Capítulo 4: Desculpas

 Mais tarde naquela noite, em um escritório dentro da propriedade de Liselotte em Amande...

"...E foi isso que aconteceu. O funcionário dentro da sala e a equipe fora da sala estiveram todos presentes durante todo o tormento e seus testemunhos coincidem, então é seguro assumir que sejam os fatos.", Aria relatou a Liselotte e ao duque Euguno em voz neutra. Ela tinha acabado de explicar o problema que Stead e Alphonse causaram.

As cadeiras de convidados na sala estavam ocupadas por Liselotte e o duque Euguno, cada um com uma expressão de dor em seus rostos. Um ar desconfortável fluiu por toda a sala.

".... Eu realmente sinto muito por isso.", disse o duque Euguno após uma pausa. Ele estava sentado em frente a Liselotte; ele baixou a cabeça profundamente para ela.

"Não... Bem, vamos ver... Por enquanto, vou aceitar suas desculpas.", disse Liselotte, aceitando o pedido de desculpas do duque Euguno em um tom gaguejante; ela não tinha escolha, já que algo havia de fato acontecido, e havia outras coisas a priorizar antes de perder tempo para descobrir quem era o responsável naquele momento.

"Aqueles idiotas...", duque Euguno murmurou baixinho em uma voz terrivelmente fria.

"Então, quanto ao Haruto-sama?", Liselotte suspirou baixinho antes de se virar para se dirigir a Aria.

"Como já é tarde da noite e Haruto-sama foi a vítima óbvia neste caso, além de ser o nosso estimado hóspede, pedi para ele descansar na pousada. Eu ofereci a ele um pedido de desculpas na rapidamente cena, mas o informei que a mestra estaria se desculpando com ele diretamente amanhã.", Aria respondeu respeitosamente. Foi ela quem reuniu todos os detalhes na pousada.

A confusão de Stead e Alphonse tinha sido ouvida não só pelos funcionários, mas também por alguns clientes, então não havia como se desculparem.

Além disso, o funcionário que estava dentro da sala havia prestado depoimento como terceiro, e os funcionários que estavam de prontidão fora da sala também estavam observando a situação em silêncio, todos confirmando que a culpa não cabia ao Rio. Além disso, as garotas que foram lá com Stead e Alphonse testemunharam que os dois jovens eram os culpados, uma vez que foram retirados da sala. Elas não sentiram nenhuma razão para de dar ao trabalho de proteger os dois, especialmente depois que a pessoa encarregada de supervisionar sua cidade apareceu em carne e osso.

Nesse ponto, Rio foi educadamente devolvido ao seu quarto, enquanto Stead e Alphonse foram contidos e enviados para a propriedade de Liselotte. Para constar, Celia e Aishia haviam retornado aos seus quartos pelo julgamento de Rio antes que Aria chegasse, deixando Rio sozinho para responder às perguntas, mas evitando o confronto com Aria.

".... Entendo. Então vou passar amanhã de manhã para me desculpar.", disse Liselotte com uma expressão amarga.

Esta é a pior ocorrência possível. Eu não queria que ele pensasse em nós como nobres arrogantes..., mas um incidente como este definitivamente faria com que ele se tornasse mais cauteloso.

Havia muitos plebeus que mantinham a noção preconcebida dos nobres como arrogantes. Embora isso se devesse ao número real de nobres que agiam com arrogância para com o povo comum, Liselotte não considerava isso uma coisa boa. Para uma comerciante como Liselotte, se dar bem com as pessoas começa com confiança — obviamente, ninguém fecharia negócios com alguém em quem não pudesse confiar.

"Entendido. Então, farei os preparativos apropriados.", disse Aria respeitosamente.

"Embora eu não gostaria de nada mais do que acompanhá-la...", o duque Euguno interrompeu com palavras terrivelmente perturbadas, sumindo.

".... Dói-me dizer isso, mas com a posição do duque Euguno como pai de Stead-kyō , pode ser melhor se você não aparecer diante do Haruto-sama, para não o deixar mais cauteloso.", disse Liselotte com dificuldade. Ela temia que Rio não desejasse ver o pai de um agressor, ao invés disso, preferia ser desculpado diretamente pelo perpetrador. Embora possa não ser o caso.

"Eu imaginei.", duque Euguno franziu a testa com impaciência.

"Duque Euguno, me permitiria explicar a situação em seu nome para o Haruto-sama? Depois disso, prepararei uma oportunidade adequada para você se desculpar.", sugeriu Liselotte em nome do duque Euguno.

"É claro. Por favor, diga a ele que não tenho nada além de boa fé em relação a ele e pretendo resolver as falhas do meu filho tolo de forma adequada.", duque Euguno concordou imediatamente. Era extremamente raro alguém na posição de duque se desculpar com um plebeu, o que talvez fosse um sinal de quão valorizadas eram as habilidades da pessoa chamada Haruto.

"Entendido.", igual ao duque Euguno, Liselotte também valorizava muito o Rio e não queria que seu relacionamento fosse arruinado por um assunto tão trivial. Era por isso que ela precisava abordar isso com o máximo cuidado e respeito.

Amanhã vai ser um longo dia. Liselotte suspirou baixinho para expelir seu cansaço.

◇ ◇ ◇

Depois que o duque Euguno terminou sua discussão com Liselotte, ele convocou Stead e Alphonse para o quarto de hóspedes em que estava hospedado. Assim que viu seus rostos, duque Euguno cuspiu palavras desdenhosas cheias de raiva.

"Seus completos idiotas..."

"...", Stead e Alphonse tremeram de medo absoluto. Eles já estavam completamente sóbrios, seus rostos estavam pálidos como fantasmas.

"C-Chichiue, e-eu, isso...", Stead começou a dizer algo, mas o duque Euguno o calou sem hesitar.

"Silêncio. Eu quase não tinha expectativas em você, mas este incidente me deixou em total decepção. Acho que já disse antes... que não haveria próxima vez.", duque Euguno disse a Stead, suas palavras eram frias e cheias de raiva.

"M-Mas..."

"Eu disse — silêncio."

"...", Stead não teve outra escolha a não ser ficar quieto.

"Arruinando meu relacionamento com um espadachim com aquela habilidade, espalhando sujeira sobre meu nome e até mesmo causando a Liselotte-kun um grande transtorno. Alegre-se, garoto. Já que você deseja tanto, vou deserdá-lo.", disparou o duque Euguno com um sorriso de escárnio.

"D-Deserdar?! Duque Euguno, isso está indo longe demais!", Alphonse se opôs ao duque Euguno em estado de choque.

