Capítulo 7: Para a Aldeia
No dia seguinte ao seu encontro secreto com Homura e Shizuku, Rio partiu da capital sozinho. Gouki havia pedido inflexívelmente para acompanhá-lo, mas Rio recusou, dizendo que queria voltar o mais rápido possível. Na realidade, o que seria uma viagem de vários dias a pé só levou um vôo para Rio com suas artes espirituais.
"Bem-vindo de volta.", disseram calorosamente os aldeões quando Rio voltou para a aldeia, e ele respondeu com um "Estou de volta!"
"Estou em casa.", disse Rio ao entrar na casa da chefe da aldeia.
"Bem-vindo ao lar, Rio." Yuba o recebeu alegremente, sentada em um tapete na sala de estar. "Parece que você já conhece a história toda."
"Sim!" Rio assentiu, sorrindo sem perceber. Ele estava feliz de ver que a atitude de Yuba não tinha mudado.
"Devo falar mais formalmente quando estivermos sozinhos?", perguntou Yuba em tom de brincadeira, ao que Rio rejeitou com um sorriso amargo.
"Tudo menos isso, por favor!"
Yuba caiu na gargalhada. "Como eu disse antes, mesmo que você possa ser da realeza, você continurá sendo meu neto e eu sua avó. É nisso que eu acredito. Enquanto você pensar assim também, isso nunca vai mudar."
"Muito obrigado. Na verdade, há algo que eu quero consultar com você em relação à família..."
"Sobre o quê? Você está todo rígido."
"É sobre Ruri-san. Recebi permissão para revelar minha origem a ela, mas queria obter sua permissão também..."
".... Desde que ela está relacionada a você por sangue, ela tem o direito de saber.", assentiu Yuba com um sorriso.
"Obrigado. Onde Ruri-san pode estar agora?"
"Tomando chá com as outras meninas da aldeia, suponho. Se ela souber que você voltou, provavelmente virá correndo a qualquer momento. Ela ficou preocupada quando você deixou a aldeia de repente."
"Entendo..." Rio sorriu timidamente.
Foi quando Ruri voltou.
"Estou em casa! Rio, você está de volta! Mō~, onde você foi?!"
"Eu tinha alguns assuntos importantes para atender. Sinto muito por fazer você se preocupar."
"Francamente. Obaa-chan não me explicou o que aconteceu nem mesmo quando perguntei a ela. Você foi subitamente levado da aldeia por algumas pessoas estranhas, então eu fiquei realmente preocupada."
"Na verdade, há algo que eu queria te contar sobre isso..."
"Algo para me contar?"
"Sim. Mas antes que eu possa lhe dizer, você deve concordar em manter os detalhes disso em segredo."
"Uhh, sobre o quê?" Ruri inclinou a cabeça diante da vaga explicação de Rio.
"É sobre quem eu sou. Yuba-san já está ciente — é por isso que ela me deixou morar nesta casa. Eu gostaria que você soubesse também, mas o segredo tem que ser mantido sob estrita confidencialidade, então eu queria verificar se você estava bem com isso primeiro..." Rio escolheu suas palavras cuidadosamente enquanto explicava, olhando para o rosto de Ruri.
"Sobre quem você é, huh? Sim, eu quero saber. Eu prometo, não vou dizer a ninguém o que você me contar." O rosto de Ruri estava tingido de medo, mas ela assentiu resolutamente.
"Então, aqui vai."
"Ok. Quando você estiver pronto." Ruri respirou fundo e assentiu, esperando Rio começar sua história. Rio trocou olhares com Yuba antes de abrir a boca, um pouco nervosamente.
"Primeiro de tudo, você e eu somos primos. Meu pai era o irmão mais novo do seu pai."
".... Huh. Então é isso.... Você e eu somos primos."
Embora Ruri tinha enrijecido ligeiramente com as palavras, ela aceitou a verdade oferecida a ela com bastante facilidade.
"Você não parece surpresa...?" Yuba perguntou com olhos arregalados.
".... Não, eu estou surpresa, mas achei que seria algo assim baseado na atmosfera da sala. E o Rio já é da família de qualquer forma."
"Obrigado.", Rio agradeceu timidamente. "Eu também penso em você como família, e é por isso que eu queria trazer esse assunto à tona. Eu queria que você soubesse."
"S-Sim, o mesmo aqui. Obrigada." Ruri, envergonhada, também lhe agradeceu.
"E assim, meu pai... a pessoa que seria seu tio, seu nome é Zen. O nome da minha mãe é Karasuki. Karasuki Ayame. Uma princesa deste reino."
Depois de alguns longos segundos de silêncio, Ruri inclinou a cabeça.
"... Desculpa?"
"Minha mãe era uma princesa deste reino.", repetiu Rio com um sorriso irônico.
