Capítulo 5: Para a Capital

 Dois dias após a punição de Gon ser decidida, finalmente chegou a hora do esquadrão comercial da aldeia de Yuba partir para a capital.

Apesar de ainda ser bastante cedo, enormes multidões de pessoas se reuniram na praça da aldeia, onde várias carruagens puxadas por cavalos estavam de prontidão. Entre eles não estava apenas o esquadrão comercial, mas também o grupo de Hayate.

O grupo de Hayate estava indo para a próxima vila vizinha em direção à capital, então foi decidido que eles acompanhariam o esquadrão comercial parte do caminho. Além disso, vários dos subordinados de Hayate ficariam com o esquadrão comercial para escoltar os membros da gangue de Gon, que se tornariam escravos na capital.

"Depressa! Certifiquem-se de que nenhum imposto anual foi deixado de fora da carruagem! A carruagem com os prisioneiros seguirá na retaguarda. E para aqueles que vão escoltá-la: tenham certeza não tirar os olhos deles nem por um momento.", Hayate ordenou seus assessores rapidamente, montado em seu cavalo.

Várias pessoas estavam correndo de um lugar para outro apressadamente.

"Hayate-sama." Ruri chamou, ao lado de seu cavalo.

"Hm? O-Oh. Ruri-dono, como posso ajudá-la?"

"Ah, não. Eu só queria expressar minha gratidão por tudo o que você fez para nos acalmar, Hayate-sama. Não precisava desmontar do seu cavalo."

Hayate desceu do cavalo às pressas, o que fez Ruri rir, divertida.

"A-Ah, não, bem... Está tudo bem. Eu não fiz nada merecedor de tal gratidão — simplesmente cumpri meus deveres como um oficial deste reino. Na verdade, você deveria estar agradecendo ao Rio-dono. Foi ele quem notou a invasão deles naquela noite, afinal."

"Sim, eu definitivamente vou agradecer novamente ao Rio mais tarde, mas eu não vou ver Hayate-sama de novo por algum tempo. Eu não pude preparar nada extravagante, mas se pudesse aceitar isso..." Ruri estendeu a mão timidamente. Era algo embalado em uma pequena sacola.

"... O que é isso?" Hayate inclinou a cabeça com curiosidade, ao aceitar.

"É um amuleto para boa saúde e para afastar o mal. Eu o fiz às pressas, então está um pouco mal feito..." Ruri disse timidamente.

"O-Ooh! Estou muito grato! Vou guardá-lo pelo resto da minha vida." Tomado pela emoção, Hayate expressou sua mais profunda gratidão.

"Ahaha, estou feliz que você gostou."

"Com certeza. É o maior presente que alguém poderia esperar receber. Eu gostaria de poder lhe dar algo também, mas infelizmente não estou em posse de tal item neste momento. Eu trarei um comigo na próxima vez em que eu vier visitar."

"Este é um presente para agradecer por cuidar de mim, então eu não posso aceitar mais nada de você. Ah, mas por favor, sinta-se livre para visitar quando quiser. Um amuleto não é suficiente para compensar tudo o que você fez, mas sempre vamos recebê-lo em nossa pequena e chata aldeia."

"C-Claro. Então, talvez nas minhas próximas férias..." Ao sorriso tenso de Ruri, Hayate hesitantemente assentiu com a cabeça.

"Nós estaremos esperando por você. Ah, além disso, Obaa-chan queria te dar algo também—", Ruri lembrou de repente. Ela procurou por Yuba.

"Estou bem aqui. Hayate-dono, há um pequeno favor que eu gostaria de pedir a você, pode me emprestar um pouco do seu tempo?" Yuba se aproximou como se estivesse esperando sua chance.

"Certamente. Vou ajudá-la com o melhor da minha capacidade." Hayate assentiu prontamente.

"Ruri, vá se despedir de Rio e Sayo.", disse Yuba, criando uma oportunidade para conversar com Hayate em particular.

"Por favor, entregue esta carta ao seu pai, Gouki-dono.", disse Yuba, entregando um pergaminho enrolado para Hayate.

"Para o meu pai?"

"Sim. É uma carta muito importante, então eu agradeceria se você entregasse a ele pessoalmente."

"Entendo. Considere feito — eu prometo que vou entregá-la com essas próprias mãos." Hayate aceitou a carta com um aceno feroz e cuidadosamente a escondeu em suas roupas.

"Estou muito grata."

"Não é nenhum inconveniente para mim, já que eu veria meu pai quando voltasse para casa de qualquer maneira. Para Yuba-dono usar um papel tão valioso para isso, posso assumir que deve ser um assunto sério. Por favor, deixe comigo."

"De fato. Então por favor, permita-me recompensá-lo numa data posterior. Vamos ver... Que tal quando Hayate-dono vier visitar Ruri?", disse Yuba, com os cantos da boca dela formando um pequeno sorriso.

"P-Por acaso, Yuba-dono ouviu o que Ruri-dono e eu estávamos dizendo mais cedo? N-Não é que eu esteja vindo só para ver Ruri-dono, mas esperarei ansioso por isso, mesmo assim.", disse Hayate em um ritmo estranhamente rápido, soando quase como se estivesse dando algum tipo de desculpa.

"É isso? Bem, essa garota já está nessa idade, e eu ficaria mais preocupada se ela continuasse uma velha solteirona para sempre. Seria muito afortunado se você pudesse visitar mais cedo do que mais tarde."

"C-Como eu disse, Ruri-dono e eu não estamos..."

Ver a hesitação de Hayate fez Yuba abafar a risada e sorrir.

"Sim, então, por favor, venha visitá-la antes que ela encontre outro para tomar sua mão em casamento. Não seria bom vir até aqui só para visitar uma mulher casada, afinal."

"Uh... Isso... é um bom ponto." Hayate arregalou os olhos e assentiu com um sorriso tenso. Por alguma razão, ele sentiu que isso foi apenas uma isca.

Enquanto isso, a uma curta distância de Yuba e Hayate, Rio estava conversando com as duas garotas.

"Wow. Parece que faz muito tempo desde que eu te vi nessa roupa, Rio. Você usou quando chegou na aldeia... e algumas vezes durante o seu treinamento, eu acho?" Ruri comentou surpresa ao ver Rio vestindo seu traje de viagem completo.

Rio havia equipado o conjunto completo de armaduras feitas pelos anões que ele recebeu da vila Seirei no Tami. Ele usava o sobretudo preto por cima de todo o resto. Durante sua estadia na aldeia, ele raramente tinha se equipado completamente, então foi exatamente como Ruri havia dito.

"Pensando bem, já faz mais de meio ano desde que Rio-sama veio para esta aldeia..." Sayo dobrou os dedos enquanto contava os meses em que Rio esteve com eles.