A deserdação era um sistema que permitia ao chefe da família revogar o direito de herança a quem tinha direito a ele. Em termos de punições privadas, era a segunda pena mais severa depois do repúdio. No momento em que a deserdação fosse anunciada publicamente, Stead perderia sua posição para se tornar o seguinte duque Euguno, então era compreensível que Alphonse fizesse um alvoroço.

"Também não me lembro de ter permitido que você fale, Alphonse-kun.", duque Euguno disse friamente, olhando para ele.

"M-Mas isso é demais para uma simples briga com um mero plebeu, um espadachim!", Alphonse se irritou, fazendo pouco caso de Rio.

"Um mero plebeu? Ele? Você não testemunhou suas habilidades com a espada com seus próprios olhos?", duque Euguno disse, olhando para Alphonse com desprezo.

"... habilidades de espada à parte, um plebeu é um plebeu!", sentindo que estava sendo desprezado, Alphonse argumentou sem medo.

"E daí? Você se vê sendo muito mais habilidoso do que ele?", duque Euguno rebateu friamente.

"O que você disse?!", por um momento, Alphonse esqueceu que o duque Euguno estava acima dele.

"Você com certeza é uma pessoa emocional. Entendo.... Talvez você seja mais adequado para os militares do que para a política. Embora você seja terrivelmente incompetente de qualquer maneira.", duque Euguno declarou terminantemente.

"C-Como você ousa! Eu não me importo se você é o duque Euguno — retire essas palavras agora mesmo!", Alphonse atingiu seu limite.

"Não sinto necessidade disso. Você é incompetente."

"Então — então eu gostaria de ouvir a razão pela qual você acha que eu sou incompetente!", Alphonse disse, respirando pesadamente pelo nariz.

"... Liselotte-kun e eu estávamos discutindo maneiras de recrutá-lo para o nosso lado. No entanto, você, julgando muito mal o valor dele, arruinou essa possibilidade. Se isso não é incompetência, como devo chamar? Ele é capaz de encarar três minotauros de frente. Você poderia fazer o mesmo?", extremamente exasperado, duque Euguno fez suas perguntas para provocar o jovem.

Três minotauros. Já que estivera ali para testemunhá-los com seus próprios olhos, Alphonse sabia a ameaça que eles haviam sido. É por isso que Alphonse se acalmou por um momento... E ainda assim, ele não podia recuar.

".... Se eu também tivesse uma espada mágica, então sim."

"Espada mágica? Hahaha. Então, você está indo para a espada a seguir. Usar uma espada mágica também requer uma quantidade adequada de talento. Não vejo você possuindo tal talento para isso.", duque Euguno disse, nem mesmo se preocupando em agradá-lo.

"I-Isso não é verdade!", tendo acabado de fazer uma declaração ousada, Alphonse também não poderia recuar facilmente.

"Mesmo que vocês dois tenham tentado atacá-lo, dois contra um, e em vez disso tenham virado a mesa contra vocês?", duque Euguno disse com uma gargalhada.

"Guh...", o rosto de Alphonse enrugou-se de humilhação, mas de repente, a direção da conversa começou a mudar.

"Mas, bem... Já que você está disposto a ir tão longe, posso lhe dar a chance de limpar seu nome. Caso contrário, eu não seria capaz de olhar seu pai na cara.", disse o duque Euguno de repente.

"E-Eu farei! Por favor, me permita fazer isso!", Alphonse se ofereceu sem ouvir os detalhes. Essa era outra parte dele que o duque Euguno considerava incompetente, mas ele não apontou.

Duque Euguno acalmou Alphonse antes de ir direto ao ponto.

"Tudo bem — apenas ouça primeiro. Considerando o número de monstros que nos atacaram, Liselotte-kun quer investigar a floresta a oeste de Amande..."

"Então, você quer que eu ajude nessa investigação?", Alphonse perguntou com raiva.

"Bem, você não é rápido na compreensão. Pode haver sobreviventes dos monstros à espreita na floresta.... Se você se sair bem como um grupo avançado, posso dar uma boa palavra a seu pai. Claro, se você falhar, será enviado de volta para Rodania e colocado em prisão domiciliar."

"Por favor, deixe-me fazer isso!"

"Muito bem. No entanto, a condição é que você se desculpe com o Haruto-kun com sinceridade."

"Quê...!", Alphonse, que estava pronto e ansioso para ir, recusou-se à condição que o duque Euguno atribuía.

"Há algum problema? Se você é uma pessoa competente ou não, é uma questão diferente de se desculpar por causar problemas. Naturalmente, você deve saldar essas dívidas. Estou pensando em negociar com Liselotte-kun para obter essa oportunidade para você fazê-lo. Ah, e certifique-se de pedir desculpas a ela também.", disse o duque Euguno, encurralando Alphonse com sua lógica bem fundamentada.

"Eu... entendo.", Alphonse cerrou os dentes com a humilhação e assentiu no final. Antes que percebesse, ele não tinha mais opções.

"Isso é bom de ouvir. Então, devemos praticar? Peça desculpas por me causar transtorno com este incidente. Ponha seu coração nisso. Isso vale para você também, Stead.", duque Euguno exigiu indiferentemente.

"Hah...?", a demanda repentina fez com que Stead e Alphonse congelassem inadvertidamente.

"Qual é o problema? Eu disse para vocês se desculparem.", duque Euguno ordenou friamente.

Com isso, seu filho tremeu, acovardando-se.

"E-Eu sinto muito, Chichi-ue.", Stead disse reflexivamente.

"Guh... Sinto muito, duque Euguno.", sem outra escolha, Alphonse também se desculpou baixinho.

"Inútil. Vocês querem dizer 'por favor, aceite minhas desculpas', não?", duque Euguno disse aos dois com grande exasperação.

"Kuh...", Stead e Alphonse estremeceram, mas o duque Euguno estava completamente sério. Ele não pretendia mostrar nenhuma misericórdia.

".... Por favor, aceite minhas desculpas.", os dois disseram com extremo desconforto, suas vozes quase desaparecendo enquanto falavam.

"Eu acredito que disse para vocês se desculparem com sinceridade. Que tal pelo menos abaixar a cabeça? A testa vai contra o chão. Vocês não podem nem fazer isso?", duque Euguno cuspiu com severo desapontamento, sem se importar em esconder a exasperação em sua voz.

"P-Por favor, aceite minhas desculpas...", Stead prostrou-se no chão às pressas, fortemente abalado.

"Guh! S-Stead-kun!", Alphonse quase explodiu de raiva, mas ver Stead jogar de lado seu orgulho o fez parar um pouco antes de fazê-lo.

"Algum problema, Alphonse-kun? Se você se recusar a fazer isso, pode esquecer o que acabamos de discutir. Caso contrário, peça desculpas agora.", duque Euguno instou Alphonse friamente.

"...", o corpo de Alphonse estava tremendo de raiva, mas ele caiu de joelhos depois de um momento.

