Capítulo 5: A Noiva Prateada

 Na manhã seguinte, Charles e Celia estabeleceram a sede do casamento e se prepararam para a cerimônia nas planícies ao lado da estrada que se estendia ao sul até os arredores da capital. O plano era partir de lá para a capital ao meio-dia; eles procederiam para a capital e seguiriam para o Grande Templo perto do castelo que adorava os Seis Deuses Sábios, então realizariam a cerimônia no altar externo de lá.

No momento, milhares de pessoas das bandas e esquadrões que participam do desfile estão reunidos, junto com amigos e familiares em visita para dar palavras de bênção aos novos noivos.

Por exemplo, no pavilhão do noivo, um cavaleiro conduzia um homem vestindo uma roupa preta como breu para a sala.

"Charles-sama, eu trouxe o Reiss-sama."

"Oh, Reiss-dono conseguiu comparecer." Vestido com sua extravagante roupa de noivo, Charles deu as boas-vindas a Reiss com um largo sorriso.

"Somos bons amigos, afinal. Estou mais do que feliz por estar presente; eu gostaria de estender meus mais sinceros parabéns ao seu casamento nesta ocasião, Charles-sama.", Reiss disse com um sorriso vazio e falso.

"Ah obrigado. A propósito, quando chegou em nossa capital?"

"Hoje, realmente meros momentos atrás."

"Entendo. Se tivesse chegado antes, eu teria lhe dado as boas-vindas apropriadamente, mas..."

"Não, não, não se importe comigo. Embora possamos estar oficialmente em paz um com o outro, ainda sou um embaixador do Império Proxia. Se eu fosse muito amigável com você, haveria aqueles que achariam isso mais desagradável. Estou essencialmente me esgueirando dessa vez, então, por favor, permita-me participar de forma discreta, se quiser."

Charles franziu a testa se desculpando. "Estou muito grato por sua consideração. No entanto, já que fez a viagem até aqui, a capital, é justo para mim tratá-lo como um hóspede respeitável e nobre. Permita-me preparar um quarto para visitantes no castelo real durante a sua estadia. Não há necessidade de prestar atenção a uma pequena minoria. Por favor, venha visitar minha casa assim que a cerimônia terminar."

"Heheh, esta noite será sua primeira noite como um casal, afinal. Que tal eu visitar sua propriedade em alguns dias? Eu gostaria de dar meu próprio presente de casamento pessoalmente."

"Hahaha, entendido. Então, vou me divertir com gratidão esta noite."

"Sim, aproveite... Hm?", Reiss assentia com um sorriso colado no rosto, quando de repente sentiu algo e moveu levemente a cabeça.

Foi apenas por um instante, mas senti a presença de um espírito materializado bem agora. Está na capital? Com tantas pessoas reunidas em uma área, será difícil localizá-lo. Contanto que eu não me aproxime descuidadamente, minha presença não deveria ser detectada...

Reiss estreitou os olhos; seu olhar estava voltado para o centro da capital.

"Algum problema, Reiss-dono?", Charles perguntou curioso.

"Não foi nada. Não quero atrapalhar seus outros visitantes, então irei primeiro ao Grande Templo.", Reiss sorriu.

"Então me permita atribuir a você vários guias. Se precisar de alguma coisa, fale com eles.", Charles disse, indicando um cavaleiro com um olhar para que o fizesse.

"Estou muito agradecido. Vamos nos encontrar novamente mais tarde.", Reiss curvou-se uma vez no final e saiu com o cavaleiro que o acompanhava.

Parece que será difícil buscar por aí sozinho. Acho que devo ficar quieto por enquanto, ele pensou consigo mesmo.

"Agora, é hora de eu mesmo visitar Celia. Ei — chame minhas esposas aqui. Vamos onde está Celia juntos.", Charles ordenou a um mordomo próximo.

"Sim, entendido." O mordomo assentiu reverentemente para Charles após receber o pedido e saiu da tenda com passos leves. Charles bufou pelo nariz triunfantemente.

"O dia finalmente chegou. Mal posso esperar que chegue a noite.", ele murmurou, sorrindo para si mesmo.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, Celia estava usando seu lisonjeiro vestido de noiva de princesa enquanto esperava futilmente em uma tenda separada de Charles.

"Celia, você está aí?" A voz enjoativamente doce de Charles soou. Havia cavaleiros postados de guarda na frente da tenda, então ele provavelmente estava perguntando, apesar de saber que ela estava lá.

Celia deu um pequeno suspiro antes de suavizar o sorriso em seu rosto e responder. "Sim, eu estou."

Charles então entrou imediatamente na tenda. O seguindo estavam seis mulheres em vestidos e seis cavaleiros em extravagantes trajes cerimoniosos.

"... O-Ooh, que maravilhoso! Isso é maravilhoso, Celia! Você é realmente uma beleza!", Charles elogiou Celia deleitosamente quando a viu em seu vestido de noiva. As mulheres e cavaleiros atrás dele não puderam deixar de arregalar os olhos por sua pura beleza.

O tecido da parte superior do vestido se encaixava perfeitamente e contrastava com a saia suavemente espalhada, fazendo a cintura já fina de Celia parecer ainda mais bonita em silhueta. Além disso, a combinação do cabelo prateado de Celia e o vestido branco puro era verdadeiramente elegante e divino, quase como a imagem de uma fada do inverno.

"Muito obrigada, Charles-sama.", Celia curvou-se graciosamente.

".... É maravilhoso, verdadeiramente maravilhoso.", disse Charles, assentindo várias vezes antes de estender a mão para tocar a bochecha de Celia.

Celia desesperadamente reprimiu o desejo de recuar; ela se encolheu uma vez e desviou o rosto de vergonha.

"Você está nervosa? Vai ficar tudo bem. Eu estarei lá."

".... Sim.", Celia assentiu com a cabeça baixa. Sua voz tremia levemente.

"Hahaha, você deve estar um pouco nervosa. Trouxe minhas esposas para ajudá-la a relaxar, mas... Primeiro, permita-me apresentar os guardas de elite que nos acompanharão no desfile.", Charles falou alegremente, tirando a mão da bochecha de Celia e olhando para os cavaleiros atrás dele. Os cavaleiros ficaram cativados pela visão de Celia em seu vestido de noiva, mas quando a atenção de Charles se voltou para eles, prontamente corrigiram sua postura.

"Eles são os cavalheiros que me protegeram durante a minha estadia na casa de hóspedes... certo? Eu já vi seus rostos algumas vezes antes."

Eles eram todos mais velhos do que Celia, mas apenas em seus vinte e tantos anos ou mais.

Charles se virou para se dirigir a eles com uma gargalhada.

"Ah, você se lembra dos rostos deles? Considerem-se sortudos, homens."

"É uma honra.", eles responderam alegremente.

"Esses homens são a elite da elite da ordem recém-formada em que eu sirvo como o comandante. Eles eram antigos membros da Guarda Real, mas foram escolhidos a dedo por sua lealdade. Eles são verdadeiros cavaleiros, tanto em termos de linhagem familiar quanto de habilidade.", Charles se gabou presunçosamente.

"Então, eles são os melhores — isso é realmente reconfortante. Pessoal, agradeço a todos por seu trabalho hoje.", disse Celia, dando um sorriso gentil para os cavaleiros.

"Sim, senhora! Vamos garantir a segurança de Celia-sama, então, fique tranquila." O homem que atuava como líder dos cavaleiros colocou a mão contra o peito e respondeu com orgulho.

Os outros homens também assentiram furiosamente com olhares um tanto tontos.

"Ei, ei. Espero que a proteção de vocês também me inclua."

