Capítulo 6: Encontro

 Enquanto isso, em um local e hora diferentes, enquanto Rio reunia informações na cidade de Rodania, a aeronave encantada em que Liselotte se encontrava avançava em seu curso, cruzando a fronteira do reino entre Bertram e Galark. Neste ponto de sua jornada, Amande estava bem diante de seus olhos.

"Liselotte-sama, chegaremos a Amande em breve."

O aviso de sua chegada a Amande chegou a sala privada onde Liselotte e Aria estavam descansando. As duas belas maids que vieram relatar a ela baixaram a cabeça respeitosamente.

"Finalmente. Assim que voltarmos para a residência, nosso primeiro dever é cuidar de toda a papelada acumulada. Também contarei com a ajuda de vocês, Natalie e Cosette.", Liselotte sorriu alegremente, dirigindo-se as maids que tinham vindo apresentar seu relatório.

"Geh..." Uma das empregadas soltou um barulho.

"Há algo errado, Cosette?", Liselotte parecia ter captado clara e perfeitamente o ruído, já que se virou para se dirigir à empregada que o proferiu com um sorriso.

Cosette suavizou sua expressão com uma risada cordial. "Não. Eu só estava me perguntando se seria melhor jantar primeiro, pois vai estar escuro quando chegarmos ao final desta viagem cansativa.", ela propôs.

"Negado. Tenho que compensar o tempo perdido no trabalho. Você se divertiu muito durante a pausa em Bertram, não foi?", Liselotte balançou a cabeça e sorriu para Cosette.

"Eee~, mas estávamos trancadas na casa de hóspedes lá. Eu nem pude fazer compras.", Cosette choramingou de volta, fazendo beicinho com os lábios.

"Mas você conseguiu descansar sem ter que trabalhar, certo?", Liselotte disse com um suspiro.

"Isso é o suficiente, Cosette. Todos sofreram nas mesmas condições.", Natalie, a maid bastante séria ao lado de Cosette, a repreendeu.

Liselotte suspirou exasperada antes de entrar com a sugestão de uma recompensa. "Bem, suponho que você tenha razão. Assim que tudo se acalmar, darei a você a chance de sair de licença."

"Mesmo?!", o rosto de Cosette iluminou-se.

"Sim. É por isso que preciso que você se esforce um pouco mais. Natalie, você também.", Liselotte fez uma careta enquanto encorajava suas subordinadas.

"Entendido! Deixe isso conosco!", Cosette concordou prontamente. Ao lado dela, Natalie entrou na conversa.

"Muito obrigada.", ela se curvou respeitosamente. A perspectiva de um feriado fez um leve sorriso aparecer em seus lábios.

"Então, vamos nos preparar para a nossa descida...", Liselotte começou a dizer para encerrar as coisas, quando o navio encantado sacudiu, fazendo-a gritar.

"Kya! O que foi isso?!"

Aria imediatamente saltou para dar instruções; não era normal que a aeronave balançasse tanto, afinal.

"Investiguem a causa imediatamente. Natalie, Cosette."

"Liselotte-sama! Liselotte-sama!", do corredor do outro lado da porta veio o som frenético de passos correndo, acompanhado pela voz de uma jovem chamando o nome de Liselotte.

"Essa é a voz da Chloe, não é?", Aria prontamente foi abrir a porta. Chloe, a maid em treinamento, apareceu em pânico.

"Liselotte-sama!", Aria deve ter percebido intuitivamente que o estado de nervosismo de Chloe estava relacionado ao tremor da aeronave, já que sua voz saiu em um tom suave.

"Acalme-se. O que foi esse tremor agora? Aconteceu alguma coisa?"

Com sua pergunta, Chloe parou em seu pânico e respirou fundo.

"U-Umm, há, há problemas! Um d-dragão, um dragão negro apareceu!", ela disse.

Embora Aria não pudesse evitar a forma como seus olhos se arregalaram, ela fez sua pergunta calmamente.

".... Um dragão fez a aeronave tremer tanto?"

"Ah, o capitão disse que faria um pouso de emergência em uma cidade próxima, então o tremor foi provavelmente porque ele baixou a altitude da aeronave... O dragão foi avistado bem longe.", Chloe explicou apressadamente.

Aria reuniu seus pensamentos instantaneamente e deu instruções a Liselotte.

"... Liselotte-sama. Algumas coisas ainda não estão claras, mas esta é uma situação de emergência. Vamos até o capitão para nos prepararmos para o pior. Por favor, venha por aqui."

"Sim, deixarei tudo com você.", Liselotte rapidamente se levantou e foi para o lado de Aria.

"Vocês três também venham e protejam Liselotte-sama.", Aria ordenou a Chloe, Natalie e Cosette.

"Sim!", as três maids responderam sem demora, e o grupo seguiu para a ponte.

Assim que Aria entrou na ponte, ela chamou o homem de pé ao lado do capitão no timão.

"Primeiro oficial, relatório de status sobre a situação atual."

"Sim! Enquanto estávamos no curso para Amande, uma criatura enorme semelhante a um dragão negro foi vista voando em direção ao norte. Agora estamos mudando de rota para longe da área.", disse o primeiro oficial, apontando para o norte a partir da ampla janela da ponte.

"Aquilo é.…", Liselotte e as outras olharam na direção em que ele apontou e todas engoliram em seco.

Nos céus ao norte, para onde o primeiro oficial havia apontado, estava uma criatura semelhante a um dragão com pele negra como o azeviche. Havia uma certa distância entre ele e a aeronave, mas seu tamanho o tornava fácil de avistar, mesmo a olho nu.

"Felizmente, ele ainda não percebeu nossa presença. No momento, estamos baixando nossa altitude o máximo possível. No entanto, determinamos que voar para Amande seria perigoso, então vamos pousar em uma cidade próxima primeiro. Isso é aceitável?", o primeiro oficial explicou a situação com calma, apesar de suar frio, buscando a aprovação de Liselotte para sua resposta atual.

"Sim, foi uma decisão rápida e correta. Você poderia me dizer nossa posição atual?"

"Estamos na área da floresta a oeste de Amande, acima do território do conde Claire."

"Oeste de Amande. Isso faz de Nowa nossa cidade de destino?"

Nowa, uma pequena cidade que estava localizada a oeste de Amande. Não tinha nenhum setor específico pelo qual fosse conhecida, então funcionava apenas como uma parada de descanso para as pessoas se hospedarem em seu caminho para Amande.