"Acho que este é um pouco mais difícil de acreditar.", disse Yuba com uma risada calorosa.
"Umm... Isso é uma piada, certo?"
"É verdade. O pai de Rio... seu tio... casou-se com a princesa deste reino."
"Sério, Obaa-chan?"
"Estou dizendo a você, é verdade. Por que mentiríamos sobre isso?" Yuba assetiu com um sorriso tenso à pergunta ainda atordoada de Ruri.
"Mas... É que... ... Huuuh? Realmente? Mas então.... Oh não. Isso seria.... Tipo, você sabe.... Isso faria do Rio um príncipe, né?"
"Bem... eu acho que sim. Embora não autorizado, Rio seria da realeza deste reino."
"Ahaha..., mas assim, isso ainda é impossível. Não há nenhuma forma em que um aldeão poderia se casar com uma princesa, afinal."
"Boba. O pai de Rio foi promovido ao status de guerreiro por seu distinto serviço na guerra. Foi assim que ele conheceu a Princesa Ayame. Eu diria para perguntar aos outros da aldeia..., mas você obviamente não pode, embora as pessoas mais velhas da aldeia saibam que Zen se tornou um guerreiro."
"Um guerreiro... Então não seria estranho para ele se familiarizar com a princesa, eu acho? Mas então, isso faria do Rio realmente... um príncipe deste reino... certo?"
"Em termos de linhagem, sim. Isso é o que eu estive tentando te dizer.", disse Yuba com um suspiro cansado.
Ruri olhou para o rosto de Yuba e Rio inúmeras vezes antes de finalmente aceitar o que lhe foi dito. Ruri empalideceu e de repente se virou para Rio, prostrando-se diante dele, completamente agitada.
"E-E~tto, Ri-Rio-sama... E-Eu sinto muito! Por favor, perdoe-me por ultrapassar meus limites e agir de forma tão grosseira com você até agora!"
"Espere! Por favor, não faça isso. Apenas aja como você tem agido até agora!" Rio parou Ruri em pânico.
"M-Mas... Rio-sama é da realeza... certo?" Ruri levantou a cabeça e olhou para Rio timidamente.
"Minha mãe pode ter sido, mas eu não sou. Mesmo se você argumentar com o raciocínio de que o filho da realeza também deve ser realeza, minha existência não pode ser tornada pública. Então, por favor. Apenas interaja comigo como você sempre fez." Rio balançou a cabeça abruptamente, em seguida, baixou a cabeça para Ruri.
"Eu posso chamá-lo... apenas de Rio?"
"Sim, tudo bem. Como antes."
"E-Eu entendo..." Ruri de alguma forma conseguiu concordar, mas ela claramente ainda estava nervosa.
"Seu jeito de falar ainda não voltou ao normal, sabia?" Rio apontou isso tentando importuná-la.
"Ah, sim... Certo." Ruri quase sem querer respondeu no mesmo tom rígido de novo, mas conseguiu parar seus pensamentos e assentir mais uma vez com um sorriso desconfortável.
"Eu sei que você deve estar perturbada ao ouvir de repente que eu sou seu primo, mas vamos por favor continuar nos dando bem."
"... Sim. Entendo... isso mesmo, Rio e eu somos primos agora.", Ruri murmurou aturdida, como se reconfirmasse a verdade. O impacto da mãe de Rio sendo uma princesa foi tão poderoso que ela esqueceu completamente o fato de que Rio era seu próprio primo.
"Isso mesmo. Eu sou seu primo.", disse Rio.
"Então eu ainda tinha parentes de sangue além da Obaa-chan. Ah, isso significa que eu sou uma irmã mais velha para você por um ano, certo?"
"Isso mesmo. Gostaria que eu me referisse a você como 'Onee-chan'?", Rio perguntou com um sorriso brincalhão.
"N-Não, tudo bem! Me desculpe! Wow, isso é embaraçoso! De jeito nenhum!" Ruri gritou com o rosto completamente vermelho.
"Então vou continuar chamando você de Ruri-san como sempre fiz.", disse Rio, com as esquinas de seus lábios formando um alegre sorriso.
Mas a expressão de Ruri não parecia satisfeita. "Mm., mas somos primos, então... acho que prefiro que você fale comigo um pouco mais casualmente. Como um estilo de fala mais amigável, certo?", perguntou ela, olhando para o rosto de Rio.
"Umm. Já disse isso antes, mas esse jeito de falar é praticamente um hábito meu agora. É só que... depois que eu comecei a usar esse jeito, é difícil trocar sem uma razão significativa para isso.", explicou Rio com um sorriso conturbado. Mesmo que a outra pessoa fosse uma criança, desde que não fosse arrogante, Rio se sentia desconfortável em falar tão casualmente com alguém que ele estava encontrando pela primeira vez. Claro, uma vez que se tornava mais próximo, ele estava disposto a falar sem reservas. Mas, a menos que houvesse algum tipo de sugestão para fazer o contrário, ele continuaria usando seu discurso rígido por constrangimento.