"Claro que sim. No entanto, um cavaleiro do calibre de Charles-sama nunca cometeria um erro grosseiro, mesmo que o inesperado acontecesse, não é? Pelo contrário, nós o estaríamos retendo."

"Hahaha, muito bem falado. Você tem uma boa língua aí.", Charles riu exageradamente.

"Querido, você não deveria voltar logo?", uma das mulheres se dirigiu a Charles.

"Hm, isso mesmo. Celia, trouxe Tenasina e as demais junto. Use esta oportunidade para conhecê-las bem, já que devo atender às instruções do desfile agora."

"Compreendo.", Celia assentiu respeitosamente.

"Bem, então eu devo partir agora. Tenasina, deixo o resto com você. Cuide de Celia.", deixando essas palavras para trás, Charles deixou a tenda com os outros cavaleiros.

"Sim, cuide-se, querido. Vou me certificar de ter uma conversa adequada com ela." A mulher chamada Tenasina e as outras mulheres baixaram a cabeça silenciosamente ao se despedir de Charles. Assim, as únicas que permaneceram na tenda foram o grupo de mulheres, ligadas entre si por meio de Charles Albor.

Quando Celia encontrou com o olhar de Tenasina, um estranho calafrio percorreu suas costas, mas ela decidiu convidar as senhoras para se sentarem primeiro. "Umm, Tenasina-sama... E todas as demais também. Por favor sentem-se. Você poderia conseguir chá e lanches suficientes para todas?"

Celia voltou-se para a atendente ao lado dela e lhe pediu que preparasse um chá.

"Bem, eu suponho. Não pretendo ficar muito tempo, mas também posso sentar.", Tenasina se sentou com um tom de voz contundente. As outras mulheres a seguiram silenciosamente, tomando seus assentos no que provavelmente era uma ordem predeterminada. Assim que ela confirmou que todas estavam sentadas, Celia moveu-se para se sentar.

"Você, fique parada aí.", ordenou Tenasina. "E você, atendente: depois de preparar o chá, vá dizer aos guardas para não deixar ninguém entrar por um tempo. Depois espere lá fora também."

".... Eh?", Celia e a acompanhante ficaram surpresas.

"Depressa.", ordenou Tenasina com uma voz levemente adornada com irritação, fazendo com que a acompanhante se apressasse em seus preparativos.

"S-Sim, senhora."

Com base no clima no ar, Celia optou por não se sentar, mas permanecer em pé.

"Acredito que já nos encontramos várias vezes, mas sou a primeira esposa, Tenasina. Esta será a primeira vez que nos vemos como um grupo de sete, suponho.", Tenasina começou a falar, enfatizando fortemente sua posição como primeira esposa. Todas as outras mulheres se encolheram silenciosamente enquanto se sentavam.

"Eu acredito que havia algumas garotas aqui que eram colega de classe e estudante de Celia...", Tenasina disse, olhando para duas garotas que pareciam ter a mesma idade de Celia. As mulheres presentes eram todas esposas de Charles, mas suas idades eram bastante dispersas.

Em comparação com Charles na casa dos trinta anos, Tenasina tinha exatamente trinta anos. Depois disso, as idades das esposas foram ficando mais jovens à medida que cresciam em número, e as garotas que eram colega de classe e aluna de Celia eram a quinta e a sexta esposas, respectivamente.

"Ela se formou saltando alguns anos, então passamos pouco tempo como colegas de classe..."

"E-Eu já tive aulas suas antes, sensei." As duas garotas responderam timidamente.

"Foi isso mesmo.", Tenasina assentiu brevemente. Nesse momento, a atendente voltou para colocar o chá e os doces na mesa, antes de sair prontamente da tenda. Assim que Tenasina confirmou isso, ela olhou para Celia.

"Bem, tenho certeza que você estava em uma posição mais elevada durante seu tempo na academia, e sua linhagem familiar pode ser melhor do que a dessas garotas também, mas uma vez que você se casar com Charles, você estará na posição mais baixa entre nós como sua sétima esposa. Normalmente, seria impossível para a filha mais velha de um conde ser a sétima esposa, evitando que tal problema ocorresse, mas parece que você é particularmente especial..., portanto, vou deixar tudo claro aqui e agora.", disse ela sem rodeios.

".... Claro. Eu entendo.", Celia assentiu obedientemente.

"Uma atitude admirável. Você é especial, mas isso não significa que pode interromper a hierarquia tradicional da família. Seria um problema se você entendesse mal isso. Obedeceremos à decisão de Charles de se casar com você, já que parece que Charles tomou um gostou particular por você, então você pode ser favorecida no início. No entanto, não toleraremos nenhum comportamento insolente. Esteja certa de nem pensar em fazer barulho sobre algo.", disse Tenasina asperamente. A garota ao lado dela também balançava a cabeça.

Em outras palavras, as esposas de posição mais elevada, incluindo Tenasina, temiam uma questão sobre o assunto da herança. Seguindo em ordem, a segunda e a terceira esposas teriam sido abençoadas com uma parte, mas com Celia, e seu alto posto na sociedade, aparecendo e potencialmente anulando isso, elas provavelmente estavam em pânico por dentro. Não era tão relevante para as esposas de posição inferior, mas ter Celia classificada abaixo delas deu mais um senso de superioridade e a impediu de conluiar com as outras.

Não era o tipo de tratamento que uma mulher criada como filha de um nobre de alta classe deveria ser capaz de aceitar, tanto em termos de lógica quanto de orgulho.

"Eu entendo, Tenasina-sama. E todas as demais também.... Eu sou inexperiente, então apreciaria muito se permitissem que eu me junte a sua camada social na posição mais baixa.", respondeu Celia humildemente, baixando a cabeça para todas presentes. Se ela teria que morar naquela casa pelo resto de sua vida, então ela queria que fosse o mais pacífico possível.

No entanto, a reação de Celia deve ter sido inesperada para as esposas existentes, já que Tenasina e as outras olharam para ela com dúvidas, provavelmente não acreditando que suas palavras fossem sinceras.

.... Talvez, eu me sinta doente por um tempo.

Imaginar sua vida daqui em diante encheu Celia de desespero. Ela estava acostumada a ficar sozinha, então ela podia suportar um certo grau de ostracismo da família, mas ela não tinha ninguém a quem pudesse expressar seus sentimentos, então sua resistência realmente teria um ponto de ruptura nesta situação.

Além disso, ela teria que se oferecer a uma pessoa que ela nem mesmo gostava — quando ele quisesse. Se essa vida continuasse para sempre, quem sabe se ela realmente conseguiria suportar...

Não iria esmagar seu coração?

Ela acabaria ficando dependente de Charles?

Isso mudaria a pessoa que ela tem sido até agora sem que ela percebesse?

Sem salvação à vista, Celia não pôde deixar de se sentir incrivelmente assustada.

Tenasina bufou pelo nariz, infeliz. "Hmph, que expressão terrível. Não vou permitir que você participe da cerimônia com essa aparência. Afinal, você ainda é uma noiva da família do duque Albor. Sorria mais amplamente.", ela disse asperamente.

"Sim, senhora.", Celia forçou um sorriso no rosto. Por alguma razão, ela teve dificuldade ao lembrar de como sorrir, mas tentou mesmo assim.

"C-Celia-sama, a primeira princesa Christina chegou. O que se deve fazer?", a atendente em pânico entrou e falou agitada.

"Você, o que é isso! Qual é o significado dessa insolência? Quem disse que você tinha permissão para entrar?", Tenasina se enfureceu com a garota. Ela deve ter ficado muito nervosa, pois sua expressão mostrava a compreensão de seu erro.

