Capítulo 5: Males Espreitando Por Perto

 Enquanto isso, quando Rio jantava com Liselotte em sua propriedade, a convite dela...

Alphonse Rodan havia pedido desculpas ao Rio, se separado de Stead Euguno e estava visitando as florestas a oeste de Amande com alguns outros cavaleiros.

Alphonse estava caminhando ao longo da estrada para o oeste; seu objetivo era, é claro, investigar a causa das várias aparições de monstros e confirmar que não havia mais monstros selvagens à espreita na floresta. Em outras palavras, um reconhecimento em vigor. A pedido do duque Euguno, um grupo avançado foi formado consistindo principalmente de cavaleiros viajando junto com eles, os quais ele foi convidado a se juntar em sua missão.

A propósito, Stead foi confinado à prisão domiciliar por ordem do duque Euguno, permanecendo na mansão. O fato de ele ter dado a Alphonse a chance de limpar seu nome, mas não ao seu próprio filho, foi provavelmente porque ele mostrou consideração pela casa do marquês Rodan.

Foda-se! Eu nunca vou esquecer isso — eu nunca vou perdoar isso! Me fazendo ser desmoralizado assim... Alphonse guardava um rancor irracional e profundo. Rio, o duque Euguno, Aishia, Celia, Liselotte, Aria... ele não podia deixar de sentir tanto ódio por todos os fatores que impediam o que ele queria.

Por que eu tive que me desculpar com aquele plebeu imundo de qualquer maneira?! Ele estava engavetando completamente o fato de ter causado o problema, embora ele possa nunca ter considerado um problema para começar, já que ele pensava que era um humano da classe privilegiada.

Os plebeus deveriam calar a boca e fazer o que dizemos. Aquelas garotas também — elas deviam ter ficado gratas pela gente ter se dado ao trabalho de colocar nossos olhos nelas. Se achando demais por parecerem um pouco atraentes... A raiva de Alphonse não se acalmou. No tempo entre se curvar aos pés de Rio e se mover para a floresta, ele continuamente fervia de raiva.

Claro, seu pedido de desculpas foi apenas para aparências. Mesmo que fosse apenas na aparência, ele havia demonstrado intenção de se desculpar por seu comportamento. A intervenção do duque Euguno significou que um contrato de acordo foi formado.

Alphonse não podia mais tocar Rio e as garotas. Em outras palavras — ele foi totalmente derrotado. Além disso, o duque Euguno o estampou como uma pessoa incompetente.

Merda, merda, merda, merda! Eu não sou culpado! Eu não sou incompetente! Alphonse não conseguia perdoar a situação atual. Um indivíduo talentoso e de classe alta como ele não conseguia aceitar o fato de estar sendo totalmente rejeitado pela sociedade.

... O primeiro é aquele maldito duque. Só observe, seu velho idiota. Vou te mostrar o que valho. Um forte desejo de provar a si mesmo estava crescendo dentro de Alphonse ao lado de sua raiva. Ele queria tanto provar que o duque Euguno estava errado que ele mal conseguia aguentar.

Definitivamente vou conseguir algo aqui. Alphonse nutria suas ambições com entusiasmo. Ele estava olhando para a floresta ao redor, procurando por um alvo contra o qual desafogar sua amargura.

"Ei, Alphonse. Você está inquieto há algum tempo. Eu entendo que esteja irritado por ter sido repreendido, mas estamos no meio da missão agora. Coloque sua cabeça na zona.", o comandante do esquadrão de investigação foi incapaz de ignorar o mau humor de Alphonse e lhe deu um aviso.

"Tch.", Alphonse estalou a língua. O cavaleiro comandante estava em seus vinte e poucos anos, normalmente agindo como o vice comandante dos guardas de elite de Flora, mas a família de Alphonse era de uma classe mais alta. Qualquer discurso de uma pessoa de status social inferior cairia apenas nos ouvidos surdos de Alphonse no momento.

