Capítulo 4: Sua Sombra

 Assim que Rio e as garotas deixaram Amande pelo portão leste, eles seguiram caminhando para o leste pela estrada principal. Depois de algum tempo, eles confirmaram que não havia ninguém por perto antes de decolarem para o céu. Eles continuaram voando em direção a Galtuuk, a capital do Reino de Galark, e chegaram aos arredores da capital antes do pôr do sol. Depois de procurarem nas áreas rochosas dos arredores um lugar isolado, eles fixaram a casa de rocha.

"Parece que já faz tempo desde que morei nesta casa.", Celia se sentou no sofá da sala e se espreguiçou.

"Ficamos apenas alguns dias, mas muita coisa aconteceu em nosso tempo em Amande.", Rio colocou o chá que preparou na mesa e concordou com um sorriso divertido.

"...Sim. É meio estranho. Eu morei nesta casa por pouco tempo, mas parece que estou de volta ao lar.", disse Celia com entusiasmo.

"Obrigado por dizer isso. Talvez seja porque não há ninguém por perto, então você pode relaxar mentalmente.", supôs Rio.

"Sim, deve ser isso.", Celia assentiu timidamente.

"Também porque podemos começar a tomar banho novamente, e comer as refeições junto com Haruto.", Aishia interrompeu. Celia deu uma risada, concordando alegremente.

"Ah, entendo, realmente pode ser isso. Estou ansiosa por isso."

"Tenho que sair por um tempo a partir de amanhã, então só poderemos comer juntos esta noite e amanhã de manhã, mas vou dar tudo de mim para cozinhar esta noite. Sensei e Aishia, vocês podem relaxar e tomar banho enquanto isso.", Rio sugeriu as duas.

"... Mm, essa é uma ideia tentadora, mas você poderia me ensinar a cozinhar esta noite? Você me prometeu antes, lembra?", Celia perguntou, suas bochechas ficaram com um leve tom de vermelho.

"É claro. Eu não vejo problema, mas você não prefere que façamos em um momento menos apressado?", se ela ia cozinhar pela primeira vez, seria melhor aprender continuamente por alguns dias seguidos. Rio partiria amanhã, então não havia muito que ele pudesse ensinar em apenas uma aula.

"Não. Enquanto Rio estiver fora estarei morando junto com a Aishia. Aishia pode cozinhar alguns alimentos simples, mas eu deveria ser capaz de fazer pelo menos uma coisa eu mesma, certo? E também posso praticar enquanto Rio está fora.", disse Celia, ligeiramente embaraçada.

".... Compreendo. Então, vamos ver se posso te ensinar algumas receitas simples.", sugeriu Rio com um sorriso gentil.

"Sim!", Celia respondeu alegremente, e os três fizeram o jantar juntos naquela noite.

◇ ◇ ◇

Na manhã seguinte, quando o Rio se preparava para partir para a vila...

"Estou indo agora. Ficarei fora por duas semanas, então, por favor, cuidem uma da outra.", disse ele depois de sair da casa de rocha, olhando para Aishia enquanto falava com Celia.

"É claro. Deixe Aishia comigo.", Celia disse com orgulho.

"Por favor. Aishia também.", Rio disse com um sorriso.

"... Entendido.", Aishia disse, antes de abraçar Rio de repente.

"Que—?!", o próprio Rio estava surpreso, mas Celia ficou ainda mais surpresa do que ele. Seus olhos estavam redondos enquanto observava Aishia abraçar o Rio, atônita.

"O que há de errado, Aishia?", Rio perguntou a Aishia calmamente. Embora os dois estivessem sempre próximos um do outro, esta foi a primeira vez que eles se abraçaram assim.

"Não importa o quão longe estejamos separados ou para onde Haruto está indo, eu sempre estarei com você. Portanto, não tenha medo, não hesite e siga o caminho que escolher.", disse Aishia em uma rara demonstração de tagarelice. Suas palavras foram um tanto hesitantes e vagas, mas Rio podia adivinhar por que ela escolheu falar assim. Era mais provável porque Rio cumpriu seu encontro predestinado com Lucius de uma forma inesperada.

".... Como pensei, Aishia não deixa passar nada. Obrigado.", Rio disse um pouco sem jeito com um sorriso fraco.

Desde sua luta com Lucius, o desejo de vingança estava fervendo intensamente no peito de Rio. Apesar disso, ele pensava que estava se comportando normalmente com aqueles ao seu redor, mas não havia como enganar aquela a quem sua alma estava ligada. Embora fosse um pouco estranho ter seu próprio coração visto tão facilmente, isso também parecia confortável por algum motivo. Rio obedientemente se entregou ao abraço de Aishia, mas—

"E-Espera, espera! Por quanto tempo vocês vão ficar se abraçando?! Isso é injus— se soltem logo! Eu não posso baixar a guarda perto de vocês!", Celia voltou a si com um engasgue e falou em pânico.

"Está bem.", Rio assentiu divertido e lentamente se distanciou de Aishia.

"Eu só estava me despedindo. Celia não vai fazer isso?", Aishia inclinou a cabeça para o lado.

"Na... É-É mesmo. Você vai ficar fora por um tempo, e-então...", Celia tentou recusar por reflexo, mas corou enquanto concordava com relutância.

"Ah...", Rio tentou objetar, mas Celia começou a se aproximar. Desde que tinha certeza de que Celia estaria muito perplexa para fazer qualquer coisa, Rio engoliu suas palavras com ligeira surpresa.

"... C-Cuide-se, Rio. Vou praticar as receitas que você me ensinou e esperarei aqui!", com o rosto vermelho brilhante, Celia abraçou Rio com todas as suas forças. O corpo de Celia era pequeno, mas aconchegante.

"...Sim. Até logo.", Rio sorriu um pouco desconfortável e retribuiu o abraço de Celia.

◇ ◇ ◇

Rio se afastou uma pequena distância da casa de rocha e tomou o cristal de teletransporte. Ele poderia ter usado na frente de Celia, mas se o fizesse, poderia imaginar como seus olhos em pânico procurariam Aishia em busca de uma explicação. Mesmo se ele contasse a ela sobre isso de antemão, a discussão teria se tornado muito extensa.

"Teleport.", Rio recitou a magia e ativou o cristal de teletransporte em sua mão. O ar se distorceu e se deformou ao redor do cristal de teletransporte, fazendo Rio desaparecer no ar. No momento seguinte, a floresta ao redor da vila encheu sua visão. Seu teletransporte foi bem-sucedido.

"Tenho certeza de que alguém virá aqui se eu esperar, mas...", ele decidiu se aproximar da vila desta vez. Começando a correr, Rio se elevou no ar com artes espirituais e se moveu através da floresta. Os edifícios da vila estavam alinhados em fileiras logo abaixo dele, e elevando-se além deles estava a árvore gigante que era o corpo principal de Dryas. Rio voou tranquilamente, indo para a árvore onde Concelho da vila estava localizada — que era grande, mas nada comparada ao tamanho da árvore de Dryas. Em pouco tempo, um grande pássaro ergueu-se do solo para o céu. Era Aerial, o espírito contratado de Oufia.

"Onii-chan!"

E a primeira a receber Rio foi, como era de se esperar, Latifa. Como uma irmã adotiva, ela não queria dar esse papel para ninguém. Montando na parte de trás de Aerial, ela acenou com os braços com entusiasmo a mais de uma dúzia de metros de distância. Oufia e Miharu também estavam nas costas de Aerial.

Quando Rio avistou Latifa pela primeira vez, sua boca se suavizou em um sorriso, mas quando avistou Miharu em seguida, seu rosto se anuviou levemente.

Miharu-san...

Ele desviou os olhos; ele não conseguia olhar para ela diretamente. Ela era tão brilhante que parecia que alguém estava estrangulando seu peito.

"...?", Miharu percebeu que Rio desviou os olhos e fez uma cara preocupada. Ela continuou olhando para o rosto de Rio depois disso, mas ele ainda se recusou a encontrar seu olhar. Nesse curto período, Rio e Aerial fizeram contato no ar.

"Bem-vindo de volta, Onii-chan!", Latifa gritou com um sorriso radiante.

".... Eu voltei, Latifa. Você parece estar bem.", Rio respondeu com um sorriso gentil no rosto.

"Sim!", Latifa acenou com a cabeça energicamente.

"Oufia-san e Miharu-san também, há quanto tempo. Não estou acostumado a ver vocês duas vindo me receber; é bastante inesperado.", disse Rio as duas, um tanto timidamente. Desta vez, ele foi capaz de dar seu sorriso caloroso de costume para Miharu sem desviar o olhar.

"É mesmo? Mas, enquanto Rio-san estava fora da vila, nos tornamos amigas íntimas. Não é, Miharu-chan?", Oufia deu uma risadinha.

"Sim. Afinal, estamos sempre juntas.", disse Miharu com uma risada feliz. Talvez o contato visual evitado com Rio antes fosse apenas sua imaginação...

"Ei, ei, Onii-chan. Posso pular ali?", Latifa implorou inquietamente, aparentemente sem paciência para esperar até que eles chegassem ao solo.

"Claro que não, é perigoso. Só mais um pouco até chegarmos ao solo. Seja paciente.", Rio advertiu Latifa com um sorriso irônico.

"Muu~, por que não podemos ir mais rápido?", Latifa inchou um pouco as bochechas e olhou para baixo. O Concelho já estava bem diante de seus olhos enquanto o grupo descia lentamente até ele.

"Pensando bem, não vejo Aishia-sama...", Oufia disse.

"Aishia está cuidando da casa em Strahl."

"Sério?", os olhos de Oufia se arregalaram.

"Sim. Na verdade, a professora com quem estou em dívida está sob minha proteção agora, então estamos morando juntos. Ela vai permanecer lá para cuidar dela, como uma escolta."

"Essa professora com quem tem uma dívida é aquela que Rio-san mencionou antes, não é? A mulher cinco anos mais velha. O nome dela é Celia-san, não era assim?", Oufia perguntou. As fofas orelhas de raposa de Latifa se contraíram quando soube que Rio estava morando com uma jovem. No entanto, ela não fez qualquer movimento para interromper a conversa.

"Sim. Lembrou muito bem.", os olhos de Rio se arregalaram ligeiramente.

"Fufu. Porque foi algo que eu conversei com o Rio-san, claro que lembro. Mudando de assunto, por que voltou dessa vez? Não faz muito tempo que foi embora...", Oufia disse levemente tímida, antes de inclinar a cabeça e mudar de assunto.

"Eu descobri o paradeiro da senpai da Miharu-san, Sumeragi Satsuki-san. Queria relatar isso e discutir meus planos para o futuro, se possível.", Rio olhou para Miharu.

".... Satsuki-... san...", Miharu deve ter ficado bastante chocada, pois ela estava piscando com uma expressão em branco no rosto.