Neste dia, ele experimentou a maior humilhação de sua vida.

◇ ◇ ◇

Na manhã seguinte, Rio e as garotas estavam tomando um café da manhã tranquilo juntos, em total desacordo com a noite anterior.

"Considerando todas as coisas, a noite passada foi angustiante por um momento. Meu coração ainda está batendo forte. Realmente está tudo bem, não é? Não estaremos envolvidos em nada estranho, não é?", Celia verificou com Rio, preocupada.

"Sim. Aria-san jurou firmemente que nada de ruim sairá disso para nós. Ela queria que colocássemos nossa confiança em Liselotte-san.", Rio assentiu com um sorriso para tranquilizar Celia.

"Entendo...", ainda assim, Celia assentiu preocupada.

".... Desculpe, lhe causei muita preocupação ao vir comigo. Que tal Cecilia e Aishia ficarem na casa de rocha de hoje em diante?", ele sugeriu. Celia já estava tomando cuidado extra para não encontrar sua velha amiga Aria, e agora ela havia sido arrastada para um incidente com seus ex-alunos de uma forma imprevista. Tinha sido um problema após o outro desde ontem.

"Não! Estou bem, sério!", Celia balançou a cabeça nervosa.

"Mas...", Rio franziu o cenho.

"Como eu disse, estou bem. Não é como se problemas como esse acontecessem todos os dias, certo?", Celia disse com um sorriso tenso.

"Mas, você não vai conseguir descansar adequadamente desta forma."

"Está bem. Eu não quero ser separada do Haruto, de qualquer maneira.", a vontade de Celia era firme — esses eram seus verdadeiros sentimentos.

"...", sem saber o que dizer, Rio simplesmente parecia sem palavras.

"Ah, p-preocupada, isso é só porque estou preocupada, no entanto!", Celia deve ter achado suas palavras embaraçosas, pois suas palavras saíram agitadas.

"Sim. Obrigado.", Rio sorriu alegremente.

"S-Sim. De qualquer forma, não é perigoso fora de Amande agora? Com tantos monstros à espreita e tudo...", Celia disse rapidamente, tentando esconder seu constrangimento. No entanto, ela tinha razão: os arredores de Amande eram certamente perigosos no momento. Dito isso, os subúrbios de Amande estando fora dos limites não os impediria de ficar mais longe da cidade, e com Aishia lá, qualquer coisa que pudesse acontecer seria tratada facilmente.

".... Sim, tem razão.", disse Rio, respeitando a decisão de Celia. "Então, vamos continuar a ficar nesta pousada. Obrigado de qualquer maneira, Aishia."

"Sim, deixe comigo. Se o pior acontecer, podemos simplesmente fugir.", Aishia estava colocando comida em sua boca silenciosamente, mas quando foi abordada por Rio, ela concordou tranquilamente.

".... Fugir. Fugir, huh? Ahaha, bem, é verdade.", Rio ficou atordoado por um segundo, antes de começar a rir.

"Ei, não é motivo de riso. O que faremos se realmente chegar a esse ponto?", Celia reclamou, mas sorria suavemente.

"Deixe comigo. Fugir de um poder opressor é a minha especialidade.", disse Rio brincando, encolhendo os ombros.

"Mō~.", Celia murmurou, sorrindo em uma demonstração de exasperação.

◇ ◇ ◇

Depois que os três terminaram o café da manhã e voltaram para seus quartos, a carruagem de Liselotte chegou com um tempo quase perfeito.

Liselotte desceu da carruagem e trouxe apenas Aria como sua assistente para a sala de Rio. Então, ela bateu na porta educadamente. A porta se abriu imediatamente e Rio saiu.

"É, Liselotte-sama. Bom dia."

"Bom dia, Haruto-sama — peço desculpas por incomodá-lo tão cedo. Estou vindo aqui hoje para me desculpar pelo incidente da noite passada e explicar os detalhes de como foi tratado. Posso ter um minuto do seu tempo?", Liselotte se curvou educadamente assim que viu Rio. Atrás dela, Aria também inclinou a cabeça.

"Sim, claro. Eu tinha ouvido falar de Aria-san com antecedência, mas não esperava que Liselotte-sama fizesse uma visita em pessoa diretamente. Eu teria ido até lá se tivesse me dado a ordem.", Rio tinha assumido que um mensageiro viria convocá-lo a sua propriedade, afinal.

"Aquele que receberá as desculpas não deveria ter que responder aos caprichos do culpado.", disse Liselotte com uma expressão preocupada.

"Agradeço sua consideração. Por favor, entre.... Se estiver tudo bem? Prefere ir para outro lugar?", Rio pareceu sentir a sinceridade de Liselotte, baixou a cabeça em retorno e a convidou para entrar na sala. No entanto, ele hesitou se seria ou não apropriado convidá-la para seu quarto ou mudar de local. Liselotte parecia sentir o mesmo.

"E~tto, qualquer lugar em que Haruto-sama se sinta confortável está bom."

"Então, por favor, entre. Podemos conversar na sala de estar.", disse Rio, decidindo convidá-la para entrar.

Era uma escolha questionável convidar Aria para a mesma sala que Celia, mas como eles estavam hospedados em uma pousada tão extravagante de graça, era apropriado apresentá-las à pessoa que os tinha feito uma visita direta. Ele planejava apresentar Celia e Aishia a Liselotte e Aria rapidamente, e então dispensá-las depois. Contudo—

"Entendido. Então você deve permanecer aqui de prontidão.", Liselotte ordenou a Aria.

"Sim.", Aria assentiu respeitosamente. Normalmente, seria impensável para alguém de classe tão alta como Liselotte entrar no domínio de um estranho bastante desconhecido sem um guarda.

".... Então, por aqui.", apesar de estar surpreso, Rio convidou Liselotte para entrar na sala. Ele presumiu que era outra maneira de Liselotte mostrar sua sinceridade.

Celia e Aishia estavam esperando lá dentro.

"Uh...", quando Liselotte as viu, seus olhos se arregalaram de surpresa. Ela frequentemente se encontrava com pessoas atraentes por meio de seus contatos de trabalho, mas essas duas eram excepcionalmente bonitas. Era quase como se elas tivessem uma aura impossível de expressar em palavras.


I-Incrível! Quem são elas? Tão fofas! As duas são bonitas demais para serem reais! Liselotte pensou consigo mesma, surpresa. No entanto, ela não deixou transparecer em seu rosto.

"As duas ali têm ficado nesta sala comigo. A garota loira é a Cecilia, enquanto a de cabelo rosa é a Aishia.", disse Rio.

"Prazer em conhecê-la, eu sou a Cecilia.", Celia cumprimentou primeiro com elegância.

