Capítulo 3: Encontrando Você Neste Mundo

 Aquilo é...

Um pouco antes da situação com Aki buscando ajuda se desenrolar, Rio estava voando perto do solo, seguindo os leves rastros de passos, quando descobriu a grama que havia sido fortemente pisada por vários cavalos. Ele parou antes da estrada e imediatamente deduziu que três pessoas haviam encontrado outras a cavalo. Em seguida, ele seguiu os passos com o olhar, então avistou um grande comboio de carroças bem longe na estrada. O comboio de carroças havia parado, mas estava para partir a qualquer momento.

Várias carroças de carga expostas chamaram a atenção de Rio. Elas tinham várias pessoas reunidas nelas — escravos, provavelmente — com enxames de guardas parecidos com mercenários cercando as carroças.

.... Comerciantes de escravos, huh. Isso pode ser ruim.

Uma sensação desagradável fixou-se no peito de Rio

Ele anulou suas artes de vôo e pousou no solo, antes de correr em direção às carroças, usando suas habilidades físicas aprimoradas. No entanto, ele não podia simplesmente atacá-los imediatamente simplesmente por causa de uma sensação desagradável que tinha, então ele diminuiu sua velocidade uma vez que havia diminuiu um pouco a distância entre eles. Foi quando um dos guardas notou Rio.

"Ei, alguém está se aproximando do lado da estrada!", um guarda gritou ao notar Rio, despertando a cautela dos que o rodeavam. Vários dos guardas imediatamente sacaram suas armas e tomaram uma formação para proteger as carroças.

"Pare aí mesmo!", um dos guardas gritou.

Rio decidiu demonstrar que não tinha intenções hostis, por enquanto. "Estou procurando algumas pessoas. Três delas. Eles vieram da mesma direção que eu acabei de vir." Ele explicou suas intenções sem sacar a arma, ficando exatamente onde estava, conforme ordenado.

O ar ao redor dos mercenários mudou ligeiramente. Eles se entreolharam, antes de todos se virarem para olhar para um homem que provavelmente era o que tinha a posição mais alta entre eles.

"... Alguém chame o chefe e o capitão aqui. Depressa." O homem a quem foi dirigido — o homem com aparência de líder que Miharu, Masato e Aki haviam encontrado — disse com irritação. Menos de meio minuto depois, um homem bem vestido apareceu, acompanhado por outro guarda volumoso.

"Hmm. Então, você é aquele que apareceu do nada. O que você quer?", ele perguntou infeliz, olhando para a figura encapuzada de Rio.

".... Perdoe-me por minha grosseria. Meu nome é Hans — você já deve ter ouvido falar de seus guarda-costas, mas estou procurando algumas pessoas. Três pessoas deveriam ter aparecido na beira da estrada há pouco tempo.... Você as viu?" Rio perguntou, propositalmente escolhendo assumir um tom cortês para o homem arrogante.

No entanto, estava claro que seu tom era apenas para mostrar, já que ele havia lhe dado um nome falso que inventou por capricho, caso as coisas tomassem um rumo para pior.

"Oh? E aqui estava eu, pensando que você era apenas um bandido...", o homem bem vestido murmurou, estreitando os olhos.

"Nenhuma pista. Infelizmente, estamos com pressa. Se você acabou aqui, então vá embora.", ele disse, sacudindo brevemente a cabeça.

Ele havia considerado a possibilidade de estar falando com um nobre com base na forma educada de falar de Rio, mas no final das contas decidiu fingir ignorância.

"Eu gostaria, mas encontrei as pegadas de várias pessoas nas pradarias a uma pequena distância da estrada. Havia sinais de que a grama tinha sido pisoteada por cavalos — e são bem recentes, também.", disse Rio com um sorriso forçado.

".... Você está nos acusando de sequestrar aquelas pessoas?" O homem bem vestido perguntou a Rio com um olhar sem emoção.

"Ah não. Claro que não. Eu estava simplesmente esperando que você deixasse de lado as pretensões e estivesse aberto a discussões se eles realmente estivessem sob seus cuidados.", Rio sacudiu a cabeça, usando uma cara de pôquer enquanto selecionava suas palavras cuidadosamente. Ele já havia dado a eles a ideia de que estava bastante confiante, então tentou fazer parecer que estava disposto a resolver as coisas pacificamente, fazendo uma oferta indireta para ignorar qualquer negócio obscuro em que estivessem envolvidos.