"O tempo com certeza voa. Rio é um de nós, aldeões, agora." Ruri assentiu sinceramente, em seguida, inclinou a cabeça. "Rio, por favor, proteja Sayo-chan e todos os aldeões em sua jornada. Por favor.", disse ela com uma expressão séria.

"Sim, deixe comigo." Rio assentiu a cabeça com um leve sorriso.

"Obrigada. E.… me desculpe." Ruri disse com o rosto meio arrependido.

"Pelo quê?" Rio inclinou a cabeça, sem saber por qual motivo ela estava se desculpando.

"Eu refleti sobre... o que aconteceu há alguns dias. Quanto mais eu pensava em tudo com uma disposição calma, mais eu percebia que fiz algo terrível para o Rio. Agradeci, mas não me desculpei. É por isso que eu queria pedir desculpas antes de você partir para a capital. Achei que seria tarde demais se esperasse até você voltar..."

Ruri explicou sua razão para se desculpar com uma expressão que transmitia o quão insuportável ela encontrava suas próprias emoções, quando Sayo apressadamente interrompeu.

"U-Umm! Nesse caso, gostaria de me desculpar com Rio-sama também!"

"Não, Sayo-chan. Você tentou agir pelo bem do Rio mesmo antes de pensar em si mesma. Eu não fui assim." Ruri balançou a cabeça.

"Isso não é ver—"

"Por favor, esperem um momento, vocês duas.", interrompeu Rio, sentindo que a conversa estava prestes a se transformar em discussão. Ruri e Sayo olharam para Rio em uníssono.

"A raíz do problema foi a minha falta de consideração. Eu estava tão furioso; não podia ver o meu entorno e acabei assustando vocês duas. É por isso que eu deveria pedir desculpas.", disse Rio com uma expressão de culpa.

"Isso não é verdade!"

"Isso não é verdade mesmo!"

As fortes objeções de Ruri e Sayo se sobrepuseram umas às outras, como se tivessem planejado isso com antecedência.

Os olhos do Rio se abriram em choque por um momento, antes que ele soltasse uma risada divertida.

"... Haha."

"O-O que é tão engraçado?" Ruri e Sayo trocaram olhares timidamente.

"Que tal um aperto de mão?" Rio disse, de repente oferecendo sua mão direita para as garotas.

"Huh? Um aperto de mão?"

"Um aperto de mão de reconciliação. Todos nós temos coisas que nos recusamos a admitir, mas gostaria de chegar a um meio termo com as duas, apesar disso. Então, vamos apertar as mãos. Dessa forma, com isso, tudo voltará ao normal.", disse Rio, deixando Ruri e Sayo piscando em branco.

"S-Sim. Obrigada, e desculpe. Sinto muito, Rio..." Ruri voltou a si com um suspiro e apertou a mão de Rio.

"Sayo-san também. Podemos apertar as mãos?" Após seu aperto de mão com Ruri, Rio virou-se para Sayo, que ainda estava parada ali, atordoada.

"Huh?! .... Ah, s-sim! S-Se estiver tudo bem para você!"

Sayo esfregou a mão contra as roupas e ofereceu a mão direita para Rio, em pânico. Rio deu um leve sorriso e apertou sua mão, fazendo Sayo congelar imediatamente com um rubor, enquanto Ruri observava os dois com um sorriso agradável em seu rosto.

".... Tomem isso, vocês dois. São amuletos para a boa saúde e para afastar o mal."

Depois que Rio soltou a mão de Sayo, Ruri entregou para eles o mesmo tipo de amuleto que ela havia dado a Hayate.

"Muito obrigado. Vou cuidar bem dele."

"O-Obrigada, Ruri-san!"

Rio e Sayo aceitaram com gratidão os amuletos.

"Bem. Vamos sair juntos de novo quando vocês voltarem." Ruri sugeriu.

"Sim, por favor.", Rio concordou imediatamente com um sorriso.

"Ok, tenham uma boa viagem. Sayo-chan, certifique-se de ficar ao lado do Rio. Definitivamente ele vai protegê-la."

"Huh? O-Ok..." Sayo abaixou a cabeça constrangida.

"Tudo bem! Parece que o grupo do Hayate-sama está pronto. Hora de partir!" O líder do esquadrão comercial, Dora, gritou.

"Certo, estamos indo, então. Vamos, Sayo-san."

"S-Sim!" Rio começou a andar e Sayo o seguiu de perto.

Depois que os outros moradores se despediram, Rio e Sayo subiram na carruagem puxada por cavalos em direção à capital. Yuba, Ruri e os outros aldeões viram quando as carruagens finalmente partiram da aldeia, seguindo a estrada em direção à capital com bastante barulho.

Havia o risco de serem atacados por bandidos ou animais selvagens enquanto estavam na estrada, mas as dezenas de aldeões estavam todos relativamente preparados para a ocasião. Felizmente, sua jornada foi tranquila, e eles pararam na aldeia seguinte um pouco depois do meio-dia.

O grupo de Hayate estaria se separando aqui, mas vários membros do seu esquadrão permaneceriam com os aldeões para escoltar os criminosos até a capital.

"Hayate-dono, obrigado por tudo que você fez.", Rio o chamou e fez uma reverência. Ele desceu da carruagem puxada a cavalo que estava montando para dar suas palavras de despedida a Hayate.

Hayate desmontou do cavalo com um suave movimento antes de responder brilhantemente a Rio.

"Não, eu também estou em dívida com você, Rio-dono. Vamos sentar e conversar novamente quando tivermos a oportunidade. Também gostaria de lutar com você uma vez, se possível. Se você visitar a capital em outra ocasião, sinta-se livre para passar na minha casa. Eu ficaria feliz em ajudá-lo se necessário."

"Muito obrigado. Planejo deixar a aldeia eventualmente, mas vou me certificar de passar por aqui antes de deixar o reino."

"Entendo... Então é assim. Estou um pouco triste em ouvir isso, mas o destino decidirá se estamos destinados a nos encontrar novamente. Se algo acontecer no caminho para a capital, por favor, confie nos meus ajudantes. Fique bem."

"Sim. Cuide-se também, Hayate-dono."

Rio e Hayate trocaram alegres palavras e um aperto de mão firme, depois assentiram um para o outro antes de se separarem.

Depois disso, a estrada para a capital continuou a ser pacífica, e o grupo seguiu pela estrada enquanto a brisa de outono soprava ao seu redor.

Alguns dias depois, Rio e os outros chegaram à capital.

◇◇◇

Rio havia chegado à capital do Reino Karasuki.