"Sim, estaremos chegando em breve. O capitão está nos guiando nessa direção agora, então peço que, por favor, seja paciente por um pouco mais de tempo.", o primeiro oficial olhou para a expressão zelosa do capitão antes de baixar a cabeça profundamente.

◇ ◇ ◇

Vários minutos depois, a aeronave encantada de Liselotte fez um pouso seguro em um lago nos arredores de Nowa.

"Foi um pouso maravilhoso, capitão. Sou muito grata a você.", aliviada por terem pousado na água em segurança, Liselotte agradeceu ao capitão.

O capitão idoso balançou a cabeça timidamente. "Não, é apenas meu trabalho. Estou feliz que não tenha se machucado, princesa.", ele disse humildemente.

"Vejo que há outra aeronave encantada ancorada neste lago. O que gostaria de fazer, Liselotte-sama? Acredito que o símbolo naquela bandeira pertence à casa do duque Euguno.", Aria perguntou enquanto olhava pela janela da ponte. Havia mais uma aeronave flutuando próxima a aeronave em que Liselotte e os demais estavam.

"O duque Euguno pode estar a bordo. Por enquanto, devemos ouvir o que sua tripulação tem a dizer. Depois disso, podemos continuar nossos preparativos para o desembarque. Isso é possível, capitão?"

"Claro. Deixe comigo.", o capitão apoiou a mão direita no peito respeitosamente e fez uma reverência.

Em seguida, sob as experientes orientações do capitão, foram feitos os preparativos para o desembarque. Ao mesmo tempo, Natalie, a maid, conduziu alguns membros da tripulação da aeronave para fazer contato com a outra aeronave. Em um quarto de hora, o pequeno barco em que Natalie havia partido voltou a aeronave de Liselotte.

"Depois de discutir com o outro lado, verificamos que a aeronave pertence ao duque Euguno. A bordo, junto com o duque, estava o herói, Sakata-sama, e a segunda princesa Flora-sama, mas todos eles saíram para visitar o governador de Nowa no momento.", Natalie explicou concisamente.

Os olhos de Liselotte se arregalaram ligeiramente. "... O Herói-sama e os outros, huh. Ninguém se machucou, certo?"

"Sim. Eles pousaram na água sem incidentes, ao que parece."

".... Entendo. Isso é muito fortuito.", Liselotte suspirou de alívio antes de se virar para o capitão em seguida. "Como estão os preparativos para o desembarque, capitão?"

"Já foram arranjados. No entanto, o lago não parece ser muito grande, então temo que as águas possam ser um pouco rasas demais. Seria preferível desembarcar através dos barcos menores...", o capitão concordou, buscando o julgamento de Liselotte sobre se isso seria um problema.

"Não tem problema. Vamos partir imediatamente. Parece que eles vieram nos cumprimentar de qualquer forma.", Liselotte assentiu, olhando para onde havia uma pequena multidão de pessoas esperando no terreno ao lado de Nowa, perturbadas. Ela encolheu os ombros.

◇ ◇ ◇

Liselotte e os outros embarcaram em um pequeno barco que navegou até a terra.

"Ora, isso é uma surpresa, Liselotte-sama. Bem-vinda a nossa cidade. Já faz muito tempo.", cumprimentou respeitosamente o homem que servia como governador de Nowa.

Ele provavelmente presumiu que Liselotte estava a bordo da aeronave quando avistou o símbolo da Companhia Rikka na bandeira. Não havia como ele esquecer o rosto da filha do grande senhor, então ele não ficou tão surpreso.

Liselotte também estava familiarizada com o rosto do homem, então retribuiu sua saudação educadamente.

"Realmente já faz um tempo, baronete Bokusa. Se não fosse por essa situação, eu adoraria ter uma relaxada conversa com você, mas..."

"Sim, a criatura semelhante a um dragão vem primeiro. Tenho certeza de que já deve estar ciente, mas na verdade...", o baronete Bokusa se virou para olhar para trás.

"'Yō, Liselotte."

Sakata Hiroaki, o jovem que foi invocado como herói, interrompeu o baronete Bokusa e corajosamente anunciou sua presença por trás dos soldados, erguendo a mão direita e chamando casualmente Liselotte. Ao mesmo tempo, ele avistou o grupo de atendentes que Liselotte tinha atrás dela e soltou um assobio por sua beleza.

"Já faz algum tempo, Herói-sama.", Liselotte respondeu a Hiroaki com um sorriso sociável.

"Ah, você não tem que se dirigir a mim como se fôssemos estranhos, sabe? Eu não me importo se você me chamar pelo meu nome em vez de 'Herói-sama' o tempo todo. Eu te disse isso antes, não disse?", Hiroaki disse, voltando um olhar bastante expectante para Liselotte

Liselotte deu um sorriso amigável e balançou a cabeça tristemente. "Embora sua oferta seja muito generosa, infelizmente não posso fazer uma coisa dessas."

"Hiroaki-sama, estamos no meio de uma emergência. Vamos guardar a conversa casual com Liselotte-sama para um momento mais apropriado.", Roanna Fontaine — uma linda garota no meio da adolescência com cabelo loiro em cachos encaracolados — se aproximou e repreendeu Hiroaki.

"Oops... Você tem razão. Caramba.", Hiroaki deu de ombros, exasperado.

Liselotte baixou a cabeça profundamente. "Roanna-sama, há quanto tempo. E, Flora-sama, e o duque Euguno também. Estou feliz em ver todos vocês a salvo. Posso perguntar para onde todos estavam indo?"

"Hahaha. Embora não tivéssemos marcado um encontro, na verdade estávamos indo para Amande para nos encontrar com Liselotte-kun quando avistamos aquele dragão negro no caminho. É por isso que pousamos aqui às pressas. Acabamos de chegar há alguns instantes.", duque Euguno respondeu abertamente, com traços de um suspiro misturados com suas palavras.

"Então foi assim. Nesse caso, você saberia se algum dano foi causado?"

"Não, parece que ele só voou pelos céus desta área até agora. Embora não saibamos o que ele está buscando..."

".... Muito obrigada. Parece que precisaremos ter uma discussão adequada para organizar quais informações estão disponíveis e como lidar com isso.", Liselotte suspirou preocupada antes de se virar para o baronete Bokusa ao lado dela. "Baronete Bokusa, poderia gentilmente nos proporcionar um lugar para isso?"

"Claro. Pode não ser o mais ideal, mas estou mais do que disposto a convidar todos vocês para minha propriedade."