".... Ei, eu não gosto da sua atitude.", o cavaleiro comandante franziu a testa. Mesmo que Alphonse fosse de uma casa melhor, ele estava numa posição militar superior e orgulhoso de obter essa posição por meio de suas próprias habilidades.

"Essa não era minha intenção. Estou apenas no limite do meu ódio pelos monstros. Mais importante ainda, por quanto tempo vamos caminhar nesta estrada? Vamos para a floresta logo.", Alphonse bufou com uma atitude rebelde.

".... Somos apenas um grupo avançado enviado para fortalecer a patrulha de guarda. O reconhecimento em vigor faz parte da nossa missão, mas o nosso objetivo não é exterminar os monstros.", respondeu o cavaleiro comandante com uma voz infeliz.

Com isso, os cavaleiros que formaram linhas enquanto guardavam seus arredores começaram a ser distraídos pela conversa de Alphonse e o comandante.

"Você diz isso, mas e se um minotauro aparecer na cidade?", Alphonse objetou com uma atitude mais agressiva do que o normal.

"Pare já com isso. É por isso que atualmente estamos fortalecendo a segurança da cidade. Não é algo para um mero soldado de infantaria como você se preocupar. Basta seguir suas ordens.", o cavaleiro comandante repreendeu Alphonse um pouco duramente.

"Hmph, que covarde...", Alphonse murmurou baixinho.

"E aqui estava eu sendo considerado, já que você claramente ainda é uma criança. Gostaria de ir sozinho para a floresta? Você pode ser capaz de encontrar um minotauro, como parece desejar.", o cavaleiro comandante finalmente pareceu explodir, argumentando agressivamente.

"Kuh...", Alphonse franziu a testa profundamente. Não importa o quão cabeça quente estava por causa da raiva, ele não era tolo o suficiente para pensar que poderia derrotar um minotauro sozinho.

"Isso será desnecessário.", do nada, a voz de um homem desconhecido ecoou alto.

"Quem está aí?!", os cavaleiros olharam em volta com pressa. Dois homens surgiram da floresta, pisando na estrada. Um deles era Reiss, usando um capuz preto para cobrir sua aparência, e o outro ousadamente exibia seu rosto por completo. O homem com o rosto revelado parecia estar em seus melhores anos de adulto, com uma espada pendurada em sua cintura e em uma roupa apropriada para um mercenário. Seu nome era Lucius. Embora suas características faciais eram refinadas, ele emitia uma aura selvagem cheia de confiança e espírito.

"Não há monstros na floresta agora.", Lucius disse, se aproximando dos cavaleiros sem hesitação. Uma vez que ele estava a dez metros dos cavaleiros, o cavaleiro comandante gritou uma ordem com voz severa.

"Alto!"

"Certo, certo.", Lucius obedeceu.

"Vocês são aventureiros de Amande?", perguntou o cavaleiro comandante.

"Não, estão errados.", Lucius balançou a cabeça casualmente.

".... Que cara suspeito. Então o que vocês estavam fazendo na floresta?", os cavaleiros fixaram seus olhares duvidosos em Reiss, que estava atrás de Lucius.

"Ora, sendo pessoas suspeitas, é claro. E, vocês seriam os cavaleiros do Reino de Bertram?"

"...Como você sabe disso?", a pergunta de Lucius deixou todos os cavaleiros ainda mais cautelosos de uma só vez.

"Bem, há apenas um grupo de cavaleiros permanecendo em Amande agora, afinal. Os cavaleiros de elite acompanhando a princesa Flora, quero dizer."

".... Quem diabos é você?", quando o nome de Flora apareceu, as expressões dos cavaleiros tornaram-se ainda mais sombrias.

"Eu tenho um pequeno negócio com vocês. Parece que há cerca de vinte de vocês. E todos jovens, ainda por cima.", Lucius sorriu com extrema alegria, olhando para os cavaleiros.