Uma enorme estrutura estava erguida no meio da capital, sua arquitetura se assemelhava a um castelo estilo japonês. As igualmente grandes muralhas do castelo, percorriam ao longo de seu perímetro. Como seria de esperar da capital, a cidade que cercava o castelo era vasta e estendida, com uma população de dezenas de milhares de pessoas.

Com quase nenhuma oportunidade de visitar a capital, a maioria dos aldeões se perderia imediatamente. No entanto, o grupo de Rio estava sendo liderado diretamente pelos assessores de Hayate e por Dora ao seu destino: o alojamento que eles usariam durante a estadia. Não era preciso dizer que os assessores de Hayate sabiam para onde ir, e Dora aparentemente tinha visitado a capital inúmeras vezes antes.

Seu alojamento era uma construção para acomodação compartilhada, que era administrada pelo reino e que poderia abrigar várias dezenas de hóspedes ao mesmo tempo. Comerciantes e aldeões viajantes que vendiam seus próprios produtos, tais como o grupo do Rio, podiam usar os alojamentos sem interrupção, por isso havia uma alta demanda por eles. E como eles estavam alugando apenas o espaço, tinham que preparar comida e lavar as roupas por conta própria durante a estadia.

Eventualmente, o grupo garantiu um alojamento e parou suas carruagens.

"Muito bem. Nós vamos morar aqui durante a nossa estadia, então certifiquem-se de lembrar da localização, e não se percam lá fora. Tenham certeza de estar acompanhados por alguém que já esteve na capital antes de vocês saírem.", disse Dora de forma brincalhona. Estradas principais à parte, os caminhos menores realmente eram como um labirinto, então suas palavras não eram completamente descartáveis como uma piada. Os aldeões mais jovens riram enquanto balançavam a cabeça, mas os mais velhos os cutucaram. "Não é motivo de riso.", disseram eles.

Dora sorriu ironicamente quando notou essa interação.

"Ok. Agora, eu vou sair um pouco, então vou deixar o desempacotar da carga para vocês. Rio, você poderia vir comigo? E... Shin, você também."

"Sim, claro." Convocados por Dora, Rio e Shin foram atrás dele.

Depois de terem andado por um tempo, Dora explicou a razão pela qual ele os chamou.

"Vamos ter os subordinados de Hayate-sama nos acompanhando para levar o grupo de Gon ao campo de internação. É possível que precisem da declaração de alguma testemunha, mas prefiro não levar Sayo, se possível. Desculpe Rio, mas eu gostaria que você viesse junto. E você também, Shin, como o irmão de Sayo. Está bem?"

"Se é só isso, então eu não me importo. Por favor, deixe-me ver as coisas até o fim." A expressão de Rio se tensou, enquanto assentia com firmeza.

"Bem, eu tenho que ver os momentos finais do bastardo podre que atacou Sayo.", Shin também concordou com uma expressão cheia de ódio.

Assim, os três se encontraram com os assessores de Hayate, que estavam esperando a uma curta distância. Ao lado deles estava a carruagem com Gon e os outros.

"Certo. Desculpem por mantê-los esperando.", disse Dora aos assessores de Hayate.

"Não se preocupe — este é o nosso trabalho. No entanto, o campo de internação fica a uma distância razoável daqui. Gostaríamos de partir imediatamente para que possamos chegar antes do pôr-do-sol."

Sob a orientação dos assessores de Hayate, o grupo seguiu em direção ao campo de internação. Com seu objetivo sendo o que era, a atmosfera era bastante sombria e silenciosa.

Depois de caminhar por cerca de trinta minutos, eles finalmente chegaram ao seu destino.

Localizada perto do centro da capital havia uma área onde os edifícios comerciais de serviços públicos do reino estavam agrupados. Assim que eles pararam em frente a um prédio particularmente grande e de aparência robusta, um guarda se aproximou deles. Ele perguntou sobre seus negócios, e então o ajudante de Hayate explicou a situação. Graças a isso, o processo correu bem e vários oficiais e guardas foram chamados para fora do prédio para liberar Gon e os outros da carruagem.

"Saiam!"

Quando a porta estava aberta, um guarda gritou uma ordem para Gon e os outros lá dentro. Sabendo que seriam eliminados imediatamente se tentassem fugir aqui, o grupo de Gon apareceu obedientemente de dentro da carruagem. Suas mãos estavam amarradas, restringindo bastante seus movimentos.

"... Eek!" No momento em que Gon viu Rio entre a multidão de pessoas, ele instintivamente tentou se afastar com medo. No entanto, um guarda próximo usou a haste de sua lança para bater na cabeça dele.

"Não se mexa!"

"Gah!"

O impacto foi forte o suficiente para Gon perder o equilíbrio e cair. Ele foi contido onde estava caído, um colar foi colocado em torno de seu pescoço.

"M-Merda. Que merda é essa...?" A voz de Gon soou patética enquanto seu corpo tremia.

Ao lado dele, os homens que ajudaram Gon estavam negando por unanimidade seu envolvimento e alegando que foram enganados enquanto os guardas indiferentemente colocavam colares em torno de seus pescoços, um após o outro.

Rio observou, sem emoção.

"Levem eles embora — agora conduziremos os procedimentos necessários. Sigam-nos, por favor.", disse um oficial a Rio e aos outros antes de entrar.

Os guardas puxaram as correntes que estavam presas ao pescoço dos prisioneiros e entraram no prédio.

"Nós devemos ir também."

Dora deu um suspiro cansado e entrou no prédio. Rio também respirou fundo antes de seguir em frente, e Shin seguiu por último com passos bastante nervosos.

Um espaço surpreendentemente limpo e arrumado os acolheu assim que entraram no prédio, com o que parecia ser uma recepção em frente à porta. Várias pessoas que pareciam ser comerciantes estavam esperando na fila.

"Este lugar não tem só escravos criminosos, mas escravos regulares também. É por isso que os comerciantes vêm e vão para comprar alguns.", explicou Dora a Shin, que estava olhando curiosamente ao redor da sala.

Depois disso, Rio e os outros foram levados para uma sala de espera, onde foram instruídos a aguardar durante os procedimentos. Eles esperaram por vários minutos antes que a porta da sala de espera se abrisse.

"Desculpem pela espera. Mas, graças ao testemunho que Hayate-sama forneceu, o julgamento foi muito mais rápido do que o esperado. A decisão foi tomada — Gon será um escravo penal, enquanto os outros serão escravos contratuais por suas dívidas.", disse o subordinado de Hayate ao entrar. Ele deu seu relatório com um sorriso irônico, sentindo-se relaxado após o procedimento ter sido mais suave do que o esperado.

"Ooh, eu estou feliz em ouvir isso. Por que normalmente demora mais?" Dora perguntou.