"Primeiro irei informar aos anciões líderes sobre meu retorno, mas depois gostaria que Aki-chan e Masato acompanhassem minha explicação sobre a situação. Onde os dois estão agora?", Rio perguntou.

"Ah, acho que eles estão treinando com Sara-chan e Alma-chan agora.", Miharu respondeu com um sobressalto.

"Mas, Sara-oneechan e os outros devem ter percebido que o Onii-chan voltou, então talvez eles já estejam indo em direção ao Concelho?", Latifa adicionou.

"É verdade. Acho que devemos seguir para o Concelho assim.", Oufia concordou com Latifa, gesticulando para que Rio continuasse descendo.

"Entendo. Quando se ouve um rumor, é assim.", Rio olhou para a praça em frente ao Concelho e sorriu ao avistar Sara e os outros. Pouco tempo depois, eles alcançaram o solo.

"Mais uma vez, bem-vindo ao lar, Onii-chan!", Latifa foi imediatamente abraçar Rio.

"Estou de volta, Latifa. Sara-san também, estou feliz em ver que todos estão bem.", Rio pegou o corpo de Latifa com um suspiro sorridente, então olhou para Sara, que tinha vindo correndo antes.

"Bem-vindo de volta, Rio-san.", Sara cumprimentou Rio com uma voz animada, seja por ter vindo correndo ou pela alegria de voltar a ver o Rio. No entanto, ela não estava sem fôlego. Sara não tinha suportado todo o seu treinamento duro só para ficar sem fôlego por causa de uma pequena corrida. O que significava que o motivo de sua voz animada se tornou bastante óbvio.

Foi nesse ponto que Alma finalmente apareceu, correndo com Masato e Aki logo atrás. Alma também não estava particularmente sem fôlego, mas Masato e Aki estavam ofegando levemente.

"Sara-neechan foi tão rápida que mal conseguíamos acompanhar.", disse Alma, cansada, enquanto olhava para Sara.

"Honestamente. Já temos problemas suficientes porque ela corre rápido sem artefatos mágicos.", Masato concordou com um sorriso.

"Ahaha.", Aki riu com diversão, olhando para Sara.

"Fufu, é mesmo? Por que estava com tanta pressa, Sara-chan?", Oufia perguntou, sorrindo também.

"E-Eu só não queria perder o Rio-san de vista, então corri na frente de todos para alcançá-lo primeiro e esperar pelos outros.", Sara respondeu em uma voz aguda, dando grande ênfase ao fato de que ela tinha feito isso para o bem de todos.

"Mō, mesmo que não tivessem se apressado, ele teria esperado. Certo, Rio-san?", Oufia perguntou, virando-se para se dirigir a Rio.

"Sim, há algo que eu queria dizer a Aki-chan e Masato também, afinal.", Rio disse assentindo calmamente.

".... Para nós?", Aki e Masato trocaram olhares e olharam para ele confusos.

"Eu encontrei a localização da Sumeragi Satsuki-san."

"S-Sério?! Então, e o Onii-chan?!", Aki gaguejou, sendo a primeira a reagir de imediato.

"Infelizmente, ainda não consegui localizar o irmão mais velho de vocês..."

"E-Então, é assim...", os ombros de Aki caíram em decepção

"Mas, agora que sabemos que Satsuki-san está aqui, é quase certo que seu irmão também está neste mundo. Até agora, todos os heróis foram afiliados a um reino, sem exceção, então acho que é mais do que plausível.", embora ser filiado a um reino trouxesse mais problemas, Rio disse isso para animar Aki. Latifa observou sua troca de perto enquanto ainda se agarrava ao Rio.

"...Sim. Só de saber onde Satsuki-san está me deixa feliz. Pode ser possível que Onii-chan e Satsuki-san estejam juntos, ou algo assim.", Aki pensou com otimismo.

"Isso é verdade. Por enquanto, eu gostaria de ir até os anciões líderes para fazer meu relatório, então vamos continuar discutindo isso lá.", Rio sugeriu com um pequeno sorriso.

"Sim!", Aki concordou com entusiasmo. Enquanto isso, Miharu estava olhando para o perfil lateral de Rio enquanto ele conversava com Aki.

"...", suas memórias eram vagas e indistintas, mas aquele sonho que ela teve no outro dia... Ela não conseguia esquecer. Foi o gatilho que a levou a sobrepor fortemente este homem e seu amigo de infância.

"O que há de errado, Miharu-oneechan? ... Miharu-oneechan?", como Latifa estava agarrada a Rio, ela sentiu o olhar que Miharu dirigia para ele e a chamou.

".... Eh? O que?", Miharu recuperou os sentidos e inclinou a cabeça desajeitadamente.

"Nada, você estava apenas observando o Onii-chan atordoada...", Latifa disse, dando a Miharu um olhar averiguador. Rio e os outros também foram levados pelas palavras de Latifa e olharam para Miharu.

"Eh, sério? Foi, mesmo?", Miharu percebeu que a atenção estava se concentrando nela e abaixou a cabeça desconfortavelmente.

".... Ah, talvez seja porque Miharu-oneechan queria abraçar o Onii-chan também?", Latifa perguntou com uma voz animada. Com isso, Sara, Oufia e Alma olharam para Miharu com grande interesse.

"Eh? .... Ah, não, isso...", Miharu foi pega de surpresa, seu corpo recuou com um sobressalto. Quando seus olhos encontraram os de Rio, ela escondeu o rosto para evitar seu olhar.

"Ei, Latifa. Não implique com a Miharu-san.", Rio a advertiu com um sorriso irônico.

".... Está bem!", Latifa concordou obedientemente e voltou seu olhar para Miharu para observar sua expressão.

"Bem então, vamos indo?", Rio encorajou o grupo a se dirigir aos anciões líderes.

"Sim, vamos.", Sara assumiu a liderança e concordou, encaminhando-se para a entrada do Concelho.

Oufia e Alma olharam para Miharu antes de segui-la. Da mesma forma, Aki e Masato lançaram um olhar a Miharu antes de começarem a caminhar.

"Latifa não vai andar por conta própria?", antes de começar a seguir Sara e os outros, Rio parou e olhou para a garota que ainda se agarrava a ele.

"Hmm... Então, posso ficar de mãos dadas com o Onii-chan?", Latifa perguntou a Rio como uma criança mimada. Ela provavelmente valorizava cada breve momento que pudesse passar tocando o Rio, razão pela qual ela podia falar tão abertamente com ele.

"Sim, claro.", Rio assentiu imediatamente.

"Yay! Ehehe.", as feições de Latifa relaxaram enquanto ela agarrava a mão esquerda de Rio. Sua expressão era de pura felicidade.

"...", Miharu permaneceu imóvel enquanto observava a interação dos dois.

"Vamos indo, Latifa?", embora Rio tenha notado o olhar de Miharu, ele optou por não olhar para ela e puxou a mão de Latifa enquanto ele se afastava. Latifa pareceu sentir isso e assentiu desajeitadamente enquanto caminhavam, antes de olhar para trás.

"Miharu-oneechan, vamos?"

"Ah, sim. Isso mesmo.", Miharu sorriu amplamente e lentamente começou a andar, mas seu olhar ainda estava fixo nas costas de Rio—

".... É você, Haru-kun?", ela sussurrou inaudivelmente às costas dele, mas sua voz não deve ter chegado até ele, pois Rio não reagiu.

◇ ◇ ◇

O grupo subiu ao último andar do Concelho para se encontrar com os três anciões líderes da vila. Rio os cumprimentou primeiro, então disse a eles sobre como ele havia localizado Satsuki, assim como ele já havia contado a Miharu e aos outros.

"Compreendo, eu entendo as circunstâncias. Então, o que Rio-dono pretende fazer?", o alto elfo, Syldora, perguntou a Rio.

"Em um mês e meio, no Reino de Galark, haverá um banquete para apresentar oficialmente a existência do herói, Satsuki-san. Na verdade, fiz uma conexão com certo nobre que me permitirá participar desse banquete."

"Ah, então você planeja encontrar essa garota, Satsuki, nesse banquete?", o anão ancião, Dominic, perguntou.

"Sim, isso é o que vou fazer.", Rio respondeu.

".... Mas vai realmente correr tão bem?", a bestial da tribo raposa, Asura, parecia duvidosa.

"Deveria. A outra parte é um nobre bastante conhecido do Reino de Galark, e está ciente do meu objetivo de encontrar Satsuki-san. Meu pedido para acompanhá-los ao banquete foi aceito além disso.", Rio respondeu.

"Hou~. Então, também contou a eles sobre Miharu-dono e os outros?", Syldora perguntou com os olhos arregalados. Rio sacudiu a cabeça lentamente.

"Não, mantive a situação da Miharu-san e os demais oculta."

Nesse momento, os anciões líderes se entreolharam e inclinaram a cabeça.

".... Parece que as condições são bastante favoráveis para o Rio-dono. Tem certeza de que não há nenhum motivo oculto aqui?", Syldora perguntou em nome dos outros anciões líderes.

"Embora eu não possa dizer com certeza, não deveria haver. O tempo que passamos juntos foi curto, mas acredito que o nobre é inteligente e com um forte senso de dever.", disse Rio sobre sua impressão de Liselotte.

"Entendo. Se Rio-dono vai tão longe para descrevê-lo, então devemos confiar no caráter dessa pessoa também.", Syldora disse, dando uma risada com um largo sorriso.

"No entanto, esta será uma reunião de heróis e realeza e nobreza humana. Não há como eles permitirem que você entre de graça, não? Que série de eventos ocorreram para você ter acesso ao banquete?", Dominic buscou um pouco mais a respeito de como o convite do Rio surgiu. Apesar de sua aparência brusca, ele era na verdade uma pessoa pensativa que não desempenhava o papel de ancião líder à toa.

"Eu salvei o nobre em questão durante sua crise. Eu havia ajudado parcialmente para esse propósito, mas parecia que ele se sentia muito em dívida e tomou tais providências em agradecimento."

"Hahaha. Então foi assim.", Dominic sorriu em compreensão.

"Conhecendo a personalidade do Rio-dono, ele também deve ter bom senso.", disse Asura com um pequeno sorriso. Syldora estava sorrindo também.

"Bem, podemos ouvir mais sobre isso mais tarde, com um ou dois drinques. Agora entendemos a situação geral. Com base no que nos contou, não há necessidade de intervirmos em parte alguma por enquanto. Certo?", Dominic perguntou.

"Sim."

"De fato."

Syldora e Asura responderam imediatamente.

"E é isso. Afinal, os personagens principais são os jovens. Claro, daremos nossas opiniões se necessário, mas seria adequado que vocês discutissem e decidissem entre si. Certo, Rio?", Dominic perguntou.

"Sim, era isso que eu pretendia também. Miharu-san e os demais, o que acham?", Rio concordou e se virou para perguntar a Miharu e os outros.