Ao mesmo tempo, ele fingiu estar olhando para as carroças que estavam atrás do homem. Infelizmente, havia um grande número de escravos em cada carroça; ele não sabia como eram as pessoas que procurava, então tudo o que pôde fazer foi passar os olhos por cada uma delas.

".... Eu gostaria de pedir que você se abstenha de olhar tão intensamente para minha preciosa carga. Há muitos escravos que começam a sentir uma falsa sensação de esperança por interagir com estranhos.", disse o homem bem vestido, olhando para as carroças atrás dele. Ele lançou ao guarda grande parado ao lado dele um olhar que dizia para abaixar as cobertas das carroças. Com isso, o homem corpulento e vários de seus subordinados começaram a se mover prontamente.

"N-Nos ajude!" A voz de uma jovem ecoou de uma das carroças — era Aki. Quase todos os presentes não tinham ideia do que Aki havia dito e o que as palavras significavam. Quase todos, exceto...

Nos.… ajude? Isso é.… japonês?

Rio tinha ouvido e entendido. Uma voz em busca de ajuda ..., mas ele hesitou por um momento, se perguntando se havia ouvido errado por engano. Afinal, essas palavras não deveriam ter existido neste mundo.

No entanto, quando ele voltou seu olhar para a carroça de onde vinha a voz, ele teve certeza de que não tinha ouvido mal.

Lá, dentro da carroça, estava Aki com suas características faciais do Leste Asiático.

"Tch. Cubra a carga logo."

Enquanto Rio permanecia perplexo, o homem bem vestido estalou a língua e ordenou aos guardas que escondessem o conteúdo das carroças. Ele estava sem paciência.

Eventualmente, as cobertas das carroças foram totalmente baixadas sobre as plataformas internas.

"Agora, veja o que você fez. Os escravos estão fazendo barulho por sua causa.", disse o homem bem vestido, ainda tentando fingir ignorância. Além disso, suas palavras foram contundentes para colocar a culpa em Rio.

".... Por favor, espere um momento. A garota que gritou agora é uma das pessoas que estou procurando. Ela estava pedindo ajuda.... Você poderia explicar o que está acontecendo aqui?", Rio perguntou em um tom composto depois de se acalmar e voltar aos seus sentidos. Ele não iria recuar também.

A expressão do homem bem vestido se contorceu de desagrado. "Que saco. Já basta. Matem ele.", ele ordenou ao guarda volumoso ao lado dele com irritação.

"Vocês ouviram o chefe, pessoal! Estamos seguindo a maneira mais simples e fácil de silenciar alguém. Preparem-se!"

Com um sorriso, o guarda incitou os homens que os rodeavam. Os mercenários entraram em formação alegremente e cercaram Rio em um instante.

Seus movimentos eram uma boa demonstração de liderança — a habilidade de um grupo de mercenários variava dramaticamente dependendo das habilidades de seu comandante, mas todos os mercenários aqui pareciam ter bastante experiência em combate em grupo. "Você confundiu tolice com bravura; existe hora e lugar para esse tipo de coisa. E esse não é um deles. Alguma última palavra? Se você implorar por sua vida e concordar em se tornar um escravo, então posso estar disposto a poupá-lo. Afinal, você tem um rosto bonito.... Tem interesse em vender seu corpo?" O homem bem vestido perguntou com uma triunfante arrogância, obviamente se sentindo seguro em sua posição extremamente vantajosa.

".... Que repulsivo. Você devia ter simplesmente entregado as pessoas que sequestrou sem confusão enquanto podia. No entanto, se é isso o que você quer, eu não vou me conter também.", Rio disse em um tom calmo, mas mortal, balançando a cabeça em aborrecimento.

O homem reagiu à sede de sangue dirigida a ele. "B-Basta. Matem ele!", ele ordenou em voz estridente.

"Peguem ele!" O volumoso comandante do esquadrão mercenário ordenou aos soldados que cercavam Rio.

Os mercenários o atacaram com suas lanças de todas as direções enquanto se protegiam com seus escudos, mas Rio graciosamente saltou para o ar e fora do círculo de ataque com facilidade.

"Quê...?!" Os mercenários foram pegos de surpresa, involuntariamente olhando estupefatos para Rio enquanto ele passava sobre suas cabeças com um leve salto.