"Veja bem... Normalmente, mesmo um criminoso preso em flagrante passaria por um julgamento informal para receber uma sentença, mas o caso foi encerrado desta vez com apenas a verificação de um documento."

"Entendi. Nesse caso, por favor, dê a Hayate-sama nossos mais profundos agradecimentos quando você o ver novamente."

"Claro — direi isso a ele. Além disso, aqui está a compensação da vítima paga por Gon ser tomado sob custódia como escravo penal. Aqui contém uma moeda de ouro.", disse o assessor de Hayate, segurando uma pequena bolsa com o dinheiro da compensação. Uma única moeda de ouro era suficiente para uma família média na capital viver tranquila por alguns meses.

"Oh, wow... Tanto?" Os olhos de Dora se arregalaram em choque.

"Bem, ele era um homem terrivelmente corpulento. Sua recompensa foi avaliada no mais alto nível." O subordinado de Hayate encolheu os ombros com um sorriso irônico.

"Verdade..."

"Para os escravos contratuais restantes, eles podem ser avaliados e comprados imediatamente pelo escritório de serviços públicos, ou colocados em leilão. Leilões exigem tempo e esforço, mas você pode potencialmente obter um preço muito mais alto do que a compra instantânea, dependendo das qualidades dos escravos. Qual você prefere?"

"Nesse caso, por favor, vá com a compra.", Dora escolheu sem hesitar um momento.

"Tudo bem. Então, vou informá-los imediatamente. Por favor, esperem um pouco mais até que as avaliações sejam feitas." O assessor assentiu e em seguida, saiu da sala mais uma vez.

"Chefe, isso está bem? A gente não ia conseguir ganhar mais colocando eles em leilão?" Shin perguntou a Dora.

"Está bem. Este método vai causar menos problemas no futuro, e eu não quero mais ver os rostos deles." Dora respondeu francamente e balançou a cabeça.

".... Bem. Mas parece anticlimático." Tudo tinha corrido tão bem que Shin não parecia muito satisfeito.

"Bem, é isso que acontece quando alguém perde sua humanidade assim. Você pode não estar acostumado, mas vou pagar para você uma boa refeição mais tarde, para que você possa esquecer tudo isso e começar de novo.", disse Dora para limpar a atmosfera estranhamente deprimente, agitando a cabeça de Shin bruscamente.

"P-Pare com isso, chefe! Não na frente dele!"

Shin olhou para Rio e resistiu a Dora com vergonha, sentindo-se excessivamente consciente do fato de que estava sendo tratado como uma criança. Rio soltou um sorriso enquanto observava os dois com diversão.

◇◇◇

Quando Rio e os outros recolheram o dinheiro da compra e deixaram o centro de internação, o sol já estava se pondo no céu; a maior parte do dia já tinha passado por eles.

"Como já recebemos o dinheiro da compensação e tudo mais, vamos começar a voltar. Eu vou comprar para vocês dois um pouco do famoso kamutan local!" Dora disse no caminho de volta para o alojamento.

"Ooh! Isso!" Shin aplaudiu animado.

"O que é.… kamutan?" Rio perguntou, nunca tendo ouvido a palavra antes.

"Oh, o quê? Você nunca provou kamutan antes?" Shin olhou para o Rio com uma expressão um pouco satisfeita.

"Não. Que tipo de comida é?"

"Entendo. Bem, como devo dizer? É uma tigela bem quente de sopa com uma massa comprida e fina feita de farinha de arroz e farinha de trigo. Você sorve, e ela tem um gosto ótimo."

Na pergunta sincera de Rio, Shin deu uma explicação simples do kamutan com uma expressão presunçosa. Ele moveu as mãos, fazendo o gesto de sugar o macarrão.

"... Hmm, isso certamente parece bom." Rio pôde imaginar que tipo de comida era o kamutan pela explicação de Shin.

Macarrão, huh? Ramen, soba, udon.... Não, ele leva farinha de arroz, bem como farinha de trigo, então, talvez seja algo como a sopa tradicional do Vietnã chamada Phở lá na Terra?

De qualquer forma, seu interesse foi despertado. Rio adorava cozinhar e a comida em geral mais do que qualquer coisa, então ele foi imediatamente preenchido com o desejo de experimentá-lo o mais rápido possível.

"Não só parece bom, é bom. Você vai ver assim que você comer."

"Você ficou realmente emocionado quando comeu pela primeira vez também. Até tentou fazer Sayo preparar isso para você depois que voltou para a aldeia .... Ela não tinha tentado antes, então vocês dois acabaram brigando, se bem me lembro.", provocou Dora.

Shin recuou com vergonha, depois olhou para Rio, que se divertia os observando. No entanto, não foi com uma atitude hostil: Shin, que anteriormente havia evitado conversar com o Rio, agora era capaz de manter conversas adequadas com ele, apesar de ser um pouco brusco às vezes.

Talvez ele tenha tido uma pequena mudança de opinião depois que Rio salvou Sayo durante o incidente de Gon.

Os três conversaram energicamente enquanto voltavam para o alojamento. Depois de entregar o dinheiro da compensação que receberam do escritório de serviços públicos para os homens que aguardariam no alojamento, eles saíram mais uma vez para comer. Como era seu primeiro dia na capital e o cansaço de sua jornada permanecia, eles decidiram se dividir em pequenos grupos e se revezar em buscar comida.

Assim, Rio, Shin e Dora saíram para comer kamutan como planejado. Eles entraram na loja recomendada por Dora, que ficava a dez minutos de distância do alojamento em que estavam.

"Ei, por favor, nos dê três porções grandes de kamutan. Com carne extra também.", Dora pediu com familiaridade. Um forte "É para já!", pôde ser ouvido em resposta da cozinha.

Minutos depois, o famoso kamutan estava pronto.

"Aqui está — três porções grandes de kamutan com carne extra! Obrigado por esperar!" Um funcionário trouxe as tigelas de kamutan para a mesa de Rio alegremente.

Rio estava pedindo mais detalhes aos outros dois sobre kamutan enquanto esperavam, mas assim que viu a coisa real, achou extremamente semelhante ao ramen.

No entanto, como era um alimento que tinha sido comido no Reino Karasuki desde os tempos antigos, provavelmente não era a invenção de uma pessoa reencarnada, como a "massa" que havia sido apresentada por Liselotte na região de Strahl, por exemplo.

"É tradição comer kamutan sugando a massa com força.", disse Shin orgulhosamente quando começou a comer o macarrão.

Rio começou a comer o kamutan fumegante com seus pauzinhos. Primeiro, ele tomou um bocado da sopa; o sabor tinha gosto semelhante a uma leve sopa de ramen shoyu. Em seguida, ele pegou o macarrão com movimentos praticados, e os levou à boca.

