Capítulo 3: Uma Discussão E Um Pedido
Depois que Rio se encontrou com Celia e Aishia, Liselotte levou os três para uma suíte de hóspedes dentro da mansão.
A suíte de hóspedes consistia em uma espaçosa sala de estar, três quartos e até mesmo uma pequena cozinha e banheiro — o que a tornava um pouco mais extravagante do que a suíte da pousada onde eles se hospedaram. Ela também se ofereceu para designar a eles sua própria maid pessoal, mas eles imediatamente recusaram a oferta educadamente.
No momento, Rio preparava o chá enquanto as duas garotas se reuniam no sofá da sala. Uma vez que Rio estava sentado, ele olhou para Aishia e Celia.
"Agora, gostaria de confirmar quais informações vocês duas têm e trocar algumas das minhas. Se houver algo que vocês gostariam de relatar ou algo sobre o qual estejam curiosas, por favor, digam."
"Está bem. Mas é mais fácil falar do que fazer. Eu nem sei por onde começar. Isso tudo foi um grande desastre.", Celia assentiu com uma expressão ligeiramente indisposta. Tendo testemunhado os danos em primeira mão, ela deve ter se preocupado com aqueles do Reino de Bertram.
".... Então, há uma coisa que eu gostaria de relatar primeiro.", Rio percebeu sobre o que Celia estava se sentindo inquieta e tomou a iniciativa de abordar o assunto.
"Sim, o que é?", Celia perguntou. Aishia estava ouvindo em silêncio.
"Provavelmente... Não, é quase certo que minha identidade foi revelada para a princesa Flora.", Rio confessou desconfortavelmente.
"…. Eh?", Celia parecia chocada.
"A princesa Flora tem uma ideia de quem eu sou, com quase certa precisão.", Rio repetiu, como se essas palavras fossem de maior importância.
"P-Por quê?! Está tudo bem?", naturalmente, Celia entrou em pânico.
"Não tenho certeza, mas está tudo bem... eu acho. A menos que meu julgamento estivesse errado e a princesa Flora tenha o tipo de personalidade que espalha boatos por toda parte, isto é.", Rio respondeu quase zombando de si mesmo. Celia, entretanto, estava terrivelmente confusa e achou que uma explicação era necessária.
"E-Espera, espera! Por que foi revelado em primeiro lugar?"
"O sequestrador que tinha uma história comigo disse meu nome na frente da princesa Flora. Ele não deu informações suficientes para declarar completamente que era eu, mas parece que a princesa Flora está fortemente convencida de seu próprio julgamento...", Rio explicou com um sorriso amargo.
"Você confessou para ela? Que você é o Rio?", Celia perguntou com medo. Ela estava curiosa sobre o homem com quem Rio tinha um passado também, mas Flora era mais importante agora.
"Não. Fiz um comentário vago para concordar com ela, depois expliquei que se tratava de duas pessoas diferentes."
"O-O que isso significa exatamente?"
"Aceitei o fato de já ter sido chamado Rio, então informei a ela que meu nome agora era Haruto e pedi que ela esquecesse que Rio é outro nome meu."
"... O que a princesa Flora disse sobre isso?"
".... Ela se desculpou e aceitou como equívoco dela, enquanto chorava.", Rio respondeu com dificuldade.
"Eu... entendo... Entendi.", Celia parecia terrivelmente frustrada, mas aceitou a resposta mesmo assim.
".... Acha que seria perigoso acreditar na princesa Flora?", Rio franziu a testa com a memória do rosto chorando de Flora ressurgindo.
"Não. A princesa Flora não espalharia isso desnecessariamente. Eu também, acredito nisso.", disse Celia com um sorriso fugaz. Ela tinha falado com Flora várias vezes pessoalmente, então ela sabia muito bem que Flora não tinha esse tipo de personalidade. Sem falar que Flora se sentia extremamente culpada pelo que havia acontecido com o Rio...
Por um momento, Celia hesitou em dizer ao Rio o que Flora sentia, mas nada mudaria no curto prazo, mesmo que ela o fizesse. Imaginar como sua ex-aluna deve ter se sentido machucou o coração de Celia, mas ela não queria dar ao Rio conhecimento desnecessário para fazê-lo se preocupar mais agora.
Por alguma estranha razão, eu fiquei feliz quando vi Rio conversando com a Flora-sama e a Roanna-san.... Isso não é bom, Celia. Celia suspirou profundamente. Era extremamente difícil consertar um relacionamento que havia se deformado tanto.
"... E também há outra coisa sobre a qual estou atrasado para relatar, mas consegui identificar um dos heróis que estava procurando.", disse Rio após uma breve pausa.