"Christina-sama... Por favor, permita que ela entre imediatamente.", no entanto, Celia não ligou para isso.

"S-Sim, senhora!", a garota saiu apressada da tenda.

"Você, quem deu permissão...", Tenasina franziu a testa pelas as ações de Celia.

".... Eu lamento. Mas se mantivéssemos a princesa real, Christina-sama, esperando enquanto conversávamos entre nós, isso não seria uma vergonha para o nome da família do duque Albor?", Celia ofereceu seu raciocínio lógico.

"Kuh...", Tenasina tentou dizer algo em uma expressão de indignação, mas ao sentir a presença de Christina perto da tenda, ela colocou um sorriso. Então, Cristina apareceu, guiada pela garota atendente que estava esperando do lado de fora.

"Obrigada por vir hoje, Christina-sama. Eu não esperava que a própria princesa fizesse uma visita, então me perdoe se minha recepção for um pouco precipitada ..."

Celia deixou Tenasina e as outras sozinhas por enquanto e cuidou de Christina em seu lugar. Ela estava ciente de que tinha basicamente garantido a animosidade de Tenasina, mas agora não era o momento para se preocupar com isso.

"Não, não se preocupe comigo. Afinal, optei por visitar sem avisar. Vim dar-lhe uma palavra de parabéns em nome do meu pai e da minha mãe. Você teria um minuto?", Christina perguntou a Celia enquanto olhava para o grupo de mulheres dentro da sala.

"Claro..."

"Por favor, sente-se aqui, Christina-sama. Ei, vá em frente, não fique parada, você deve ir para o canto da sala. Celia, você se senta aí.", Tenasina abafou a voz de Celia com a sua própria, assumindo a liderança da situação. Depois de mover as outras mulheres, que estavam congeladas de admiração, ela ordenou a Celia que se sentasse e astutamente tomou seu lugar ao lado de Celia.

".... Obrigada. Com licença.", Christina olhou para Tenasina com um olhar um tanto frio e se sentou.

"Não, estou honrada em poder encontrá-la em um lugar como este.", Tenasina disse de uma forma lisonjeira, colocando um sorriso decente.

"Não há muito tempo e gostaria de falar com Celia-sensei a sós. Posso pedir a vocês, senhoras, que saiam da sala?", Christina disse, insinuando fortemente como ela não tinha tempo para lidar com Tenasina e as outras.

".... Compreendo. Tenho certeza que as duas têm muito a discutir, então vamos nos despedir. Por favor, divirtam-se.", concordou Tenasina com um sorriso desconfortável estampado no rosto, e saiu da sala com as outras mulheres a seguindo.

"Você pode ir embora também. Fique de guarda do lado de fora e certifique-se de que ninguém mais entre.", disse Christina à atendente, que não sabia ao certo como proceder com seu dever.

"S-Sim!", a garota saiu com pressa.

"Que ridículo.", Christina suspirou e murmurou baixinho. "Sensei, já faz um tempo... Agora podemos conversar com calma. Não vai se sentar também?", ela ofereceu um assento a Celia com um tom mais gentil do que antes.

"Muito obrigada. Com licença, então. Há um pouco de chá recém preparado aqui, por favor sirva-se.", Celia agradeceu e serviu o chá, que havia sido deixado há pouco tempo, em uma xícara não utilizada. Ela ofereceu a Christina, antes de se sentar.

"Obrigada. O vestido de noiva fica muito bem em você, aliás. Celia-sensei está linda.... As mulheres de antes não podem se comparar a você.", Christina a elogiou, sorrindo levemente.

"N-Não, isso não é verdade. Estou ciente de que posso não ter encantos femininos, já que não pareço uma adulta madura.", Celia balançou a cabeça, descartando o pensamento como absurdo.

"Eu não acho que isso seja verdade. Acredito que qualquer homem que escolha aquelas mulheres de antes ao invés da Sensei é simplesmente cego.", Christina disse com uma risada, fazendo Celia sorrir alegremente.

"Ahaha, obrigada. Aceitarei esse elogio com gratidão."

".... Seu rosto está um pouco menos pálido do que quando eu entrei. Aquelas senhoras disseram algo desagradável para você?", Christina perguntou enquanto observava a expressão de Celia.

Celia esboçou um sorriso no rosto, sem vontade de reclamar. "Não, nada disso... Eu estava muito nervosa para dormir direito na noite passada. Mas ter Christina-sama aqui me fez sentir melhor rapidamente. Afinal, já faz um tempo que não nos vemos."

".... Desde que o duque Euguno levou Flora com ele, o duque Albor está me observando com atenção. É como uma prisão domiciliar, só que sob o nome de proteção. Não tenho conseguido sair do castelo recentemente, então depois de tudo, foi graças a Sensei que eu pude sair hoje. Embora haja incontáveis supervisores atuando como guardas do lado de fora...", o rosto de Christina escureceu de aborrecimento e ela falou baixinho.

"... Christina-sama deve ter sofrido também, Christina-sama.", Celia disse, franzindo a testa.

"Não, tudo sobre a minha situação atual é uma retribuição decorrente das falhas da família real... E essas falhas transferiram seus efeitos para a família do conde Claire e para Celia-sensei. Não tenho como compensar isso, mas permita-me pedir desculpas em nome da família real. Eu realmente sinto muito.", Christina disse em uma voz cheia de vergonha, inclinando a cabeça profundamente para Celia, que ficou surpresa.

"C-Christina-sama não deve fazer isso! A primeira princesa não deveria estar abaixando a cabeça para alguém tão descuidadamente! E eu nunca culpei ninguém pela minha situação atual... Este casamento é algo que decidi. Não há nada pelo que a princesa precise se desculpar.", Celia disse agitada.

"Não é descuidado. É pelos muitos problemas que causamos para a Sensei e para a família do conde Claire. Embora não seja oficial, pedirei desculpas pessoalmente tanto quanto puder.", disse Christina, continuando a baixar a cabeça para Celia.

"Mas não há nenhum motivo pelo qual se desculpar em primeiro lugar... Não há nada pelo que se desculpar.", disse Celia, desconfortavelmente. Claro, ela entendeu o que Christina estava tentando dizer, porque no que se refere ao conteúdo, elas não podiam discutir o assunto mais especificamente do que isso. Se alguém testemunhasse Christina inclinando a cabeça, ou mesmo percebesse um pouco de sua conversa vagamente formulada, seria um problema. Christina provavelmente entendia isso também, mas continuou falando.

".... Não posso dizer claramente, mas se tivesse que dizer, então, é porque seu sorriso foi arrebatado."

“…, não diga isso. Estou feliz, sabia? Afinal, estou prestes a me casar.", disse Celia com um sorriso, sem pensar, estendendo a mão para a bochecha. Talvez ela tenha ficado insegura se seu sorriso estava saindo corretamente.

"Na época em que frequentei a academia, eu realmente esperava ansiosamente pelas suas disciplinas eletivas, Sensei. Parte disso era que as eletivas eram as poucas aulas que eu poderia assistir com a Flora, que estava um ano abaixo, mas eu realmente a admirei como pessoa. É por isso que eu costumava te observar muito. Se meus olhos não me enganam, a Sensei de hoje é como um pássaro preso em uma gaiola, e a Sensei de antes era muito mais feliz. Acredito que Sensei saberia melhor o porquê disso…", Christina disse com pesar enquanto observava a expressão de Celia.

"É assim... Então é assim que parecia. Ahaha...", Celia sorriu tristemente e evitou responder.