O macarrão tinha uma textura única da farinha de arroz, mas era flexível e elástico. A carne não era char siu, mas foi temperada apropriadamente e se adaptou bem ao macarrão e a sopa.

.... Isso é bom.

Fazia muito tempo que ele não tinha comido algo semelhante ao ramen. Na verdade, se fosse com macarrão feito apenas de trigo, a sopa mudaria um pouco, e com char siu, o kamutan seria exatamente o mesmo que ramen.

Eu deveria tentar fazer ramen algum dia, Rio pensou, com sua boca formando um sorriso feliz.

◇◇◇

No dia seguinte, antes do meio-dia...

Sob o deslumbrante céu azul da capital, Rio caminhava pelo distrito comercial da cidade castelo com Sayo, tendo sido solicitado a compra de itens de luxo pelo resto do esquadrão comercial.

Quanto aos outros do esquadrão comercial: alguns tinham saído para vender os produtos de sua aldeia, alguns estavam comprando grandes quantidades de necessidades, enquanto outros ficaram para trás para vigiar as coisas no alojamento.

"Realmente há muitas pessoas na capital.", disse Sayo curiosamente enquanto observava a estrada.

"É sua primeira vez na capital?" Rio perguntou, caminhando ao lado dela.

"Sim. Onii-chan já visitou antes, mas eu sempre fiquei em casa. Ele sempre me contava todo tipo de histórias, então eu realmente queria ver por mim mesma!"

"Eu ouvi sobre isso. Shin-san te importunou para fazer kamutan e vocês dois acabaram brigando, ou algo assim?"

"Sim. Ele ficava se gabando de como foi à capital, então eu fiquei um pouco farta. Eu não posso fazer uma comida que eu nunca comi antes, então eu fiquei brava.", disse Sayo com um sorriso tímido.

"Você conseguiu prepará-lo?"

"Não deu certo. Saiu meio viscoso e pegajoso..."

"Deixando de lado a sopa, você precisa mais do que apenas farinha de arroz e farinha de trigo para fazer aquela massa comprida e fina. Se você não tiver o conhecimento, será impossível de fazer."

"Huh? Você sabe como fazê-la, Rio-sama?"

"Sim. Embora não era kamutan, eu fiz algo parecido antes."

"U-Uum... Poderia me ensinar algum dia, então?" Sayo perguntou com cautela.

"Claro, eu não me importaria. Vamos tentar fazer isso juntos quando voltarmos para a aldeia.", respondeu Rio com um aceno.

"Muito obrigada! Na verdade, eu ainda não experimentei..."

"Então, que tal a gente ir comer junto depois disso? Já que estamos na capital e tudo mais.", disse Rio como sugestão depois que Sayo o agradeceu alegremente.

"Sim! Eu adoraria!" Sayo assintiu com entusiasmo.

"Vamos ficar de olho em um restaurante enquanto compramos os itens que todos pediram."

Com isso, os dois decidiram comer kamutan no almoço. No entanto...

A loja que Dora-san nos levou está longe daqui, então eu não sei para qual loja ir... Rio pensou sem deixar mostrar em seu rosto. Ele queria aproveitar a oportunidade para que Sayo pudesse comer comida deliciosa, mas infelizmente, não tinha experiência em visitar o Reino Karasuki.

Talvez essa combinação de grupo não tenha sido o melhor para ir às compras juntos.... Nem sabemos onde encontrar restaurantes. É a primeira vez de Sayo-san na capital também. Não temos ideia do está por perto...

Ele havia perguntado aos membros do esquadrão comercial seu raciocínio por trás de agrupá-los desta maneira antes de irem às compras, mas eles o tinham forçado por alguma razão desconhecida. Com certeza, os dois tiveram que andar a manhã toda em busca dos itens, comparando preços de mercado e qualidade do estoque.

Era mais como se fosse um passeio turístico do que fazer compras; felizmente, Sayo estava de bom humor por estar com Rio, e não parecia particularmente insatisfeita. Ela estava inocentemente aproveitando seu tempo fazendo compras.

Rio estava secretamente preocupado que o incidente com Gon a tivesse deixado traumatizada, mas Sayo não mostrou nenhum indício de tal coisa, e foi ela que voluntariamente insistiu em sua própria participação no esquadrão comercial. Isso foi reconfortante.

"Rio-sama, por que não perguntamos a um morador local se há uma loja que eles recomendam?" Sayo disse com um sorriso despreocupado.

".... Você está certa. Vamos perguntar a alguém na próxima loja que iremos." Rio deixou de lado suas preocupações desnecessárias e assentiu com um pequeno sorriso.

Bem, contanto que Sayo-san se divirta, ele argumentou. Felizmente, a quantidade de itens que eles tinham que comprar não era muita, então os dois continuaram andando pelo distrito comercial.

"Ei, os dois jovenzinhos ali. Estão em um encontro, certo?" Uma jovem chamou Rio e Sayo. Ela parecia estar vendendo acessórios para mulheres, e tinha seu estoque à mostra em um tapete em sua frente.

"Huh? E-Eu? Ah, não... E~tto..." Sayo tentou responder com algo, um pouco confusa. Ao perceber que a comerciante estava falando com ela seu rosto ficou todo vermelho.

"Viemos para a capital para vender os produtos da nossa aldeia. É só uma viagem de compras.", explicou Rio, em nome da ingênua Sayo.

Estava claro que a comerciante estava tentando iniciar uma conversa por causa dos negócios. Embora normalmente teria sido melhor ignorá-la e continuar andando, Sayo tinha parado com boa vontade em mente, então era um pouco difícil sair agora.

"Entendo. Então é isso... Hmm..." A comerciante assentiu vagamente e olhou para Sayo, que ainda estava agindo envergonhada. As bochechas de Sayo ficaram escarlates sob o olhar da mulher, que parecia ver através dela.

"Que tal, 'Onii-san'? Uma recordação para lembrar do seu passeio pela capital com uma senhorita tão bonita ao seu lado?" A mulher sorriu, desta vez mirando como alvo o Rio.

"I-Isso não é verdade! E eu me sentiria mal! Ah, e nós não estamos em um encontro!" Sayo balançou a cabeça em pânico.

Rio olhou para os itens colocados sobre o tapete. Para uma barraca de rua, os itens foram organizados destramente e pareciam ser de boa qualidade.

"Você é natural nisso, Onee-san. Sayo-san, há alguma coisa que você quer?" Rio perguntou a Sayo com um fraco e irônico sorriso.