".... Eu ...", Miharu não conseguiu responder de imediato, com uma expressão de hesitação no rosto. Ela devolveu o olhar que Rio estava dando a ela, mas ela mordeu o lábio, sem palavras.

"E-Eu, eu quero vê-la! Eu quero ver a Satsuki-san! É possível que o Onii-chan esteja com ela e, mesmo que Onii-chan não esteja, ela pode saber algo sobre ele! Eu tenho que ir e perguntar!", Aki disse.

"Hmm...", Masato parecia estar pensando em algo, com os braços cruzados e um olhar contemplativo no rosto. Aparentemente, Aki era a única que não tinha dúvidas sobre seus sentimentos.

"Q-Qual é o problema, Masato? Você não quer encontrar o Onii-chan?"

"Não é isso, é claro que quero encontrá-lo. Eu... ainda estou no meio do meu treinamento com a espada, e não parece que poderemos voltar tão facilmente se partirmos.", disse Masato.

"—, I-Isso é.…", a expressão no rosto de Aki mudou, deixando-a sem palavras com desconforto. Mesmo Aki não se tornou emocional e disse que Masato poderia continuar seu treinamento com a espada em outro lugar, porque Aki sabia que não era sobre isso. Masato foi capaz de se dedicar ao seu treinamento com a espada nesta vila, onde tinha amigos com os quais podia competir. A própria Aki havia feito amigos insubstituíveis na vila e tinha visto Masato dar o seu melhor no treinamento com a espada. Ele provavelmente não queria falhar no meio do caminho.

"De qualquer forma, que bem sairia de nós irmos? Fomos trazidos para esta vila precisamente porque estávamos no caminho do Haruto-niichan, não é verdade?", Masato disse, apresentando um argumento sólido.

"Isso é verdade, mas...", Aki estava completamente sem palavras.

"Vocês não seriam um incômodo de forma alguma. Pode ser difícil, mas é meu trabalho fazer algo a respeito. É por isso que quero ouvir o que vocês três realmente pensam.", Rio disse em uma voz calma. Masato e Aki trocaram olhares antes de baixarem suas cabeças para Rio.

".... Obrigado."

"Muito obrigada."

"Mas há algumas condições adjunta, então eu vou informá-las primeiro. Depois de ouvi-las, parem um pouco para pensar sobre isso, discutir uns com os outros, então me deem sua resposta.", Rio continuou.

"C-Certo. Quais são?", Masato se preparou e perguntou.

"Em primeiro lugar, a premissa principal de tudo isso é que Satsuki-san está atualmente em uma posição de ser um herói afiliado ao Reino de Galark, isso é basicamente certo. O problema de ser afiliado a um reino, no entanto, é que ela pode não ser capaz de se mover livremente por aí, e não podemos simplesmente ir e encontrá-la facilmente. Vocês entendem isso, certo?"

Por ter o herói Satsuki — um discípulo dos Seis Deuses Sábios — afiliado a eles, o reino poderia aumentar seu próprio poder e influência. Basicamente, ela era um ídolo portátil para adoração.

Seria um mau movimento perturbar o humor de Satsuki, então o reino provavelmente não faria nada para provocá-la. No entanto, eles ainda manteriam os movimentos de Satsuki sob vigilância e indiretamente tentariam controlá-la. Era difícil acreditar que eles permitiriam que ela se movesse livremente.

"Sim, bem...", disse Masato, hesitante. Aki e Miharu também concordaram com a cabeça.

"Eu já falei para vocês sobre os Seis Deuses Sábios, certo? Eles são os deuses adorados na região de Strahl. Não seria exagero dizer que a realeza em cada um dos reinos de Strahl foi formada com base no poder dos Seis Deuses Sábios. Agora que os heróis — discípulos dos Seis Deuses Sábios — desceram em cada reino, eles não podem fechar os olhos para um assunto tão sério. Afinal, o valor religioso dos heróis está diretamente ligado ao seu valor político.", Rio explicou com clareza.

"...", Miharu, Aki, Masato e todos do povo espiritual, ouviram as palavras de Rio atentamente.

"Isso, claro, também se aplica ao Reino de Galark. Eles tentarão obter o maior benefício político possível da Satsuki-san. Tendo dito isso, tenho certeza que vocês podem imaginar os potenciais perigos de vocês três aparecendo de repente diante de Satsuki-san, certo? O reino pode tentar levar vocês três como seguro, em nome da proteção."

"—...", Aki e Masato engoliram em seco.

"Eu expressei isso de uma forma assustadora, mas é claro que tomar medidas para prejudicar Satsuki-san normalmente seria uma má jogada, então eu duvido que eles tentariam fazer algo tão contundente.", Rio disse com um sorriso amargo, encolhendo os ombros.

"É por isso que não estou dizendo que vocês não deveriam ir ao encontro da Satsuki-san. Mas se vocês forem, quero que estejam preparados. Assim como Masato disse, é bem possível que vocês não consigam retornar a esta vila tão facilmente depois.", ele continuou.

".... Sim.", Miharu e os outros assentiram solenemente.

"E isso é tudo quando se trata dos avisos que tenho para dar. Claro, estou disposto a dar meu conselho e apresentar todos os riscos que posso pensar, mas todos vocês vão tomar a decisão final. Quero respeitar suas opiniões, e é por isso que vocês três devem pensar sobre isso por si mesmos. Então, sugiro que deixemos por aqui por hoje.", disse Rio, encerrando a reunião do dia.

◇ ◇ ◇

Depois disso, o grupo decidiu voltar para casa imediatamente para dar tempo a Miharu, Aki e Masato para pensar. Um ar bastante pesado pairava sobre eles no caminho para casa — em particular, sobre os visitantes japoneses, que mal disseram uma palavra. Sara, Oufia e Alma perceberam o clima e decidiram observá-los em silêncio por enquanto. Enquanto isso, Latifa estava igualmente calada por consideração, mas seu olhar estava fixo em Rio ao invés de Miharu. Ela caminhou ao lado dele em silêncio enquanto segurava sua mão, ocasionalmente olhando para o rosto de Rio com um olhar gentil em seu rosto.

Assim, o grupo chegou em casa.

"Já que o Rio-san voltou hoje, darei o meu melhor para preparar algo gostoso para o almoço.", disse Oufia com a voz mais alegre que pôde depois de entrar na casa.

"Eu vou ajudar.", Rio ofereceu imediatamente.

"Ah, eu também...!", Miharu entrou na conversa, atraída por Rio, ela se ofereceu para ajudar por reflexo.

"Não, Rio-san deveria relaxar na sala, por favor. Miharu-chan também, você não tem muito o que pensar hoje? Deixem isso comigo.", Oufia balançou a cabeça com um sorriso alegre.

".... Bem, então, por favor.", Rio assentiu com um sorriso.

"Obrigada, Oufia-chan.", disse Miharu se desculpando.

"Minhas habilidades culinárias não são tão boas, mas vou ajudar no lugar deles, Oufia."

"Eu também posso ajudar."

Sara e Alma tomaram a iniciativa para ajudar.

"Sim, nós três podemos preparar algo juntas pelo menos uma vez!", Oufia concordou alegremente.

"... Oufia-oneechan, devo ajudar também?", Latifa ofereceu hesitante.

"Fufu, Latifa devia ir e ser mimada pelo Rio-san enquanto ainda tem a oportunidade.", disse Oufia com um sorriso.

"Sim, obrigada!", Latifa assentiu com um sorriso suave.

Todos cuidavam de seus próprios negócios. Oufia, Sara e Alma foram para a cozinha, enquanto Rio e Latifa foram para a sala e se sentaram no sofá. Miharu, Aki e Masato se retiraram para seus próprios quartos.

Latifa parecia estar lendo o humor à sua própria maneira, já que ela não estava pedindo a atenção de Rio com entusiasmo como de costume, em vez disso, permaneceu perto de Rio em silêncio. Ela deve ter se sentido completamente à vontade lá, pois Latifa caiu em um sono tranquilo em mais ou menos, dez minutos, com a cabeça no colo de Rio enquanto respirava suavemente em seu sono.

"Zzz... zzz..."

"...", as laterais da boca de Rio relaxaram levemente quando ele observou o rosto pacificamente adormecido de Latifa, enquanto acariciava suavemente sua cabeça.


De repente, Miharu apareceu na sala e se aproximou de Rio nervosamente. Apesar de ter notado a aproximação de Miharu, Rio continuou a acariciar Latifa silenciosamente.

"Umm, Haruto-san, tem um minuto?", Miharu encontrou sua determinação e chamou o Rio.

".... Sim, claro.", Rio sorriu um pouco fugazmente e assentiu calmamente.


◇ ◇ ◇


Rio colocou a adormecida Latifa para descansar no sofá antes de seguir Miharu para fora da casa, a pedido dela para ficarem sozinhos.

"Sobre o que... quer falar?", Rio parou a uma pequena distância de Miharu e falou primeiro.

“... Umm, eu queria saber o que Haruto-san estava pensando sobre tudo isso.", Miharu começou hesitantemente.

"O que eu penso?", os olhos de Rio se arregalaram ligeiramente enquanto ele inclinava a cabeça para o lado.

"Sim. O que Haruto-san acha que devemos fazer sobre isso? Quero ouvir sua opinião.", explicou Miharu, agarrando-se à resposta de Rio.

"... Vamos ver. Eu iria ao banquete sozinho e faria contato com a Satsuki-san. Depois de ouvir o que a própria Satsuki-san quer fazer sobre tudo isso, exploraria soluções de longo prazo para o que fazer. Então, possivelmente ao mesmo tempo, temporariamente tiraria Satsuki-san do castelo e a levaria até vocês, talvez. Claro, teria que fazer vocês três esperarem em algum lugar perto do castelo.", Rio ofereceu o que considerou a opção mais segura.

".... Isso significa que Haruto-san acha que nós devemos encontrar a Satsuki-san, certo?", Miharu confirmou lentamente.

"Sim. Vocês gostariam de confirmar a segurança uns dos outros com seus próprios olhos primeiro, certo?" Rio perguntou.

"Sim.", Miharu assentiu com firmeza em resposta.

"Esse seria o propósito de temporariamente levá-la para um encontro secreto. Haveria um risco bastante alto apenas nisso, então não é uma opção que poderia ser repetida com frequência, mas para um evento único, deve haver muitas maneiras de fazer isso acontecer.", explicou Rio.

"Se quiséssemos continuar a vê-la, teríamos que ir para o castelo nós mesmos, é o que quer dizer?".

"Se Satsuki-san está em uma posição em que ela não pode andar livremente lá fora, essa pode ser a única escolha. Mesmo se ela pudesse sair, alguém estaria de olho em suas amizades, então a existência de Miharu-san e os outros seria revelada ao reino com certeza.", Rio concordou com a pergunta de Miharu com um olhar contemplativo. O mais importante era se Miharu realmente queria se encontrar com Satsuki independentemente disso.