"Pensando bem, você era um antigo nobre de Bertram, não era? Há algum rosto que você reconhece?", Reiss perguntou atrás de Lucius.

"Não. Bem, não mudaria nada se houvesse."

"É bom ouvir isso. Seus corpos serão satisfatórios, então conto com você.", Reiss disse em uma voz monótona.

"Que saco. Devemos apenas cortá-los um pouco e contê-los?", Alphonse desembainhou sua espada. Era o oponente perfeito para descontar sua irritação.

"Espera, eu quero falar com eles um pouco mais...", o cavaleiro comandante tentou continuar com seu interrogatório, mas—

"Hahaha, tem um animado entre eles. Que bom.", Lucius olhou para o rosto de Alphonse e riu com alegria.

"Certifique-se de não os matar. A cura é problemática, então não separe seus membros também.", Reiss disse cansadamente para Lucius.

"Estou te ajudando... pelo menos deixe eu me divertir um pouco. Você apenas certifique-se de que ninguém fuja.", Lucius respondeu apaticamente, puxando uma sinistra espada negra da bainha em sua cintura.

"O outro lado parece pronto para começar. Deixe-me enfrentá-lo.", Alphonse sorriu presunçosamente, avançando para lutar.

".... Não. Cerquem e capturem-nos. Se ele resistir, não me importo se você contra-atacar, mas...", o comandante optou por responder apenas com racionalidade. Como eles sabiam sobre os cavaleiros e Flora, ele queria conversar um pouco mais com eles.

"?!"

De repente, Lucius começou a correr. Sua velocidade inacreditável deixou os cavaleiros com os olhos arregalados de surpresa.

"Em posição...!", o comandante tentou dar sua ordem agitadamente. No entanto, Lucius se esgueirou para o meio dos cavaleiros em um instante.

"Muito lento! Devia ter se fortalecido com magia no momento em que eu desembainhei minha espada."

"Guh...", um dos cavaleiros saiu voando pelo ar, chutado por Lucius. Os cavaleiros ao redor deles olharam para aquela cena com suas mandíbulas caídas.

"...Aaaah!", Alphonse rugiu de raiva, indo direto para cortar Lucius. Sua boca estava voltada para cima em um sorriso selvagem, a oportunidade perfeita para ele gastar seu estresse apareceu.

"Hahaha, com certeza você é interessante.", Lucius bloqueou a espada de Alphonse e riu com vontade.

"Morra! Enchant Physical Ability!", Alphonse usou a magia de melhoramento da habilidade física enquanto colocava mais força em sua espada. O círculo mágico apareceu apenas um momento depois, fazendo a força aumentar dentro dele e o ajudando a empurrar sua espada para frente com força. No entanto, Lucius deu um passo gracioso para trás e recuou.

"Eu vou deixar você para o final. Vamos lá, que tal vocês também ativarem sua magia de aprimoramento?", Lucius disse para Alphonse, antes de provocar os outros cavaleiros em ação.

"Kuh, Enchant Physical Ability!", os cavaleiros, com raiva, cada um aprimorou suas habilidades físicas com magia, um por um.

"Tudo bem, matem aquele! Em vez disso, deixem o homem encapuzado!", o cavaleiro comandante disse, tendo finalmente considerado a intenção assassina de Lucius.

"Isso, dêem o melhor de vocês!", Lucius gritou, saltando para o próprio grupo de cavaleiros. Claro, os cavaleiros balançaram suas espadas para matar Lucius. No entanto, Lucius deslizou através das espadas cortantes que balançavam, desfrutando a emoção.

"O que foi, o que foi?! Isso é tudo que vocês podem fazer?! Me entretenham mais!"

"M-Merda!"

Os cavaleiros sentiram que estavam alucinando, cortando nada além da névoa. Não importa quantas vezes eles oscilassem suas espadas, apesar de estarem certos de que fariam contato, suas lâminas não alcançavam Lucius.