"Eek?!" Rio puxou a adaga escondida sob seu sobretudo enquanto estava no ar, a segurou com sua mão esquerda, então apunhalou as pernas dos mercenários próximos sem vacilar assim que pousou. Os homens que foram apunhalados soltaram um grito.

Assim eles perderão seu espirito de luta? Rio pensou. Então de repente—

"Photon Bullet *!" O comandante do esquadrão mercenário disparou magia ofensiva contra o Rio. Um círculo mágico flutuou diante da mão esquerda que ele ergueu em direção a Rio, sua essência mágica se transformou em balas de energia luminosa de alta velocidade que foram disparadas em rápida sucessão.

Rio correu para o lado e evitou o ataque.

...Ele está terrivelmente calmo. Digno de ser o líder de todos esses mercenários, suponho. Acho que não seria tão fácil, Rio pensou aborrecido enquanto acelerava.

"Nosso oponente está usando um aprimoramento de habilidade física! Mantenham ele em movimento e ataquem quando ele estiver cansado! Entrem em uma formação defensiva!"

O comandante calmamente gritou instruções enquanto disparava implacavelmente suas balas de luz em Rio. Com isso, os outros mercenários recuperaram a compostura também.

Os mercenários entraram em formação cerrada, protegendo o homem bem vestido e o comandante enquanto ele disparava sua magia ofensiva. Em seguida, eles baixaram seus corpos com seus escudos fortificados em um círculo para que a trajetória do comandante ficasse desobstruída.

Rio estava evitando as balas ao desviar todas livremente para o amplo campo próximo à estrada, mas quando viu os mercenários, franziu a testa com irritação e avançou contra a parede de escudos de frente.

"O idiota perdeu a paciência. Preparem as lanças!" Um sorriso sedento de sangue apareceu no rosto do comandante.

Embora a letalidade do Photon Burst fosse baixa, tinha força suficiente para ferir gravemente um humano normal. A magia também permitia a capacidade de produzir continuamente balas de disparo rápido à vontade, uma vez ativada. Sua precisão era baixa contra oponentes que se moviam da esquerda para a direita, mas isso mudava drasticamente quando o oponente se aproximava diretamente pela frente. Atacar pela frente uma formação defensiva de escudos era o cúmulo da tolice.

As balas de luz disparadas pelo comandante estavam se aproximando de Rio.

"QUÊ?!" Por um breve momento, a imagem da forma de Rio na visão dos mercenários ficou ofuscada. A rajada de balas de luz perfurou o espaço vazio, ou assim eles pensaram.

"... Huh?"

Antes que eles percebessem, Rio havia se deslocado ao redor dos mercenários e desembainhado sua espada, segurando-a em diagonal. A espada brilhou e depois liberou uma explosiva rajada de vento.

"Gah?!" Quando Rio balançou sua espada, os mercenários empunhando escudos foram completamente varridos para longe. Sem a parede que o protegia, o comandante respirou fundo e se moveu para sacar a espada reflexivamente.

No entanto, ele já estava atrasado demais.

Rio se aproximou dele instantaneamente, então moveu sua espada quase em câmera lenta enquanto apunhalava ao comandante precisamente através do plexo solar.

"Tch?!"

Os olhos do comandante se arregalaram em choque, sua expressão mostrava que ele não entendia o que havia acontecido. Quando Rio retirou sua espada e lentamente deu um passo para trás, o comandante baixou as mãos para tocar lentamente a área ferida. Vendo que suas mãos estavam tingidas de vermelho, o comandante percebeu sua morte iminente.

Com isso, ele desabou debilmente no chão.

Rio apertou o agarre em volta de sua espada ensanguentada vergonhosamente antes de imediatamente voltar seu olhar para o homem bem vestido, que estava congelado e atordoado.

"Ah...?!" O homem soltou um grito mudo quando seus olhos encontraram os de Rio. Ele instintivamente tentou recuar, mas perdeu o equilíbrio com a pressa e caiu sobre o traseiro.

Rio apontou sua lâmina manchada de sangue para o homem e olhou para baixo. "Liberte as crianças que você sequestrou.", ele ordenou com uma voz fria.

"Eek!", o homem deixou escapar um som patético.

"Os outros não se moverão a menos que você ordene, certo? Se apresse.", disse Rio, suspirando de irritação.

"L-Liberte-os agora! Rápido!", o homem gritou agitado, e os guardas mercenários que estavam congelados entraram em ação.