"Então, se, se o reino descobrir sobre nós, ainda podemos permanecer com o Haruto-san mesmo nessa situação?", Miharu perguntou com uma cara extremamente preocupada.

"Eu... me pergunto. Se a existência de Miharu-san e os outros fosse um ponto fraco para Satsuki-san, acredito que o reino tentaria proteger vocês três. Claro, isso dependeria de quanta influência Satsuki-san tem sobre o reino...", Rio hesitou um pouco por um momento, antes de desviar os olhos de Miharu, que tinha um olhar de culpa, e responder.

Havia uma necessidade de investigar com antecedência como o reino trataria Miharu, Aki e Masato se descobrisse sobre eles. Rio percebeu que seria capaz de descobrir alguns dos detalhes entrando em contato com Satsuki na noite do banquete. No entanto, em última análise, não havia como saber exatamente o que aconteceria até que o momento se desenrolasse.

No mínimo, Rio atualmente tinha Liselotte do Reino de Galark como conexão, o que significava que contar com a ajuda dela poderia ser outra opção.

"É, certo.", Miharu assentiu, com seus ombros caindo em decepção.

".... No entanto, se vocês três planejam voltar ao Japão um dia, seria ideal se vocês se encontrassem com Takahisa-san também. Não há necessidade de pressa, mas também não há necessidade de evitar procurar ajuda, então, discuta o assunto com Aki-chan e Masato. Como eu disse antes, vocês devem ser os únicos a tomar a decisão.", Rio disse e sorriu um tanto sem jeito.

Nós... voltando para o Japão...

Por isso os três estavam sendo protegidos pelo Rio. Foi o que eles discutiram quando chegaram a este mundo e falaram com o Rio.

No entanto, no momento em que Miharu ouviu essas palavras da boca de Rio mais uma vez, uma sensação indescritível de ansiedade e pânico cresceu dentro dela, fazendo-a se encolher. Se Haruto fosse de fato o Haruto que ela conheceu, ele teria deliberado que eles voltassem para o Japão? O pensamento a oprimiu.

"U-Umm!", antes que percebesse, a boca de Miharu estava se movendo.

"Sim?", ver a normalmente dócil Miharu de repente levantar a voz de maneira áspera fez os olhos de Rio se arregalarem em resposta.

"Haruto-san... Haruto-san já pensou em voltar ao Japão alguma vez?", Miharu perguntou, parecendo extremamente frustrada. Ela havia evitado tocar neste assunto delicado até agora, mas ela simplesmente precisava saber.

".... Isso seria impossível.", Rio hesitou por um momento antes de responder com um pequeno suspiro. Ele não especificou claramente se queria voltar ou não.

"Por que... isso?", Miharu perguntou atordoada.

"Mesmo se eu voltasse, a pessoa que fui na minha vida anterior já está morta. Se eu voltasse ao Japão agora, não teria para onde ir. Eu nem estaria em qualquer tipo de registro oficial, sabe?", sinais de um sorriso autodepreciativo podiam ser vistas no rosto de Rio enquanto ele respondia com muita dificuldade.

".... Mas, você não tem... eu não sei, arrependimentos ou coisas que gostaria de ter feito?", Miharu perguntou. Era uma pergunta intrusiva que era rara vindo dela.

"... Eu me pergunto.", Rio disse, evitando responder.

"Então, Haruto-san, o Haruto-san da sua vida anterior é.…"

"Onii-chan?", Miharu tentou perguntar algo, tropeçando nas palavras, mas a voz de Latifa ecoou de repente.

"Qual o problema, Latifa?", Rio perguntou, olhando na direção de onde a voz veio. Em algum momento, a porta da casa havia sido aberta, revelando Latifa ali parada.

"Oh, é que o Onii-chan não estava lá quando eu acordei, então...", Latifa disse hesitante.

"Entendo. Desculpe, estava conversando com a Miharu-san.", Rio informou a ela, com um sorriso gentil colado em seu rosto.

"Está bem. Terminaram de conversar?", Latifa balançou a cabeça e se aproximou de Rio.

".... Terminamos?", Rio perguntou a Miharu.

"Ah, e~tto... Sim.", Miharu parecia querer dizer algo, mas concordou indecisamente em vez disso.

"Então, vou dar uma caminhada curta. Também gostaria de cumprimentar nossos vizinhos agora que eu voltei. Oufia-san e as outras parecem estar fazendo o almoço, então estarei de volta em breve. Latifa, o que gostaria de fazer?", Rio perguntou a Latifa, distanciando-se de Miharu.

".... Eu vou passar, está tudo bem.", Latifa parou por um momento, mas balançou a cabeça lentamente no final.

"Entendo... Então eu volto logo. Obrigado, Latifa.", disse Rio ao partir, acariciando os ombros de Latifa.

"Sim, até breve.", Latifa estremeceu, balançando a cabeça desajeitadamente enquanto via o Rio partir.

Então ele percebeu afinal...

Latifa estava ouvindo a conversa de Rio e Miharu da porta desde o meio da conversa — a razão pela qual ele agradeceu foi por causa disso. A própria Latifa nem percebeu que havia cronometrado sua interrupção e sentiu um desconforto indescritível com isso.

".... Até logo, Haruto-san.", Miharu ainda parecia que queria dizer algo, mas engoliu as palavras enquanto via Rio partir.


◇ ◇ ◇


Depois que Rio partiu, Latifa e Miharu foram deixadas sozinhas na porta. Miharu de repente abriu a boca.

"... Diga, Latifa-chan."

"Hm, o que é?", Latifa respondeu sem jeito.

"Umm, Latifa-chan.…", embora Miharu tenha começado a falar, ela parecia extremamente insegura de suas palavras. Seu conflito interno era bastante visível.

"Quanto Latifa-chan sabe o sobre o Haruto-san?", ela perguntou medrosamente.

No momento, os únicos que sabiam que o Rio tinha lembranças de uma vida anterior eram o conselho de anciões e a própria Dryas. Sara, Oufia, Alma e Latifa estavam mostrando a vila a Miharu, então elas não estavam presentes e não sabiam. Rio disse isso pessoalmente a Miharu, então Miharu evitou falar sobre a vida anterior de Rio na frente das garotas do povo espiritual até agora.

Contudo...

Miharu suspeitava que a irmã adotiva de Rio pudesse saber sobre sua vida passada.

"... O que quer dizer com o quanto?", Latifa perguntou hesitante.

"Isso é, se sabe por que Haruto-san usa o pseudônimo 'Haruto' ou algo parecido, talvez.", Miharu evitou os olhos de Latifa e falou hesitantemente.

".... Talvez, esteja perguntando sobre a vida anterior do Onii-chan?", Latifa parou por um longo momento antes de ir direto ao ponto que Miharu vinha tentando descrever longamente.

"—, como pensei, Latifa-chan sabia.", a expressão de Miharu mudou repentinamente e ela mordeu o lábio.

"Sim, Onii-chan me disse como prova de nosso vínculo entre irmãos.", Latifa assentiu.

"Então... Então... Latifa-chan sabe? Se o pseudônimo do Haruto-san, Haruto.... Esse era o nome dele em sua vida anterior?", Miharu perguntou seriamente.

".... Eu não posso responder isso. Onii-chan me pediu para não contar nada a ninguém sobre sua vida anterior.", Latifa balançou a cabeça lentamente.

"Haruto-san disse..."

Miharu se perguntou o que exatamente isso poderia significar. Não era algo que normalmente alguém gostaria que fosse espalhado. Ela não sabia por que ele não queria que isso fosse revelado, mas ela não podia aceitar que era apenas por uma questão de privacidade.

Dito isso, ela não podia forçar Latifa a dizer a ela, então Miharu simplesmente cerrou os punhos.

"Mesmo que não possa me perguntar, por que não perguntar ao Onii-chan diretamente?", Latifa sugeriu com um olhar muito conturbado.

".... Pode ser apenas minha imaginação, mas parece que ele está me evitando. Especialmente desde que voltou desta vez.", Miharu disse, franzindo a testa com tristeza.

Eu meio que pensei a mesma coisa. Mas também pensei que fosse apenas minha imaginação...

Rio realmente parecia que estava evitando Miharu antes, Latifa pensou. Ela percebeu pela primeira vez que algo estava estranho durante a interação com Rio chegando na vila e antes de entrarem juntos no Concelho. Era como se Rio estivesse evitando propositalmente os olhos de Miharu...

Mas, mesmo que isso fosse verdade, Miharu também estava se comportando de maneira estranha. Desde que Rio voltou, os olhos e atenção dela estavam continuamente focados nele.

".... Por que Miharu-oneechan quer saber sobre a vida passada do Onii-chan?", Latifa perguntou, examinando a expressão de Miharu.

"Se eu responder, Latifa-chan vai me dizer o nome do Haruto-san em sua vida anterior?", Miharu parecia extremamente frustrada ao sugerir uma maneira para elas trocarem informações.

"Eu, não posso fazer isso.", Latifa balançou a cabeça lentamente.

".... Desculpe, foi injusto da minha parte dizer. Sinto muito.", Miharu se desculpou vergonhosamente. Era um comportamento que ela nunca teria mostrado em circunstâncias normais, então ela deve ter se sentido excepcionalmente derrotada.

"Não, está tudo bem...", Latifa disse com um olhar contemplativo, buscando no rosto de Miharu seus sentimentos.

Talvez... não, é bem provável que a Miharu-oneechan...

Com base na interação dela até agora, Latifa tinha quase certeza de que Miharu suspeitava que o Rio fosse Amakawa Haruto em sua vida anterior.

Mas... desde quando?

Quando ela percebeu isso? Porque seus nomes eram iguais? Se esse fosse o único fator, ela teria tomado algum tipo de ação há muito tempo. Deve ter havido algum outro fator, Latifa pensou.

Ah, foi naquela vez...? Latifa de repente pensou em algo e entendeu.

Foi quando elas fizeram o bolo de maçã durante a aula de culinária — elas falavam da primeira vez que Rio e Latifa vieram à vila. Enquanto descreviam como Rio foi jogado em uma cela de prisão, Oufia e Alma disseram que ouviram Rio murmurar 'Mii-chan' durante o sono.

Naquela vez, Latifa percebeu que a expressão de Miharu havia mudado claramente. Ela não agiu estranhamente depois disso, mas era possível que ela tivesse começado a manter suas suspeitas desde então. Então, depois de voltar a ver o Rio, essa dúvida ficou mais forte.

Onii-chan notou a mudança de comportamento de Miharu-oneechan? É por isso que ele está evitando a Miharu-oneechan? Latifa suspeitou.

"Latifa-chan?", Miharu inclinou a cabeça desajeitadamente, olhando para o rosto de Latifa. Latifa estava perdida em seus próprios pensamentos, então Miharu provavelmente estava se perguntando o que estava acontecendo com ela.