Lucius oscilava sua espada, puxando-a de volta no último momento antes que pudesse matar qualquer um dos cavaleiros. Ocasionalmente, quando os cavaleiros pensavam que ele estava atacando, ele apenas desviava seus ataques e não fazia mais nada.

Esse cara está brincando com a gente! Os cavaleiros concluíram enquanto Lucius ria alegremente deles. Não havia dúvida de que Lucius estava louco, genuinamente gostando dessa situação de deslizar por entre os balanços das espadas.

O tempo passou assim até que Lucius falou, seu tom estava cheio de tédio. "Ah... acho que é hora de diminuir os números.", a ponta de sua espada atingiu o plexo solar de um cavaleiro, fazendo-o gemer de agonia.

"Guh!"

"Agora é a minha vez de atacar.", Lucius riu alegremente e começou seu contra-ataque.

"Gah!"

"Hah..."

Ele atingiu dois cavaleiros com o punho e o pé, fazendo-os cair no chão. Assim que ele fez isso, o seguinte cavaleiro estava sendo jogado para trás por Lucius, voando pelo ar de uma forma dramática. Era como se Lucius pudesse ler completamente os movimentos dos cavaleiros, mirando seus pontos fracos, movendo-se antes que eles pudessem responder, e ceifando suas consciências uma a uma com seus golpes.

"N-Não pode ser.…", Alphonse viu seus colegas serem derrubados impotentes e se viu congelado em estado de choque, antes de voltar de repente aos seus sentidos e olhar ao redor. Sua situação extremamente vantajosa havia mudado em um instante. Mesmo neste momento, o número de cavaleiros que estavam seguros estava diminuindo.

Naquele momento, Alphonse sentiu a derrota em mãos — nesse ritmo, eles perderiam. Quando ele chegou a essa conclusão, outro cavaleiro, depois outro, caiu no chão.

"Uau, certamente é mais fácil se mover quando os números diminuíram. Posso ir ainda mais rápido agora!", Lucius se moveu ainda mais rápido do que antes, sem padrão ou razão para suas ações. Sua velocidade era mais rápida do que a dos cavaleiros que aumentaram suas habilidades físicas com magia.

Esse movimento.... Uma espada mágica! Alphonse pensou, inferindo o motivo pelo qual as habilidades físicas de Lucius estavam muito além do normal. Só havia uma maneira pela qual ele poderia ter se movido mais rápido do que os cavaleiros magicamente aprimorados.

Espadas mágicas isso, espadas mágicas aquilo! É injusto! Se eu também tivesse uma, eu poderia...! Como alguém que não tinha, Alphonse sentia uma inveja profunda, uma emoção tão improdutiva e sem sentido quanto deveria ter no momento. A probabilidade de ele escapar diminuía a cada minuto.

"Guh!", atingido por um golpe no joelho, outro cavaleiro caiu no chão.

"Ah, mais quatro sobrando.", Lucius disse, olhando para a visão clara da estrada. Mais de vinte cavaleiros experientes foram reduzidos a quatro em menos de um minuto.

I-Impossível... Alphonse pensou atordoado. Quando ele olhou em volta, as únicas pessoas que ainda estavam conscientes e em pé eram os quatro cavaleiros — incluindo ele e o oficial comandante — assim como Lucius e Reiss.

"Graças a você, eu fiz muito progresso na recuperação dos cavaleiros inconscientes.", Reiss estava observando Lucius e os cavaleiros de uma pequena distância, tendo reunido todos os cavaleiros que Lucius derrotou sem que ninguém percebesse. Eles estavam todos desmaiados.

"Há um último trabalho restando, ao que parece. Em breve também será a sua vez, certo?", Lucius disse, olhando para Alphonse, que havia perdido completamente a vontade de lutar.