"Eh, sério?", Celia disse surpresa.
"Sim. Ouvi ontem, quando estava almoçando com a Liselotte-san e o duque Euguno. Estou ajudando um pouco mais nas investigações do incidente desta vez, mas uma vez feito isso, estou pensando em visitar Miharu-san.... As pessoas que foram invocadas de outro mundo. Também pode ser perigoso permanecer nesta cidade."
"Entendo..."
"A propósito, deve demorar cerca de duas a três semanas para eu ir onde está Miharu-san e os outros e voltar."
"Entendi.", Celia assentiu.
"Nesse tempo, eu acho que Sensei e Aishia deveriam esperar em algum lugar. Eu sei que não faz muito tempo que a Sensei fugiu do Reino de Bertram, então eu sinto muito por fazê-la passar por isso... e Aishia também. Desculpe.", Rio disse pesarosamente.
"Não se preocupe com isso. Também quero pensar em algumas coisas.", Celia deu um sorriso fugaz e balançou a cabeça.
"Estou bem também. Enquanto estiver ausente, deixe comigo.", Aishia assentiu seriamente.
"Obrigado.", Rio sorriu para Aishia, antes de olhar atentamente para Celia. "Isso é tudo da minha parte, mas vocês têm alguma pergunta?"
"... Umm.", Celia abriu a boca discretamente após uma pausa.
"Sim, o que é?"
"O que aconteceu entre Rio e aquele homem, Lucius, que sequestrou a Flora-sama? Você disse que tinha um passado...", Celia perguntou hesitante ao Rio, observando a expressão dele.
"...", Rio fez uma cara conturbada, perguntando-se como responder.
"Ah, claro, se você não quiser dizer, não precisa me dizer nada, está bem? Só estava um pouco curiosa, só isso.", Celia disse nervosa.
"Não, é que o passado que temos não é exatamente uma história divertida de ouvir. Mesmo assim, ainda quer ouvir? Se a Sensei quiser ouvir, eu a contarei.", Rio firmou sua resolução e respondeu com calma.
".... Sim.", Celia assentiu lentamente.
Rio concordou com um "Entendo".
"Lucius é o alvo da minha vingança. Antes de ficar órfão em Bertram, vi minha mãe ser assassinada bem diante dos meus olhos por aquele homem, e é possível que meu pai também tenha tido um destino semelhante.", ele tentou afirmar a verdade o mais secamente possível.
"—, M-Me perdoe! Por perguntar sobre algo tão doloroso, eu...", Celia empalideceu em choque. Ela esperava um certo grau de tragédia pelo comportamento do Rio, mas a verdade foi tão chocante que ela se desculpou por reflexo.
"Não, eu gostaria que houvesse uma melhor maneira de dizer a você, mas eu sempre pretendi dizer a verdade se a Sensei perguntasse. Por favor, não se preocupe com isso.", Rio riu desconfortavelmente.
"Isso é.… verdade?", Celia olhou para o rosto de Rio.
"Sim. Uma vez que tivesse descoberto um vislumbre da relação entre Lucius e eu, seria natural que ficasse curiosa, e eu não queria mentir para a Sensei se fosse possível.", Rio disse, o sorriso em seus lábios era um pouco triste.
"E-Entendo. Você sabia disso, Aishia?", a voz de Celia chiou em choque enquanto ela olhava para Aishia.
"Eu sabia.", Aishia confirmou em um tom monótono.
"Entendo...", Celia parecia um pouco aliviada com isso, suspirando baixinho em aceitação.
"Se possível, espero que possa manter o que acabei de dizer apenas entre nós três.", disse Rio. Nem mesmo Miharu, nem Sara e as outras sabiam. Não era um tópico que alguém gostaria de sair espalhando por aí.
".... Sim, eu entendo. Mas, posso perguntar mais uma coisa?", Celia parou por um breve momento, então assentiu profundamente.
"Sim, o que é?"
"Rio, você o odeia?"
".... Eu não acho que poderia perdoá-lo, mas minhas emoções são um pouco diferentes do ódio ou nojo. Não posso explicar tudo muito bem.", Rio contemplou com um olhar um pouco conturbado. Seus sentimentos não eram mais definíveis em uma escala de ódio ou repulsa. A ideia de matar Lucius se tornou um conceito fixo na mente de Rio. Ele não via nada além de seu objetivo de matar. Essa era sua resoluta decisão.
"O que isso, significa...?", Celia inclinou a cabeça em dúvida.
"Não posso perdoá-lo, mas amaldiçoá-lo constantemente se tornaria cansativo. Pode parecer contraditório, mas meus sentimentos são muito mais indiferentes do que isso. É só que já cheguei a uma resposta dentro de mim, como se tivesse decidido enfrentar isso sem fugir.... Não posso explicar com a lógica.", disse Rio, sorrindo como se tivesse superado. Celia observou a natureza confiante de Rio, mas ainda inclinou a cabeça em dúvida.