Christina olhou fixamente para Celia. "Pode não ser de nenhuma salvação para a Sensei, mas se uma oportunidade de recuperar seu sorriso daquela época aparecer, eu acho que deveria aproveitar essa chance sem hesitar. Não posso fazer nada pela Sensei no meu estado atual, e pode acabar sendo uma promessa vazia, mas se a Sensei precisar da minha ajuda, juro fazer tudo ao meu alcance para ajudá-la. Basta dizer uma palavra.", ela disse seriamente.

".... Muito obrigada. Não há nada que possa fazer por mim, mas eu rezarei das sombras para que Christina-sama possa se reunir com Flora-sama mais uma vez.", disse Celia, sorrindo com apenas uma pequena dose de felicidade.

".... Sim.", a expressão de Christina se contorceu com culpa enquanto ela assentia.

◇ ◇ ◇

O desfile de casamento começou ao meio-dia.

O pelotão do desfile entrou na capital pela estrada principal ao sul, seguindo alegremente em direção ao Grande Templo para a cerimônia. Celia e Charles estavam viajando em uma extravagante carruagem puxada por cavalos, cercados por seis cavaleiros a cavalo e rodeada por um belo círculo externo de soldados de infantaria e músicos.

Charles Albor tinha o sorriso de um líder ao acenar com a mão para os civis parados à beira da estrada. Celia também estava sorrindo para os cidadãos que estavam à sua vista, acenando com a mão.

"Ooh, ela acenou de volta para mim!"

"Ela é tão linda, é como se ela fosse prata cintilante. Ela é como uma deusa!"

"Então você pode ter garotas tão lindas como esposas quando é um grande senhor, huh?"

A maior parte da atenção das pessoas foi direcionada para Celia; todos foram cativados por sua fantasiosa beleza.

"Ela é uma noiva prateada."

"Uma noiva prateada!"

"Viva a noiva prateada!"

"Eu a seguirei para sempre!"

E assim por diante. O apelido da noiva prateada se espalhou entre as pessoas. Charles deve ter ouvido as exclamações dos cidadãos, pois sua boca se abriu em um sorriso.

"Hou, uma Noiva Prateada, dizem. Não é um apelido ruim para uma criação improvisada pelas massas tolas. Bem, isso apenas mostra o quão bela e pecadora você é. Vê? Dê uma olhada. Todos estão me invejando por ter roubado o coração de Celia. Não teria sido assim com nenhuma outra mulher.", ele disse a Celia com uma expressão cheia de superioridade.

"Eu não acho que isso seja verdade...", Celia respondeu ansiosamente.

"Não, você realmente é linda. Mesmo agora, meu coração foi roubado por você. Nunca me senti tão apaixonado por uma única mulher em minha vida. Tenha orgulho de si mesma.", Charles disse, olhando para todo o corpo dela com um olhar acalorado.

".... Muito obrigada.", o corpo de Celia estremeceu, mas ela foi incapaz de se mover e permaneceu parada ali, impotente.

"Cada ação sua estimula fortemente meus instintos masculinos. É uma grande diferença para aquelas mulheres pragmáticas e calculistas. Saber que você é quase minha torna quase doloroso me conter. Suponho que primeiro desfrutarei de nosso beijo de votos no altar.", Charles disse em um tom que não pôde conter sua excitação, com um sorriso presunçoso em seu rosto.

".... Sim.", Celia assentiu, com seus batimentos cardíacos pulsando desagradavelmente. Era difícil descrever a sensação de repulsão girando em seu peito, algo diferente de nervosismo ou ansiedade. Ela não conseguia se imaginar beijando o homem ao lado dela e se tornando um casal.... Ela simplesmente não queria isso. Porém, o momento para isso acontecer estava quase chegando.

"Bem então, é hora de colocarmos as coisas em movimento.", Charles murmurou com satisfação enquanto observava os civis excitados e enviava um sinal para os cavaleiros a cavalo próximos à carruagem. Os cavaleiros que receberam o sinal sacaram suas espadas e as ergueram no ar.

"Salve a família do duque Albor! Glória a Charles Albor-sama!", eles gritaram em voz alta.

"Salve a família do duque Albor!"

"Glória a Charles Albor-sama!"

As outras pessoas no desfile começaram a cantar também, junto com os cidadãos da população em geral. A gritaria espalhou-se pelas massas em alta velocidade até que tanto os membros do desfile quanto a população em geral gritavam elogios extravagantes a Charles e sua casa. Charles riu para si mesmo.

"Você está surpresa? As pessoas precisam de um líder que possam compreender facilmente. Isso é o que lhes dá felicidade. Como o herdeiro do meu pai, eventualmente me tornarei esse líder. E você será minha esposa.", ele disse, sorrindo para Celia com expectativa.

"..." Celia não conseguiu encontrar palavras para responder. A única coisa que ela podia fazer era manter o sorriso no rosto.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, uma enorme multidão de participantes se aproximou do Grande Templo onde a cerimônia seria realizada. Todos esperavam ansiosamente pela chegada de Celia e dos outros no magnífico jardim ao ar livre.

Uma única estrada se estendia da entrada do templo, continuando em direção ao altar ao ar livre onde os votos cerimoniais deveriam ser feitos. O Grande Templo se erguia sobre o altar a uma curta distância, e uma festa deveria ser realizada no Grande Templo e no jardim ao ar livre após o término dos votos cerimoniais.

Rio se misturou com a multidão de participantes, Aishia estava descansando dentro dele em sua forma espiritual. Apenas aqueles convidados formalmente foram autorizados a entrar no terreno do templo, mas com mais de mil pessoas convidadas, não foi tão difícil para Rio se meter no meio da multidão. Ele ficou esperando pacientemente pela chegada de Celia.

Haruto, Celia está se aproximando. A voz de Aishia ecoou na parte de trás da cabeça de Rio.

Assim parece. Eu posso ouvir a comoção, Rio respondeu calmamente. O barulho da banda de música e os aplausos da multidão ecoavam à distância, mas o coração de Rio estava cheio de silêncio.

Haruto está bastante calmo, Aishia disse em um tom neutro.

Fui capaz de entender a situação da Sensei corretamente. Minha cabeça esfriou com o tempo, e eu sei o que quero fazer a respeito também. E tudo isso foi graças a Aishia. Rio sorriu gentilmente. "Obrigado."

Tudo que fiz foi alguma pesquisa. Não foi grande coisa.

Isso não é verdade. Se Aishia não estivesse aqui, eu não teria sido capaz de me informar completamente sobre a sequência de eventos que levou ao casamento da Sensei. Eu estaria perdido.

Mesmo se Haruto se perdesse, teria seguido em frente de qualquer maneira, Aishia afirmou sem hesitação.

.... Quem sabe. Afinal, sou um covarde. Eu poderia ter fugido. Os olhos de Rio se arregalaram levemente, hesitando enquanto dava um sorriso tenso.

Isso é apenas parte de estar perdido. Mesmo se estiver perdido, mesmo se estiver errado, Haruto tem a força para seguir adiante.

.... Obrigado. Me sinto um pouco mais confiante agora em relação ao que estou prestes a fazer. Vamos continuar esperando... Sensei deve chegar logo.

Sim, vamos esperar. Aishia assentiu. A partir daí uma pausa na conversa caiu entre os dois, enquanto esperavam silenciosamente pela aproximação do desfile.

Algum tempo depois, o pelotão do desfile finalmente entrou no terreno do Grande Templo com um pouco de agitação. Os visitantes que estavam esperando no terreno do templo aplaudiram com entusiasmo.

Os visitantes no terreno do templo gritaram para a carruagem que transportava Charles e Celia.

"Glória e honra ao Reino de Bertram, sustentado pela família do duque Albor!"