◇ ◇ ◇

Depois disso, Liselotte e os outros foram conduzidos a sala de jantar da propriedade do baronete Bokusa. Embora o chá estivesse sendo preparado não pelos servos do baronete Bokusa, mas pelas maids de Liselotte.

"Bem, eu sei que este é um encontro de pessoas de diferentes afiliações, mas com as circunstâncias como estão...", Liselotte deu início à reunião de emergência como presidente.

Os principais participantes dessa reunião eram Aria, o baronete Bokusa — que governava Nowa — o oficial que comandava os soldados de Nowa, e os visitantes de Bertram: duque Euguno, Hiroaki, Flora e Roanna. O alto escalão das tripulações das aeronaves também estava presente. Embora o grupo do duque Euguno fosse tecnicamente forasteiro, a situação exigia uma troca aberta de informações.

"O primeiro motivo de preocupação é a identidade e o objetivo dessa criatura semelhante a um dragão. Se notaram alguma coisa, não importa o quão pequena seja, por favor, digam. A primeira pessoa a notar foi alguém em seu navio, duque Euguno. Isso está correto?", disse Liselotte, buscando informações enquanto olhava ao redor da sala. A fim de considerar os danos potenciais e as medidas para lidar com eles, ela queria o máximo de informações possível.

O duque Euguno suspirou e começou a falar com uma expressão oprimida.

"Sim, nosso capitão viu. Eu também estava na ponte na hora e vi imediatamente. Estava voando pelos céus ao norte a uma velocidade tremenda quando, de repente, começou a circundar a área."

"Os céus ao norte... antes de circular por aqui? Parece que pode estar procurando por algo ou talvez demonstrando algo.", Liselotte pensou preocupada, colocando a mão contra a boca.

"Ah, só uma pergunta...", Hiroaki ergueu a mão.

"Sim, o que seria, Herói-sama?", Liselotte reaplicou um sorriso no rosto.

"Isso é um dragão de verdade? Vocês têm chamado de 'criatura semelhante a um dragão' há algum tempo."

".... Não podemos ter certeza. Existem criaturas nocivas muito semelhantes aos dragões — nós os chamamos de semi-dragões."

"Hou, como é diferente de um dragão real?", os olhos de Hiroaki se arregalaram de interesse.

"De acordo com algumas pessoas, semi-dragões são descendentes de dragões. Seu poder é altamente inferior ao de um dragão real, mas eles vêm em uma ampla gama de variantes — alguns semi-dragões podem ser pequenos, enquanto outros podem ser grandes.", explicou Liselotte.

"Ah, então o de sempre. Eles não são tão fortes quanto os dragões reais, mas ainda assim muito fortes.", sem nenhuma base, Hiroaki supôs a força dessas criaturas.

"Definitivamente, eles não são apenas 'muito' fortes. As variantes menores de semi-dragões que o Império Proxia emprega são selvagens e tenazes com pele de aço. E quando se trata de variantes maiores, são praticamente desastres naturais. Houve cidades inteiras no passado que foram aniquiladas por semi-dragões maiores, sabe?", Liselotte balançou a cabeça furiosamente, enfatizando a ameaça.

"Então, não importa se é um grande semi-dragão ou um dragão real, aquela coisa voando ali é uma má notícia?"

"Sim. Eu acredito que seja provavelmente um semi-dragão, mas certamente é muito mais do que qualquer humano pode lidar.", Liselotte assentiu com uma expressão sombria.

"Hm? Por que você acha que é um semi?", Hiroaki perguntou curiosamente.

"Nenhuma das criaturas aparece perto de assentamentos humanos com muita frequência, mas dragões verdadeiros raramente são avistados em comparação com semi-dragões. Pelo que eu sei, não houve um verdadeiro dragão visto nesta área nas últimas centenas de anos. Mesmo quando dragões são avistados, a maioria deles acaba sendo semi-dragões que foram confundidos com dragões. Estatisticamente, um semi-dragão é muito mais provável."

"Haha! Então, um amador não pode dizer a diferença, já que não há nenhum para comparar em primeiro lugar.", Hiroaki supôs presunçosamente.

"É exatamente como diz.", Liselotte assentiu.

"Ah, mas é grande o suficiente para que as suas características possam ser vistas mesmo de longe. Como é mais provável que seja uma variante maior, você pode dizer de que tipo é exatamente?", Hiroaki foi corrigindo gradativamente seu entendimento da situação, conforme sua expressão ficava mais séria.

"Ninguém observou de perto, então não podemos ter certeza. Mas se for uma variante maior de semi-dragões, há uma espécie que tem uma probabilidade muito maior de aparecer. Não é assim, Liselotte-kun?", falou o duque Euguno.

"Um wyvern... não é?", Liselotte respondeu com medo.

"Sim. No entanto, os wyverns que conhecemos têm pele verde. Eu nunca tinha ouvido falar de um wyvern de pele negra antes. O que significa..."

"Uma subespécie de wyvern, ou possivelmente uma subespécie superior... o que é altamente provável. Se não, então poderia ser um verdadeiro dragão, ou talvez uma nova espécie de semi-dragão também..."

"Eu prefiro não considerar isso como possibilidades...", duque Euguno disse com uma careta amarga.

"Alguém aqui presente tem alguma ideia de onde essa criatura semelhante a um dragão pode ter vindo?", Liselotte perguntou à sala em geral.

"..."

Não houve resposta favorável — apenas um pesado silêncio que caiu sobre a sala.

"Acho que não.", Liselotte sorriu resignada, por não ter esperado nada em primeiro lugar. "O que significa que temos que assumir que não seremos páreo para isso. Uma coisa seria se já houvesse danos, mas a situação atual significa que devemos evitar provocá-lo. Por enquanto, o que podemos fazer é enviar uma transmissão de alerta para as cidades vizinhas por meio dos artefatos de transmissão e, em seguida, evacuar os residentes caso o pior aconteça. O que todo mundo pensa sobre isso?", ela sugeriu, olhando ao redor da sala mais uma vez.

Com seu oponente sendo, literalmente, um desastre ambulante, a opção mais segura era observar cuidadosamente sem incitá-lo. No entanto, eles não podiam apenas cruzar os dedos e esperar, então, no mínimo, eles tinham que fazer os preparativos para a evacuação.