"Eu sou Aishia. Prazer em conhecê-la.", Aishia também deu uma saudação formal e se curvou uma vez.

".... Sim, eu sou Liselotte Cretia. Prazer em conhecê-las. Vocês duas são muito bonitas.", Liselotte devolveu os cumprimentos em um ligeiro atordoamento, expressando seus pensamentos diretamente em voz alta.

"Oh, muito obrigada.", disse Celia com um sorriso sociável.

Como se esperava da Sensei, parece muito acostumada com isso, Rio pensou, maravilhado com a simpatia de Celia.

"Então, vocês duas podem esperar na sala dos fundos? Tenho coisas para discutir com a Liselotte-sama sobre a noite passada."

"Sim, entendido.", Aishia assentiu de acordo, indo para a sala dos fundos.

"Se nos der licença.", Celia abaixou a cabeça respeitosamente antes de seguir Aishia.

"Por favor, sente-se.", Rio ofereceu a Liselotte o assento principal.

".... Sim, com licença. Eu vou me sentar aqui.", normalmente, Liselotte nunca hesitaria diante de ninguém, não importa o quão alta fosse sua classe de nobreza ou quão rico comerciante ele fosse, mas neste momento, ela escolheu um assento mais baixo com um leve nervosismo. Ela não poderia sentar no assento mais alto quando veio se desculpar.

"Por acaso, está nervosa?", Rio percebeu como a expressão de Liselotte estava bastante rígida e falou enquanto ele permanecia de pé.

"Não, é... Pode ser assim.", Liselotte considerou negar por um momento, antes de concordar.

"Na verdade, eu sinto o mesmo. Vou preparar o chá primeiro, então, por favor, espere um momento."

Ao contrário de suas palavras, Rio sorriu suavemente. Ele se afastou para a minicozinha na sala e voltou com uma bandeja logo depois. Ele colocou a bandeja sobre a mesa e se sentou em frente a Liselotte.

"Vai levar algum tempo para que ferva, então vamos começar nossa discussão primeiro.", Rio sugeriu em um tom calmo.

"Umm, sinto muito. Estou aqui para me desculpar, mas o incomodei com tantos inconvenientes.", Liselotte franziu a testa um tanto desanimada.

"Não é problema nenhum. Tudo que fiz foi recebê-la com um pouco de chá.", Rio negou com a cabeça com um sorriso amigável. Isso foi o suficiente para mostrar que ele não estava de mau humor.

"Estou muito grata. Então, sem demora, posso mais uma vez oferecer minhas mais sinceras desculpas pelos problemas que aconteceram na minha loja na noite passada?", Liselotte baixou a cabeça com vergonha e finalmente abordou o assunto principal em questão.

"Eu não acho que Liselotte-sama tenha algo pelo que se desculpar em relação a esse incidente...", Rio disse com o cenho franzido. A disputa da noite passada foi simplesmente má sorte, ele pensou. Ele não tinha queixas sobre como a pousada lidou com isso. Pelo contrário, o funcionário da pousada tentou proteger Rio e seu grupo de forma proativa, e a investigação de Aria foi tratada polidamente também.

"Não — é dever da pousada garantir que o cliente tenha um tempo confortável. Um problema como esse deveria ter sido interrompido antes de chegar até você e, por isso, refletiremos profundamente sobre como podemos fazer melhor.", disse Liselotte em tom de desculpa.

"Mas os que o causaram isso eram nobres. Embora possam ter vindo de outro reino, a diferença de status social ainda tornava difícil reagir. Nesse sentido, acredito que a equipe ontem à noite reagiu da melhor maneira possível.", disse Rio com cautela.

Em uma sociedade com um sistema de classes, as pessoas não eram iguais. Por mais injusto que fosse, havia momentos em que era preciso suportar. Romper esses laços sociais e agir da maneira que quiser seria tornar a própria sociedade um inimigo.

"... O que aconteceu foi vergonhoso.", Liselotte baixou a cabeça com uma expressão envergonhada. Já que o assunto envolvia nobres, era verdade que o incidente da noite passada estava além de seus meios. Mesmo assim, o manejo da pousada deveria ter sido criticado — mas o Rio não fez isso. Isso fez doer ainda mais.

"Bem, é isso... Não temos reclamações sobre os funcionários da pousada nem sobre Liselotte-sama. Ao contrário, estou mais preocupado com minhas relações com os outros dois envolvidos. Como devo tratá-los de agora em diante?", Rio perguntou, mudando de assunto. Independentemente do veredicto oficial de não haver culpa sendo colocada do lado do Rio, ainda havia o medo de que aqueles no poder guardassem rancor contra ele.

"O duque Euguno expressou seu desejo de se desculpar com Haruto-sama. Ele disse que os dois que causaram a comoção receberiam as punições devidas e que desejava transmitir sua maior sinceridade."

".... Então é isso.", Rio assentiu hesitantemente. Os nobres eram conhecidos por serem capazes de agir o oposto de suas palavras sem pestanejar.

"Se o duque Euguno ou os outros dois que causaram o problema a noite passada buscarem mais problemas com o Haruto-sama, eu prometo ficar do seu lado.", disse Liselotte, lendo as apreensões de Rio.

".... Muito obrigado. Da nossa parte, para provar que este incidente foi resolvido de forma pacífica, seria reconfortante receber um contrato ou documentação com compensação ou um acordo."

"Compreendo. Então, permita-me auxiliar na documentação como mediadora.", Liselotte concordou imediatamente.

Ele parece acostumado com isso, ela pensou com admiração pelo raciocínio rápido de Rio. Um contrato teria a capacidade de impedir recorrências. Comerciantes experientes escreveriam um sempre que surgisse um conflito, mas escrever contratos não era um processo de pensamento que a maioria dos plebeus teria. Se Rio não tivesse sido aquele a trazer isso à tona, Liselotte teria sugerido ela mesma.

"Muito obrigado.", Rio sorriu, pegando o conjunto de chá na mesa. Depois de colocar a água quente usada no aquecimento das xícaras em outro recipiente, ele começou a servir o chá com mãos experientes.

".... Parece muito familiarizado com isso.", comentou Liselotte, admirada com a habilidade de Rio.

"Uma das minhas companheiras gosta muito de chá, por isso costumamos tomá-lo juntos.", Rio respondeu com um sorriso gentil.

"Então é por isso...", Liselotte proferiu em uma expressão de interesse. Enquanto isso, Rio terminou de servir o chá.

"Aqui está. Tenha cuidado, ainda está quente.", disse ele, oferecendo o chá para Liselotte.

"Obrigada. Estou ansiosa para experimentar.", disse Liselotte com um sorriso e sorveu o chá com elegância. "Delicioso.", disse ela com os olhos arregalados.