"Hmph. Então você está dizendo que ser sua prima não é uma razão significativa o bastante?" Ruri olhou para Rio de uma maneira ligeiramente mal-humorada.
Com isso, Rio finalmente pareceu entender a ideia.
".... Bem, acho que isso seria correto. Desculpa.... Sim, Ruri está certa. Que tal agora?", disse timidamente, desviando o olhar pelo constrangimento.
"Bom!" A expressão de Ruri se iluminou alegremente. Talvez um pouco do constrangimento de Rio tenha chegado até ela, já que ela estava insuportavelmente feliz agora.
Depois disso, Rio contou a Ruri outras informações necessárias — principalmente sobre a razão pela qual Zen e Ayame deixaram a aldeia e as circunstâncias por trás dela — e uma explicação sobre por que Ruri precisava ficar em silêncio sobre a origem de Rio para os outros moradores. Ruri parecia ter alguns pensamentos sobre o passado de Rio, mas ela jurou manter seu silêncio.
Então, depois que Rio terminou de explicar sua origem para Ruri, ele ajustou sua postura e olhou cuidadosamente para ela e Yuba.
"Além disso, isso pode ser um pouco cedo, mas eu queria aproveitar esta oportunidade para informar vocês duas sobre algo." Rio ajustou sua postura e olhou para as duas.
"Sobre o quê?" Yuba perguntou.
"Estou pensando em deixar a aldeia por volta desse período no próximo ano.", disse Rio, indo direto ao ponto.
"Entendo... É um pouco triste, mas será assim. Você vai voltar para a terra onde você nasceu?" Yuba perguntou com um sorriso cheio de solidão.
"Isso mesmo. Há muitos outros lugares em que eu quero parar primeiro, mas eventualmente..." Rio confirmou com resolução em seus olhos.
"Você vai voltar para esta aldeia de novo algum dia, certo? Isso não é um adeus para sempre, é?" Ruri, que estava ouvindo silenciosamente, perguntou enquanto observava o rosto de Rio.
".... Isso é... Sim. Eu gostaria de voltar, se vocês permitirem." Rio sorriu, um pouco perturbado, enquanto assentia um pouco hesitante.
"Claro que adoraríamos ter você de volta! O que você está dizendo?!"
"Isso mesmo — volte a qualquer hora. Esta também é sua cidade natal, e você é um membro da nossa aldeia."
Ruri e Yuba responderam imediatamente, convidando Rio a voltar. Rio agradeceu as duas, feliz em ouvir suas respostas.
"A propósito, se há um lugar que você tem que ir, isso significa que há alguém esperando por você lá? Se assim for, eu gostaria de ouvir sobre isso. Você não vai nos contar?" Ruri perguntou, curiosa.
".... Embora não sejamos parentes de sangue, há uma criança que pensa em mim como um irmão mais velho, e algumas outras pessoas que cuidaram de mim.", respondeu Rio um pouco timidamente.
"Então há pessoas assim. Quem te trata como um irmão é uma garotinha?"
"Bem, sim..."
"Heh, imaginei que fosse. Mas, bem, se esse é o caso, então não podemos mantê-lo aqui para sempre. Se ela é uma irmãzinha para você, então ela seria minha prima também, por isso apresente-a para mim algum dia. Ei, me diga o nome dela!" Ruri fez uma pergunta atrás da outra.
E assim, Rio esteve recebendo uma enxurrada de perguntas da parte de Ruri por algum tempo.
◇◇◇
Alguns dias se passaram desde que Rio explicou seu passado para Ruri.
Com o festival da colheita de outono tendo chegado ao fim, a aldeia estava começando seu cultivo fora de temporada antes do inverno. Atualmente, os aldeões estavam se preparando para superar o inverno, além de iniciar alguns trabalhos agrícolas em preparação para o seguinte ano.
No entanto, para um caçador, esta era a temporada mais movimentada do ano.
Rio normalmente ajudava nos campos durante a tarde, mas desde que voltou para a aldeia, passou todos os dias caçando até escurecer, capturando presas para serem transformadas em alimentos preservados. Naturalmente, a quantidade de contato que ele teve com os aldeões não-caçadores diminuiu, e ele praticamente só via Yuba e Ruri ultimamente.
"Ei, Rio. Você viu Sayo desde que voltou para a aldeia?"
Uma manhã, enquanto Rio se preparava para ir caçar na cabana dos caçadores, Shin se aproximou dele.