Nesse tempo, Rio limpou a lâmina de sua espada e a prendeu ao cinto, desembainhada. Então, ele agarrou o homem bem vestido pelo pescoço e arrastou rudemente o cadáver do comandante para a beira da estrada com a outra mão.

"Eek"! P-Por que eu?! O que você vai fazer?!", ele choramingou enquanto olhava para o corpo do comandante com uma expressão pálida.

"O cadáver desse sujeito só estava no caminho. E você é um refém.", disse Rio, jogando levemente o cadáver do comandante na grama; agora o corpo não podia mais ser visto da estrada. Agarrando sua espada com a mão direita recém-liberta, Rio e o homem voltaram para a estrada.

Os mercenários estavam silenciosamente reunidos na estrada, mas recuaram com medo quando Rio se aproximou. Eles estavam cientes da batalha anterior que a diferença em suas habilidades era muito grande, e agora, seu comandante estava morto e seu cliente feito refém. Eles haviam perdido completamente a vontade de lutar.

Aki e Masato tinham acabado de ser libertados em segurança da carroça e estavam a uma pequena distância dos mercenários. Rio se aproximou dos dois e falou com eles desajeitadamente em japonês.

".... Vocês dois são os únicos que estão seguros?"

"V-Você pode nos entender?!" Aki perguntou, agarrando-se às suas palavras.

"Eu posso, mas... vou deixar os detalhes para depois. Pensei que havia mais um de vocês. Eu estava enganado?", Rio perguntou hesitantemente.

Aki assentiu com vigor. "H-Há! Ela foi levada para outra carroça!"

Rio olhou para o homem bem vestido que ele agarrou com a mão esquerda. "Eu não vejo a última pessoa. Em qual carroça ela está?", ele perguntou, casualmente mostrando a espada em sua mão direita.

"A-A penúltima carroça do lado direito! Ela está naquela!"

".... Você não fez nada com ela, fez?"

"E-Eu não! Eu não fiz nada!", ele respondeu freneticamente às perguntas de Rio.

"Eu vou verificar. Você vem comigo.", disse Rio, arrastando o homem bem vestido com ele.

"Eu vou salvar sua amiga. Vocês vão me acompanhar?", ele chamou Aki e Masato.

Os dois olharam para o mercador de escravos completamente apavorado com algo parecido com pena antes de hesitantemente concordar. "S-Sim!"

Assim que chegaram à carroça onde estava Miharu, Rio recorreu ao comerciante de escravos. "Parece estar trancada."

A porta da plataforma desta carroça estava trancada com muito mais segurança do que as outras.

"E-Eu tenho a custódia da chave desta carroça."

"Então abra logo.", Rio ordenou, liberando o comerciante de escravos do agarre em seu pescoço.

O homem levantou-se agitado e tentou destrancar a porta da carroça com as mãos trêmulas; depois de mexer um pouco, a porta da plataforma interna da carroça foi finalmente destrancada.

"Não tente nada inteligente.", Rio o advertiu com um olhar afiado antes de abrir a porta destrancada. Um ar escuro e sombrio permeou o interior.

◇◇◇

Com um rangido irritante, a porta do interior da carroça se abriu. A luz de fora filtrou-se para o interior da plataforma coberta, substituindo o odor corporal velho por ar fresco.

Miharu olhou para a porta aberta preocupada..., mas não foi apenas ela. A carroça estava lotada de belas moças cujos olhares foram hesitantemente atraídos para a porta, quando um garoto com rosto andrógino apareceu. Todas elas olharam para Rio.

Quando ele sentiu os olhares de todas as garotas fixos nele ao mesmo tempo, ele começou a olhar ao redor da plataforma um tanto desconfortável. Como todo mundo, Miharu também observava o rosto de Rio.

Ele está procurando alguém... Huh?! Miharu estremeceu quando seus olhos se encontraram.

Enquanto Rio olhava para ela, absorto, Miharu olhava de volta em transe. Ela se sentiu como se estivesse sendo sugada por seus olhos. Os dois continuaram se observando em silêncio; Rio permaneceu tão quieto, foi quase como se o tempo tivesse parado. O mesmo podia ser dito sobre Miharu também.

"..."

Rio murmurou algo que Miharu não conseguiu entender, seus olhos lacrimejaram e o rosto se contorceu como se ele estivesse prestes a chorar quando olhou para ela. Então, por algum motivo, Miharu sentiu vontade de chorar também.