Incidentalmente, os artefatos transmissores eram, como o nome indicava, artefatos mágicos que podiam ser usados para enviar sinais de longa distância, permitindo que pessoas com o mesmo artefato em um raio de 30 quilômetros enviassem e recebessem mensagens de voz. Porque exigia uma enorme quantidade de essência para enviar um sinal e não tinha confidencialidade — qualquer pessoa com o mesmo artefato poderia interceptar uma mensagem de voz o quanto quisesse — não podia ser usado para trocar informações secretas, mas era uma ferramenta vital em tempos de emergência.

"Eu tenho a mesma opinião. Se ele fosse embora sem problemas, então isso seria o melhor. Não temos escolha a não ser observar em silêncio. Tentar exterminá-lo seria um absurdo. Não há como dizer quanto dano isso causaria.", disse o duque Euguno, apoiando a linha de pensamento de Liselotte sem uma pausa.

"Baronete Bokusa, o que você acha?", perguntou Liselotte. Oficialmente, o cargo de mais alta responsabilidade nesta cidade era do baronete Bokusa, não de Liselotte.

".... Sim, eu concordo. Enviaremos uma mensagem aos residentes para se prepararem para a evacuação. Na pior das hipóteses, evacuaremos toda a cidade, portanto, os preparativos serão feitos de acordo.", baronete Bokusa assentiu pesadamente.

"Entendido. Então, iremos transferir para o baronete Bokusa as questões respeito à evacuação dos residentes de Nowa. Por favor, cuide da segurança deles.", Liselotte baixou a cabeça profundamente para o baronete Bokusa, não como governante de Amande, mas como filha do grande senhor. Afinal, ela estava pedindo a ele para cuidar do território de seu pai e de seus cidadãos.

"Claro. Farei o maior esforço possível, pelo bem do duque Cretia, que confiou esta cidade a alguém tão inexperiente quanto eu. Por favor, deixe comigo.", baronete Bokusa colocou a mão sobre o peito respeitosamente e se curvou.

Liselotte mostrou um leve sorriso no rosto. "Duque Euguno, o que você fará? Infelizmente, nós não temos pessoal disponível para designar guardas para vocês, então, pessoalmente, eu recomendaria que leve Hiroaki-sama e Flora-sama o mais longe que puder de Bertram..."

Como nobres de um país estrangeiro, eles eram forasteiros aqui. Embora Liselotte não os tivesse convidado para visitá-la ela mesma, causaria um incidente internacional se eles morressem em seu território.

"Hmm...", duque Euguno parecia entender aquela situação também, enquanto balançava a cabeça em contemplação.

"Ei, ei, o que você vai fazer, Liselotte? Não me diga que planeja ficar aqui.", Hiroaki interrompeu com pressa.

Liselotte balançou a cabeça com um sorriso torcido.

".... Não, eu irei para Amande. Embora tenha deixado um contato em meu lugar, ainda sou a governante da cidade, então tenho o dever de me comunicar com as cidades vizinhas e planejar uma contramedida.", a situação atual também não era motivo de riso para Amande.

"Mas... espera. Você vai de aeronave? Isso não iria provocá-lo se você voasse com isso? Você acabou de dizer que não devemos provocá-lo, certo?", os olhos de Hiroaki se arregalaram de surpresa enquanto ele se refutava a decisão de Liselotte.

"Sim. É por isso que vou viajar por terra. Felizmente, se partirmos de Nowa amanhã de manhã, devemos chegar a Amande antes de escurecer.", Liselotte respondeu em um tom completamente calmo.

".... Você vai para Amande por terra? Enquanto leva suas maids? Todos os outros são apenas da tripulação da aeronave, não é?"

"Isso mesmo. A tripulação tem que cuidar da aeronave, então pedirei que eles permaneçam em Nowa."

"Mas viajar para Amande apenas com suas maids deve ser difícil, já que vocês são todas garotas...", Hiroaki parecia perturbado ao expressar sua desaprovação.

"Não há necessidade de se preocupar — todas as minhas assistentes receberam treinamento de combate. E, embora possa não acreditar, eu sei autodefesa o suficiente para me proteger também.", Liselotte inclinou a cabeça com uma expressão perturbada.

"... Hiroaki-sama, está incomodando Liselotte-sama com sua insistência. O dever de um nobre deve ser cumprido independentemente de gênero.", Roanna, que estava ouvindo em silêncio até então, alertou Hiroaki para não pressionar mais.

"Mas, Roanna...", Hiroaki se sentiu altamente desconfortável com a ideia, enquanto continuava a mostrar objeção ao aviso de Roanna. ".... Não, está bem. Sim, entendi.", ele murmurou após uma pausa.

"Que bom que entendeu.", Liselotte ficou aliviada ao saber que ele estava convencido.

"Eu também vou junto com você, Liselotte.", declarou Hiroaki.

"Eh?!"

"Hiroaki-sama!"

Os olhos de Liselotte se arregalaram em choque e Roanna repreendeu Hiroaki em pânico.

"Ah, bem, espera. Roanna. Como homem — não, como herói — não posso fugir para um lugar seguro e deixar Liselotte em perigo assim. Como um herói, tenho que ser aquele que vai proteger Liselotte.", Hiroaki suspirou e olhou para Liselotte, enfatizando fortemente seu status de herói enquanto falava.

"Mas...!", Roanna tentou se contestar imediatamente.

"Bem, espere um pouco, Roanna-kun. Não há necessidade de descartar a ideia do Hiroaki-sama tão inflexivelmente.", duque Euguno advertiu Roanna calmamente.

"M-Mas, está realmente bem, duque Euguno? Que Hiroaki-sama...", Roanna objetou com frustração.

"Hiroaki-sama é um Herói-sama. É exatamente como ele afirmou — nós não estamos em posição de dar ordens ao Herói-sama. E é verdade que se um herói fugisse do perigo, rumores desfavoráveis poderiam surgir. Não concorda?", duque Euguno perguntou a Roanna de maneira indireta. Os cantos de seus lábios estavam ligeiramente curvados para cima em um sorriso.

"Isso é.…", o rosto de Roanna ficou nublado, infeliz.

Depois de ouvir sua interação, Liselotte suspirou baixinho.

"Por favor, espere um momento, duque Euguno. Hiroaki-sama não é um Herói-sama do nosso reino. Tenho certeza de que você entende as consequências de colocar Hiroaki-sama em perigo assim, certo?", ela perguntou. Implícito nas entrelinhas estava sua recusa em assumir qualquer responsabilidade, não importando o que acontecesse.

"Mas é claro.", duque Euguno reconheceu esse fato e assentiu com a ousadia de um nobre.