"Salve a família do duque Albor!"

"Glória a Charles Albor-sama!"

A maioria dos participantes eram nobres do reino — nobres da facção do duque Albor, isto é — o que explicava por que o humor deles era acolhedor. Da carruagem, Charles olhou para os participantes e sorriu com satisfação. Deviam ser todos rostos que ele reconhecia, já que acenava com a mão para cada um.

Enquanto isso, parada ao lado dele estava Celia, que apesar de ter um sorriso fugaz no rosto, ainda agia como a pura e graciosa, esposa sorridente.

Sensei... Rio observou Celia com uma expressão de dor no rosto. No entanto, ele havia se misturado completamente à multidão, então Celia não o notou. Rio não estava disposto a gritar "Sensei" em voz alta para atrair sua atenção, então a carruagem em que Celia estava continuou até o meio da estrada.

Haruto, devo ir agora? Aishia perguntou através de sua conexão telepática.

...Sim. Por favor, Aishia. Rio respirou fundo e concordou.

Entendido. Ao responder, Aishia saiu do corpo de Rio, ainda em sua forma espiritual.

Rio não era capaz de vê-la, mas já estava ciente de para onde ela estava indo, então ele dirigiu seu olhar naquela direção sem hesitar. Ela estava indo para a carruagem, onde Celia estava.

"?!" Celia estava sorrindo, acenando com a mão para os participantes, quando de repente, todo seu corpo estremeceu.

Ela olhou ao redor de uma maneira ligeiramente suspeita, antes de congelar completamente no lugar. A expressão dela mudou com um arquejo, e ela balançou a cabeça nervosa. Então, seus olhos se voltaram para onde Rio estava misturado com a multidão, como se soubesse que ele estava lá desde o início.

Seu olhar vagava tremulamente, enquanto vasculhava a área, mas ela finalmente travou a visão na figura de Rio entre as pessoas. Rio olhou fixamente para Celia, e quando seus olhos se encontraram, ele sorriu gentilmente.

"Por.… quê...?" A boca de Celia moveu-se minuciosamente. Então, sua expressão se contorceu de dor enquanto as lágrimas começavam a fluir de seus olhos.

Quando Rio viu o rosto de Celia chorando, ele deu meia-volta e deixou a multidão de pessoas.

◇ ◇ ◇

Pouco antes de Celia avistar Rio no meio da multidão...

Celia finalmente começou a se perceber como uma marionete ao enfrentar o desfile, concentrando-se em agir de maneira graciosa e amigável para não se equivocar e trazer problemas para sua família. Afinal, as pessoas que a parabenizavam estavam se divertindo e sorrindo com expressões maravilhosas. À medida que respondia a eles, Celia aos poucos se sentia como se tivesse sido abandonada pelo mundo.

Então, antes que ela percebesse, eles haviam chegado ao Grande Templo. No final da estrada, estendendo-se a partir da entrada, ficavam as escadas que conduziam ao altar exterior.

Ao lado das escadas ficavam os assentos VIP para pessoas de dentro e de fora do reino. Entre elas estavam membros da realeza como Cristina; a "Espada do Rei", conhecido por ser o mais forte de Bertram, o comandante da Guarda Real, Alfred Emal; e o embaixador do Império Proxia que tinha uma conexão pessoal com Charles, Reiss.

Por último, mas não menos importante, de pé abaixo do altar um pouco antes da escada estava um único garoto vestido com roupas de herói, com seu cabelo loiro esvoaçando ao vento, enquanto dava um sorriso refrescante. Ele estava entre o meio e o final de sua adolescência.

Celia sabia quem ele era; embora nunca o tivesse encontrado diretamente, ela o tinha visto uma vez de longe, quando houve uma comoção sobre um herói sendo invocado no castelo.

Ele era o herói que havia sido invocado pela pedra espiritual mantida pelo Reino de Bertram — Rui Shigekura.

Suas características faciais e cor de cabelo eram diferentes das dos amigos com quem ele havia sido invocado. De acordo com ele, isso era porque ele era "meio-caucasiano".

Rui Shigekura estava esperando na base das escadas do altar porque Charles havia arranjado para que a validade do casamento fosse solidificada através da participação de um herói — um servo dos Seis Deuses Sábios — dando sua aprovação direta. Como resultado, uma vez que o reconhecimento do herói fosse dado, não haveria como impedir o casamento.

Mesmo enquanto sorria e acenava de forma amigável, Celia se encolheu com a realidade que se aproximava diante dela.

Celia. A voz de uma garota desconhecida de repente soou na cabeça de Celia.

"?!" Celia estremeceu de susto.

No momento, estou falando com você, me conectando diretamente à sua mente. Não há tempo, então não tenha medo. A garota desconhecida de repente começou a falar.

Q-Quem é você? Celia olhou em volta em dúvida.

Meu nome é Aishia. Haruto.... Não, Rio me pediu para falar assim com você.

R... Rio? Celia congelou.

Olhe para trás à sua esquerda.

Não me diga...?! A expressão de Celia mudou com uma arfada enquanto ela olhava na direção que lhe foi dita.

Um pouco mais à frente.... Sim, por ali.

Celia moveu o olhar, verificando cada rosto das pessoas que estavam entre a multidão.

... Rio. Celia avistou Rio misturando-se com as massas. Ele sorriu gentilmente para ela.

"Por.… quê...?" Ele tinha vindo. Mesmo ela dizendo a ele para não vir.... Mesmo ela não querendo que ele viesse. Mesmo ele sendo o único que ela não queria que testemunhasse a visão de seu casamento com Charles.

Incapaz de olhar diretamente para o rosto de Rio, as lágrimas começaram a escapar dos olhos de Celia antes que ela percebesse. Mesmo sabendo que não deveria chorar, suas lágrimas não paravam.

".... Ei, ei, qual é o problema, Celia? Você foi às lágrimas de felicidade?", Charles foi pego de surpresa pela visão repentina das lágrimas de Celia. Ele a questionou com curiosidade.

Diga apropriadamente como está se sentindo, a voz de Aishia ecoou.

Celia hesitou, esfregou os olhos furiosamente e respondeu a Charles. ".... Ah, umm, não tenho certeza. Há felicidade, e muitas outras emoções, misturadas."

Não foi um comentário que ela fez pensando que tinha que obedecer às ordens de Aishia. Ao contrário, foram palavras que sua cabeça confusa havia deixado escapar.

Eram os verdadeiros sentimentos dela.

Felicidade em ver o rosto de Rio novamente, raiva por ele ter vindo quando ela disse para ele não vir, repulsa pela forma como ela estava sendo mostrada ao lado de um homem que ela nem mesmo gostava, e uma complicada mistura de outras emoções também.

Mesmo assim, a emoção mais proeminente que ocupava o peito de Celia era a felicidade de ver o rosto de Rio. Ela tinha acreditado que eles nunca se encontrariam de novo depois que o afastou, mas ela estava insuportavelmente feliz em ver o rosto de Rio novamente.

"Fufufu, eu entendo. Então você queria tanto ficar comigo...", Charles interpretou mal o estado emocional de Celia de uma forma que fosse conveniente para ele e sorriu maliciosamente, com um sorriso que estava cheio de narcisismo. "Vamos, Celia. Não fique tão deprimida. Todo mundo está assistindo.", ele encorajou, bancando o bom marido.

Não era raro que uma noiva e um noivo começassem a chorar emocionados durante a cerimônia, então os participantes observaram Celia com sorrisos gentis.