Mesmo que ela o estivesse encontrando pela primeira vez, havia uma sensação de nostalgia que não podia ser descrita crescendo em seu peito.

Depois de algum tempo, a expressão de Rio mudou para uma que parecia bastante culpada. Ele embainhou a espada em sua mão direita como se quisesse escondê-la, antes de dar um passo hesitante para a plataforma. Ele se aproximou de Miharu nervosamente. "Eu vim... salvá-la.", Rio disse gentilmente para Miharu com um sorriso desajeitado.

◇◇◇

Rio lentamente ofereceu sua mão a Miharu, que estava sentada no chão da plataforma.

"M-Muito obrigada." Os olhos de Miharu se arregalaram de admiração antes que ela timidamente pegasse a mão de Rio enquanto observava sua expressão. Ele agarrou a mão dela com reserva.

Ele notou como a mão dela era macia; ao contrário de suas mãos ásperas cobertas por bolhas de espada, a mão dela era pálida, delicada e clara. Uma enorme diferença para as mãos que tinham acabado de matar um homem.

Ayase Miharu.... É realmente a Mii-chan. Por que ela está aqui neste mundo? O rosto de Rio quase se retorceu com as emoções indescritíveis dentro dele. Incapaz de olhar para Miharu diretamente, ele evitou seu olhar, sua expressão estava carregada de culpa.

Ele sempre quis vê-la novamente — mas agora que ela estava aqui diante dele, ele se sentia absolutamente aterrorizado. Ele se tornou uma pessoa diferente do Amakawa Haruto. Ele não podia mais voltar ao seu antigo eu, porque ele sentia como se tivesse sido manchado pelo pecado.

Era verdade — Rio já havia matado alguém com as próprias mãos, e ele partiu da região de Yagumo com um desejo ardente de vingança.

Ele largou a mão de Miharu. "Seus dois conhecidos estão esperando lá fora. Vamos.", disse ele, girando sobre o calcanhar.

"U-Umm... E quanto a elas?", Miharu o perguntou timidamente enquanto observava as garotas ao seu redor olharem com inveja. Rio sacudiu a cabeça com uma expressão preocupada.

"Enquanto você e seus amigos foram sequestrados, essas garotas provavelmente estão aqui depois de passarem pelos procedimentos legais adequados para o comércio de escravos. Se eu as levar comigo, vou me tornar um criminoso."

Escravos eram pessoas sem direitos. Por lei, eles eram tratados como objetos. É por isso que roubá-los era considerado furto, realizar um golpe para eles era uma fraude e arrebatá-los era roubo ou extorsão.

"N-Não pode ser.…" Miharu olhou abalada para as garotas.

"Eu lamento. Não posso fazer nada...", a expressão de Rio escureceu apologeticamente.

"N-Não! Não é sua culpa! Sou eu quem deveria me desculpar!", Miharu lamentou profundamente sua própria tolice e sua expressão se transformou em uma de constrangimento.

"Vamos lá." Em consideração a Miharu, Rio segurou sua mão enquanto a instava a se mover. Ela se permitiu ser conduzida para fora da carroça.

"Há um pequeno degrau antes do solo, então tome cuidado.", Rio saiu da carroça antes de Miharu, então se moveu para ajudá-la a descer.

"O-Okay. Muito obrigada.", Miharu timidamente saiu da carroça. Então, de repente, Aki correu e a abraçou.

"Miharu-oneechan!"

"Estou tão feliz que vocês dois estão seguros." Miharu acariciou as costas de Aki. Masato ficou ao lado das duas e observou timidamente.

(Estou feliz também, de verdade. Então... aquela voz estava falando sobre Mii-chan.… certo?)

Rio também sorriu de alívio. Mas ao mesmo tempo, ele achou misterioso que a voz no fundo de sua cabeça soubesse que Miharu e os outros apareceriam aqui.

Dito isso, não adiantava ficar pensando nisso agora.

Imaginar que eu não tivesse chegado a tempo.... Me dá arrepios só de pensar nisso. Tudo por causa desse sujeito... Rio dirigiu um olhar silencioso, mas mortífero para o comerciante de escravos.

"Eek?!" O comerciante recuou com medo.

Por um momento, Rio considerou tirar a vida do comerciante de escravos também, mas ele se conteve — ele não podia deixar seus impulsos o levarem ao assassinato sem considerar as consequências. Mais importante ainda, ele não queria que Miharu e os outros dois vissem nenhum cadáver, muito menos a visão dele próprio matando alguém.