Ele queria dar a ela algo como um pequeno sinal de sua gratidão por cuidar dele, bem como pedir desculpas por causar problemas durante o incidente de Gon.

"Fweh... E-Está tudo bem! Eu não poderia pedir isso de você!" Sayo colocou as duas mãos na frente dela e balançou a cabeça furiosamente. Sua reação exagerada imitava um pequeno animal, fazendo Rio rir de diversão.

"Não há necessidade de se conter. Também estive sob seus cuidados, por isso é um presente de agradecimento."

"Ele está certo. Se um homem se oferece para comprar um presente para uma mulher, então é educado aceitá-lo. Vá em frente, agora — pelo menos dê uma olhada." Na oferta de Rio, a comerciante riu e chamou Sayo para perto.

"Eh, ah... Então, só olhar..."

Apesar de seu aturdimento, Sayo decidiu olhar os itens em exibição. Ela hesitou no início, mas descobriu que todos os itens eram de seu gosto, e um brilho gradualmente apareceu em seus olhos.

"Algo lhe interessa?"

"E~tto, coisas como esta eu acho bonitas..." Na pergunta da comerciante, Sayo apontou para uma presilha de flores que era simples, mas fofa.

"Ooh, você com certeza tem um bom olho, senhorita! Esse acessório é de um tipo único."

"Umm, é caro?"

"Hmm, vamos ver. Como soa duas moedas de prata?" A comerciante perguntou com um pouco de cautela.

Sayo havia realmente escolhido um dos itens mais caros disponíveis em exibição. Não era impossível para os plebeus comprarem, mas o preço era suficiente para ser um duro golpe na carteira se comprado sem consideração.

"M-Moedas de prata?! R-Rio-sama, está bem! Eu... eu não preciso disso, afinal!"

Assim que Sayo ouviu o preço, ela recusou o presente em choque. Era uma grande quantia de dinheiro para uma garota comum de aldeia como ela.

"Eu não me importo. Se você gosta, Sayo-san, eu o comprarei para você." Rio não mostrou nenhum sinal de preocupação pelo preço e expressou sua vontade de comprá-lo.

"... Huh?" Os olhos de Sayo se arregalaram um pouco.

"Ooh. Muito bem, Onii-san. Mas, talvez você devesse aprender um pouco melhor a como comprar as coisas no mercado..." A comerciante sugeriu em surpresa. No entanto, Rio balançou a cabeça com um sorriso suave.

"Eu não recuo por causa do preço quando se trata de um presente para uma garota. Esse preço está bem."

"Ahaha, maravilhoso! Então, eu deveria ter tornado um pouco mais caro, huh?" A mulher riu animadamente.

"Então, este é o que você quer, Sayo-san?" Rio pegou duas moedas de prata e checou com ela uma última vez.

"Eh? Ah, m-mas..."

Sayo hesitantemente olhou entre a presilha e Rio. A presilha era extremamente atraente, e a ideia de receber um presente de Rio a deixou insuportavelmente feliz, mas o preço era alto o suficiente para assustá-la.

"E-Eu absolutamente não quero—", assim que Sayo tentou dizer isso, Rio acabou de pagar pela presilha.

"Ok, Onee-san. Dê-me esse, por favor."

Ficou claro pela reação de Sayo que ela tinha gostado da presilha, então ele foi em frente e comprou assim mesmo. Conhecendo a personalidade de Sayo, ele achou que ela rejeitaria se ele não tivesse feito assim.

Sayo viu Rio entregar o dinheiro com uma expressão atordoada.

"Obrigada pela compra! Você gostaria de uma caixa para protegê-la, ou quer colocá-la imediatamente?" A comerciante pegou a presilha e uma caixa. Ela se levantou e se aproximou de Sayo.

"Eh, ah, um... S-Sim, por favor!"

"Aqui, eu vou colocá-la para você. Fique parada por um momento." Sayo assentiu timidamente enquanto a comerciante colocava a presilha em seu cabelo. Ela congelou em um transe como um sonho quando a presilha foi colocada no lugar para ela.

"Combina muito bem com você! Você também não acha, Onii-san?", perguntou a mulher depois de colocar a presilha no cabelo frouxamente amarrado de Sayo.

"Sim, acho que ficou adorável.", concordou Rio com um sorriso.

"M-Muito obrigada! Realmente, Rio-sama." Sayo finalmente voltou aos seus sentidos e baixou a cabeça para Rio repetidamente.

"Não se preocupe. Devemos ir agora? Ainda temos outras coisas para comprar." Rio balançou a cabeça, então sugeriu que eles seguissem em seu caminho. No entanto, de repente ele se lembrou de algo, e perguntou à mulher sobre o kamutan.

".... Ah, é mesmo. Onee-san, conhece alguma boa loja de kamutan por aqui?"

"Se é kamutan que você procura, então as lojas de refeições e restaurantes estão reunidas em direção a essa área ali. Há uma loja chamada Kuma que é bastante respeitável. Fica muito lotada durante o almoço, então seria melhor reservar algum tempo quando você for.", respondeu ela, apontando para a área onde os restaurantes estavam localizados.

"Entendi. Muito obrigado."

"Não se preocupe. Fiz uma boa venda, afinal de contas." A comerciante balançou a cabeça, em seguida, aproximou-se Sayo a passos largos e sussurrou em seu ouvido com uma piscadela.

"... Sayo-san, não é? Faça o seu melhor para conquistá-lo. Este garoto parece ser uma grande captura."

"?!" Sayo olhou para baixo e corou.

"Bem, então! Por favor, voltem de novo se tiverem a oportunidade!" A comerciante se afastou de Sayo e se despediu deles com um sorriso.

"Nós iremos. Vamos, Sayo-san." Rio estava vendo as duas conversarem em silêncio, mas na despedida da comerciante, ele respondeu com um leve sorriso. Em seguida, ele gesticulou para Sayo, e começou a andar.

Sayo começou a andar atrás dele, mas girou e fez uma reverência para a comerciante antes de seguir. A mulher acenou sorrindo.

Sayo acelerou os passos enquanto corria para alcançar Rio.

◇◇◇

Depois de comerem kamutan na loja que a comerciante recomendou, Rio e Sayo voltaram ao distrito comercial para retomar as compras dos itens pedidos.

A estrada principal tinha lojas alinhadas em ambos os lados, com uma fila de barracas no meio que dividiam a estrada em duas. Com muito tráfego de pedestres, a estrada estava lotada com a agitação de todos os tipos de pessoas. Entre eles, Rio e Sayo estavam permitindo que a multidão os levasse, olhando para as lojas enquanto passavam por eles.

"H-Há ainda mais pessoas agora."