"Eek...", Alphonse recuou reflexivamente de medo. Não, não foi apenas Alphonse; os outros cavaleiros restantes haviam perdido a vontade de lutar também, recuando para longe de Lucius.

"F-Fujam! Retirada!", o cavaleiro comandante ainda ileso gritou. Imediatamente, os quatro cavaleiros — incluindo Alphonse — começaram a correr pela estrada.

É-É por ajuda! Eu preciso pedir ajuda! Esta é apenas uma retirada estratégica! Alphonse disse a si mesmo enquanto corria desesperadamente. Não havia nenhum traço do espírito entusiasmado que ele tinha quando quis derrotar um minotauro para limpar seu nome.

"Nenhum de vocês viu nossa diferença em habilidades físicas quando eu estava lutando? Ei! Mesmo se vocês correrem, eu vou alcançá-los!", Lucius disse em uma voz cheia de desprezo antes de começar a correr e perseguir os cavaleiros. A distância entre eles diminuiu em um instante, mas os cavaleiros desesperados não perceberam.

"Hah, hah...!", Alphonse ofegou, concentrando-se apenas em mover os pés. Eventualmente, uma espada apareceu por trás dele, passando a um fio de cabelo de sua bochecha.

"E-Eeek?! Uwaaah!", incapaz de continuar seguindo, Alphonse deu um passo para o lado e balançou a espada a esmo para Lucius, mas sua espada cortou o ar em vão.

"Quê?!", os olhos de Alphonse se arregalaram em choque. Lucius estava parado dez metros atrás de Alphonse, com um sorriso malicioso no rosto. Ele observou Alphonse enquanto chutava o cavaleiro comandante.

Impossível! A espada estava bem ali! Ele voltou para aquela posição em um instante?! Os olhos de Alphonse se arregalaram de espanto enquanto ele tocava sua bochecha onde a sensação fria de uma espada havia tocado sua pele momentos antes.

"Você é o último, como prometido. Não me dê muitos problemas.", Lucius brincou cansadamente.

"G-Guh...", incapaz de dizer algo de volta, Alphonse recuou lentamente. Ele olhou para Lucius com ódio profundo, como se estivesse olhando para algo que o assustava.

".... Como pensei, você realmente tem uma bela aparência.", Lucius olhou de volta nos olhos de Alphonse e rapidamente se aproximou para fechar a distância entre eles. Alphonse encolheu-se, incapaz de se mover.

"O-O quê?", não havia mais para onde correr. Mesmo enquanto Alphonse respondia a Lucius, ele estava tateando por um caminho de sobrevivência.

"São esses seus olhos que mostram capacidade astuta. Você pode ou não ser aquele.", Lucius sorriu, suas palavras estavam cheias de significado.

"H-Haa?", Alphonse murmurou, sem ter ideia do que ele queria dizer.

"Bem, de qualquer forma, fiquei entediado. Vamos acabar com isso, então?"

"E-Espera! Se é dinheiro que você quer, eu pagarei a você. Eu até mesmo vou ficar calado sobre vocês!", quando Lucius diminuiu ainda mais a distância, Alphonse gritou às pressas.

"Ah? Dinheiro?", Alphonse pareceu despertar o interesse de Lucius, já que ele parou de se aproximar e sorriu de alegria.

T-Tudo bem! Parece que posso negociar com dinheiro! Ver o espaço para negociação fez Alphonse sorrir em resposta.

".... Eu sabia, você realmente é um cara interessante.", Lucius suspirou pelo nariz, se aproximando de Alphonse mais uma vez.

◇ ◇ ◇

Enquanto isso, na propriedade da governante de Amande, Rio havia acabado de terminar sua refeição com Liselotte e estava prestes a partir. Liselotte e os outros vieram ao jardim para se despedir.

"É uma honra que todos tenham vindo se despedir. Muito obrigado por tudo hoje.", Rio colocou a mão direita sobre o peito e curvou a cabeça aos presentes em respeito.