A temperatura, o tempo de cozimento no vapor e a intensidade do sabor eram perfeitos. As folhas de chá usadas eram da mais alta qualidade que Liselotte havia selecionado para os quartos de hóspedes, mas a maneira cuidadosa com que cada etapa foi concluída foi o que trouxe à tona o sabor.

"É uma honra ouvir isso.", Rio inclinou a cabeça enquanto tomava um gole de seu chá.

Isso é maravilhoso. Assim como o chá que Aria serve. Liselotte saboreou intensamente o gosto antes de deixar escapar um pequeno suspiro de todo o seu estresse reprimido. Esses últimos dias foram apenas uma série de um problema após o outro, acumulando uma certa exaustão mental.

"Tenho certeza de que Liselotte-sama deve estar muito ocupada, então não devo mantê-la aqui por muito tempo. Agora que tivemos um descanso, podemos retomar nossa discussão anterior?"

"Sim. Então, com relação ao contrato de acordo, primeiro informarei ao duque Euguno da decisão. Depois, prepararei um encontro entre você e o duque Euguno, para que os detalhes sejam discutidos."

"Compreendo. Lamento estar sendo um fardo, mas agradeço a sua ajuda.", Rio curvou sua cabeça profundamente.

"Lamento por todos os problemas que isso causou a você também."

"Não, por favor, não deixe que isso a incomode.", Rio balançou a cabeça gentilmente para Liselotte, que havia curvado a cabeça de volta.

"Estou muito grata. Além disso, se for para sua conveniência, gostaria de convidá-lo para almoçar em minha casa hoje, como prometemos ontem. Claro, suas duas companheiras estão convidadas também.", disse Liselotte.

".... Peço desculpas. Minhas duas companheiras podem ser dispensadas? Elas ainda estão um pouco cansadas e se recuperando do choque da noite passada.", Rio pediu, transmitindo sua intenção de comparecer sozinho.

"Compreendo. Elas já devem ter passado por muita coisa. Por favor, estenda minhas desculpas a elas também. Se houver uma chance no futuro, vou pedir desculpas as duas diretamente, também.", Liselotte concordou imediatamente, franzindo a testa em desconforto.

"Sim, vou passar a mensagem."

◇ ◇ ◇

Depois disso, Rio e Liselotte foram para a propriedade dela. Ainda era de manhã, então eles decidiram trabalhar na redação do contrato antes da refeição.

Rio foi primeiro conduzido a uma sala de espera, onde não esperou muito antes de ser levado a uma sala de estar que Liselotte usava diariamente. Lá, o duque Euguno estava esperando, abrindo a boca para pedir desculpas ao Rio antes de qualquer outra coisa.

Liselotte deve ter informado ao duque Euguno às pressas enquanto Rio estava na sala de espera, assim imediatamente começaram a redigir o contrato. Havia um formulário padrão para contratos de acordo que eles usavam como base para discutir os detalhes adequadamente.

Normalmente, ao discutir as condições de um contrato de acordo, o perpetrador e a vítima negociariam os fatos e as condições que estariam no acordo. Se não fosse possível chegar a um acordo, era comum o conflito ressurgir, mas desta vez até mesmo Rio se surpreendeu com a cooperação do duque Euguno. O duque Euguno deveria estar presente como representante de Stead e Alphonse, mas aceitou todos os fatos e continuamente sugeriu condições favoráveis ao Rio.

Por exemplo, ele apresentou uma soma de compensação muito além de um caso típico como o deles, uma ordem impedindo Stead e Alphonse de prejudicar o Rio e suas duas companheiras no futuro, e a pena se isso fosse violado...

Enquanto isso, tudo o que o Rio seria obrigado era não poder citar as ações de Stead e Alphonse a terceiros, sem penalidades especiais se ele violasse essa condição. Rio não tinha a intenção de espalhar isso de qualquer maneira, então não era um fardo muito pesado.

E assim, todos os compromissos foram feitos do lado do duque Euguno. Como resultado, a minuta do contrato foi concluída em um tempo muito mais curto do que o esperado. O duque Euguno respirou fundo e se dirigiu a Rio e Liselotte.

"Eu suponho que isso vai servir por agora. Vocês dois têm alguma outra preocupação?"

"Não tenho nenhuma objeção em particular neste momento, mas algo pode vir à minha mente mais tarde. Eu gostaria de pensar sobre isso por alguns dias antes de executar oficialmente o contrato. Isso estaria bem, Haruto-sama?", Liselotte disse, olhando para Rio.

"Sim, eu sinto que é um pouco unilateral a meu favor, mas se vocês não têm um problema com isso...", Rio assentiu em ligeira confusão.

"Claro que seria, vendo que nenhuma culpa foi sua.", disse o duque Euguno com um sorriso sociável. Era difícil acreditar que ele era o mesmo homem que uma vez colocou uma falsa acusação sobre a cabeça de um Rio inocente e transformou Latifa em uma assassina.

".... Obrigado pela sua consideração.", apesar de achar a coisa toda bastante estranha, Rio curvou a cabeça respeitosamente.

"Então, para a redação detalhada e a criação do contrato original, isso pode ser deixado para Liselotte-kun como uma terceira parte?", duque Euguno pediu.

"Sim, deixem comigo.", Liselotte assentiu prontamente.

"Desculpe o incómodo. E Haruto-kun, peço desculpas novamente por tudo. As ações do meu filho tolo lhe causaram grande dor, e por isso lamento sinceramente.", duque Euguno inclinou a cabeça para Liselotte, depois se voltou para Rio e se desculpou mais uma vez.

"Não, se o assunto for resolvido completamente, não tenho mais preocupações sobre a questão.", Rio negou com a cabeça.

".... Dói-me admitir, mas não passei muito tempo com meu filho quando ele era mais novo, ocupado com meus deveres. Infelizmente, ele cresceu e se tornou um filho indulgente. No entanto, eu juro, como pai dele, que ele expiará seus pecados de maneira adequada. Para tanto, tenho um pedido a lhe fazer...", disse o duque Euguno, observando a expressão de Rio.

"O que seria?", Rio inclinou a cabeça com cautela.

"Se você permitir, poderia dar a eles a oportunidade de se desculparem pessoalmente? Eles refletiram profundamente sobre suas ações desde então. Pode ser por seus próprios egos, mas eles desejam se desculpar com você.", duque Euguno disse com um sorriso tenso.

"... Claro, não há problema.", Rio assentiu hesitantemente.

"Obrigado. Então, Aria-kun. Você poderia trazê-los aqui?", duque Euguno chamou Aria, que estava esperando no canto da sala em silêncio.

"Entendido.", Aria assentiu, abriu a porta e saiu.

"Na verdade, eles estão prontos na sala ao lado. Não deve demorar muito.", duque Euguno admitiu. Certamente, Aria voltou nem mesmo um minuto depois, abrindo a porta.