"... Diga, Miharu-oneechan.", Latifa pensou bastante por um momento antes de mover lentamente a boca.

"O que é?"

"Eu não posso contar sobre a vida anterior do Onii-chan. Mas posso lhe contar sobre minha a vida anterior.", afirmou Latifa, tendo se decidido.

"Eh...?", Miharu ficou perplexa. Por um momento, ela não entendeu o que Latifa havia dito, pois ela não tinha ideia de que Latifa tinha uma vida passada.

"Eu também tenho uma vida passada. É uma história que só contei para o Onii-chan. Mas acho que está bem contar para a Miharu-oneechan. Minhas condições são que não conte a ninguém sobre o que vou dizer e que responda a uma das minhas perguntas depois que eu terminar.", disse Latifa com determinação, olhando diretamente para Miharu.

"Latifa-chan.…", Miharu ficou desconcertada com o assunto repentino em questão.

"E então? Aceita estes termos? Embora não seja justo dizer isso quando você não sabe nada sobre a minha vida passada, então vou dizer uma coisa com antecedência. Eu conheci o Onii-chan em minha vida passada. Nós morremos no mesmo acidente de trânsito.

"—...", Miharu engasgou em choque.

"Posso mudar de ideia mais tarde, então só vou esperar dez segundos. Dez, nove, oito..."

"E-Espere! Quero ouvir, eu quero ouvir, me diga, Latifa-chan. Eu prometo obedecer às suas condições."

"Entendi. Desculpa, desta vez fui eu quem disse coisas injustas. Mas, em troca, vou contar sobre a minha vida passada. Não acho que vá se arrepender.", disse Latifa se desculpando.

Ela queria saber os sentimentos de Miharu. Assim como Miharu queria saber sobre a vida passada de Rio, Latifa queria saber por que Miharu estava investigando a vida passada de Rio.

"Está tudo bem. Eu não quero ser intrometida, mas poderia me dizer agora?", Miharu balançou a cabeça educadamente.

"Sim. Eu era uma estudante da escola primária em minha vida passada. Onii-chan era um estudante universitário e nos conhecíamos porque íamos no mesmo ônibus para nossas escolas."

"...", Miharu estava focada em ouvir, então ela não disse uma palavra.

"No começo, eu não estava acostumada a andar de ônibus. Eu só tomava ocasionalmente em dias chuvosos, mas uma vez perdi minha parada e fui a um lugar que não conhecia. Quando fiquei com medo e comecei a chorar, Onii-chan me trouxe de volta para casa. Esse foi meu primeiro encontro com o Onii-chan. Isso foi tudo que eu precisei para.... Não, o Onii-chan da minha vida passada era tão gentil e bonito, que eu me apaixonei por ele à primeira vista. Então fiz minha mãe me deixar pegar o ônibus para a escola. E isso foi um ano antes de morrermos..."

Antes de continuar, Latifa fez uma pausa lembrando-se afetuosamente dos detalhes.

"Mas no final, mesmo com o tempo de um ano, nunca mais tive coragem de falar com o Onii-chan. Ah, eu sei que perguntei por que Miharu-oneechan não podia falar com Onii-chan sozinho antes, mas agora que penso sobre isso, realmente não sou alguém adequado para falar, huh? Ainda tenho muitas coisas que não tive coragem de dizer, mesmo agora.", Latifa sorriu tristemente.

"Latifa-chan.…", Miharu cerrou os punhos fortemente com pesar.

"É por isso que eu não era realmente próxima do Onii-chan na minha vida anterior. Claro, desde que me tornei o eu deste mundo, eu ouvi muitas histórias do Onii-chan, mas eu prometi a ele que não contaria a ninguém sobre isso. Desculpa, por eu não poder te contar muito, eu acho?", Latifa se desculpou com pesar. Talvez ela só quisesse contar a alguém sobre si mesma. Talvez ela quisesse que Miharu soubesse sobre ela — talvez fosse por isso que ela mencionou esse assunto.

"Não se preocupe.", Miharu sorriu fugazmente, balançando a cabeça.

"Obrigada. Então, para terminar as coisas, vou contar um pouco sobre como era o tipo de pessoa que o Onii-chan era antes. E para o meu eu atual também...", depois de dizer isso, uma certa intenção pôde ser vislumbrada nos olhos de Latifa. Era possível que falar sobre sua impressão de Haruto de quando ela era Suzune fosse uma violação da promessa que ela fez ao Rio. No mínimo, era definitivamente uma área cinzenta.

Mas Latifa queria dizer de qualquer maneira. Ela tinha que dizer isso, ela pensou. Se ela queria continuar apaixonada por Rio no futuro, ela achava que teria que enfrentar Miharu diretamente aqui e agora.

"Onii-chan sempre... O Onii-chan na minha memória sempre teve uma expressão triste no rosto. Ele tinha uma expressão distante em seus olhos, como se estivesse observando alguém que não estava ali. Como se alguém muito importante tivesse partido e ele soubesse que não voltaria..."

Latifa sabia quem era aquela pessoa importante. Ela já estava pisando em uma linha perigosa neste ponto, então ela não poderia dizer mais nada além disso.

"Haruto-san estava...", Miharu piscou.

"Mesmo agora... Mesmo agora eu não sei se Onii-chan ainda está olhando para aquela pessoa. Mas sabe? Eu amo o Onii-chan. Ele me salvou neste mundo também."

"É, assim?", a confissão repentina de Latifa fez Miharu recuar a cabeça.

"Sim. Pensando bem, eu nunca contei para a Miharu-oneechan e os outros o que aconteceu.... Sobre a vida que eu vivia antes de vir para a vila..."

"Verdade, ouvi dizer que estava viajando com o Haruto-san...", Miharu disse nervosamente.

"Foi antes disso. Eu... eu era uma escrava antes. No momento em que recuperei minhas memórias da minha vida passada neste mundo, eu havia nascido e crescido como uma escrava."


"—...", Miharu ficou sem fala com a confissão de Latifa.

"A região de Strahl é um território humano, então praticamente não existem comunidades como esta vila, onde pessoas de diferentes raças vivem juntas. Se houver, eles são escravos. Não há outro papel para nós além da escravidão." Latifa continuou com um olhar conturbado.

"Os nobres que me possuíam me criaram como uma assassina. Eles colocaram um colar mágico em mim, para me impedir de desobedecer. É por isso que, quando recuperei minhas memórias da minha vida passada, eu já havia matado pessoas. Depois que minhas memórias haviam despertado também, com essas mãos, eu..."

O corpo de Latifa tremeu um pouco quando ela olhou para suas mãos. Deve ter sido doloroso apenas lembrar. Era um passado que ela normalmente mantinha selado bem fundo em suas memórias.

"Latifa-chan, está tudo bem. Se é doloroso, não precisa se forçar a me dizer.", Miharu se aproximou de Latifa e agarrou sua mão. Ela falou com uma expressão de dor nos olhos.

"Não, eu preciso fazer isso... Para fazer uma pergunta depois. É por isso que.... Miharu-oneechan pode não querer ouvir isso, mas eu quero que ouça. Está bem?", Latifa balançou a cabeça de um lado para o outro.

".... Bem.", Miharu franziu a testa, assentindo profundamente.

"Obrigada. Como uma assassina, eu... era controlada pelo colar de escravo e, me foi dito para matar o Onii-chan como os outros.... Isso foi o que aconteceu entre mim e Onii-chan, antes de chegarmos à vila.", disse Latifa vergonhosamente, mordendo o lábio enquanto olhava para Miharu.

"... Latifa-chan.", lágrimas caíram suavemente dos olhos de Miharu. A história foi demais para ela suportar.

"Eu fingi estar desmaiada para poder matar o Onii-chan. Mas, não havia forma alguma de eu ganhar contra o Onii-chan, e facilmente o jogo foi virado contra mim. Eu pensei que seria assassinada, mas eu não queria morrer, fiquei com medo, então tive um completo ataque de choro, que foi então quando o Onii-chan me nocauteou...", Latifa disse amargamente. Realmente foi uma lembrança miserável.

"Onii-chan não me matou, no entanto. Em vez disso, ele removeu o colar que estava me controlando. Então ele me trouxe, quem não tinha um lugar em Strahl, quem era nada mais do que um fardo, todo o caminho até esta vila. Ele deu a alguém como eu, que nem mesmo tinha vontade própria, a chance de viver uma vida normal.", Latifa continuou em voz baixa, mas firme.

"...", Miharu estava perplexa e permaneceu em silêncio.

"Eu tenho causado muitos problemas para o Onii-chan. Eu devo muito a ele, mais do que eu poderia retribuir nesta vida. Onii-chan é gentil, então ele negaria tudo isso, mas isso não é verdade. É por isso que vou passar minha vida devolvendo essa dívida que tenho com o Onii-chan. É assim que eu penso...", Latifa disse, então fez uma pausa.

"... Latifa-chan, realmente ama bastante o Haruto-san.", Miharu disse suavemente. Ficou claro como o dia que Latifa realmente amava o Rio pela conversa de agora. Tão claro, que era quase brilhante demais para olhar diretamente.

"Sim. Isso mesmo. Eu amo o Onii-chan. Eu o amo como meu irmão e como homem. Eu me apaixonei pela mesma pessoa duas vezes.", Latifa assentiu.

"—, entendo...", por algum motivo, Miharu sentiu um aperto no peito e fez uma expressão dolorosa.

"É por isso que eu acho que entendi. A razão pela qual Sara-oneechan, Oufia-oneechan e Alma-oneechan, por que todas o amam também.... Elas ainda parecem se sentir culpadas pela forma horrível com que o trataram por causa do mal-entendido quando vagamos pela primeira vez na vila, mas posso dizer que elas o amam."

".... Sim.", Miharu concordou com dificuldade. Como elas viviam juntas como uma família, Miharu também havia percebido isso.

"E quanto à Miharu-oneechan?", Latifa perguntou de repente.

".... Eh?", por um momento, Miharu não teve certeza do que estava sendo perguntado e seus olhos se arregalam. Mas, um instante depois, ela entendeu o significado e se encolheu em choque.

"Miharu-oneechan ama o Onii-chan também? Esta é a condição que dei no início. A pergunta que eu queria fazer a Miharu-oneechan.", Latifa perguntou sem rodeios, olhando para Miharu de perto.

"—...", Miharu não conseguiu responder na hora, um olhar terrivelmente hesitante apareceu em seu rosto.

"Não precisa se apressar. Miharu-oneechan, quero ouvir seus verdadeiros sentimentos.", Latifa disse calmamente.