"Já passou do meio-dia, afinal. Mais pessoas estão saindo depois de almoçar. Se você vir uma boa loja, então vamos entrar." Eles falavam enquanto caminhavam, quando...

"Como você se atreve!", uma voz furiosa gritou.

"Kya!" O pequeno corpo de Sayo tremeu com um sobressalto.

Um momento depois, vozes confusas começaram a se agitar ao seu redor.

"O quê? O que é isso?"

"É uma briga? O que está acontecendo?"

"Droga, não consigo ver."

"Ei, parece que os mercenários estão mexendo com uma mulher e a filha."

"Não pode ser!"

E assim por diante. A conversa ficou mais alta.

Rio aumentou sua capacidade auditiva com artes espirituais para pegar fragmentos da conversa, antes de ouvir vozes furiosas na estrada novamente.

"Pirralha insolente! Veja por onde anda!"

"O insolente aqui é você, mero mercenário! Com quem você acha que está falando?!" Parecia que um homem e uma mulher estavam discutindo; a voz grosseira de um homem gritando e a voz digna, mas enfurecida, de uma mulher podiam ser ouvidas nessa ordem. Após essa troca, na mesma direção da discussão, a voz fofa de uma garota pôde ser ouvida.

"Kya?!"

E então, depois de um momento: "O que você está fazendo?"

"Komomo-sama!"

"Oi, espere!", disse a voz inquieta da mulher. Parecia que a situação estava se transformando em uma crise, mas Rio não conseguia ver nada de onde estava.

"Movam-se!" Voz de um homem podia ser ouvida a alguma distância; a multidão diante de Rio de repente se separou no meio. Por esse caminho recém-criado um único homem parecido a um mercenário veio correndo. Ele segurava uma adaga na mão direita e uma menina debaixo do braço esquerdo enquanto corria, o tempo todo ameaçando aqueles que estavam em seu caminho. A menina parecia estar inconsciente.

"Movam-se! Movam-se!" O homem gritou em fúria.

"Ah..." Talvez ela estivesse com medo do homem que se aproximava pela frente dela, já que Sayo permaneceu parada, incapaz de se mover. Ela havia sido atacada por Gon alguns dias antes, então sua reação era compreensível.

"Tch." O homem que se aproximava viu Rio e Sayo parados em seu caminho, e estalou sua língua. Ele decidiu ignorá-los, e seguir em frente de qualquer maneira. No entanto, sem sacar a espada da bainha na cintura, Rio saltou na frente, de mãos vazias. Ele então se preparou para receber o ataque do homem, desarmado.

Primeiro, ele se esquivou da mão do homem, que tentou atacá-lo com a adaga. Depois, ele habilmente golpeou os pés do homem; seu corpo girou uma vez no ar. O homem parecia atordoado.

Rio agarrou a menina que estava debaixo do braço do homem e a aproximou dele, segurando-a debaixo do próprio braço e dirigindo seu punho no plexo solar do homem ao mesmo tempo. Imediatamente, o corpo do homem desabou no chão.

"Guh..." O homem soltou a adaga e caiu, inconsciente. Tudo acabou em poucos segundos.

"W... Woooooo!" A multidão ficou atordoada por um momento, antes de explodir em aplausos.

Olhares de admiração foram lançados na direção de Rio; ele deu um sorriso forçado e ignorou a atenção, checando a menina debaixo de seu braço.

A menina ainda era jovem — cerca de dez anos de idade, ao que parece. Seu rosto era extremamente refinado, tornando-a uma menina muito fofa.

Está incosciente. Ou ela levou um golpe que a nocauteou, ou foi drogada neste estado. Ou talvez tenha sido feito com artes espirituais de sono...

Rio procurou brevemente o fluxo de essência dentro do corpo da menina e não encontrou vestígios de interferência, então ele decidiu que era provavelmente uma das duas primeiras opções. Para o caso de ela ter sido drogada, ele lançou uma arte espiritual desintoxicante também.

Não deve haver temor por sua vida, pelo menos agora. O seguinte é...

Depois de tomar as precauções necessárias com a menina, Rio olhou para Sayo, que estava olhando fixamente para ele.

"Sayo-san. Você está bem?" Rio perguntou com um sorriso um pouco incômodo.

"S-Sim! Eu estou bem." Sayo voltou aos seus sentidos e assentiu para Rio.

"Komomo-sama?!"

Uma mulher apareceu — ela viu Rio carregando a menina chamada Komomo, com a visão do sequestrador desmaiado no chão ao lado dele, e imediatamente entendeu o que estava acontecendo. Ela correu para Rio às pressas, e Rio ofereceu a menina que ele estava carregando nos braços para a mulher.

"Aqui está. Está inconsciente, mas sua vida não deve estar em perigo."

"S-Sinto muito pelos problemas. Muito obrigada. Se eu fosse mais capaz..." A mulher pegou Komomo e abaixou a cabeça com uma expressão arrependida.

"Se você quer se desculpar com alguém, guarde para essa garota quando ela acordar. Este homem está inconsciente agora... O que você gostaria de fazer?" Rio perguntou. Ele balançou a cabeça e pegou a adaga do homem do chão e a estendeu para a mulher.


"Assim que os guardas de segurança chegarem, deixarei que o levem até o centro de internação e façam ele confessar para quem trabalhava."

"Entendo... Bem, parece que os guardas acabaram de chegar." Enquanto os dois falavam, os guardas que tinham ouvido a comoção vieram correndo.

Rio os ouviu perguntando o que havia acontecido e olhou para eles, o que mudou a atenção da mulher para eles.

"Por aqui!", ela gritou.

Rio aproveitou a oportunidade para se aproximar de Sayo.

"Vamos, Sayo-san.", disse ele, tomando-a pela mão e a levando junto com ele enquanto começava a se afastar.

"Eh? Ah, mas.... Você tem certeza?"

"Sim. Eu gostaria de ficar longe de qualquer problema, se possível.", disse Rio com um sorriso amargo ante a confusão de Sayo.

"Ah, espere!" A mulher cujo nome ele não conhecia chamou um pouco agitada por trás dele quando percebeu que eles estavam indo embora. No entanto, Rio tomou Sayo e rapidamente desapareceu na multidão.

Depois disso, eles de alguma forma conseguiram terminar suas compras no final da tarde, e voltaram para seus alojamentos. Assim que eles entraram, as mulheres do esquadrão imediatamente tomaram conhecimento da presilha no cabelo de Sayo, então perseguiram Sayo com perguntas, até que ela ficou vermelha, como ela normalmente fazia.

Rio conseguiu fugir antes de ser envolvido fingindo falar sobre as vendas do dia com os outros homens. As vendas estavam indo bem, e eles esperavam partir para a aldeia dentro de alguns dias.