Este é um bom ato. Isso deve ser o quanto Celia está feliz por se casar comigo. Charles riu, satisfeito consigo mesmo, enquanto olhava para os participantes reunidos ao redor deles. Enquanto fazia isso, o cavalo que puxava a carruagem em que viajava se aproximou das escadas do altar.

Aqui, Celia finalmente levantou a cabeça depois de chorar por algum tempo. Ela enxugou as lágrimas e olhou em direção ao ponto onde Rio estava antes, mas ele já não estava em nenhum lugar à vista.

.... Eh? Onde está o Rio? O olhar de Celia vagou em pânico.

Ei, umm... Aishia, pode me ouvir? Ela perguntou em sua cabeça, mas não houve resposta.

Ei, pode me ouvir? Para onde o Rio foi? Celia perguntou com o rosto pálido, mas ainda não houve resposta de Aishia.

Foi... uma ilusão? Mas, isso não pode ser.…?! Celia de repente se sentiu muito ansiosa. Sentindo medo do desaparecimento de Rio, ela olhou para os participantes de trás, procurando por ele.

"Celia, em breve estaremos onde o Herói-sama está." Antes que ela percebesse, a carruagem em que Celia estava havia chegado na escada onde o herói estava esperando. Parou um pouco longe de Rui, e os cavaleiros de guarda moveram-se para anexar uma escada ao final da carruagem. Eles estariam se movendo a pé a partir daqui.

"Tudo bem, vamos descer.", disse Charles, estendendo uma mão pomposa para Celia.

"Quem é você?! Pare!" Um soldado de infantaria que protegia a traseira da carruagem de repente ergueu a voz. Os esquadrões no desfile tornaram-se instantaneamente barulhentos. Os participantes da cerimônia também fizeram alvoroço, voltando os olhos para o que se passava nos esquadrões que formavam a retaguarda do desfile.

"O que está acontecendo?!" O líder do esquadrão que estava protegendo a frente da carruagem de Celia gritou para o esquadrão da retaguarda. Da carruagem, Celia também se virou para olhar para trás em pânico.

"I-Intruso! Ele de repente se meteu no meio do nosso esquadrão!", uma resposta em pânico veio de trás.

"Eh?" Celia testemunhou uma sombra entrelaçando por entre a multidão, aproximando-se da carruagem. O líder do esquadrão a cavalo ao lado dela também pareceu notar a sombra negra.

"S-Se espalhem para o lado e formem uma parede única! Não deixem ele se aproximar!", ele ordenou agitado. Os soldados na área rapidamente entraram em formação, formando uma única linha horizontal como uma parede humana, segurando as lanças nas mãos.

Enquanto isso, a sombra negra continuou a tecer para dentro e para fora do esquadrão, continuamente indo em direção à parede de soldados. Depois que a figura estava a uma certa distância da carruagem, ele saiu para uma área que os soldados haviam deixado aberta.

"Esquadrão de Magos, detenham-no!", o líder do esquadrão de cavaleiros ordenou aos magos que estavam incluídos no desfile. Os magos moveram-se rapidamente, apontando seus cetros pelas brechas entre os soldados que formavam a parede humana e recitando para lançar uma magia ofensiva de subjugação.

"Photon Bullet!"

Imediatamente, círculos mágicos de luz foram desenhados no ar, na ponta dos cetros, e a fórmula mágica disparou uma quantidade infinita de balas de fótons em direção à sombra negra. Ao mesmo tempo, os participantes parados na beira da estrada começaram a gritar. Imaginar o que aconteceria a seguir poderia fazer com que algumas pessoas desviassem o olhar, enquanto alguns olhariam acaloradamente para a comoção repentina.

"Quê?!" Todos os presentes ficaram pasmos. Habilidosamente, a sombra negra ia da esquerda para a direita, evitando levemente a onda de balas de luz. Então, uma vez que estava a alguns metros de distância da parede de soldados, ela saltou bem alto e facilmente cruzou sobre suas cabeças.

"E-Ele pulou?!"

A linha de defesa improvisada entrou em caos, reduzindo muito o número de soldados obstruindo a sombra negra da carruagem em que Celia estava. A sombra negra pousou no chão, agachando-se para matar a força do impacto, parou cerca de dez metros antes da carruagem onde Celia e Charles estavam, e ajustou sua postura. Sua figura isolada era claramente a de um humano, mas um sobretudo preto cobria todo o seu corpo e o capuz cuidadosamente cobria seu rosto inteiro.

"Q-Que habilidade física...", os soldados na área engoliram a respiração com medo.

As profundezas do capuz da sombra negra olhavam diretamente para Celia. O olhar de Celia também foi atraído para as profundezas do capuz e ela arregalou os olhos em choque.

A sombra negra imediatamente ajustou seu capuz para prendê-lo e começou a correr.

O líder do esquadrão que protegia a carruagem recuperou os sentidos primeiro e deu ordens aos outros cavaleiros. "Protejam aos dois! Baixem de seus cavalos! Enchantment Physical Ability!"

"Enchantment Physical Ability!" Os outros cavaleiros também voltaram aos seus sentidos e recitaram o feitiço, saltando de seus cavalos.

"Vocês, diminuam a velocidade dele!", o líder do esquadrão ordenou que os poucos soldados de infantaria restantes parassem no caminho em um tom áspero. Ele deve ter percebido que eles não eram páreo para a figura, já que sua ordem era uma forma indireta de pedir que eles ganhassem tempo.

Os soldados próximos atacaram agitados a sombra negra, mas com certeza, eles não eram nada mais do que um obstáculo irritante para ele. Os soldados conseguiram tempo suficiente para os cavaleiros entrarem em posição de batalha.

"Saquem suas espadas! Cerquem e capturem-no! Não me importo se tomam um ou dois braços enquanto fazem isso. Ensinaremos a este rufião que pensa que pode se intrometer nesta cerimônia gloriosa uma ou duas coisas sobre o prestígio deste reino! Vamos!", o cavaleiro líder declarou em voz alta enquanto apontava sua espada para a sombra negra, e os cavaleiros começaram o contra-ataque com movimentos perfeitos.

O líder e outro cavaleiro permaneceram na parte de trás para tomar cuidado com seu salto, enquanto os quatro cavaleiros restantes cercaram a sombra negra e o atacaram. Ver aquela cena fez Celia tremer de medo.

Charles olhou para a sombra negra com olhos que não escondiam nenhum pouco seu desdém e falou para Celia com forte confiança. "Vai ficar tudo bem, Celia. Como eu disse antes da cerimônia, eles são a elite da elite do nosso reino. Tanto sua linhagem quanto suas habilidades provaram ser verdadeiras.", isso mostrava quanta fé ele tinha em seus subordinados.

"Não há como um bandido sem lei conseguir superar... Quê?!", a boca de Charles caiu aberta em choque enquanto ele testemunhava o que estava acontecendo diante dele. Os olhos de Celia também se arregalaram de espanto.

◇ ◇ ◇

A figura negra não mostrou nenhum sinal de covardia ao enfrentar desarmado os seis cavaleiros.

"Não me subestime!" Os quatro cavaleiros na frente se enfureceram com a figura negra desarmada, cada um exercendo mais força nas mãos em que seguravam suas espadas. Eles avaliaram o espaço entre eles e tentaram encará-lo de frente e pelos lados.

"O quê... Gah?!" Dos dois cavaleiros da frente, o da esquerda foi atacado repentinamente sem aviso. O cavaleiro sentiu a armadura dourada que o protegia dobrar antes que ele fosse facilmente lançado, voando vários metros. A exibição de velocidade e brusquidão do ataque surpresa deixou os três cavaleiros restantes na formação do círculo congelados por um momento.