"Obrigada por vir hoje. Mandarei um mensageiro em outro dia no futuro, então seria ótimo se pudesse ficar em Amande um pouco mais. Claro, se precisar de alguma coisa, sinta-se livre para visitar minha propriedade a qualquer momento.", Liselotte ofereceu respeitosamente.

"Sim, agradeço sua oferta.", Rio deu um sorriso amigável enquanto assentia. Eventos inesperados aconteceram um após o outro, mas tudo está bem quando termina bem, afinal. Graças a tudo isso, ele pôde fazer uma amizade íntima com Liselotte.

Para constar, derrotar os minotauros para salvar Liselotte e Flora foi considerado um ato tão meritório que eles ainda não tinham decidido com o que recompensar Rio, exigindo mais tempo para examinar o caso. Foi decidido que ele iria visitar a mansão de Liselotte novamente no futuro sobre o assunto. Em outras palavras, eles continuariam sendo amigos de agora em diante. Tanto Rio quanto Liselotte tinham as mesmas intenções de formar uma amizade, mas nenhum deles tinha noção de sua distância ainda, então eles estavam construindo lentamente uma relação de confiança sem pressa. Era um pouco tortuoso, mas isso era normal para negociações nobres.

"U-Umm...!", Flora deu um passo à frente nervosa, chamando Rio.

"Sim?", Rio respondeu, inclinando sua cabeça.

"Umm. Se tivermos a chance de nos encontrarmos novamente, fique à vontade para conversar mais um pouco comigo. Também queremos agradecer formalmente, então, por favor.", disse Flora, inclinando a cabeça para Rio hesitantemente.

".... Sim, seria um prazer.", Rio se deteve por um momento antes de assentir com um sorriso.

Ela percebeu algo sobre mim afinal? Ou é apenas assim que ela é?

Ele tinha suspeitas. Flora parecia estar agindo estranhamente, como se estivesse vagamente tentando encontrá-lo no meio do caminho. Se havia um motivo para Flora estar investigando o Rio, então a linha de raciocínio mais natural seria porque ela suspeitava que Haruto era na verdade o Rio. No entanto, pelo que ele viu pelas ações de Flora até agora, ele não podia dizer com certeza que ela duvidava dele. No mínimo, ele não conseguiu detectar nenhum sentimento negativo, e certamente havia a possibilidade de essa ser a forma de Flora interagir normalmente com ele.

Rio não teve nenhum ponto de contato com Flora durante seu tempo na academia, então ele não sabia realmente qual era a personalidade dela. Tudo o que ele sabia era que ela não parecia ser uma pessoa muito extrovertida.

Acho que vou ver como as coisas vão por agora.

Ele não podia se dar ao luxo de parecer muito cauteloso na frente dela. O melhor seria permanecer o mais natural possível, para se fazer de inocente, sendo que não havia provas de que ele era o Rio.

"Bem, ficaremos em Amande até que a segurança da área seja confirmada também. Se você visitar a propriedade da Liselotte, deve haver uma oportunidade de nos encontrarmos de novo.", Hiroaki, que observava fixamente a interação entre Rio e Flora, disse com um encolher de ombros.

"Sim, é como o Herói-sama diz. Oh, isso mesmo! Haruto-sama prepara o chá muito bem. Eu tive a chance de provar um pouco hoje, mas eu poderia preparar uma festa do chá para nós algum dia, se você estiver disposto?" Liselotte perguntou.

"Sim. Eu ficaria feliz em participar, se quiser me convidar.", Rio assentiu cortesmente.

"S-Sim. Definitivamente, eu também adoraria.", Flora concordou nervosamente.

"Então vamos deixar essa festa do chá para outro encontro e encerrarmos isso. Não demorem demais e deixem ele ir para casa logo.", disse Hiroaki sem rodeios.

"Isso mesmo. Não devemos mantê-lo por mais tempo. Haruto-kun. Vamos nos encontrar novamente.", disse o duque Euguno.