Essa estimativa estava exata, já que Rio e os outros partiram para a aldeia alguns dias depois. Assim, seus negócios na capital terminaram em segurança, e sua viagem de volta para a aldeia prosseguiu sem incidentes.

◇◇◇

Assim como Rio e os outros chegaram de volta à aldeia, Hayate também havia terminado seus deveres e retornado para a capital. Depois de armazenar o imposto das terras nos armazéns do castelo real, ele seguiu direto para casa, para a mansão da família Saga.

Ao passar pelos portões da casa de sua família, os servos de sua casa saíram para recebê-lo. O líder da família Saga — seu pai, Gouki — ordenou que ele o visse imediatamente após seu retorno. Hayate tinha a intenção de fazer isso de qualquer forma, a fim de cumprimentá-lo em seu retorno.

No entanto, ele notou que o ar ao redor dos servos da família era bastante tenso.

"Aconteceu alguma coisa?", ele perguntou a um deles. Depois que lhe disseram que sua irmã mais nova, Komomo, quase havia sido sequestrada, ele correu para a sala de Gouki sem se preocupar em trocar de roupa.

"Desculpe-me, pai. Sou eu, Hayate. Acabei de voltar para casa."

"Hm... Entre. Você já ouviu o que aconteceu?" Gouki concedeu permissão a Hayate para entrar em sua sala, e imediatamente foi direto ao assunto quando estavam frente a frente.

"Sim — Komomo quase foi sequestrada."

"Nos pegaram de surpresa. Visando o único dia do mês em que Komomo secretamente vai ao mercado para estudo de campo.", disse Gouki, irritado.

"Está dizendo que o crime foi planejado com antecedência?" Hayate questionou.

"Isso mesmo. O criminoso detido confessou. Aparentemente, um dos servos da nossa casa vazou a informação. Tenho uma ideia sobre o cérebro por trás disso, mas não tenho provas. Então, decidi realizar uma operação para capturar o servo. Devemos obter resultados imediatamente.", relatou Gouki sobre a situação com indiferença, deixando um frio e escuro sorriso aparecer.

"Vejo que sua resposta é tão rápida como sempre. Como está Komomo...?"

"Feliz e saudável em corpo e mente. Ela tem se dedicado ao treinamento dia e noite por causa de seu constrangimento em quase ser sequestrada."

"Entendo. Aoi-san fez um bom trabalho."

Hayate suspirou aliviado ao ouvir que sua irmãzinha Komomo estava saudável. Embora eles possam ter deixado alguém fazer o primeiro movimento, os guarda-costas da família Saga eram excelentes, leais e honrados.

Só para constar, Aoi era assistente pessoal de Komomo, e a pessoa encarregada de proteger ela e seu entorno. Como Aoi acompanhava Komomo absolutamente em todos os lugares, Hayate assumiu que quem salvou Komomo havia sido Aoi.

"Na verdade, um garoto desconhecido foi quem salvou Komomo e deteve o sequestrador. Um com habilidades esplêndidas, para isso." Gouki corrigiu Hayate com uma expressão que indicava que ele também estava pasmo.

"Oh? Que pessoa maravilhosa ele deve ser. Adoraria visitá-lo e expressar minha gratidão. Onde eu poderia encontrá-lo?" Impressionado, Hayate perguntou por seu paradeiro sem pensar.

"Como eu disse, era um garoto desconhecido. Um que desapareceu imediatamente, isto é. Nós não temos ideia de quem ou o que ele é." Gouki suspirou apático e balançou a cabeça.

"Isso... é um problema."

"Realmente — é um problema. Nós nem mesmo podemos agradecê-lo. Bem.... Isso é tudo que eu tenho para informá-lo por enquanto. Alguma coisa mudou do seu lado?"

"Não, não houve sinais de ninguém me seguindo até agora..."

"Entendo."

Hayate colocou uma mão contra a boca em pensamento, então lembrou a carta guardada no bolso do peito e a retirou.

".... Mas há algo. Isso não tem relação com Komomo, mas Yuba-dono me confiou uma carta para você, pai."

"Oh? De Yuba-dono, você diz. Deixe-me dar uma olhada."

Gouki aceitou a carta de Hayate e a abriu com um gesto refinado que não convinha com seu físico firme. Ele então desenrolou o pergaminho, mudou seu centro de gravidade, e olhou atentamente para a carta.

É difícil acreditar que há alguém tão tolo para atacar esta família tendo meu pai como o cabeça...

Enquanto Gouki lia a carta, Hayate ponderou sobre a tentativa de sequestro de Komomo.

Gouki era uma figura militar renomada, considerado o mais forte do Reino Karasuki e temido por seu segundo nome, "Kishin Gouki" (o Deus Feroz Gouki). Havia histórias de como ele uma vez fez dez mil inimigos tremerem na guerra com o reino vizinho, Rokuren.

Ele era geralmente rigoroso com sua família também, especialmente durante o treinamento de Hayate, que era uma época em que ele realmente agia como um demônio. No entanto, ele era muito mais suave na frente de sua filha, Komomo.

"... Hayate."

Como Hayate estava perdido em tais pensamentos, Gouki murmurou seu nome.

Sua voz estava tremendo levemente. Não, não apenas sua voz — as mãos que seguravam a carta e seu corpo robusto, estavam tremendo fracamente.

Ele evidentemente havia sido comovido por alguma coisa.

"S-Sim. O que aconteceu?" Hayate perguntou em voz alta, seus olhos se arregalaram de surpresa.

"Então, você conheceu Rio sa-... Quero dizer, um menino chamado Rio?" Gouki perguntou sobre Rio por alguma razão.

"Sim. Interagimos durante minha estadia na residência de Yuba-dono..."

"Que tipo de garoto ele era?"

"... Ele tinha uma personalidade agradável. Gentil e educado, era um garoto muito sério. Ele parecia ser um praticante de artes marciais, como demonstrava suas habilidades. Certamente era uma pessoa interessante. Eu quase queria convidá-lo para nossa família, se ele não estivesse servindo mais ninguém. Acredito que você teria gostado dele também, pai." Apesar de achar a pergunta estranha, Hayate falou sobre sua impressão de Rio honestamente.

"Tolo. Você não faz ideia..." Gouki murmurou com um sorriso, mas foi muito baixo para alcançar os ouvidos de Hayate.

"Sim?" Hayate inclinou a cabeça.

Gouki riu para si mesmo e levantou-se de repente.

"Vou sair de casa junto com Kayoko por um tempo. Você espera na propriedade com Komomo."

Com isso, Gouki saiu da sala.

"... O que foi isso?" Hayate murmurou atordoado para ninguém em particular, agora sozinho na sala.




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