"Eu... eu tinha alguém que amava quando era pequena.", Miharu abriu lentamente a boca, pensando seriamente. "Eu provavelmente amei aquela pessoa tanto quanto Latifa-chan está apaixonada atualmente. Era natural para nós dois estarmos juntos todos os dias, e eu pensei que seria natural ficarmos juntos para sempre.... Eu e meu amigo de infância. Aki-chan também estaria lá, e nós três brincaríamos juntos.", ela continuou.

"Mm.…", Latifa assentiu, pedindo a Miharu que continuasse.

"Mas sabe, nosso tempo juntos não durou muito. Quando eu tinha sete anos, aquele menino teve que se mudar para longe com o pai, depois que seus pais se divorciaram. Só sobramos Aki-chan e eu. Aki-chan era a irmã mais nova daquele menino, sabe. Ela passou a odiá-lo agora, mas naquela época, ela amava seu irmão. Depois que seu irmão a deixou, ela se trancou em seu quarto por alguns dias e chorou.", Miharu disse lentamente, relembrando aqueles tempos.

".... Miharu-oneechan chorou?", os olhos de Latifa se arregalaram quando ela descobriu que Aki odiava Haruto, mas ela optou por não tocar nisso e, em vez disso, perguntou nervosamente sobre Miharu na época.

"Eu era três anos mais velha que a Aki-chan. Disse isso para eu parecer mais legal, mas chorei também. Chorei o dia todo em que ele se mudou.", Miharu respondeu com um sorriso amargo. "Mas, quando nos separamos, ele me fez uma promessa. Que quando ele crescesse, ele viria me buscar. É por isso que devemos nos casar. Então poderíamos estar sempre juntos, ele poderia estar sempre ao meu lado, e me proteger com sua vida...", ela disse com um olhar triste e distante.

"Miharu-oneechan...", Latifa sentiu que seu peito estava prestes a se partir. No final, Haruto ainda era capaz de manter essa promessa, mesmo agora. Ele protegeria Miharu com sua vida.

"Eu sou uma pessoa simples, então fiquei muito feliz e parei de chorar por causa disso. Não sei se ainda amo essa pessoa agora que cresci, mas minhas memórias daquela época são um tesouro precioso para mim. É por isso.... É por isso.... Eu não poderia imaginar ter esse tipo de relacionamento com outro homem até agora. Mas...", Miharu disse envergonhada, franzindo a testa no final.

"Mas?", Latifa engoliu em seco.

".... Eu não sei. Algo assim, é a primeira vez.... Enquanto vivia com o Haruto-san, comecei a sobrepor a existência do Haruto-san com a pessoa que conhecia. Eu sei que é a coisa errada a fazer, eu continuo dizendo isso a mim mesma, mas ultimamente meus sentimentos continuam surgindo. As linhas temporais não coincidem, portanto, não poderia ser possível."

Girando e girando, em círculos. Os pensamentos e sentimentos de Miharu foram sugados para um ciclo de negatividade. Seu rosto se contorceu de dor enquanto ela abaixava cabeça, mas depois de um tempo, ela a ergueu novamente.

"A pessoa que eu amava quando era pequena se chamava Amakawa Haruto. O mesmo nome do Haruto-san.", ela olhou para Latifa enquanto falava baixinho, como se procurasse uma resposta.

"...Desculpa. Eu sei o que Miharu-oneechan está tentando perguntar. Mesmo assim, eu não posso te dizer nada sobre a vida passada do Onii-chan da minha própria boca.", afinal, foi isso que ela havia prometido. Latifa balançou a cabeça se desculpando.

"Sim. Lamento também por incomodar Latifa-chan assim... O motivo pelo qual não perguntei ao Haruto-san é provavelmente porque ainda não cheguei à minha própria resposta. Estou com muito medo de ter certeza...", Miharu mordeu o lábio de vergonha.

".... Isso é compreensível. Miharu-oneechan é uma irmã mais velha para os dois, então deve considerar Aki-chan e Masato-kun."

Na realidade, Miharu estava em uma posição como a mais velha, onde sempre tinha que considerar os outros dois, não apenas ela mesma. No entanto, o ponto que no fim das contas fez Miharu se manter firme foram as linhas temporais incompatíveis. De forma alguma Amakawa Haruto poderia ter sido um estudante universitário, já que ele era um estudante do primeiro ano do ensino médio como ela. É por isso que, logicamente falando, não havia como eles serem a mesma pessoa.

Essa era a interrupção da magia. Por entender que havia uma discrepância de tempo, Miharu estava inconscientemente com medo de confirmar com o Rio. Ela acreditava que não era algo que ela deveria confirmar, tendo a vaga sensação de que algo mudaria se ela o fizesse.

"...Sim. Eu tenho que me recompor. Pelo bem daqueles dois.", Miharu disse para si mesma.

Embora pudesse ser interpretado como uma forma de evitar o problema com o Rio, também era verdade que ela tinha que enfrentar o problema com Satsuki de frente também. No mínimo, em termos de urgência, isso era mais importante. Afinal, encontrar Satsuki não era apenas algo que preocupava Miharu; isso afetaria muito Aki e Masato no futuro também. Rio havia preparado essa oportunidade para eles, então eles não podiam desperdiçá-la.

Era problema deles. Eles não podiam simplesmente deixar isso para outras pessoas, e também não podiam empurrar tudo para o Rio. Miharu se acalmou um pouco, forçando seus miseráveis sentimentos em seu peito.

"Quando estou observando Miharu-oneechan, penso comigo mesma que também tenho que me esforçar mais. Obrigada, por ouvir minha história e por responder minha pergunta.", a boca de Latifa relaxou em um sorriso enquanto ela agradecia Miharu, feliz por ter sido capaz de ter uma conversa franca.

Eu também... acho que esse estado atual não pode continuar, Latifa pensou do fundo de seu coração, embora ela não pudesse explicar isso logicamente. Agora que ela sabia que os sentimentos de Miharu estavam inclinados para o Rio, ela sabia que o problema entre Rio e Miharu tinha que ser resolvido antes que ela pudesse encarar o Rio com orgulho. Ela não podia dar tudo de si ao Rio antes disso.

"E~tto, isso é tudo o que queria me perguntar?", Miharu perguntou nervosamente.

"Sim. Eu sei quais são os sentimentos da Miharu-oneechan agora. Como eu disse no começo, não pode contar a ninguém o que eu te falei, está bem? Especialmente o Onii-chan.", Latifa olhou para a entrada e sorriu tristemente.

"Sim, eu prometo.", Miharu concordou, devolvendo o sorriso gentilmente.

"Então, vamos.", disse Latifa em uma voz um pouco mais alta, virando-se para a porta. A porta rangeu ligeiramente, movendo-se levemente como se um vento tivesse soprado. Do outro lado estava—

... Miharu-... Onee-chan. Isso é verdade?

Era Aki. Ela estava procurando por Miharu para discutir coisas com ela quando encontrou as duas conversando do lado da fora de casa e acabou escutando. Aki correu para dentro de casa para evitar ser pega.

"Qual é o problema, Aki?", ao correr para a sala, Aki encontrou Sara, cujos olhos se arregalaram ligeiramente.

"Ah, nada, eu só estava andando um pouco, pensando que poderia ajudar a processar meus pensamentos, ou algo assim...", disse Aki, inventando uma desculpa na hora.

"Ah, eu conheço esse sentimento. Ficar sentada também não combina comigo.", Sara concordou com uma pequena risada. Nesse momento, Miharu e Latifa voltaram para dentro.

"Estamos de volta!", no momento em que Latifa entrou na sala de estar, ela cumprimentou Aki energicamente.

"Bem-vindas de volta. Espera, onde vocês foram? E quanto ao Rio-san?"

"Estávamos conversando do lado de fora da casa. Onii-chan saiu em uma curta caminhada lá fora. Ele disse que ia dizer oi para os vizinhos. Tenho certeza que ele estará de volta em breve.", Latifa respondeu à pergunta de Sara em seu tom usual.

"Entendo. Então, assim que o Rio-san voltar nós almoçaremos. Todos os preparativos estão prontos."

"Hm! Fizeram todos os tipos de comida hoje. O aroma está ótimo. O cheiro chegou até o lado de fora da casa, então eu estou faminta.", o nariz de Latifa torcia enquanto ela cheirava, então ela deu uma pequena risada.

"O.… cheiro? Eu só pude notar quando entramos..." os olhos de Miharu se arregalaram de admiração.

"Isso é porque eu sou uma bestial raposa! Sou supersensível ao cheiro.", Latifa estufou o peito com orgulho.

"Entendo.", Miharu deixou escapar uma risada divertida.

"Aki-chan, está tudo bem? Você não parece muito bem...", Latifa olhou para Aki, que estava parada um tanto sem jeito, e a chamou gentilmente, preocupada.

"N-Não, eu estou bem. Não há nada de errado.", Aki balançou a cabeça desajeitadamente, sua voz saiu um pouco aguda.


◇ ◇ ◇

Pouco depois, Rio voltou, e já era hora do almoço. A mesa de jantar estava lotada com o banquete que Oufia, Sara e Alma prepararam, mas a atmosfera na sala estava um pouco estranha. Havia conversas acontecendo, mas não eram tão animadas quanto normalmente.

Aki, Masato e Miharu em particular tinham expressões rígidas em seus rostos. O motivo, é claro, foi o que Rio havia delineado em seu retorno. Até o normalmente barulhento Masato estava pensando seriamente sobre qual deveria ser seu plano de ação.

"A propósito, Rio-san.", disse Oufia de repente.

"Sim.", Rio respondeu imediatamente, olhando para Oufia.

"O nobre que vai levar o Rio-san ao banquete... Que tipo de pessoa ele é?"

Embora elas possam não estar diretamente envolvidas, ainda era uma pessoa com quem Miharu e os outros confiariam. Ela percebeu que não faria mal aprender mais sobre que tipo de pessoa era.

Com isso, a atenção de todos se voltou para o Rio.

"Vejamos... Como já disse aos anciões líderes, ela é inteligente e tem um forte sentido do dever. Foi colocada no comando da cidade ainda jovem e também dirige uma grande organização que ela mesma estabeleceu. Acredito que ninguém é mais adequado para ser chamado 'talentoso' do que ela.", explicou Rio.

"É uma... mulher? Achei que fosse um homem..." Oufia piscou surpresa. Os outros também pareciam ter a noção preconcebida de que o nobre era um homem, então todos ficaram um pouco surpresos.

"Sim, eu acredito que ela tenha a idade da Oufia-san.", Rio confirmou calmamente.

"A mesma, que eu?", Oufia murmurou admirada.

"Haruto-san, talvez, essa pessoa é a de Amande...", Miharu disse de repente. Parecia que ela tinha alguém em mente.

"Sim. A governante de Amande e presidente da Companhia Rikka também, é ela.", afirmou Rio.