"Com licença. Por favor, entrem.", depois de abrir a porta, Aria convidou Stead e Alphonse para entrar. Os dois estavam exalando um ar extremamente sombrio.

".... Com licença.", os dois entraram na sala, cumprimentando com vozes um tanto desanimadas.

Parece que eles mudaram bastante. Os olhos de Rio se arregalaram com a mudança repentina em Stead e Alphonse. Era difícil pensar neles como as mesmas pessoas que estiveram assediando garotas e bagunçando por aí de bom humor na noite anterior.

"Venham aqui."

"Sim...", como ordenado, eles se aproximaram do duque Euguno.

"Bom para vocês — Haruto-kun concordou em dar a chance para se desculparem. Certifiquem-se de apresentar um pedido de desculpas adequado e expressar sua gratidão por sua generosidade.", disse o duque Euguno a Stead e Alphonse em voz baixa e calma. Stead assumiu a liderança ao se ajoelhar no chão diante de Rio.

".... Por favor aceite minhas desculpas. Estou profundamente arrependido da noite passada, quando fiquei bêbado e deixei as coisas saírem do controle.", Stead disse suas palavras de desculpas ao Rio.

"Por favor aceite minhas desculpas.", Alphonse disse brevemente, ajoelhando-se no chão com a testa no chão. Sua voz e corpo tremiam. Que emoção estava passando por ele? Para o Rio, que os conhecia desde os tempos de escola, foi uma cena absolutamente chocante de presenciar.

Dito isso, não importa o quão duro eles tivessem batido cabeças durante seus dias de escola, Rio não sentia nenhuma satisfação em vê-los se prostrarem para sempre. Em vez disso, eram pessoas com as quais Rio não se importava mais. Não era nem uma questão de perdoá-los ou não.

".... Está tudo bem, por favor, levantem a cabeça.", Rio disse em uma voz bastante contundente, aceitando suas desculpas de uma vez. Liselotte observou o rosto de Rio de lado enquanto ele o fazia.

Após essa exibição, Stead e Alphonse imediatamente deixaram a sala. Os membros restantes trocaram uma conversa agradável até Natalie chegar e informar que o almoço havia sido preparado.

◇ ◇ ◇

Guiados por Aria e Natalie, Rio e os outros entraram na sala de janta da mansão. Dentro da sala havia uma mesa de jantar longa e retangular onde Flora, Roanna e Sakata Hiroaki estavam sentados. Lá, Hiroaki estava conversando bastante.

"Ah, Haruto-sama.", quando Flora os notou entrando na sala, ela chamou Rio com um sorriso amigável.

.... Eu? Rio ficou surpreso com o fato de que seu nome foi o único chamado, ao invés de Liselotte ou duque Euguno com ele, mas ele não deixou transparecer em seu rosto.

"É um prazer estar em sua presença mais uma vez, Flora-ōjodenka e vocês dois também.", Rio colocou a mão direita sobre o peito e curvou a cabeça respeitosamente.

"Yō, eu ouvi sobre a bagunça que você teve que lidar.", Hiroaki disse a Rio.

"De forma alguma, tudo foi resolvido sem problemas em particular.", respondeu Rio com um sorriso forçado.

"Entendo. Bem, sente-se.", Hiroaki convidou Rio a se sentar como se fosse sua própria casa.

"Sim, por favor, sentem-se. Haruto-sama, duque Euguno.", Liselotte pediu.

"Então, permita-me compartilhar desta refeição.", duque Euguno não deu mostras de hesitação ao sentar-se calmamente.

"Haruto-sama por aqui, por favor.", Aria escolheu um assento para Rio e o puxou silenciosamente em um convite.

".... Então, com licença.", Rio se sentou nervosamente; Flora estava sentada bem ao lado dele.

"Umm, eu sei que já estamos todos sentados, mas podemos nos juntar a vocês também?", Flora perguntou, olhando para o rosto de Rio ao lado dela.

"Acredito que, ao contrário, eu deveria ser aquele perguntando se eu posso estar aqui com todos os outros?", Rio pensou que iria almoçar apenas com Liselotte e o duque Euguno, então ele foi pego de surpresa. A propósito, Liselotte não sabia que Flora e os outros estavam dentro da sala até ela entrar, mas providenciou para que suas maids se preparassem com antecedência de qualquer maneira, então ela não ficou particularmente surpresa.

"Bem, eu não me importo. Afinal, este é um encontro de agradecimento para você. Comer com um herói e uma princesa é uma experiência rara. Não se sente honrado?", Hiroaki suspirou com um olhar presunçoso.

Apesar do Rio ser o foco principal da reunião, Hiroaki estava agindo como se fosse o dono da casa. Dito isso, ele era o herói igual a um servo dos deuses, por isso era "amável" de certa forma.

"Sim, é uma honra.", Rio concordou amigavelmente.

"Não se trata de um evento formal, então relaxe e divirta-se. Os alimentos da mais alta qualidade foram preparados para hoje.", disse Liselotte um tanto se desculpando. Mesmo que ela tenha organizado o evento para mostrar gratidão, Rio estava agindo para acomodar os outros até agora.

"Obrigado pela sua consideração.", Rio deu um sorriso sociável e agradeceu alegremente.

◇ ◇ ◇

Depois, as atendentes de Liselotte levaram os pratos e o grupo prontamente começou seu almoço. Por não ser um evento formal, a refeição não foi servida em estilo completo, mas sim toda trazida de uma vez e colocada na mesa como um banquete. Se alguém quisesse uma segunda porção de algo de que gostasse, pediria as atendentes que servissem para eles.

A ordem dos assentos também era informal. Hiroaki montou acampamento no último assento, com Roanna sentada ao lado dele e Flora sentada do lado oposto. Ao lado de Flora estava Rio, e ao lado do Rio estava Liselotte, enquanto o duque Euguno estava sentado em frente a Liselotte.

"A carne é de primeira qualidade, como sempre. Eu posso dizer que foi grelhada corretamente também. Os chefs da mansão da Liselotte com certeza sabem o que fazem.", disse Hiroaki com uma expressão satisfeita, e as bochechas recheadas com bife.

"Estou muito grata.", disse Liselotte com um sorriso.

"Mas... comer carne boa sempre me faz querer arroz também.", Hiroaki suspirou baixinho.

"Na verdade, usei minhas conexões com a Companhia Rikka para preparar um pouco de arroz...", Liselotte disse, sua expressão de alguma forma não parecia muito agradável.

"O que? Sério?", Hiroaki perguntou, mostrando um grande interesse.

"Sim. Como expressou anteriormente seu desejo de comer arroz, então eu preparei um pouco exatamente como o Herói-sama descreveu. Aria.", disse Liselotte, chamando Aria, que estava esperando na sala.

