuma lembrança do seu sonho. Mas, se não quiser esquecer, então da próxima vez que acordar, você ainda terá aquelas memórias. Qual você prefere?", Aishia explicou calmamente.

"Qual.…", a expressão de Miharu estava à beira das lágrimas. O que ela queria dizer? Talvez isso em si fosse outro sonho. Miharu estava tão confusa que não tinha certeza do que estava acontecendo.

"Neste momento, Haruto fechou seu coração. Não há mais volta para ele, então ele não quer arrastar as pessoas que são preciosas para ele em seus assuntos. É por isso que, nesse ritmo, Haruto um dia dirá adeus a essas mesmas pessoas. Miharu... você está incluída entre essas pessoas. É por isso que Haruto está tentando se distanciar da Miharu e os outros.", Aishia continuou.

"...", o coração de Miharu estava agitado, o pânico estava aparecendo em seu rosto.

"Mas ainda não é tarde. Porque a maneira de pensar do Haruto está errada.... É verdade que ele pode não ser mais capaz de voltar atrás. Mas se a Miharu quiser seguir o Haruto de boa vontade, então Miharu é livre para fazer isso.", quando Aishia disse isso, Miharu exalou suavemente em alívio.

"É por isso que, se a Miharu deseja fortemente ficar ao lado do Haruto, Miharu não deve fugir. Fique de pé e encare o Haruto de frente e expresse fortemente sua vontade.", Aishia olhou diretamente para Miharu.

".... Bem.", Miharu estava assentindo antes que ela percebesse.

"Mas havia algo que a Miharu precisava saber antes de expressar sua vontade ao Haruto. Isso era o sonho de agora. Se a Miharu quiser ficar ao lado do Haruto no futuro, se sentirá ainda pior do que o que sentiu ao ver esse sonho. Haruto está seguindo esse caminho. É por isso que Miharu precisava saber disso. Se achar que não deveria ficar com ele por causa disso, se achar que ficaria melhor longe dele... Desculpa, interrompi a sua conversa com o Haruto hoje."

"Ai-chan... Ai-chan, o que você sabe?", Miharu perguntou, franzindo o cenho com uma expressão um tanto triste.

"Eu só sei sobre o Haruto.", Aishia disse, balançando a cabeça com um sorriso um pouco triste, mas caloroso.

"...", Miharu não disse nada; ela não sabia como responder. Ela não tinha ideia do que Aishia estava sentindo ao fazer aquela cara.

"Miharu é quem decide. Miharu ainda quer estar ao lado do Haruto, depois de ver esse sonho?", Aishia perguntou calmamente.

"Ah...", Miharu engoliu em seco.

"Em um futuro não muito distante, Haruto virá para lhe dizer a verdade. Sua chance será nesse momento. Se quiser ficar ao lado do Haruto, Miharu não pode fugir. Nem agora, e nem depois.", Aishia disse, estendendo a mão para acariciar suavemente a bochecha de Miharu.

Está fria... Era uma mão que não tinha temperatura corporal. E ainda, por algum motivo...

.... É quentinha. De alguma forma, Miharu foi preenchida com uma sensação aconchegante e difusa.

"Ei, Ai-chan, espera.", Miharu agarrou a mão de Aishia com força. Não houve hesitação em seus olhos.

"Eu, eu... eu quero ficar com o Haru-kun.", ela declarou com firme resolução, mas de repente se sentiu extremamente sonolenta.

".... Entendi. Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. Boa noite, Miharu.", a boca de Aishia se curvou para cima em um gentil sorriso enquanto ela oferecia essas palavras finais.





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