"Entendo... Nesse caso, tudo bem então. Obrigada, por me contar.", Celia sorriu gentilmente e assentiu.
Claro, não foi porque ela entendeu completamente Rio e concordou com ele. Como alguém que nunca esteve em um ambiente semelhante, não havia como Celia ver através dos detalhes dos sentimentos do Rio em primeiro lugar.
No entanto, Celia conhecia o Rio. Ela sabia que tipo de pessoa ele era, por isso ela podia confiar nele. Embora ela tivesse preocupações ou ansiedades, ela confiava no Rio incondicionalmente e acreditava que essa era a maneira de respeitar alguém.
"Sou eu quem deveria dizer isso. Muito obrigado.", Rio parecia estranho, mas ainda relaxou sua boca em um sorriso.
"Não foi nada. Mas, você pode vir a mim a qualquer hora se quiser conversar sobre qualquer coisa, sabe?", Celia olhou para o rosto de Rio.
"Sim. O mesmo vale para a Sensei. Sobre o seu futuro.", Rio assentiu e disse de volta.
"...Sim. Vou passar algum tempo pensando sobre isso.", Celia também parecia um pouco estranha enquanto assentia timidamente.
◇ ◇ ◇
Em seguida, Rio e as garotas passaram algum tempo relaxando na sala após os tensos encontros daquele dia. Tomaram chá juntos, tiraram uma soneca, comeram e, antes que percebessem, já era noite.
Foi nessa hora que Natalie, a maid, visitou a suíte de hóspedes em que eles estavam hospedados.
"Haruto-sama, eu me desculpo por perturbá-lo depois do seu jantar, mas poderia ter um minuto? Minha mestra deseja falar com você.", disse Natalie.
"Entendido.", Rio respondeu imediatamente, e seguiu para onde estava Liselotte. Celia e Aishia permaneceram na suíte de hóspedes.
"Liselotte-sama, Haruto-sama chegou.", Natalie anunciou com uma batida após levar Rio para a sala de reuniões.
"Entrem.", a resposta de Liselotte veio imediatamente.
"Haruto-sama, por favor." Natalie abriu a porta e gesticulou para que Rio entrasse.
"Com licença.", Rio deu uma única reverência e entrou na sala. Além de Liselotte, o duque Euguno, Flora, Hiroaki e Roanna também estavam na sala. Além disso, Aria também estava presente. Assim que Rio apareceu, Flora reagiu sacudindo o corpo com um estremecimento.
"Obrigada por vir, Haruto-sama. Peço desculpas por convocá-lo tão tarde.", disse Liselotte em boas-vindas. Ela deve ter ficado exausta neste momento, pois ela não parecia muito bem.
"Não, por favor não se preocupe.", Rio negou com a cabeça de maneira amigável.
"Primeiro, por favor sente-se.", Liselotte gesticulou para que Rio se sentasse. E assim, Rio se sentou na mesa redonda montada na sala de reuniões.
"Nós realmente temos uma grande dívida com você, Haruto-kun. Não tenho certeza de como poderíamos retribuir o suficiente.", disse o duque Euguno com uma risada um tanto apologética, já sentado à mesa.
"Não há necessidade disso. Como estão seus ferimentos?", Rio sacudiu a cabeça com um débil sorriso.
"Tudo bem, graças a você. Parece que não terei nenhuma dificuldade com a minha vida diária."
"É bom ouvir isso."
"Isso pode ser repetitivo, mas realmente queremos agradecer do fundo de nossos corações. As considerações para sua recompensa estão em andamento, mas primeiro vamos discutir o incidente em detalhes."
".... Entendido.", quando o duque Euguno indicou sua intenção de dar uma recompensa, Rio se deteve por um débil momento antes de concordar. Assim, o tópico mudou imediatamente para a discussão do incidente.
"Umm, Haruto-sama.", disse Flora.
"O que é?", Rio respondeu sem demora.
"Muito obrigada, em relação ao que aconteceu.", disse Flora, baixando a cabeça profundamente para Rio.
"Eu gostaria de lhe estender minha gratidão mais uma vez. Muito obrigada por salvar Flora-sama.", Roanna imediatamente baixou a cabeça para Rio também.
"Não foi nada.", Rio parecia querer que a conversa não se arrastasse, pois ele omitiu qualquer preâmbulo desnecessário e balançou a cabeça brevemente.
Enquanto isso, Hiroaki havia permanecido em silêncio o tempo todo até este ponto.