"Sim.", Aria assentiu calmamente, movendo-se para ficar diante de uma pequena panela deixada na mesa da atendente. Ela serviu uma pequena quantidade de arroz em um prato e levou para Hiroaki.

"Esse arroz deve ser comido como mingau, como o trigo debulhado. É cultivado apenas em certas partes de Strahl e não é particularmente favorecido pela realeza ou nobreza, então tenho certeza que deve ser a primeira vez que alguns de vocês podem estar vendo isso.", disse Liselotte, dirigindo-se a todos os sentados à mesa.

Em Strahl, era comum que outros grãos além do arroz fossem usados para mingau, mas o mingau em si era menosprezado pela classe nobre como algo para as classes mais baixas comerem. Normalmente seria indelicado trazer esse ingrediente para a mesa de jantar da realeza e da nobreza, mas seria uma história diferente se Hiroaki, o herói, o desejasse.

“Então este é o arroz de que Hiroaki-sama sempre falava...", Flora olhou para o prato antes de olhar para Hiroaki com curiosidade.

Também havia arroz em Strahl.... Os olhos de Rio se arregalaram com esse fato.

"Haha, entendo. Bem, acho que posso experimentar.", Hiroaki pegou seu garfo e pegou um pouco de arroz, olhando para ele com um sorriso no rosto antes de levá-lo à boca.

"... É do seu agrado?", Liselotte perguntou calmamente.

"Ah, isso definitivamente é arroz. É arroz, mas não é o arroz que eu quero.", Hiroaki balançou a cabeça em desapontamento.

"Então, não é satisfatório, afinal.", disse Liselotte com um sorriso irônico, como se esperasse essa reação.

"...O que quer dizer?", Flora perguntou curiosa, inclinando a cabeça.

"Está seco e os grãos de arroz não grudam uns nos outros. Para simplificar... é ruim. Não é o tipo de grão que deve ser cozinhado e comido desta forma, para começar. Embora provavelmente tenha um gosto bom se for transformado em mingau e temperado...", Hiroaki explicou no lugar de Liselotte.

"Eu concordo. É por isso que pedi aos meus chefs que experimentassem e fizessem algo delicioso para comer. Gostaria de experimentar a receita deles?", Liselotte imediatamente sugeriu a Hiroaki.

"Hou~, Você com certeza está bem preparada. Como esperado da Liselotte. Claro, pode trazer.", com o interesse atraído, Hiroaki concordou animadamente.

"Então, Aria. Por favor, prepare o suficiente para todos."

"Entendido.", Aria concordou respeitosamente e começou a servir com as outras garotas atendentes. Em pouco tempo, dois pratos apareceram diante do Rio. Um tinha arroz branco normal, enquanto o outro tinha risoto.

"Pessoal, por favor, sintam-se à vontade para experimentar e comparar as diferenças entre os dois tipos de arroz cozido.", Liselotte declarou alegremente.

"Que ideia interessante. Então, permita-me experimentar. Hmm...", duque Euguno disse, começando com o arroz branco.

Enquanto isso, Hiroaki já havia comido o risoto. "É ótimo! É como risoto de queijo!", ele disse felizmente.

"Obrigada. Vejo que Hiroaki-sama sabe sobre este prato, então. Como pode ver, ele usa queijo. Disse que se chama risoto?", Liselotte perguntou curiosamente enquanto sorria.

"Sim, é o nome de uma comida semelhante no meu mundo. Foi preparado de uma forma diferente em relação ao mingau, certo?", Hiroaki assentiu, confirmando com um olhar conhecedor.

"Sim, é como discerniu. O nome da comida ainda não foi decidido, então vamos aproveitar a chance para nomeá-la com o nome do seu risoto.", disse Liselotte com um sorriso.

"Claro, não me importo.", Hiroaki assentiu, contente.

.... Este herói, ele não percebe que Liselotte-san poderia ter recriado este risoto usando o conhecimento da Terra? Rio duvidou em sua cabeça. No entanto, no momento, ele não tinha motivo para interromper e perguntar, e se contentou em observar em silêncio, sem passar dos limites.

"Este... risoto, não é? É muito delicioso.", Flora também deu uma mordida no risoto e ofereceu seus pensamentos com um sorriso radiante.

"Sim, estou surpresa.", parecia que Roanna também estava satisfeita com o sabor.

"Meus cumprimentos ao chefe. E pensar que um alimento de grãos poderia ter um gosto tão bom...", duque Euguno também movendo os lábios com admiração.

"Fico feliz em ver que foi de seu agrado. O que achou, Haruto-sama?", Liselotte aceitou suas reações com alegria, antes de se virar para perguntar a Rio, que acabava de dar uma mordida em seu risoto também.

"Está maravilhoso. Nunca imaginei que comeria arroz de novo.", disse Rio com um sorriso. Liselotte olhou para ele, surpresa.

".... Pode ser, que Haruto-sama já tenha comido arroz antes?"

"Sim, realmente. Durante minhas viagens por várias terras.", Rio divulgou apenas informações suficientes que estavam dentro da verdade. Na verdade, ele comia arroz diariamente e muitas vezes fazia risoto para comer também, mas decidiu não dizer isso em voz alta.

"Umm, quantos anos Haruto-sama tinha quando começou sua jornada?", Flora perguntou nervosamente, interessada nas viagens do Rio.

"... eu tinha onze anos.", Rio respondeu com o mesmo número que deu a Aria antes, diminuindo o ano em que começou sua jornada em um ano. Rio fugiu do reino de Bertram quando estava em seu sexto ano na Academia Real, então ele tinha na verdade doze anos.

"Onze ...", Flora murmurou baixinho, aparentemente frustrada.

Hiroaki estreitou os olhos com a expressão de Flora. "Pensando bem, quantos anos você tem?", ele perguntou ao Rio.

"Agora eu tenho dezesseis."

"Hou~, então, a mesma idade da Roanna... E um ano mais velho que Flora e Liselotte. Mas como você viajou desde tão jovem? Neste mundo, você tem que andar por toda parte se não for um nobre. Bem... acho que é possível que isso tenha algo a ver com seus pais?"

"Não, meus pais morreram antes de eu começar minha jornada. Viajei sozinho na maior parte do tempo, mas viajei com outras pessoas durante parte do caminho."

"Ah, entendo. Então seus pais já morreram. Desculpe por perguntar sobre isso.", até mesmo Hiroaki foi capaz de sentir o clima e coçou a cabeça desajeitadamente.

"Não, não deixe que isso o incomode.", Rio negou com a cabeça com um sorriso.

"Umm, então, por que Haruto-sama escolheu viajar sozinho? Não tinha um lugar onde morava antes?", no entanto, Flora continuou seguindo no questionamento do Rio.