".... Hiroaki-sama entende as consequências também? Como discípulo dos Seis Deuses Sábios, vocês estão em uma posição que simboliza a autoridade dos deuses. Dessa forma, para o povo de Strahl que adora os Seis Deuses, sua existência é quase como a de um deus para eles. Se algo acontecer com Hiroaki-sama e essa verdade acabar se espalhando, isso pode afetar seu entorno.", advertiu Liselotte.

Hiroaki não conseguiu conter um sorriso presunçoso.

"Ah, essa é uma pergunta boba. Posso ser o herói, mas jurei minha disposição de ajudar o duque Euguno e os outros. Mas isso foi com a condição de que o tipo de herói que o duque Euguno buscava fosse um que eu pudesse aceitar como a definição correta de herói. Se eu deixasse Liselotte aqui enquanto fugia para a segurança sozinho, isso iria contra meu dever de herói.", disse ele com um sorriso pretencioso.

"Pessoalmente, prefiro recusar sua gentil oferta...", disse Liselotte.

"É inútil. Eu já te disse, não? Deixar uma linda garota para trás vai contra meu dever de ser um herói. Eu vou segui-la, goste ou não.", Hiroaki disse com um olhar triunfante, estufando o peito.

"E assim são as coisas, Liselotte-kun. Poderia, por favor, permitir que Hiroaki-sama a acompanhe? Você pode considerar isso um pedido em vez de uma oferta para ajudá-la. Mesmo que o impensável ocorra, nenhuma responsabilidade recairá sobre você e não iremos considerar isso uma dívida de qualquer tipo. Eu estou disposto até a escrever um contrato declarando isso.", duque Euguno ofereceu sem pausa.

".... Está falando sério?", Liselotte perguntou com um suspiro, já meio desistindo. Era fácil rejeitá-lo verbalmente, mas ela podia ver que qualquer outra discussão seria apenas improdutiva.

"Muito sério. Em nosso caso, Hiroaki-sama agindo por conta própria seria um problema para nós. Não podemos nos dar ao luxo de dividir nossas forças de forma alguma. Nós também vamos reunir nossas forças e acompanhá-la. Isso é aceitável, Flora-sama?", duque Euguno concordou amigavelmente antes de se voltar para Flora.

"S-Sim. Não podemos voltar sem Hiroaki-sama também.", Flora disse, assentindo a cabeça.

"Bem, vamos só acompanhá-lo de Nowa a Amande. A menos que a coisa parecida com um dragão nas proximidades ataque, não deve ser tão perigoso. E se o pior acontecer, é quando realmente pode confiar em mim, sabe?", Hiroaki disse, encolhendo os ombros dramaticamente.

".... Nunca se é cauteloso demais. Certifique-se de não baixar a guarda.", Liselotte disse preocupada.

"Ah, só estou dizendo, mas você não deve subestimar a minha 'Yamata no Orochi', certo?", Hiroaki alisou sua cabeça e ergueu a mão. A luz se acumulou em sua palma, formando uma espada distorcida ao estilo ocidental.

"Isso é ...", os olhos de Liselotte se arregalaram.

"Os Equipamentos Divinos pertencentes aos heróis. Eu nomeei o meu de Yamata no Orochi.", Hiroaki explicou com um suspiro presunçoso.

"Yamata no... Orochi.", Liselotte murmurou seu nome.

"Oh, você tem uma boa pronúncia. Yamata no Orochi era um deus da água no país em que vivi. Eu dei esse nome porque está relacionado ao poder escondido no meu Equipamento Divino. Ele assume a forma de um dragão de oito cabeças, por isso também é chamado de deus dragão."

"Ooh ...", os presentes na sala levantaram suas vozes com admiração, olhando para a espada na mão de Hiroaki. Ele parecia satisfeito com isso.

"Bem, ainda não fui capaz de experimentar com toda a sua potência, mas sua capacidade deve fazer jus ao seu nome. É possível que o 'aspirante' a dragão por perto não tenha chance contra isso, também.", disse ele com uma pose final, segurando a espada em punho.

Liselotte olhou para a espada de Hiroaki atentamente antes de baixar a cabeça silenciosamente.

".... Caso o pior aconteça, estarei sob seus cuidados, então."

Usar uma habilidade que nunca tinha sido testada antes em uma batalha real era perigoso, mas ela não disse isso em voz alta.

"B-Baronete Bokusa! Com licença!", um soldado da cidade veio correndo em pânico. A tensão percorreu a sala, todos imaginando o pior.

"O que aconteceu?!", o baronete Bokusa perguntou imediatamente com um olhar sério.

"A-A criatura parecida com um dragão voou em direção aos céus ao norte!", o soldado relatou a situação em voz alta.

"O que...?" A expressão do baronete Bokusa mostrou um leve choque antes que ele voltasse o olhar para Liselotte, buscando sua cogitação.

".... Pode ainda estar por perto. Também existe a possibilidade de que ele retorne. Ainda é muito cedo para pensar que o perigo já passou. Não haverá mudanças no plano ainda.", Liselotte disse calmamente.

"Pode ser presunçoso da minha parte, mas concordo com a Liselotte-kun. Ainda é muito cedo para relaxar. Acredito que seja melhor ficar alerta por mais algumas semanas, pelo menos.", concordou imediatamente o duque Euguno.

".... Tem razão.", concordou o baronete Bokusa com uma expressão cansada.

"Ah, é apenas mais uma besta estúpida no final. Ele não consegue pensar por si mesmo, então suas ações são imprevisíveis. De qualquer forma, não há nenhuma mudança no meu papel de garantir a partida de Liselotte com segurança. Deixem isso comigo.", Hiroaki exalou e encolheu os ombros.

◇ ◇ ◇

Naquela noite, Liselotte terminou o jantar e se trancou em um quarto de hóspedes da propriedade do baronete Bokusa a fim de se preparar para sua partida na manhã seguinte. No momento, apenas Aria, sua maid de maior confiança, estava na sala com ela.

"Haa~...", Liselotte suspirou pesadamente.

"Está realmente bem com isso?", Aria perguntou brevemente.

"Com o que?"

"Ter a companhia do Herói-sama."

".... Realmente não estou bem com isso, mas não há muito que eu possa fazer sobre isso. Embora ele possa ser um herói de outro reino, não posso falar contra ele com tanta veemência. E a julgar por sua personalidade, ele teria vindo mesmo se eu o recusasse terminantemente.", Liselotte disse com uma expressão cansada, suspirando mais uma vez.