"Are~, não foi a Companhia Rikka o lugar que vendeu as roupas ínt... os trajes de banho que estávamos tentando reproduzir?", Oufia quase disse roupas íntimas, mas se corrigiu para trajes de banho. A vila estava atualmente fabricando roupas íntimas e trajes de banho modernos experimentais com base no que Miharu e os outros trouxeram para a vila. Como havia um número avassalador de oportunidades de uso de roupas íntimas, Oufia havia dito roupas íntimas por reflexo, mas aparentemente achou aquelas palavras um pouco embaraçosas de se dizer na frente do Rio.

"Sim. Amande era uma cidade próxima quando morávamos na região de Strahl...", Miharu assentiu, pensando bastante. Ela sabia que a Companhia Rikka vendia muitos itens que lembravam produtos japoneses modernos, então era possível que a presidente, Liselotte, também pudesse ter reencarnado como o Rio...

O que significava que Rio pode ter compartilhado informações sobre sua vida anterior com Liselotte.

"Sabemos que Liselotte-san foi salva durante uma situação difícil, mas o que foi que aconteceu?", Alma perguntou por curiosidade.

"É uma longa história, mas para resumir: houve um ataque de monstros em grande escala a Amande, e eu cooperei com os esforços de extermínio.", Rio respondeu de modo geral.

"Correu tudo bem?", Miharu perguntou preocupada. Ela nunca havia imaginado que tal coisa ocorreria depois que eles deixaram Amande.

"Sim. É por isso que estou aqui. Só por segurança, pedi para Aishia esperar em um local longe de Amande.", Rio respondeu com um sorriso.

"Não temos monstros nesta vila, então é um pouco difícil de imaginar, mas se o Rio-san diz que era em grande escala, então deve ter havido um número excepcional deles.", Alma murmurou.

Monstros pareciam viver em áreas próximas à civilização humana, então quase não havia nenhum que fixasse residência na Região Selvagem. Em vez disso, todos os tipos de criaturas selvagens corriam soltas. Ela sabia bem como eles podiam ser ameaçadores quando se uniam.

"Poderia nos dizer como foi lutar contra monstros, se não se importar?", ao mesmo tempo, o interesse de Sara como guerreira foi despertado.

Talvez tenha sido também porque eles estavam reunidos para uma refeição onde estavam mais taciturnos do que o normal que ela achou que seria um bom tópico para acompanhar.

Latifa ergueu a mão. "Ah! Eu quero ouvir sobre as circunstâncias em que Onii-chan e sua professora Celia-san moraram juntos!", era algo que a incomodava desde que Rio voltou para a vila e mencionou casualmente que eles estavam convivendo. Agora que todos estavam reunidos, ela percebeu que este era o momento perfeito para perguntar.

"Mō~, Latifa, não interrompa as outras pessoas enquanto elas estão falando... —Espera, morando juntos! Isso mesmo! Era verdade que vocês estavam morando juntos?!", Sara tentou se opor a Latifa, exasperada, quando o assunto do Rio convivendo com Celia veio à tona e ela virou de lado instantaneamente, mudando sua expressão.

"S-Sim. Essa também é uma longa história, mas...", Rio ficou um pouco surpreso, mas respondeu retrocedendo.

"Que curiosa, Sara-neechan.", disse Alma com uma risadinha.

"Ah, não, isso não é.…", como Sara já havia mostrado uma reação excessiva, ela murmurou suas palavras enquanto corava profundamente. Oufia deu uma risadinha enquanto observava Sara agir daquela maneira.

"Ei, ei, ela é sua amante local, Onii-chan?", Latifa perguntou de repente.

Com isso, o grupo de Sara pareceu surpreso e tossiu.

".... Ela não é. Onde aprendeu essa palavra?", Rio deve ter sentido uma dor de cabeça chegando, pois pressionava levemente a cabeça com a mão.

"Com o Dominic-san.", Latifa revelou honestamente.

"Entendi. Eu vou ter uma conversa com ele na próxima vez que o vir.", Rio disse com um suspiro. Ele percebeu que havia uma necessidade de enfatizar "não ensinar coisas estranhas como essa para Latifa"...

"Francamente... aquele velhote... Vou repreendê-lo também. Eu me desculpo por ele.", Alma se sentiu envergonhada por causa de alguém de sua própria família e pediu desculpas ao Rio com uma queda desanimada de ombros.

"Diga, Onii-chan. Como vocês acabaram morando juntos? Ela é uma garota nobre, não é?", Latifa ainda estava curiosa e fez beicinho enquanto pressionava Rio para falar. Sara e as outras garotas também pareciam interessadas, olhando para Rio atentamente.

"Entendi, eu vou contar.", Rio assentiu com um sorriso tenso, explicando a série de eventos que levaram ao resgate de Celia.

◇ ◇ ◇

Mais tarde naquela noite, Miharu chamou Aki e Masato ao quarto dela. Os três estavam sentados em cadeiras ao redor de uma pequena mesa.

"Vocês dois resolveram seus pensamentos sobre a situação?", Miharu perguntou, indo direto ao assunto.

"... Sim.", Aki assentiu.

"Ainda estou pensando, mas também quero ouvir a opinião de vocês.", disse Masato, coçando a cabeça grosseiramente.

"Entendo. Então vamos conversar sobre isso. Primeiro, Aki-chan, poderia começar nos contando o que pensa?", Miharu perguntou.

"Eu... ainda quero voltar para Strahl. Se houver uma chance do Onii-chan estar lá e houver uma possibilidade de que eu possa encontrá-lo.... Então eu quero ir ao banquete.", Aki disse seriamente.

"Entendo... Masato-kun, o que pensa?", Miharu assentiu, e em seguida, falou com Masato.

"O principal problema que me impede é a possibilidade de não podermos voltar aqui. Estar com o Haruto-niichan pode significar que ele pode me ensinar esgrima, mas.... Meu primeiro objetivo era vencer uma vez contra o Arslan...", disse Masato, pensando consigo mesmo. "Mas temos que nos encontrar com o Aniki e a Satsuki-neechan em algum momento, eu acho. Bem, não é muito bom saber que vamos ser um fardo, mas quero ir vê-los.", acrescentou.

"Será que realmente não seremos capazes de voltar a esta vila? Com o Onii-chan e a Satsuki-san.", Aki murmurou.

"Eles não disseram que o rei não aprovaria isso? No mínimo, Satsuki-neechan está afiliada ao Reino de Galark agora.", Masato repetiu as palavras que Rio disse antes, declarando o resultado previsto.

"Mas não sabemos como Onii-chan e Satsuki-san se sentem sobre isso."

"Isso pode ser verdade, mas não é por isso que temos que encontrá-los para descobrir? Aniki e Satsuki-neechan poderiam já ter feito amigos íntimos dentro do reino, sabe?", deixando de lado se eles podiam ou não deixar o reino, havia a possibilidade de que eles não quisessem partir.

"É por isso que estou dizendo que devemos ir vê-los e perguntar a eles diretamente. Também temos que conversar sobre se podemos retornar à Terra ou não. Esse é o nosso problema, certo?", em vez de o Rio agir como agente, havia coisas que só podiam ser transmitidas pelas pessoas envolvidas.

"Mm, entendo..., mas, mesmo supondo que Aniki e Satsuki-neechan quisessem vir para esta vila, e que possamos voltar aqui também, temos permissão para trazê-los junto? Este lugar não era para ser um segredo? Fizemos uma promessa."

"Isso... exigiria consultar o Rio-san e os anciões...", Aki se calou no final. Ela parecia se sentir como se eles tivessem causado problemas o suficiente para Rio e a vila, então ela tinha uma expressão desconfortável em seu rosto.

"Mm.… não é bom. Ainda não tenho ideia do que fazer. Miharu-neechan, o que acha?", Masato ergueu as mãos em um gesto de rendição e olhou para Miharu.

O olhar de Aki seguiu até Miharu também. Miharu estava ouvindo os dois conversando em um silêncio contemplativo o tempo todo.

".... Eu posso entender os sentimentos da Aki-chan, e as preocupações do Masato-kun também. Além de tudo isso, eu quero seguir o Haruto-san."

"Então, eu também—!", Aki interrompeu a conversa.

"Espere, Aki-chan. Deixe-me continuar."

"S-Sim...", Aki foi pega de surpresa e assentiu desconfortavelmente.

"Como Aki-chan disse, esse é o nosso problema. É por isso que não é algo que devemos deixar totalmente para o Haruto-san.... Seria preferível nos encontrarmos diretamente e discutir as coisas. Não é verdade?"

".... Sim.", Aki concordou, apreensiva.

"Mas, como o Masato-kun disse, provavelmente seríamos um fardo e atrapalharíamos. É por isso que.... Isso não é exatamente um compromisso, mas estou pensando que devo representar vocês dois e comparecer ao banquete noturno com o Haruto-san.", disse Miharu.

"Então, nós...?", Aki perguntou preocupada.

"Vocês ficariam aqui na vila. Se insistirem, podemos perguntar se vocês podem vir a Strahl, mas eu serei a única a comparecer ao banquete noturno. Eu quero que vocês esperem com a Ai-chan em algum lugar seguro perto do castelo.", Miharu disse, olhando para o rosto de Aki.

"Mas isso... Isso significa que mesmo se Masato e eu os seguirmos até Strahl, há uma chance de não conseguirmos ver a Satsuki-san, não é?", Aki perguntou, parecendo terrivelmente frustrada.

"...Sim. Haruto-san, disse que tentaria tirar Satsuki-san do castelo se possível, mas isso não garante que ele conseguirá, apenas que a possibilidade existe. É claro, vou tentar discutir isso com Satsuki-san também para ver se podemos levar vocês dois para dentro do castelo, mas isso também não está garantido.", Miharu explicou a Aki honestamente.

"Aki-chan ainda quer ir para Strahl apesar disso?"

"—...", Aki não conseguiu responder de imediato, com uma expressão chorosa no rosto.

"Masato-kun, o que acha?", Miharu continuou.

"Eu...", Masato hesitou com uma expressão azeda.

"Não sabemos em que tipo de posição seremos colocados no castelo, então ter nós três presentes seria um fardo ainda maior para o Haruto-san, não acham? É por isso que eu quero que vocês me deixem falar com Satsuki-san sozinha primeiro.", dessa forma, mesmo que Miharu ficasse incapaz de se mover no castelo, Aki e Masato poderiam voltar para a vila.

"... Miharu-... Onee-chan.…", Aki de repente levantou a cabeça, tentando dizer algo com um olhar profundamente pensativo.

"O que foi, Aki-chan?", Miharu olhou para Aki, ouvindo com atenção.

"... Miharu-... Onee-chan.…o Haruto-san..."

Gosta do Haruto-san? É porque sobrepôs tanto o Haruto-san com aquele homem? É por isso que quer estar ao lado do Haruto-san?

Isso é o que Aki queria perguntar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta e sua boca não se moveu. Em vez disso, uma expressão muito mal-humorada caiu em seu rosto e ela fez beicinho com lágrimas nos olhos.