"Sim. Bem então, pessoal, vamos nos encontrar outro dia. Por favor, se me derem licença.", Rio curvou a cabeça profundamente antes de dar a volta e sair andando. Ele continuou caminhando para o portão enquanto Liselotte observava suas costas.

Agora, é hora de voltar para a pousada e relaxar. Livre de atuar socialmente com os nobres, Rio deixou escapar um pequeno suspiro.

◇ ◇ ◇

De volta à floresta, a oeste de Amande. Sussurro, sussurro.

Alphonse estava vagamente ciente de que estava sendo arrastado para algum lugar, de que alguém o segurava pela nuca. No entanto, ele não tinha ideia do que estava acontecendo. Buscando em suas memórias, ele lembrou que esteve vasculhando a floresta como parte de uma investigação.

Ah, merda.... Tardiamente, ele se lembrou das inúmeras humilhações que enfrentou depois. Uma onda de raiva passou por ele; ele não podia perdoar ninguém que o humilhava.

Porém... farfalhar, farfalhar.

Alguém estava puxando Alphonse pelo caminho, deixando-o bastante desconfortável.

Quem é que está me tratando tão grosseiramente? Ugh... Alphonse achou isso muito desagradável, mas uma dor surda na parte de trás de sua cabeça o fez franzir a testa.

Minha cabeça dói.

Ele bateu forte em algum lugar? Ele não sabia.

"Ei, terminei.", a voz de um homem ecoou feliz. Em seguida, Alphonse sentiu a sensação de voar alto, antes de cair no chão com um baque pesado.

"Uh...", parecia que ele havia sido jogado. Alphonse grunhiu.

"Bom trabalho. Havia vários deles, então eu já comecei.", uma vaga voz masculina ecoou.

Nesse ponto, a mente de Alphonse finalmente voltou ao normal e ele abriu os olhos levemente. Ele percebeu que eles estavam dentro da floresta, tendo saído da estrada.

Esse cara... Alphonse finalmente se lembrou da identidade dos homens ao lado dele. Aqueles que os atacaram. Lucius e Reiss.

Reiss estava agachado no chão, trabalhando em alguma coisa. Ao lado dele estava Lucius.

"No entanto, eles realmente são um bando assustador, como sempre.", Lucius disse, olhando para o lado. Ao contrário de suas palavras, um sorriso encantador estava em seu rosto. Alphonse seguiu o olhar de Lucius.

"!?...", a cena que os olhos de Alphonse encontraram foi tão chocante que seu corpo tremia. Ele podia sentir sua mente girando instantaneamente.

A-Aqueles são os monstros humanoides que nos atacaram na estrada ontem! Por que eles estão vestindo os uniformes dos cavaleiros de elite?!

Revenants de pele escura usando o mesmo uniforme de cavaleiro de Alphonse estavam em volta em enxames. Todos os revenants não tinham pelos, suas estruturas faciais careciam de individualidade. No entanto, não havia nenhum sinal da selvageria presenciada nos de ontem, todos eles olhando para o nada com olhos vazios.

Qual é o significado disto?! A mente de Alphonse não conseguia acompanhar.

"Oh, parece que alguém está acordado.", Reiss olhou para Alphonse com um sorriso verdadeiramente perverso.

"...!", Alphonse tremeu.

"Eu me contive um pouco com este cara. Aqui, dê uma olhada.", Lucius sorriu, agarrando a cabeça de Alphonse e o levantando. Seu olhar foi levado para onde Reiss estava agachado e além.

"Uh...?!"

O colega cavaleiro de Alphonse estava deitado lá; vê-lo fez o rosto de Alphonse se torcer. Havia algo errado com ele.

"Ah, ah!", o cavaleiro estava dando pequenos gritos silenciosos enquanto seu corpo dava abruptas contrações musculares. Reiss estava contendo o cavaleiro de cima, e sua boca curvada em um sorriso assustador.