"Ele parece ser uma pessoa bastante obstinada. Talvez tenha chamado a atenção e interesse dele? Parabéns.", disse Aria, rindo divertidamente.

"Isso não é assunto para risos...", Liselotte amuou e olhou para Aria de forma reprovadora.

"Bem, perdoe-me, então. Mas este incidente não contaria como um favor para o duque Euguno, já que os caprichos mimados do Herói-sama estão sendo seguidos?"

".... Isso é verdade. O duque parecia pensar assim também."

"Dito isso, pelo que pude ver, aquele Herói-sama não apresentava sinais dos maneirismos ou aura característica das pessoas das artes militares. Eu não acredito que ele tenha recebido um treinamento de combate adequado antes."

"Ele parecia estar completamente desprotegido para mim também. E, no entanto, esse comportamento estava repleto de confiança. Não parecia que ele estava agindo como amador de propósito.... Talvez os Equipamentos Divinos sejam simplesmente incríveis?"

"Entregar imprudentemente a uma pessoa não treinada uma arma poderosa é como pedir que seus aliados sejam feridos.", disse Aria com uma expressão sombria.

".... Eu vou entretê-lo na carruagem enquanto estamos viajando. Haverá um bom esquadrão formado graças aos cavaleiros deles que nos acompanharam, então duvido que qualquer bandido ou algo parecido nos incomode. Se um monstro ou fera atacar, vocês, garotas, devem coordenar com os cavaleiros para cuidar deles."

"Entendido. Posso supor o que está pensando, mas deixe isso conosco."

"Sim, obrigada. Bem, nós já definimos claramente a linha de responsabilidade com eles, então com relação à proteção, vamos contar com seus cavaleiros acompanhantes tanto quanto possível. Não há necessidade do nosso lado entrar agressivamente na linha de frente.", disse Liselotte, sorrindo cansadamente.

"A sua consideração é muito apreciada. No entanto, houve rumores, vários meses atrás, de aventureiros desaparecendo repetidamente nas florestas a oeste de Amande. Não devemos baixar a guarda.", Aria avisou Liselotte.

Liselotte colocou a mão contra a boca e buscou em sua memória.

"Agora que mencionou, houve um relatório como esse. Os desaparecimentos pararam repentinamente cerca de dois meses atrás, se bem me lembro..."

"Enviamos um grupo de busca, mas eles não foram capazes de deduzir a causa de tudo. Um aventureiro desaparecido normalmente não é um incidente raro, mas estaremos passando por aquela exata floresta amanhã, então peço que tenha cuidado.", disse Aria solenemente.

".... Tem razão — vou manter isso em mente. Obrigada.", Liselotte disse depois de pensar por um momento.

◇ ◇ ◇

Na manhã seguinte, Liselotte levou suas maids assistentes e se dirigiu ao jardim da propriedade do baronete Bokusa. Hiroaki, Flora e Roanna ainda não podiam ser vistos no jardim, mas os cavaleiros do duque Euguno já haviam se reunido junto com duas carruagens puxadas por cavalos.

Havia oito maids, incluindo Aria, Natalie, Cosette e Chloe, enquanto o lado de Euguno tinha 26 cavaleiros — entre eles o filho mais velho do duque Euguno, Stead Euguno, e o segundo filho do marquês Rodan, Alphonse Rodan.

"Liselotte-kun, permita-me apresentá-la ao oficial comandante e seus assistentes antes de partirmos.", disse o duque Euguno assim que avistou Liselotte. Stead, Alphonse e outro cavaleiro masculino na casa dos vinte anos se aproximaram. Este último deu um passo a frente.

"Sou Raymond Brant. É uma honra como cavaleiro poder acompanhar uma mulher bonita como você. Prazer em conhecê-la, Lady Liselotte.", ele cumprimentou respeitosamente, ajoelhando-se diante de Liselotte de uma forma pomposa.

"É um prazer conhecê-lo, Mister Raymond.", Liselotte graciosamente segurou a barra da saia e retribuiu a saudação.

"Os dois jovens aqui são assistentes do Brant-kun, atuando como supervisores dos cavaleiros mais jovens. Embora seja constrangedor admitir, temos pouco pessoal. Para que ganhem experiência, os cavaleiros mais jovens foram empurrados proativamente para mais atribuições. Primeiro, este é Alphonse-kun, filho do marquês Rodan.", disse duque Euguno.

"Eu sou Alphonse Rodan. É um prazer conhecê-la, Lady Liselotte." Alphonse alardeou com um sorriso presunçoso e cumprimentou com orgulho.

"Prazer em conhecê-lo, Mister Alphonse.", Liselotte retornou a saudação brilhantemente.

"E este é meu filho. Você pode já tê-lo encontrado em um banquete ou algum lugar antes. Stead, apresente-se."

Stead olhou atentamente para o rosto de Liselotte antes de se curvar profundamente. "Eu sou Stead Euguno. Prazer em conhecê-la."

"É um prazer conhecê-lo também.", Liselotte devolveu as palavras com um sorriso alegre. "Agora, devo apresentar a representante dos meus guardas também. Esta é Aria, que também trabalha como minha assistente principal."

Alphonse arregalou os olhos devido a beleza de Aria antes de falar.

".... Não vou permitir que vocês, lindas senhoritas, se coloquem em perigo. Não há necessidade de atuarem como escolta — nós, cavaleiros, seremos suficientes para protegê-la..."

Liselotte balançou a cabeça com uma risada. "Obrigada pela consideração. No entanto, minhas assistentes também são treinadas em combate, então não ficaremos atrás de vocês, cavaleiros."

"Hahaha, isso é reconfortante de ouvir.", Alphonse riu com vontade, olhando para a figura esguia de Aria. Ele não parecia estar levando a sério as palavras de Liselotte.

"...Aria? Aria-kun? Por acaso, você seria da família Gavaness...", Raymond olhou para o rosto de Aria de perto e murmurou. Depois de ouvir as palavras de Raymond, o duque Euguno falou.

"Hmm? Você a conhece, Raymond-kun?"

"Ela é filha da família do visconde Gavaness. Nossos pais se conhecem bem, mas eu não a via desde que éramos jovens...", disse Raymond enquanto olhava fixamente para Aria.

"Hmm. Não é à toa que ela parecia um tanto familiar...", disse o duque Euguno em compreensão, olhando para Aria com certa suspeita. Ele se perguntava por que um nobre de Bertram estava servindo Liselotte.