".... Parece que você estava muito ocupado dessa vez."
"Herói-sama também está com melhor saúde agora? Eu tinha ouvido dizer que ficou inconsciente depois de liberar seu poder...", Rio perguntou enquanto examinava o rosto de Hiroaki.
"Quem sabe. Você diz isso, mas tudo que fiz foi exterminar alguns daqueles monstros parecidos com baratas antes de passar o resto do tempo dormindo. Quem teve o maior destaque ao derrotar os minotauros e resgatar Flora foi você, não foi?", Hiroaki disse em um tom brusco e emburrado. Suas palavras quase soaram como se ele tivesse ciúme das proezas do Rio.
... O que? Rio não conseguia entender por que Hiroaki estava de mau humor, então ele pisou com cuidado.
"Duvido muito que seja esse o caso..."
"Não, não, suas ações estão subindo cada vez mais. Existem rumores sobre você circulando por toda a mansão. É quase como o nascimento de um novo herói. Não é, Flora?", Hiroaki disse, de repente se dirigindo à Flora.
"Eh, ah, s-sim.", surpresa, Flora concordou no calor do momento.
"Viu? Eu te disse.", Hiroaki encolheu os ombros, nada impressionado.
"Haruto-sama, seu chá.", Aria se aproximou de Rio e silenciosamente colocou o chá na mesa. Embaixo da xícara de chá havia um pedaço de papel com algo escrito nele.
Rio estreitou os olhos quando viu a carta sob a xícara. Ele se perguntou se era a escrita de Aria; foi escrito com excelente caligrafia.
Após testemunhar as maids elogiando as contribuições do Haruto-sama, combinado com o fato de seus próprios esforços terem sido insuficientes, ele ficou um pouco mal-humorado. O fato de Flora-sama ter se interessado por Haruto-sama também foi outra fonte de seu mau humor. Pedimos desculpas pelo incômodo.
Não havia necessidade de Aria se desculpar. Era mais provável que Hiroaki tivesse exigido sua presença na reunião, e não havia como negar.
Entendi. Rio entendeu o que Hiroaki devia estar sentindo e agradeceu a Aria cortesmente. Enquanto isso—
Aah, o que é isso? Este sentimento chato e enfadonho.... Como ter um novato ingressando e recebendo o claro favoritismo dos seus senpais imediatamente. Nada mata mais o clima do que isso.... Os olhos de Hiroaki devem ter nublado com inveja, já que seus pensamentos eram completamente irracionais.
Era verdade que dar tratamento preferencial a um novato sem nenhuma conquista só poderia ser interpretado como favoritismo. Era uma ação que iria antagonizar as figuras dos senpais que haviam apoiado a organização até agora, de uma forma ou de outra.
No entanto, a história era diferente quando aquele novato já havia mostrado resultados mais notáveis do que as figuras dos senpais, objetivamente provando seu valor e capacidade. Qualquer boa organização daria a essas figuras talentosas uma avaliação adequada.
Pelo contrário, seria um problema se uma pessoa incompetente fosse valorizada mais altamente do que uma pessoa talentosa. Afinal, as organizações não eram formadas por máquinas. Se a incompetência fosse elogiada e o talento ignorado, as pessoas talentosas naturalmente sentiriam descontentamento. Havia muitas outras oportunidades a serem aproveitadas por pessoas talentosas, de modo que apenas os incompetentes permaneceriam inevitavelmente na organização.
Claro, houve alguns casos de organizações que valorizavam mais áreas que não fossem os resultados visíveis, mas ele não era um médium. Não havia como ele ver através disso; ele não saberia a menos que fosse indicado como tal. Sem falar que o Rio era uma pessoa de fora da organização. Para Liselotte e o duque Euguno, ele era seu salvador e o maior contribuinte pelos esforços de socorro, tornando-o alguém de quem queriam se aproximar por todos os meios. Ele alcançou resultados que eram objetivamente impossíveis de encontrar falhas, então era natural para ele ser elogiado. Ou melhor, estariam se distanciando do Rio se não o fizessem, o que faria Liselotte perder prestígio.
É por isso que o descontentamento de Hiroaki com a calorosa hospitalidade demonstrada ao Rio estava simplesmente sendo mal direcionado. Ou melhor, se ele estava com inveja, deveria ter usado essa inveja como força motriz. Mas Hiroaki não tinha o valor para isso.
Ah sim, o personagem de lado neutro que aparece depois do personagem principal, embora seja mais forte também. Aquele que tem que arruinar a singularidade opressora do personagem principal, certo? Que chatice.
Hiroaki desaprovava o Rio de qualquer ponto de vista que ele pudesse pensar. Em sua cabeça, ele estava sendo lógico, mas o fato de sua avaliação ser baseada em suas emoções significava que era tudo menos isso.