"Não. Eu estive ocupado com a caça, então eu não a vi..."
"Sayo tem perguntado por você ultimamente. Ele parece ocupado com os deveres de caça; parece que ele está indo bem.... É irritante, então vá vê-la pelo menos uma vez.", disse Shin, de uma maneira um pouco contundente.
"Peço desculpas — parece que fiz ela se preocupar. Eu queria cumprimentar os outros adequadamente também, então vou dar um tempo hoje ou amanhã para ir vê-la.", respondeu Rio com um olhar apologético.
"... Certifique-se de fazer isso." O rosto de Shin escureceu com uma expressão conflitante, e ele assentiu secamente.
◇◇◇
No dia seguinte, Rio recebeu permissão de Dora para encerrar sua caçada pela manhã e descer a montanha. Ele fez um esforço para aparecer onde mais pessoas provavelmente estariam reunidas e cumprimentou brevemente a todos. Depois de parar em algumas áreas de trabalho, sua última parada foi um local onde as garotas da aldeia estavam reunidas.
"Huh, Rio? O que aconteceu?" Ruri notou a presença de Rio primeiro e se aproximou correndo.
"Olá, Ruri. Eu notei que não tinha cumprimentado quase ninguém desde que voltei para a aldeia, então queria mostrar meu rosto para as pessoas que eu ainda não tinha visto."
"Entendo. É verdade, todos estavam preocupados porque você tinha ido embora.... Espera, huh? O que há com esses rostos, garotas?"
Rio e Ruri estavam casualmente mantendo sua conversa enquanto todas as garotas presentes observavam com expressões perplexas. Uma vez que Ruri notou isso, ela hesitou.
"Tom!" As garotas responderam em uníssono.
"Tom?" Ruri inclinou a cabeça enquanto Rio sorria ironicamente ao perceber algo.
"Seu tom ao falar com Rio-sama! Por que você está falando com ele tão casualmente, Ruri-san?!" Uma das garotas apontou, finalmente fazendo Ruri entender a situação.
"Huh? Ah, isso é porque..."
"O que isso significa, Ruri-san?" Naturalmente, todas as garotas se aproximaram de Ruri por unanimidade.
"Não, umm..." O olhar de Ruri vagou, fixando-se em Rio ao lado dela para pedir ajuda. No entanto, Rio deu um passo indiferente para trás, assumindo inflexívelmente o papel de um espectador inocente.
R-Rio!! Ruri olhou para ele com olhos reprovadores.
Você é quem está sendo interrogada, Ruri. Se eu intervir agora, as coisas só ficarão mais complicadas.
Isso pode ser verdade...! Mas mesmo assim!
E assim por diante. Eles trocaram conversas através de seus olhares, mas para as garotas, isso só fez tudo parecer ainda mais suspeito, e sua pressão silenciosa continuou a ficar mais forte a cada minuto.
Um suor frio escorreu pelas costas de Ruri devido os olhares afiados das garotas focados nela.
"E-Estamos morando na mesma casa, então eu pedi para ele parar de falar de forma tão rígida comigo o tempo todo, porque ficou cansativo. Não é nada de mais, realmente." Ruri desviou a pergunta com uma resposta adequada. Ela não podia dizer a elas a verdadeira razão: que eles eram primos.
"............" Todas as garotas se entreolharam. Não era uma razão que elas não podiam acreditar, mas ainda havia algo suspeito sobre isso — a intuição feminina que elas possuíam lhes dizia isso.
"Ruri... me disse há algum tempo atrás para mudar a minha maneira de falar, mas é tão estranho afinal? Temo que ainda não estou acostumado..." Rio perguntou às garotas preocupadamente, justo no momento certo.
"Não, não é estranho..."
As garotas não eram capazes de perseguir persistentemente Rio como fizeram com Ruri, então balançaram a cabeça relutantemente. Como elas pararam de insistir sobre tema no momento, Ruri soltou um suspiro de alívio.
Hmph, ele nem sabe como eu me sinto...
Ao ver Rio sorrir como se estivesse se divertindo com tudo isso Ruri fez beicinho, mas Rio apenas começou a falar com as garotas, fingindo não ter visto. Ele se desculpou por preocupá-las quando deixou a aldeia tão de repente, e assim por diante.
"Também fiz você se preocupar, Sayo-san. Eu ouvi de Shin-san."
"D-De Onii-chan? U-Umm, ele disse alguma coisa estranha?"
"Não, não particularmente..."
"Entendo... Está tudo bem. Então, com Ruri-san..." Sayo parecia aliviada, então murmurou o início de uma pergunta.
"Sim, o que é?"
"N-Não é nada..." Quando Rio inclinou a cabeça, ela timidamente retirou suas palavras.
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