"Você deixou seu cabelo crescer... Eu sempre me perguntei o que você estava fazendo. O que aconteceu com sua família foi, umm, lamentável..., mas você estava trabalhando no castelo depois que saiu da Academia Real de Bertram, certo?", Raymond perguntou com uma expressão nervosa.

"Era difícil para a filha de uma casa em ruínas ficar por lá, então eu desisti. Estou servindo Liselotte-sama agora, então deixei meu reino para trás.", Aria respondeu simplesmente.

"Entendo..."

Isso faz sentido... O duque Euguno aceitou com uma cara de conflito.

Enquanto isso, Raymond parecia querer dizer algo enquanto observava Aria com a mesma expressão em conflito.

Liselotte pareceu notar o ar ficando mais pesado.

"Ela é uma pessoa extremamente talentosa, sabe? Depois que ela fugiu e começou a trabalhar como aventureira, eu a sondei para trabalhar para mim. Agora ela é uma das minhas companheiras mais confiáveis.", disse ela com orgulho.

"Hahaha. Suponho que isso signifique que nosso reino, lamentavelmente, deixou um talento especial ir embora.", duque Euguno riu abertamente, juntando-se a Liselotte na mudança de assunto.

"Sim, felizmente para mim. Mas, sob nenhuma circunstância, eu estaria disposta a devolvê-la, lamento dizer.", disse Liselotte com um sorriso.

Já que, brincadeiras à parte, você realmente é um talento especial. Né? Ela olhou para Aria e piscou o olho.

Muito obrigada. Aria sorriu de volta, deixando escapar uma risada.

◇ ◇ ◇

Após a conversa com o duque Euguno e sua comitiva, Liselotte foi se despedir do baronete Bokusa. Ela partiu para Amande, acompanhada por um grande grupo dos cavaleiros do duque Euguno e por suas maids totalmente equipadas.

A estrada através da floresta era larga o suficiente para três carruagens puxadas por cavalos passarem umas pelas outras, mas as duas carruagens em seu grupo moviam-se em uma linha enquanto os cavaleiros e as maids os rodeavam. A carruagem traseira levava o duque Euguno, enquanto a carruagem dianteira levava Liselotte, Flora, Roanna e Hiroaki.

Hiroaki casualmente deu um grande bocejo enquanto esticava as pernas dentro da carruagem. "Ainda estou com sono, mas é bom ser embalado pela carruagem pela primeira vez. E assim, posso conversar com vocês em uma sala privada também.", ele olhou para as belas garotas que o acompanhavam e sorriu com satisfação.

"Você não deve baixar a guarda, Hiroaki-sama.", Roanna fez beicinho com os lábios ao avisar Hiroaki.

"Ei, ei, não há necessidade de ficar de mau humor assim, Roanna.", Hiroaki sorriu.

".... Eu não estou de mau humor. Não tenho motivos para ficar de mau humor. Estou apenas preocupada que Hiroaki-sama esteja em perigo.", Roanna disse fofamente em um tom irritado.

"Hahaha, entendo, entendo. No entanto, estou aqui para proteger Liselotte, não vocês.", Hiroaki riu alegremente, acariciando a cabeça de Roanna ao lado dele. Então, ele olhou além de Liselotte sentada diagonalmente à sua frente e pousou seu olhar em Flora, que estava sentada em frente a ele.

".... Obrigada pela sua consideração. No entanto, como diz Roanna-sama, também seria doloroso ver o Herói-sama em perigo. Por favor, não se esforce demais.", Liselotte colou um sorriso louvável no rosto ao responder Hiroaki.

"Ah, não me importo se você estiver preocupado comigo, mas eu realmente pareço tão pouco confiável para você? Ainda sou um herói, sabe?", o sorriso de Hiroaki ficou amargo enquanto ele olhava para Liselotte e as outras.

"Claro que é muito confiável. Porém, Hiroaki-sama não gosta de conflitos, correto? Não quer usar seus poderes de herói para matar pessoas. Não foi isso que nos disse quando nos conhecemos?", Roanna disse, olhando para o rosto de Hiroaki de lado com uma expressão de dor.

"O Herói-sama, realmente disse tal coisa...?", Liselotte arregalou os olhos ligeiramente com curiosidade.

"Você quer dizer quando fui invocado pela primeira vez? Agora que você mencionou, eu disse algo parecido.", Hiroaki tinha um olhar distante em seus olhos, enquanto pensava no passado de maneira desconfortável.

"Por pura curiosidade, gostaria de ouvir mais sobre quando Hiroaki-sama foi invocado.", interessada no tópico de sua invocação, Liselotte decidiu indagá-lo com certa ousadia.

"Ah, você quer ouvir sobre mim? Ora, eu costumava ser um pouco inexperiente na minha juventude, mas se for a pedido da própria Liselotte, então com certeza. Eu vou te contar.", Hiroaki concordou alegremente. Ele começou a conversar falando alto. "Bem, para ser honesto com você, quando fui invocado pela primeira vez a este mundo, eu não sabia de nada. De repente, Flora estava lá, me dizendo que eu era um "Herói-sama" ou algo que eu não entendi. Qualquer um ficaria desconfiado, certo?"

"Deve ter sido uma provação e tanto...", Liselotte comentou, o instando a continuar.

"Dito isso, eu queria saber o que estava acontecendo, então ouvi o que ela tinha a dizer. E com certeza, vieram as palavras clichês que eu esperava — que eu havia sido invocado como um herói para ajudá-los. Me disseram que o duque Euguno e os outros estavam em alguma luta política com o atual governo, prestes a se transformar em um conflito armado. E, bem, você espera que eles procurem meu poder para usar na guerra, certo?"

"Então foi quando disse que não queria usar seu poder de herói para matar outros.", disse Liselotte, compreendendo o fluxo geral da história de Hiroaki.

"Sim. Além disso, eu não tinha intenção de me tornar um herói.... Até que ouvi sobre a situação dessas garotas e decidi que eu tinha que protegê-las. Ao aprender sobre a posição de um herói, percebi que havia coisas que eu poderia fazer na guerra além de matar pessoas.", disse Hiroaki, olhando para Flora e Roanna.

E então ele se tornou um herói, exatamente como o duque Euguno queria, huh? Liselotte pensou, mas não disse em voz alta.

"Isso é esplêndido.", elogiou ela.

"Não diga isso — me faz parecer uma criança mimada transbordando de senso de justiça. Esse não é quem eu sou. Não quero ser visto como um desses personagens principais desagradáveis.", Hiroaki acenou com a mão com desdém, desviando o olhar por constrangimento.