"Haa~.", Hiroaki suspirou dramaticamente.
Liselotte o observou com um olhar um tanto cansado. Afinal, era ela quem queria suspirar. Até mesmo o duque Euguno estava um pouco carrancudo, constrangido.
O rosto de Roanna estava ligeiramente em pânico, tendo percebido que a situação não era boa. Toda a atenção de Flora estava voltada para Rio, então ela não tinha mais espaço para se preocupar com Hiroaki agora.
No entanto, o valor de Hiroaki como Herói era grande demais para ser simplesmente ignorado. Seria um problema tê-lo amuado para sempre por causa de um assunto tão trivial, para não dizer irritante.
Acredito que seja melhor prosseguir com as discussões.
Concordo.
Liselotte e o duque Euguno chegaram a um entendimento mútuo com uma troca de contato visual. Eles já haviam decidido quais tópicos discutiriam com antecedência, então seus planos já estavam traçados.
Eles realmente queriam usar esta chance para discutir a recompensa também, mas teriam que esperar por outro momento quando Hiroaki não estivesse presente. "Agora que Haruto-kun também está aqui, vamos direto ao assunto principal. O que desejo discutir com você é sobre o mercenário, que sequestrou a Flora-sama, Lucius. Eu sei algumas coisas sobre a história daquele homem.", disse o duque Euguno.
".... Isso, é verdade?", Rio olhou com surpresa para a fonte inesperada de informação sobre Lucius.
"Ouvi dizer que você tem um certo passado com esse tal de Lucius. Pode haver informações úteis para você entre essas."
"Estou muito grato.", Rio se curvou uma vez e esperou que a conversa continuasse.
"Eu não sei onde Lucius conduz suas atividades agora, mas ele era originalmente de uma família nobre de classe baixa em nosso reino. Seu nome de família era Orgueil. Mas a casa caiu há muito tempo. Haruto-kun, você…", disse o duque Euguno.
"Eu não sabia.", Rio sacudiu a cabeça calmamente.
"O que significa que você só conhece Lucius como um mercenário, então. É mais provável que você o tenha conhecido depois que sua família caiu em desgraça, então. Por outro lado, só sei como ele era antes disso...", disse o duque Euguno, examinando Rio cuidadosamente.
".... Eu só o conheci por um breve período de tempo, quando eu era criança. Não tenho nenhum conhecimento direto do que ele estava fazendo como mercenário."
"Entendo... Então deixe-me explicar um pouco como ele era quando era nobre. Lucius Orgueil era um ex-candidato à posição de Espada do Rei, competindo em igualdade com a Espada do Rei atual, Alfred Emal-kyō ", explicou o duque Euguno.
"Isso significa que sua habilidade como espadachim era bastante alta, então.", Liselotte confirmou.
"Sim. Se bem me lembro, havia alguns que acreditavam que ele teria sido escolhido como a Espada do Rei se sua situação familiar fosse mais favorável. Pessoalmente, não achei as habilidades de Alfred-kyō carentes de forma alguma, mas nosso reino valoriza mais aspectos do que apenas habilidade.", disse o duque Euguno, bufando em um sorriso zombador. Seu olhar foi direcionado para Aria, que era anteriormente uma nobre de classe baixa de Bertram. Aria recebeu o olhar do duque Euguno com seu olhar despreocupado de costume.
"A razão pela qual Lucius não foi escolhido como Espada do Rei foi porque sua família caiu antes da seleção. Não seria exagero dizer que o destino da casa Orgueil repousava sobre os ombros de Lucius na época, mas a casa atingiu seu limite antes que algo pudesse acontecer. Embora, haja rumores de que sua ruína foi causada diretamente por certas circunstâncias em que a pressão externa estava sendo exercida. Bem, quem sabe qual é a verdade.", acrescentou o duque Euguno com seu jeito eloquente de falar.
".... Que tipo de caminho os nobres que perdem sua casa normalmente seguem?", Rio perguntou.
"Cair em ruína é uma desgraça extrema para um nobre. Nem todas as portas são fechadas para eles depois disso, mas suas vidas basicamente deixaram de existir. Existem muitos casos em que toda a casa se suicida ou nunca mais é vista. Claro, existem aqueles entre eles como Aria-kun, que se distinguem em vez disso. Lucius pertence a esse seleto grupo.", explicou o duque Euguno.
"Considerando o incidente desta vez, pode ser possível que aquele homem, Lucius, tenha um forte rancor em relação ao Reino de Bertram.", disse Liselotte, oferecendo uma hipótese.