A figura negra não deixou aquele momento de fraqueza escapar. Ele parou a espada que o cavaleiro da esquerda tentava golpear com as próprias mãos, então dispersou aquela energia cinética enquanto torcia a lâmina bruscamente. Quando o cavaleiro largou a espada sem pensar, imediatamente ele deu um passo à frente e lhe acertou uma joelhada no estômago.

"Guh?!" Em poucos segundos, o segundo cavaleiro foi derrotado e lançado voando pelo ar. Imediatamente depois, a figura negra se virou e correu em direção às duas figuras restantes.

"N-Nós vamos apoiar vocês!" Os dois cavaleiros que estavam na retaguarda como apoio correram para se juntar à guarda da frente em pânico, mas a figura negra já havia alcançado os dois cavaleiros da frente.

O intruso fechou descuidadamente o espaço entre eles, mas os dois cavaleiros da guarda da frente não hesitaram mais em brandir as espadas.

"Guh..." A figura negra viu a trajetória dos ataques cortantes dos dois cavaleiros e saltou corajosamente para evitá-los, aproximando-se de um dos cavaleiros e acertando um chute para nocautear seu oponente de só um golpe.

"Gah..." Em resposta, o cavaleiro restante oscilou sua espada verticalmente em uma tentativa de contra-atacar, mas a figura negra desviou para a direita para escapar da espada e lançou um golpe de interrupção com seu punho. O cavaleiro foi lançado para longe e tornado incapaz de combate como os outros cavaleiros da guarda frontal.

Agora, os únicos cavaleiros restantes eram os dois que estavam esperando como apoio. Vendo como os quatro cavaleiros da guarda frontal foram eliminados antes que pudessem se juntar a eles, os cavaleiros diminuíram a velocidade drasticamente.

A figura negra ajustou o capuz com mais segurança e começou a correr. Ele estava se dirigindo para a carruagem atrás dos dois cavaleiros — onde Celia estava. "Lá vem ele!", o capitão do esquadrão de cavaleiros, que estava na retaguarda, se preparou para bloquear o caminho da figura negra.

"Haaah!", o outro cavaleiro da retaguarda gritou enquanto começava a correr. Ele passou pelo capitão do esquadrão de cavaleiros e foi direto para a figura negra.

"Seu idiota, espere!", o capitão cavaleiro gritou com seu subordinado, agitado. Mas era tarde demais.

A figura negra saltou em direção ao cavaleiro atacante e girou no ar para escapar de seu ataque, antes de enroscar as pernas em volta do pescoço do oponente.

"Quê?!" O cavaleiro com o pescoço enroscado perdeu imediatamente o equilíbrio com a força e o peso da figura negra. A figura negra usou o impulso de seu salto para tomar controle da postura do cavaleiro e golpeá-lo, jogando o corpo do cavaleiro no capitão cavaleiro à sua frente.

"Kuh?!" O cavaleiro capitão saltou para o lado em pânico, evitando o corpo que veio voando. No entanto, a figura negra aproveitou o momento para pousar no chão e ajustar sua postura, aproximando-se imediatamente do cavaleiro capitão e dando um golpe com o cotovelo nele. O capitão cavaleiro foi lançado longe; ele rolou no chão, gemendo.

Apenas alguns momentos se passaram desde que ele entrou em contato com os cavaleiros guardas, mas não havia ninguém parado no caminho entre a figura negra e a carruagem em que Celia estava.

A figura negra não perdeu a oportunidade de correr em direção à carruagem mais uma vez. Ele saltou bem alto na frente da carruagem e aterrissou graciosamente bem diante de Celia e Charles.

"S-Seu— Gah, hah?!", Charles foi socar a figura negra, mas foi facilmente jogado contra o piso da carruagem. Isso deixou Celia e a figura negra como os únicos de pé na carruagem.

"Ah, e~tto... Eh?", Celia se encolheu onde estava, quando a figura negra tirou uma daga de seu bolso. Depois, ele prendeu os braços dela atrás das costas e segurou a daga em seu pescoço.

"O que?!" Aqueles que testemunharam a visão ficaram boquiabertos de terror. Celia também não sabia o que estava acontecendo, o que a fez se encolher ainda mais.

"B-Bastardo! Solte Celia! O que— Gah!!" Quando Charles percebeu que Celia havia sido feita refém, ele gritou em choque. No entanto, a figura negra manteve Celia abraçada enquanto pisava nas costas de Charles, e com o impacto de bater o peito quando jogado, Charles começou a tossir no meio do caminho.

"Celia-chan! Ei, alguém salve minha filha!" O pai de Celia, Roland Claire, saltou de sua posição na área dos assentos da família, perto da escada que conduzia ao altar e gritou, com a expressão empalidecendo.

"Kuh, aquele idiota, envergonhando a família...", duque Albor se aproximou também, contorcendo o rosto de aborrecimento com a visão vergonhosa de seu filho.

"E-Esperem, por favor! Os dois, é muito perigoso. Não provoquem o bandido!", os soldados correram para deter os passos do conde Claire e do duque Albor.

"Eei! Me solte! Você não me disse que suas medidas de segurança eram perfeitas?!", Roland lamentou, respirando com dificuldade. Nesse ínterim, a figura negra confirmou a situação ao redor deles através de seu capuz.

Celia-sensei — sou eu, Rio. Peço desculpas pela confusão, mas queria aproveitar a oportunidade para falar com você enquanto nosso ambiente está mergulhado em confusão. Se pudesse ficar em silêncio por um momento, eu apreciaria muito, ele falou com Celia através das artes espirituais telepáticas.

"?!" Celia engasgou e enrijeceu o rosto. No entanto, ela parecia ter construído alguma resistência ao choque da telepatia através de seu encontro anterior com Aishia, já que parecia aceitar a situação sem muita reação. Ela esperou pelas palavras de Rio com um olhar preocupado.

Bem, estou me comunicando com a mente da Sensei por um método chamado telepatia. Isso não pode ser usado sem contato direto com o outro, portanto, permaneça contida assim por um tempo. Também atuará como um controle ao nosso redor. Se a Sensei pensar seus pensamentos com força e clareza, eles chegarão a mim também, então se tiver alguma dúvida... Rio começou a explicar para Celia, embora desconfie de seus arredores.

Então foi realmente culpa sua, não foi?! Qual o significado disso?! Celia questionou Rio sem um momento de hesitação. Mas antes que Rio pudesse responder, Charles se cansou a seus pés e começou a fazer barulho.

"B-Bastardo! Por quanto tempo você pretende me usar como apoio para os pés?! Quem te enviou? O que você quer?!"

Rio suspirou baixinho. "Silêncio. Eu tenho uma vendeta contra você. Estou considerando minhas opções agora e, bem, honestamente eu não me importo de simplesmente esmagar sua espinha assim.", disse ele, colocando mais força no pé sobre Charles.

E-Espere, Rio?!

Não se preocupe — eu não vou matar ninguém. É uma atuação para distrair, porque ele é um pouco intrometido.

S-Sim... Celia acenou timidamente com a explicação de Rio.

"Guh..." Charles deve ter percebido como o peso em suas costas estava ameaçando sua vida e imediatamente ficou em silêncio.

Enquanto isso, os arredores estavam em um caos extremo, com pessoas tentando evacuar os participantes enquanto tentavam cercar a carruagem. No entanto, eles pareciam temer pela segurança de Celia e Charles que haviam sido feitos reféns, pois não tentaram nenhuma ação ousada.

Rio decidiu aproveitar esse tempo para continuar sua explicação. Não há tempo, então deixe-me dizer isso rapidamente: quero ouvir mais uma vez quais são os verdadeiros sentimentos da Sensei, antes de se casar. É por isso que vim, ele disse terminantemente.