"Não acho que esse seja o caso...", Liselotte balançou a cabeça.

"Sim, é exatamente como Liselotte-sama diz.", Flora aprovou, e Roanna fez o mesmo.

"Com todo o respeito, devo concordar."

"Ah, não me entendam mal aqui. O motivo pelo qual quero evitar matar pessoas é porque acredito que isso é uma violação dos direitos humanos. No país em que eu estava, não importava as circunstâncias, assassinato era uma sentença de isolamento da sociedade pelo resto da vida. E de qualquer maneira — o que vai, volta. Os humanos tendem a ser atormentados por sabores indesejáveis ou sentimento de culpa. Honestamente, também desprezo o ato de matar pessoas. Mesmo que fosse pelo bem do reino, não acho que um herói deva realizar um ato tão desumano.", explicou Hiroaki, expondo claramente seus valores.

".... Então é por isso.", disse Liselotte; uma resposta silenciosa e evasiva.

Acho que ele não sabe por quantos assassinos está cercado, bem agora, então, ela pensou consigo mesma.

"Essa é a razão pela qual estou preocupada. Não é incomum ser atacado por monstros e feras nas estradas que estão longe da civilização. Pode até haver bandidos por aí.", Roanna agarrou a manga de Hiroaki de forma encantadora.

"Não, eu duvido que qualquer bandido iria atacar um grupo deste tamanho e poder. E se fosse contra um monstro ou fera, eu não iria me conter de usar minha Yamata no Orochi para eliminá-lo.", disse Hiroaki, com um sorriso desafiador crescendo em seu rosto.

"Não há necessidade do Hiroaki-sama se incomodar em levantar a mão contra meros monstros ou feras. Deve apenas deixar isso para os cavaleiros nos escoltando.", disse Roanna, suplicante.

Sim, eu também ficaria grata por isso. Da perspectiva do duque Euguno, acho que ele quer ver o herói em um combate real? Não parece que ele tenha alguma experiência real, afinal... Liselotte pensou, antes de respirar cansada.

"No entanto, isso também faz parte do dever de um herói, certo? Subjugar ou mostrar misericórdia para com aqueles que prejudicaram outras pessoas. Eu me tornei um herói agora. Eu deveria experimentar coisas assim também.", disse Hiroaki, suspirando exasperado.

Liselotte decidiu que era a oportunidade perfeita para perguntar a Hiroaki sobre qualquer experiência real de combate. ".... Herói-sama tem alguma experiência em subjugar monstros ou feras?"

"Nenhuma. Infelizmente, meu mundo anterior era bastante pacífico. Dito isso, não vou me acovardar diante de um mero monstro ou fera. Eu odeio qualquer tipo de choradeira assim. Bem, embora eles possam ter ofendido as pessoas, ainda não parece muito bom tirar suas vidas...", Hiroaki respondeu, parecendo sombrio.

"Realmente tem uma antipatia intensa por conflitos. Hiroaki-sama verdadeiramente é tão gentil...", a expressão de Roanna escureceu quando ela olhou para o rosto de Hiroaki.

"Está bem. Afinal, estou neste mundo agora. Meu velho mundo se foi. É provavelmente necessário que eu experimente levemente algum combate real e diga minhas verdadeiras despedidas para aquele outro mundo.", Hiroaki parecia estar completamente submerso em seus sentimentos emocionais enquanto acariciava a cabeça de Roanna.

"Realmente, esplêndido.", disse Roanna, agarrando-se a Hiroaki.

Haa~, espero que cheguemos a Amande depressa... Hmm?

Liselotte suspirou baixinho para si mesma, seu olhar mudando para Flora sentada ao lado dela. Ela percebeu tardiamente que Flora havia ficado quieta durante toda aquela conversa.

"Flora-sama, como está se sentindo? Espero que o passeio de carruagem não seja muito desconfortável para você.... Por favor, deixe-me saber se precisar de alguma coisa.", ela ofereceu preocupada.

"Ah, não, estou bem. Obrigada pela sua consideração.", Flora deu um desconfortável sorriso e balançou a cabeça.

"Isso é bom de ouvir. Não pude deixar de notar que não esteve falando muito...", Liselotte disse, observando o rosto de Flora.

"Ah, não, umm. Não sou muito boa conversando, então me sinto mais calma só ouvindo as outras pessoas falarem assim. Tudo o que Hiroaki-sama está dizendo é novo para mim, então...", Flora se desculpou, sorrindo timidamente.

".... Peço desculpas por presumir isso, então. Mas, se importaria de falar um pouco comigo? Há muito que gostaria de ouvir de Flora-sama, se possível."

"Sim, com prazer.", Flora concordou alegremente. Hiroaki, que estava sentado em frente a elas e ouviu a conversa, levantou uma objeção.

"Oi, oi, não se esqueçam da gente também."

"...Claro. Então, com o que devemos começar?", Flora provavelmente falaria menos com Hiroaki entrando na conversa, mas Liselotte não podia recusar. Ela sabia que teria que guiar a conversa e aceitou Hiroaki relutantemente.

◇ ◇ ◇

Enquanto Liselotte e os outros prosseguiam constantemente pela estrada...

Lá no alto, no céu, o embaixador do Império Proxia, Reiss, voava vestido em seu manto negro. A segurança ficou mais pesada do que eu esperava. O acompanhamento da facção do duque Euguno foi completamente inesperado. Foi muito bom mandar o Evil Black Wyvern na frente para interromper seus negócios, mas agora...

Reiss observou o grupo de Liselotte com olhos penetrantes; abaixo dele, Liselotte e os outros não mostraram nenhum sinal de consciência sobre a presença de Reiss acima de suas cabeças enquanto viajavam para Amande.

O objetivo original era capturar apenas Liselotte Cretia, mas isso torna o ataque muito mais difícil de elaborar. No entanto, a presença da princesa Flora é uma surpresa bem-vinda. Se tratada cuidadosamente, esta situação poderia nos permitir controlar a relação entre a facção Euguno e o Reino de Galark, Reiss pensou consigo mesmo com um sorriso frio na boca. Não havia como ele perder esta oportunidade.

O que significa que terei que alardear um pouco. Eu queria guardar isso para o ataque a Amande, mas será bom testar o quão longe os heróis atuais cresceram também.

Não se passou muito tempo desde a partida deles de Nowa, então Reiss ponderou vagarosamente quando deveria lançar seu plano com um olhar agradável. Ele decidiu observá-los um pouco mais.





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