"Oh, isso é demais para testemunhar? Ele está prestes a se transformar.", após dizer isso, o corpo do cavaleiro estremeceu violentamente.

"O-O que você fez?! O que é aquilo?!", Alphonse perguntou agitado. A pessoa que um dia foi colega de Alphonse estava, naquele momento, se transformando rapidamente em uma forma de vida não humana.

Todo o cabelo caiu de seu corpo, sua pele escurecendo em cor, audivelmente endurecendo em textura. Embora estivesse usando seu uniforme de cavaleiro, era sem dúvida um revenant. Não havia absolutamente nenhum traço de sua forma anterior. Se Alphonse não soubesse quem era antes, ele não teria sido capaz de identificá-lo.

"Remodelando o corpo humano. Uma recriação da alma e da carne. No entanto, remodelar enquanto eles ainda estão conscientes os faz lutar tremendamente, então é mais eficaz recriá-los enquanto estão desacordados.", Reiss respondeu com uma voz um tanto alegre.

".... Uh, hnngh!", o mal foi demais para Alphonse suportar, fazendo-o sentir náuseas.

"Ah, Lucius-sama, poderia, por favor, tirar as roupas deles? Não queremos deixar nenhuma evidência de que os corpos originais dos revenants eram humanos.", Reiss, entretanto, ignorou Alphonse.

"De jeito nenhum, eu não tenho interesse em tirar as roupas dos caras. Faça você mesmo mais tarde."

"Minha nossa.", Reiss balançou a cabeça em desaprovação.

"Nn... gahaa... gaha...", Alphonse tossia violentamente, tentando recuperar o fôlego.

"Então, por que ele ainda está consciente?", Reiss o observou.

"Teste nesse cara — sua forma final dos revenants. Acho que ele tem qualidades para isso.", Lucius respondeu com um sorriso.

"No entanto, seria um desperdício de corpo e materiais se falhasse. Corpo à parte, as pedras usadas como materiais são valiosas, entende? As chances de sucesso na forma final também são baixas."

"Bem, não está bom? Você vai transformar o resto dos caras aqui no modelo aprimorado, não é? Se você adicionar todas as peças em sua mão, terá bastante poder para atacar Amande."

".... Suponho que seja verdade.", Reiss se levantou com um pequeno suspiro. Deixando o revenant recém-concluído para trás, ele se aproximou de Alphonse.

"Vamos lá.", com uma despreocupada palavra de encorajamento, Lucius prendeu os braços de Alphonse atrás das costas e o fez se levantar.

"M-Me solta! Não se aproxime! Pare! Seu monstro!", Alphonse lutou enquanto gritava, seus olhos nunca deixaram o monstro que era seu antigo colega. No entanto, ele foi incapaz de se libertar da força anormal de Lucius.

"Qual delas...", Reiss estava diante de Alphonse. Em algum momento, ele pegou uma pedra misteriosa parecida com uma joia em sua mão, seu tamanho era igual a um punho.

"Guh?!", a pedra foi cravada no peito de Alphonse como se perfurasse água, e ele não conseguiu conter o murmúrio. No entanto, apesar da sensação estranha e exótica, não havia dor.

"Não dói, certo? Isso é porque eu não estou machucando seu corpo físico.", Reiss explicou alegremente, com a mão no peito de Alphonse. Em seguida, ele se inclinou para sussurrar no ouvido de Alphonse. "Tanto seu corpo quanto sua alma vão começar a doer a partir daqui."

"Guh... hah...", Alphonse engasgou em agonia. Seu coração estava quente, seu corpo estava quente e parecia que ele ia derreter. Ele foi atingido pelo desejo de cuspir tudo dentro de seu corpo, mas não foi capaz.

"Isso vai levar algum tempo.", eles foram mais cruéis do que o veredicto de um demônio declarando a morte.


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