"Acha que esse pode ser o motivo por trás do sequestro da princesa Flora?", perguntou Rio.
"Sim. Claro, pode haver um motivo além de razões pessoais, mas eu gostaria de ouvir o que Haruto-sama pensa depois de realmente lutar contra esse Lucius.", Liselotte disse, buscando a opinião de Rio.
".... Não tenho certeza. No entanto, acredito que ele priorizou seu próprio prazer quando se tratava da briga comigo — alguém a quem ele estava conectado — sobre o sequestro da princesa Flora.", Rio ofereceu suas impressões ao relembrar a série de eventos até sua luta.
"Que tipo de pessoa esse Lucius parecia para o Haruto-sama?", Liselotte olhou para Rio e perguntou.
"Ele era um monstro em pele humana. Astuto e calculista, ele parece se mover de maneira lógica, mas na verdade realiza ações ilógicas em busca de seu próprio prazer. Um homem selvagem e retorcido.", Rio afirmou sem rodeios.
"Se Haruto-sama pensa isso dele, então...", os olhos de Liselotte se arregalaram levemente. A partir do que ela tinha ouvido até agora, Lucius parecia uma pessoa terrível. Mesmo que ele não parecesse o tipo de falar abertamente mal dos outros, Rio—, Haruto tinha saído de seu caminho para dizer exatamente isso, então ele deve ter uma conexão particularmente profunda com Lucius. Isso significava que, para dar suporte a essa crítica pessoal, era preciso saber como se relacionavam Rio e Lucius, mas o tema era bastante delicado e dificultava questionar. Se fosse apenas uma questão de perguntar e ser recusado, então tudo bem, mas ela queria evitar incomodá-lo. Dito isso, por mais relutante que estivesse, ela não tinha outra escolha a não ser perguntar agora. Ela apenas teria que se preparar para o pior.
Com esse pensamento, Liselotte abriu a boca, quando—
"Umm, peço desculpas se esta é uma pergunta intrusiva, mas posso perguntar sobre que tipo de conexão Haruto-sama tem com esse homem chamado Lucius?", Roanna, que estava ouvindo em silêncio até agora, perguntou de repente. Talvez ela tenha lido o clima no ar e percebido que seria mais seguro para ela perguntar do que Liselotte ou o duque Euguno, que estavam em posições de negociação que potencialmente poderiam ocorrer no futuro.
".... Minha mãe foi assassinada. Bem diante dos meus olhos.", Rio manteve um sorriso incômodo no rosto enquanto respondia.
Não era um passado que ele queria contar às pessoas, mas ele não podia se recusar a responder considerando a situação em que se encontravam. No entanto, o passado que ele revelou foi tão trágico que Roanna ficou branca como um fantasma e se desculpou em pânico.
"...—, D-Desculpe-me."
"Não, não há nada pelo que se desculpar.", Rio respondeu imediatamente.
"Ah... Bem, como Liselotte disse, se ele está fazendo isso por ressentimento pelo Reino de Bertram, então ele deve ser um homem muito mesquinho.", até Hiroaki sentiu pena da pergunta estranha que Roanna havia feito e tentou mudar de assunto.
V-Você que estava agindo com inveja do Haruto-sama há poucos instantes é quem diz isso? Liselotte pensou cansadamente, mas não disse nada em voz alta. Afinal, os humanos eram terríveis em olharem para si mesmos objetivamente. De qualquer forma, se Hiroaki não tivesse apoiado Roanna ali, a própria Liselotte teria dito algo.
"Isso ainda não está confirmado. Também estou interessada neste homem chamado Reiss que Haruto-sama e Flora-sama mencionaram...", em vez disso, Liselotte olhou para o duque Euguno e prosseguiu com a discussão.
"Eu também já ouvi falar do nome Reiss antes. É o nome do diplomata do Império Proxia que estava se comunicando secretamente com a casa do duque Albor. Ou, claro, podem ser apenas duas pessoas com o mesmo nome...", duque Euguno murmurou, e Liselotte se virou para se dirigir a Rio.
"Flora-sama disse que o rosto dele estava escondido por um capuz, mas, Haruto-sama conseguiu dar uma olhada na aparência dele...?"
"Não, eu também não consegui ver nada. Mesmo se eu tivesse visto o rosto daquele diplomata do Império Proxia, não há garantia de que eles sejam a mesma pessoa.", Rio balançou a cabeça em desculpas. Ele podia fazer uma suposição com base na estatura e na voz, mas não havia evidências decisivas suficientes para provar isso.
"O que significa que seria mais confiável seguir os rastros de Lucius, cujo o contexto entendemos.", sugeriu Liselotte.