"... Ei, Aki-chan. Eu sei que pode achar difícil confiar em mim, mas eu também sou a 'Onee-chan' da Aki-chan. Não somos parentes de sangue, mas crescemos juntas todo o tempo, então acredito que somos. É por isso que.... Se Aki-chan pensa em mim da mesma maneira, poderia deixar isso comigo apenas desta vez?", Miharu perguntou com uma cara preocupada. Aki mordeu o lábio em frustração e de repente se levantou.

".... Está bem.", Aki a abraçou, enterrando o rosto no peito de Miharu.

"Obrigada, Aki-chan.... Me desculpe.", Miharu sorriu gentilmente e acariciou as costas de Aki para confortá-la.

"Está bem. Mas ainda quero ir para Strahl. Mesmo que eu não consiga ver a Satsuki-san ou o Onii-chan desta vez, Miharu-oneechan, eu quero estar ao seu lado.", Aki balançou a cabeça e abraçou Miharu com mais força.

"Aki-chan.…", naturalmente, Miharu abraçou Aki com mais força também.

"... Umm, vocês duas estão se esquecendo de mim?", Masato parecia se sentir desconfortável por ser forçado a assistir à demonstração de seu amor fraternal, enquanto reforçava sua presença, envergonhado.

"O que? Você estava aqui?", Aki disse a Masato, os olhos levemente inchados de lágrimas.

"Ei, ei, eu estava. Desde o início.", enfatizou Masato.

"Hmm... Então, o que? Por acaso, você também quer ser abraçado pela Miharu-oneechan? Você não pode, pervertido.", Aki lançou a Masato um olhar desanimado, tentando esconder seu constrangimento.

"Idi—, não é isso! Eu não estava pensando em como eu estava com inveja ou como eles devem ser macios!", Masato negou com o rosto vermelho.


"Você só está cavando sua própria cova...", apesar da exasperação de Aki, ela não conseguiu conter o riso.

"C-Cala a boca!", Masato gritou agitado.

"Bem, tanto faz. O que você vai fazer então? Você quer ficar na vila e continuar seu treinamento com a espada?", Aki perguntou a Masato, tentando recuperar a conversa descarrilada.

"Ah, bem. Se chegar a esse ponto, vou ter que baixar a minha cabeça para o Haruto-niichan também. Eu também quero ir para Strahl.", Masato coçou a cabeça timidamente.

"Hmm, então você está vindo afinal. Você não parecia tão entusiasmado com isso...", Aki olhou atentamente para o rosto de Masato.

"Cale-se. Eu mudei de ideia.", Masato se virou.

"Oh, entendo.", um sorriso apareceu nos lábios de Aki.

"Fufu.", Miharu observou os dois com um sorriso divertido no rosto. Eles finalmente pareciam ser os de sempre. Mas com isso decidido, eles tinham que se apressar.

"Primeiro, vamos todos até o Haruto-san. Então, chamaremos Sara-chan e as garotas e faremos nosso relatório juntos.", sugeriu Miharu.

"Sim."

"OK."

Aki e Masato assentiram em uníssono.

Com isso decidido, os três visitaram o quarto de Rio e bateram na porta, com a resposta "Entre.", de Rio vindo imediatamente.

"—ei, Latifa?!", parecia que havia alguma comoção lá dentro.

"Com licença...", Miharu abriu a porta com receio.

"Boa noite, Miharu-san.", Rio estava carregando Latifa nas costas — ou melhor, Latifa estava agarrada às costas do Rio.

"Umm, boa noite, Haruto-san. Agora... seria um bom momento?", ver Rio carregando Latifa nas costas fez Miharu hesitar.

Rio sorriu fracamente. "Sim, estávamos apenas brincando. Se vocês três estão aqui juntos, isso significa que chegaram a uma decisão, certo?"

"Sim.", disse Miharu.

"Ahaha, você é muito apegada ao Haruto-san, Latifa-chan.", quando Aki viu Latifa agarrada às costas do Rio, ela não pôde deixar de dar um sorriso um pouco tenso com a demonstração de afeto entre os dois.

"Sou!", Latifa assentiu com um sorriso despreocupado.

"Bem, então, por enquanto entrem. Latifa, pode ir para a sala ou voltar para o seu próprio quarto?"

"Eeh, mas eu também quero ouvir.", Latifa fez beicinho.

"É uma conversa importante. Você entende isso, certo?", Rio a advertiu com um olhar preocupado. Com isso, Latifa inchou as bochechas e desceu das costas dele, obedientemente movendo-se para sair do quarto.

"Umm, Latifa-chan pode ficar.", disse Miharu. "Na verdade, estávamos pensando em chamar Sara-chan e as outras também, para que todos pudéssemos conversar juntos. Sobre nossos pensamentos."

"Comigo também?", Latifa inclinou a cabeça hesitantemente.

"Sim. Eu quero que Latifa-chan escute também.", Miharu disse, sorrindo gentilmente.

"Compreendo. Então, vamos conversar na sala.", Rio respeitou a decisão deles e sugeriu que se realocassem.


◇ ◇ ◇


Sara, Oufia e Alma foram chamadas à sala de estar. Depois que todos se reuniram e se sentaram no sofá, Rio falou.

"Agora, poderiam nos dizer o que vocês três decidiram fazer?"

Miharu respirou fundo. "Sim. Em primeiro lugar, nós três chegamos à conclusão de que todos queremos ir para Strahl."

"Compreendo. Se isso é o primeiro, então há mais?", Rio perguntou.

Esse pedido estava dentro de suas expectativas. Não havia nada para se surpreender. Nem Latifa nem Sara e as outras também pareciam particularmente chocadas. Contudo—

"Eu... eu também gostaria de ir junto ao Haruto-san, e participar do banquete noturno onde a Satsuki-san estará.", quando Miharu disse isso, Latifa e o grupo de Sara estremeceram em reação.

".... Se o reino descobrir sobre Miharu-san, a realeza e a nobreza podem tentar encontrar uma maneira de usá-la. Tenho certeza de que eles vão tratá-la educadamente na superfície, mas isso significaria revelar o nome e rosto de Miharu-san ao público a partir de agora. É possível que apareçam pessoas que tentarão usar isso para suas próprias conspirações. Miharu-san está ciente de tudo isso, mas ainda deseja participar do banquete. Isso está correto?", o pedido de Miharu para comparecer ao banquete também foi um pouco inesperado, fazendo Rio parar por um momento antes de confirmar suas intenções.

".... Sim.", Miharu assentiu profundamente, transmitindo sua própria determinação. Mesmo que ela não pudesse comparecer ao banquete, se ela se colocasse à disposição para encontrar Satsuki a qualquer momento, ela seria conhecida em algum momento. Era só uma questão de saber se era mais cedo ou mais tarde.

Mas, mais do que tudo, Miharu odiava deixar tudo para o Rio sozinho. Embora deixar tudo para o Rio certamente pudesse ser uma escolha sábia, também parecia que Rio iria para um lugar distante, o que a deixava bastante assustada. Essa escolha foi o desejo egoísta de Miharu — era a chance dela de assumir o futuro em suas próprias mãos. Agora, se Rio aceitaria seu egoísmo ou não, era outra coisa.

Miharu observou o rosto de Rio atentamente, sentindo-se um pouco assustada.

".... Então, deixe-me confirmar mais uma coisa. Se é isso para Miharu-san, e quanto a Aki-chan e Masato?", Rio perguntou, olhando para os dois.

"Eu esperava que eles pudessem esperar perto do castelo.", Miharu reuniu toda a sua coragem para responder à pergunta de Rio.

"... Dependendo de como nossa discussão for, é possível que Aki-chan e Masato não consigam se encontrar com Satsuki-san, mesmo se forem para Strahl. Vocês podem estar indo sem motivo, percebem?", Rio perguntou.

"Sim, nós levamos isso em consideração. Depois que nós três conversamos, fiz esse pedido a eles. Isso é o que decidimos.", Miharu disse resolutamente.

"Entendo...", Rio deu um pequeno suspiro e olhou para Aki e Masato mais uma vez. Os dois assentiram e devolveram o olhar. Eles não pareciam ter mais nada a dizer; Rio podia dizer que eles realmente aceitaram isso.

Enquanto isso, Latifa e o grupo de Sara estavam todas observando-os em silêncio.

"Ei, é ruim, Haruto-niichan? Ou levar nós três é muito difícil...", Masato perguntou temeroso e baixou a cabeça para Rio. Embora Rio pudesse usar artes espirituais para voar, não havia nenhuma maneira que ele pudesse carregar Miharu, Aki e Masato juntos enquanto o fazia.

"Tenho que ter certeza de voar com segurança, é claro, mas isso não significa que seja impossível.", Rio respondeu a Masato com um sorriso irônico. Por outro lado, Sara, Oufia e Alma trocaram olhares secretos.

"Então...", Masato e Aki engoliram em seco, esperando a conclusão de Rio.

"Se essa é a resposta que vocês três chegaram após uma consideração cuidadosa, então devemos prosseguir com isso.", Rio sorriu gentilmente. Se essa decisão deles tivesse sido tomada levianamente, ele teria dado mais avisos, mas ele podia dizer que não era o caso.

"Yay!", Masato e Aki disseram juntos, juntando as mãos um ao outro.

"Isso é ótimo.", o grupo de Sara sorriu, observando Masato e Aki.

".... Tudo... bem?", Miharu esperava mais resistência, então quando tudo correu tão bem, seus olhos se arregalaram de surpresa.

"Sim. Foi isso que Miharu-san pediu, não?", Rio disse com um olhar divertido.

"Umm, mas, eu pensei que se oporia a nós irmos ao castelo. Vai ser um inconveniente também, então... umm... "

"Isso não é verdade. Como eu disse — vou respeitar as decisões de vocês. Se for para ajudar vocês três a voltar ao Japão um dia, então farei todos os esforços para ajudar. Ainda mais se esta for uma resposta que vocês consideraram cuidadosamente. É por isso que, em vez de se preocupar em ser um incômodo ou fardo para mim, gostaria que vocês empurrassem pensamentos como esse para fora de suas mentes.", Rio disse calmamente para uma Miharu com a testa franzida.

".... Sim.", quando Rio disse 'voltar ao Japão', Miharu não pôde deixar de se sentir angustiada e triste, seu rosto se distorceu levemente. No entanto, ela imediatamente corrigiu para uma cara séria e concordou lentamente.

Latifa parecia sentir algo, observando Miharu com uma expressão frustrada.

"No entanto, é claro que haverá precauções que devemos tomar para permitir que Miharu-san participe do banquete, então espero que as siga. Tudo bem?", Rio olhou fixamente para Miharu, enfatizando suas palavras.

"S-Sim. Obrigada por sua consideração.", Miharu assentiu profundamente e baixou a cabeça para Rio.


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