O-O que quer dizer com "é por isso"? O que está pensando, fazendo algo assim?! Você será capturado, você sabe!! Celia gritou em pânico.

Eu disse que queria ouvir quais são os verdadeiros sentimentos da Sensei. Mesmo assim, Rio não mostrou nenhum sinal de impaciência enquanto falava em um tom firme.

I-Isso é.… eu te disse, eu .... Pressionada pela determinação de Rio, o rosto de Celia caiu com desgosto.

Não posso ser enganado. Vim aqui sabendo quase toda a história por trás desse casamento político. Sobre como a casa do conde Claire foi colocada sob certa suspeita, que a casa do duque Albor quase ameaçou. Eu entendo porque a Sensei foi colocada nesta situação.

?! O-Onde ouviu isso?! Celia engasgou, sua expressão estava mudando.

Eu cruzei uma ponte perigosa..., mas nada disso importa agora. Rio rejeitou sua pergunta secamente.

I-Isso deveria importar.... Havia muitas coisas que ela queria perguntar nessa breve troca de palavras de agora, mas a forte atitude de Rio deixou Celia sem palavras.

.... Não vai me dizer, por favor? Supondo que não houvesse necessidade da Sensei se sacrificar, ainda gostaria de se casar com esse homem? Isso é tudo que eu queria perguntar, Rio perguntou suavemente enquanto olhava para Charles abaixo dele, quase como se pudesse ver através do coração de Celia.

O que vai fazer... depois que eu responder? Celia perguntou de forma fraca e tímida.

Se a Sensei desejar, vou interromper este casamento. Assim como a Sensei prontamente aceitou este casamento político, prontamente aceitei minha escolha de fazer isso antes de vir para cá, disse Rio com determinação.

.... Você está sendo muito autoritário.

Estou totalmente ciente de como estou sendo autoritário e contundente. Eu já ultrapassei essa linha interferindo no casamento em primeiro lugar.

Se você entende isso, por que.... Por que está fazendo uma coisa dessas? Celia perguntou timidamente.

Porque eu não conseguia aceitar. Sensei é muito importante para mim — se eu não tivesse vindo hoje, neste momento, eu teria me arrependido pelo resto da minha vida. Não quero perder as pessoas que são mais importantes para mim sem fazer nada a respeito.... Já perdi coisas importantes para mim e me arrependo um pouco. Uma vez que algo é perdido, você nunca mais pode recuperá-lo, mas... ainda há tempo antes da Sensei perder.

A declaração de Rio foi quase galantemente egocêntrica.

...! Por alguma razão, Celia sentiu um certo peso nisso; as palavras de Rio ressoaram profundamente em seu peito. Não posso apenas sentar e assistir enquanto a dignidade da Sensei é pisoteada pelo resto de sua vida. Sensei acabará se tornando feliz neste casamento? Se puder me dizer que vai, deixarei este lugar em silêncio. Eu nunca vou aparecer diante da Sensei novamente, Rio disse simplesmente.

Se Celia tinha a resolução e confiança para afirmar que ela seria feliz, então Rio estava tão pronto e determinado a recuar. Mas se ela hesitasse.... Bem, essa era uma história diferente. Foi uma abordagem autoritária e contundente, mas Rio faria do jeito dele.

Isso é.…! Celia estava claramente vacilando.

Sensei está hesitando. Isso é o que parece para mim, Rio declarou sem rodeios.

M-Mas pode ser que meu processo de pensamento esteja errado. Posso causar tantos problemas para outras pessoas se priorizar meus próprios sentimentos.... Essa é realmente a coisa certa a fazer?! Disse Celia, apelando desesperadamente para sua própria indecisão. De certa forma, ela estava confessando seus verdadeiros pensamentos sobre como ela não queria que esse casamento acontecesse de uma forma um tanto indireta.

Rio mostrou o mínimo indício de um sorriso e sacudiu a cabeça. .... Eu não sei. No entanto, se esse casamento realmente fosse a coisa certa a se fazer, então Sensei não estaria fazendo essa cara.

Uum... O coração de Celia foi profundamente atingido por suas palavras, enquanto seu rosto se distorcia à beira das lágrimas.

Sensei, por favor me diga. Eu vou conceder o desejo da Sensei; mesmo que seja uma forma agressiva de fazer isso, adquiri poder suficiente para ver através dela. Então por favor... não desista, disse Rio em tom tranquilizador.

O que foi isso...? Até mesmo Celia não pôde evitar rir amargamente, como se ela estivesse surpresa com suas palavras. Se eu dissesse que não quero me casar, o que você faria? Ela perguntou fracamente.

.... Eu sequestraria a Sensei e fugiria daqui. Não sei se a posição da casa do conde Claire vai subir por causa disso, mas, pelo menos, não fará com que sejam perseguidos por responsabilidades. Com a noiva sendo sequestrada perante o público geral, o cancelamento do casamento seria inevitável. Não haveria forma lógica de colocar a culpa na família do conde Claire. Ao contrário, a responsabilidade recairia sobre os ombros da segurança, o que faria com que a família do duque Albor recebesse o peso das críticas, explicou Rio.

Você já bagunçou esse tanto a situação.... Parece que realmente tem a confiança para ser capaz de fazer algo assim, disse Celia, mordendo o lábio inferior. Ela não sentiu qualquer dúvida sobre a declaração de Rio sobre sequestrá-la, mas sua expressão mostrou uma leve hesitação. Ela deve ter se sentido culpada com a ideia de abandonar suas responsabilidades para com sua família e a sociedade nobre, afinal.

Rio parecia ver através dessas preocupações dela. Sensei não acha que já cumpriu o mínimo de seu objetivo original de se casar com Charles? Claro, Sensei estará se isolando de sua família e da sociedade nobre se deixar este reino, mas eu irei ajudá-la tanto quanto possível para restabelecer seu status de nobreza e reuni-la com sua família, se assim desejar, disse ele. Mesmo que Celia fosse sequestrada aqui, um certo nível de conexão social já havia sido formado entre as duas famílias e, embora não fosse impossível, definitivamente seria difícil para a família Albor abandonar a família Claire neste momento.

Ahaha... fugir daqui e depois tentar restaurar tudo do jeito que era... não é um pouco esperançoso? Ou melhor, conveniente demais para mim, me pergunto... Celia riu baixinho e sem confiança.

Não. Se for a Sensei, é definitivamente possível. Sensei poderá pôr tudo de volta onde deveria estar, Rio afirmou em tom seguro. Foi incrivelmente direto, expressando sua confiança e expectativas claras em relação a Celia.

Celia estava tão feliz que podia chorar; foi como se seu coração sombrio tivesse clareado em um instante. Ela certamente sentiu que qualquer coisa poderia ser feita neste exato momento.

...

Isso é tudo que eu tinha a dizer. Foi uma conversa prolixa, mas no final, sua vida é sua, Sensei. Mesmo se eu decidir falar contra isso, não a forçarei a fazer nada. Então, por favor Sensei — tome a decisão final. Embora... essas não sejam palavras que eu deveria dizer com uma daga apontada para você. Rio sorriu fracamente.

Ei, Rio. Disse Celia, com o coração já decidido.

Sim? Rio respondeu, esperando sua resposta.

Leve-me para longe daqui. Para fora da capital.

Com isso, o pássaro enjaulado foi libertado. Essas palavras eram, sem dúvida, os verdadeiros sentimentos de Celia.

Deixe comigo. Rio assentiu com determinação, e felicidade fluindo do fundo de seu coração.





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