"Vou reunir minhas tropas e investigar para ver se alguém entre elas teve algum ponto de conexão com ele no passado ou no presente. Isso exigirá uma viagem de volta para Rodania, no entanto.", duque Euguno parecia não ter objeções.
"Obrigada por seus esforços. Vou colocar uma investigação no Grêmio de Aventureiros por precaução, mas se ele suspendeu suas atividades de mercenário, não acredito que haverá muita chance de sucesso.", Liselotte baixou a cabeça profundamente ao pedir.
Várias discussões continuaram depois disso, e mais uma hora se passou antes que eles se dispersassem.
◇ ◇ ◇
Na manhã seguinte, Rio foi novamente convocado por Liselotte. Em vez da sala de reuniões da noite anterior, ele foi conduzido a uma sala de estar.
"Obrigada por vir, Haruto-sama. Por favor, sente-se.", Liselotte deu as boas-vindas ao Rio com entusiasmo. Estavam presentes na sala a maid chefe Aria, o duque Euguno e Flora. Não havia sinal de Hiroaki ou Roanna.
"Com licença. Para que todos estão reunidos aqui, se posso perguntar?", Rio perguntou, então se sentou em um sofá. Eles deveriam ter concluído todas as discussões sobre o ataque dos monstros e Lucius na noite passada.
"Se não for muito incômodo para Haruto-sama, gostaríamos de perguntar quais são seus planos para o futuro e também discutir várias coisas relacionadas à sua recompensa.", Liselotte sentou-se no sofá de um só lugar em frente ao Rio e expôs seus assuntos. Flora estava sentada no sofá ao lado dela, enquanto o outro ao lado dele estava sentado o duque Euguno.
"Na verdade, tive um assunto urgente de repente, então eu estava pensando em deixar Amande nos próximos dias.", Rio informou.
"Assunto, urgente?"
"Sim. Pretendo ir primeiro para a capital do Reino de Galark, Galtuuk."
".... Então é isso. Nesse caso, devemos preparar nossos símbolos de gratidão para Haruto-sama com mais pressa ainda.", Liselotte queria que Rio permanecesse em Amande para que eles pudessem aprofundar seu relacionamento, mas ela não podia fazer exigências nesta situação.
"Tenho certeza de que as mãos de Liselotte-sama devem estar ocupadas com as consequências do ataque dos monstros a Amande. Não há necessidade de se esforçar.", Rio negou gentilmente com a cabeça.
"Não posso permitir que as coisas se resolvam assim. Só estamos aqui graças aos esforços do Haruto-sama. Recompensar o Haruto-sama deve ser minha maior prioridade.", disse Liselotte.
"Há algo que você deseja? Para ser honesto, seus méritos são tão grandes que estamos tendo problemas para determinar como recompensá-lo. Claro, Liselotte-kun e eu pretendemos recompensá-lo separadamente. Quer se trate de status ou dinheiro, teremos o maior prazer em preparar tudo o que estiver ao nosso alcance para você. Se tiver algum pedido, gostaria de ouvi-lo.", disse o duque Euguno suavemente.
"...", Flora olhou fixamente para o rosto de Rio.
"Entendo.", Rio pensou por um momento, antes de falar. "Nesse caso, há uma coisa que gostaria de pedir a Liselotte-sama."
"Sim?", Liselotte retornou o olhar de Rio diretamente.
"Se for possível, poderia me permitir participar do banquete onde os Heróis-samas serão apresentados?"
"O banquete onde os Heróis-samas serão apresentados... O banquete sendo realizado no castelo real de nosso reino, certo? E Haruto-sama quer assistir?", surpresa com o pedido inesperado, Liselotte olhou para Rio cuidadosamente enquanto confirmava o que ele havia dito.
"Sim. Desejo conhecer Satsuki Sumeragi-sama.", Rio assentiu, declarando seu objetivo brevemente.
".... Posso perguntar por que?"
"Eu sinto muito. Sei que isso é atrevimento da minha parte e por isso estou muito envergonhado, mas poderia pedir que se abstenha de perguntar por que razão como parte da minha recompensa? Claro, não tenho absolutamente nenhuma intenção de prejudicar um Herói-sama de forma alguma, e explicarei a situação adequadamente a Liselotte-sama quando chegar a hora certa.", disse Rio, baixando a cabeça profundamente para Liselotte.
".... Compreendo. Deve ser possível ir me acompanhando quando eu for.", Liselotte parou por um longo momento antes de se decidir e aceitar.
Se uma pessoa de origem obscura fosse levada para o banquete oferecido pelo próprio rei e rainha e causasse um problema, tudo cairia sobre a cabeça de Liselotte, razão pela qual pedidos como o de Rio normalmente estariam fora de questão. No entanto, a dívida dela para com o Rio era equivalentemente tão grande quanto o pedido dele era ultrajante.