Com isso, Liselotte, Roanna e o duque Euguno arregalaram os olhos de curiosidade, achando que era uma postura assertiva para Flora.

"Na verdade, eu estava procurando por uma pessoa ligada aos meus falecidos pais. Meus pais eram nômades para começar, então eles mal tinham conhecidos na área, e também não eram muito apegados à terra.", com um olhar pensativo, Rio buscou as palavras certas.

".... Então, onde morava originalmente?", Flora perguntou mais. Sua postura se voltou completamente para encarar Rio a seu lado, olhando seu rosto de perto.

"Oi, oi. Flora. Você não está bisbilhotando o passado dele um pouco demais agora?", incapaz de continuar simplesmente olhando, Hiroaki advertiu Flora.

"Ah, não... umm. Não era isso que eu pretendia.... Sinto muito!", Flora engasgou-se ao recuperar os sentidos e se desculpou com o Rio, em pânico.

"Não, não se preocupe com isso. De qualquer forma, sinto muito por não ter nada mais interessante para dizer.", para evitar que Flora se sentisse mal, Rio sacudiu a cabeça com um sorriso amigável.

"Não, não, sua história foi de grande interesse para mim. Mas deixando de lado o passado, você planeja se estabelecer em algum lugar eventualmente?", duque Euguno mudou o foco das questões do passado do Rio para o seu futuro.

"Este é um bom ponto. Ainda estou no meio da minha jornada, então não tenho certeza ainda.", Rio se esquivou da pergunta com um sorriso forçado no rosto.

"Hahaha. Nesse caso, sinta-se à vontade para colocar o Reino de Bertram em sua mira como um local de residência permanente. Com suas habilidades com a espada, eu o contrataria em boas condições.", duque Euguno tentou recrutar Rio com determinação, enquanto exibia um sorriso brilhante.

"Ara~. Se estamos falando de um espadachim do nível do Haruto-sama, gostaria de divulgar meu nome também.", Liselotte manteve o duque Euguno sob controle imediatamente.

"Nossa, parece que uma rival já apareceu."

"Fufu, mas é claro. Não vou deixar assumir a liderança bem na frente dos meus olhos."

"Hahaha. Afinal, não podemos permanecer em Amande para sempre. Estamos sempre precisando de pessoas talentosas, então poder conhecer alguém assim é uma oportunidade valiosa. Devo aproveitá-la ao máximo.", disse o duque Euguno agradavelmente, olhando para Rio.

".... Agradeço a oferta. Se o destino me levar até lá, contarei com sua ajuda nesse momento.", disse Rio, dando uma resposta diplomática e segura.

"Hmm. Falando francamente, nós poderíamos fornecer um lugar para você usar suas habilidades com a espada tanto quanto você quiser. E uma carreira ascendente também. Sinta-se à vontade para considerá-lo como uma de suas opções na vida.", duque Euguno não parecia ter nenhuma intenção de permitir que a conversa terminasse com uma conversa fiada, apelando com bastante entusiasmo. No entanto, ele não tentou avançar com muita força, desconfiado dos problemas que Stead e Alphonse haviam causado antes.

"Eu também estarei disposta a recebê-lo a qualquer momento.", Liselotte lembrou a Rio casualmente.

"Uau, olha quem é o assunto da cidade. É este o nascimento de um novo herói?", Hiroaki disse, colocando um freio nas coisas.

"Não, isso estaria fora de questão. Eu não seria páreo para um verdadeiro herói como Hiroaki-sama. A lenda fala da capacidade de eliminar exércitos de monstros com um único golpe, afinal. Se isso fosse verdade, eliminar um mero punhado de minotauros seria ridículo em comparação.", negou Rio de forma exagerada, ao mesmo tempo que elogiou Hiroaki por ser um herói no processo.

"Ah, bem. Não importa quanto esforço você coloque, os heróis reais têm status e poder limitados apenas a eles. A parede que um falso nunca poderia superar, ou assim dizem. Mas se você está ciente disso, então talvez você possa ser isso em algum lugar também.", Hiroaki sorriu, agora de bom humor.

"É muita gentileza sua dizer.", Rio curvou sua cabeça respeitosamente.

Enquanto isso, Liselotte observava Hiroaki com uma expressão preocupada. "Oh, falando de heróis, quanto Haruto-sama ouviu sobre os Heróis-sama sendo invocados por toda a terra?"

"Deixe-me pensar.... Eu ouvi dizer que as áreas onde os pilares de luz apareceram foram onde os Heróis-sama foram invocados. Os rumores diziam que um Herói-sama apareceu no reino de Galark também...", Rio aproveitou para perguntar sobre o Herói do reino de Galark. Encontrar mais informações sobre o Herói do Reino de Galark era um de seus objetivos ao se aproximar de Liselotte, então ele estava muito grato pelo assunto em questão ter sido levantado.

"O castelo tecnicamente ainda não divulgou nenhuma informação para os habitantes da cidade, mas é difícil esconder os pilares que estão erguidos de forma tão visível.", disse Liselotte com um sorriso tenso.

"Ah, eles disseram que iriam apresentá-la oficialmente na festa da noite, não é? A heroína de Galark.", Hiroaki disse, suspirando cansado.

"Uma festa à noite... e é uma dama?", Rio perguntou hesitante, sufocando suas emoções excessivamente ansiosas.

"Sim, Satsuki Sumeragi-sama. Esse é o nome do Herói-sama invocado em nosso reino."

Com bastante certeza, a mulher tinha o mesmo nome e gênero que a pessoa que Rio estava procurando.

"Satsuki Sumeragi-sama...", não poderia ser uma coincidência. Rio tinha certeza de que o herói invocado no Reino de Galark era a senpai de Miharu. A obtenção desta informação por si só fez valer a pena se aproximar de Liselotte.

"Na verdade, Hiroaki-sama também está pronto para comparecer a essa festa. Também planejamos revelá-lo lá.", disse o duque Euguno enquanto olhava para Hiroaki.

"Bem, eu não sou muito fã de ser colocado no palco, mas acho que essa é outra parte de ser um herói.", ao contrário de suas palavras, Hiroaki encolheu os ombros com um sorriso que não parecia tão desagradado.

"... Parece um evento de alta classe.", disse Rio, com olhos arregalados.

"Na verdade, há rumores de que o Herói-sama invocado no Reino de Centostella também estará presente. Não foi confirmado, porém, e o nome do Herói-sama também está oculto.", disse o duque Euguno.

"Surpreendente...", Rio proferiu com interesse.

Finalmente, um grande salto em progresso. Posso contar a Miharu-san e aos outros as boas notícias também.

Ele suspirou de alívio com a situação finalmente mudando para melhor.





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