"Muito obrigado.", Rio baixou sua cabeça profundamente para Liselotte mais uma vez.
"Não é nada. Aguardarei ansiosamente o momento em que possamos conversar mais sobre isso.", Liselotte balançou a cabeça com um alegre sorriso.
"... Hmm, parece que a recompensa de Liselotte-kun foi decidida. Agora, posso ouvir o que você pede de nós?", duque Euguno, que vinha acompanhando a interação entre Rio e Liselotte silenciosamente, finalmente falou.
Flora parecia nervosa, pois sua expressão era bastante rígida enquanto olhava para Rio.
".... Para ser sincero, não consigo pensar em nada no momento.", Rio olhou entre o duque Euguno e Flora.
"Hmm. Então, você gostaria de guardar o pedido para mais tarde. Isso está correto?", duque Euguno perguntou, confirmando a essência da declaração de Rio.
"Sim. Eu ficaria muito grato se pudesse me emprestar sua ajuda se eu precisar dela no futuro."
".... Entendido.", duque Euguno assentiu com um sorriso irônico, surpreso com o quão indiferente Rio parecia. Enquanto isso, Flora parecia ter uma opinião sobre isso, pois observava Rio com uma expressão contrariada.
"Minha recompensa também é suficiente apenas com um convite para o banquete. Quando precisar de ajuda, por favor, conte com o poder que eu tenho também.", Liselotte ofereceu imediatamente.
"Eu apreciaria muito isso.", Rio sorriu calorosamente.
◇ ◇ ◇
Dois dias depois...
Era de manhã quando o Rio partia de Amande com Aishia e Celia. No momento, eles estavam do lado de fora da entrada da mansão, se despedindo. Aqueles que estavam se despedindo eram Liselotte, Flora e o duque Euguno, junto com Hiroaki e Roanna. Além disso, Aria, Natalie, Cosette, Chloe e todas as maids da propriedade fizeram fila.
"Obrigado a todos por tudo. Ver tantas pessoas vindo se despedir é uma honra.", Rio se curvou uma vez, encarando Liselotte e o outros. Atrás dele, Aishia e Celia, que tinham seus rostos escondidos pelos capuzes, curvaram-se da mesma forma.
"Somos nós que deveríamos estar o agradecendo. Esperamos vê-lo novamente em um mês e meio, na data que combinamos.", Liselotte disse suas alegres palavras de despedida em nome de todos os presentes.
"Sim, muito obrigado.", Rio respondeu com um sorriso.
"Eu adoraria conversar mais um pouco com vocês duas, se for do seu agrado!", Liselotte disse enquanto olhava para Aishia e Celia.
No final, Aishia e Celia ficaram trancadas em seus quartos o tempo todo, de modo que a maioria das pessoas na mansão, incluindo Liselotte, nunca interagiu com elas durante sua estadia. Havia o fato de que Rio não tinha tentado colocar as duas no centro das atenções, mas com Aishia tendo habilidades de combate corpo a corpo similares com as de Rio e Cecilia sendo uma maga notável, a curiosidade de Liselotte foi atraída. Ao menos, ela achou que poderia se aventurar com um pouco de ganância e pedir outra oportunidade de fazer contato com elas.
"Sim. Se surgir a oportunidade, então será um prazer.", Celia assentiu amigavelmente com um sorriso encantador. Aishia ficou em silêncio, mas assentiu também.
"...", a maioria dos homens e mulheres de pé ao lado de Liselotte encontraram seus olhares cativados. Afinal, pelo que podiam ver, tanto Aishia quanto Celia tinham belezas que normalmente não podiam ser vistas no dia a dia. Liselotte e suas maids também eram uma reunião de lindas garotas, mas a maioria delas aceitava o fato de virem em segundo lugar em termos de aparência. A única maid no mesmo nível provavelmente seria Aria. Fora isso, havia Flora e Liselotte, seguidas por Roanna como segunda colocada. A boca de Hiroaki estava aberta enquanto ele olhava para Aishia e Celia em transe.
... Huh, por algum motivo ela parece familiar. Aria inclinou a cabeça em suspeita, observando o rosto de Celia. Celia pareceu notar seu olhar e sua expressão ficou um pouco estranha.
"Bem então, nós estamos partindo.", quando Rio percebeu isso também, ele apressou sua partida.
"Sim, por favor, cuidem-se. Obrigada por tudo o que fizeram.", Liselotte disse, agarrando sua saia graciosamente e baixando sua cabeça. Todas as maids atrás dela também baixaram suas cabeças, vendo Rio e as garotas partindo.
Comentários
Postar um comentário