"Eles roubaram alguma coisa de vocês três?", Rio perguntou a Miharu, Aki e Masato com um suspiro.

"Umm, eles levaram nossas mochilas...", Miharu respondeu em nome de todos.

Rio imediatamente se voltou para o comerciante de escravos. "Onde estão os pertences deles?", ele perguntou.

"E-Estão na minha carroça! Eu vou devolvê-los, vou devolvê-los imediatamente! Apenas espere aí!" O comerciante de escravos respondeu com pressa, depois correu para sua própria carroça. Menos de um minuto depois, ele voltou e entregou algumas mochilas para Rio.

"E tudo ainda está dentro, certo?" Rio questionou o mercador de escravos com uma voz fria. Ele passou os pertences para os três sem pausa.

"C-Claro! Eu não toquei em nada! T-Também vou te dar dinheiro, então por favor, acredite em mim!", o comerciante de escravos assentiu a cabeça furiosamente e estendeu uma pequena bolsa que estava cheia de moedas.

Rio aceitou a bolsa e deu uma olhada; havia de fato uma quantidade significativa de moedas de ouro dentro. Provavelmente era para ser algum tipo de compensação pelo que eles haviam passado.

"Está faltando alguma coisa nas suas mochilas?", perguntou Rio.

"Não. Está tudo aqui.", Miharu, Aki e Masato responderam rapidamente.

"Parece que você não está mentindo."

"Sim, foi o que eu disse! Por favor, acredite em mim, eu imploro!", o comerciante de escravos suplicou desesperadamente.

".... Tudo bem. Mas se você tentar fazer algo com eles novamente, eu vou te encontrar e te matar", Rio ameaçou.

"Entendi, entendi!" O comerciante de escravos assentiu com medo.

Com isso, Rio não tinha mais nada a dizer a ele. "Em primeiro lugar, vamos embora daqui. Vou levá-los a algum lugar seguro.", disse Rio, começando a andar e fazendo Miharu e os outros o seguirem hesitantemente.

Depois que o grupo inteiro tinha saído de vista, o comerciante de escravos caiu de joelhos, sentindo como se sua alma tivesse deixado seu corpo.

◇◇◇

Rio e os outros seguiram pela estrada em direção ao norte, com Miharu, Aki e Masato silenciosamente o seguindo de longe.

Não houve conversa entre os quatro. De vez em quando, Rio se voltava para vê-los, mas ele não tinha certeza do que dizer enquanto um ar estranho caiu entre eles. Miharu e os outros dois também pareciam nervosos, não entendendo bem a realidade da situação, e permaneceram em silêncio, meio atordoados. Assim, o silêncio continuou enquanto eles caminhavam mantendo uma distância saudável entre eles.

"Lindo...", Aki murmurou de repente. Seu olhar foi atraído para o oeste — o dia estava quase acabando quando o pôr do sol tingiu o horizonte de vermelho escarlate. Era um cenário que não podia ser visto no Japão.

O resto do grupo naturalmente se voltou para o céu ocidental.

"U-Umm, desculpe. Com licença?", Miharu falou timidamente às costas de Rio.

"E~tto, o que é?", Rio hesitou antes de se virar desajeitadamente.

"Muito obrigada por nos salvar.", disse Miharu, encontrando coragem para falar. Ela baixou a cabeça para Rio. "Quem sabe o que poderia ter acontecido conosco se você não tivesse vindo."

Foi um gesto que transmitiu claramente a sinceridade da sua gratidão e sua própria e adequada educação.

Rio olhou para Miharu com tristeza. "Não, eu só fiz o que deveria ter sido feito. Também quero perguntar muito a você.", disse ele, balançando a cabeça desconfortavelmente. Miharu ergueu lentamente a cabeça.

"Umm, meu nome é Ayase Miharu. Posso perguntar seu nome? Além disso, umm ... se for possível, gostaríamos de lhe perguntar algumas coisas também."

"O meu nome? Meu nome... Por causa de algumas circunstâncias, agora meu nome é Haruto.... Eu não tenho sobrenome.", por um momento, Rio ficou abalado e desviou os olhos com hesitação. No entanto, ele decidiu contar a eles o pseudônimo sob o qual estava oficialmente operando enquanto se movia pela região de Strahl.

Rio era um criminoso procurado depois de ter sido falsamente condenado no Reino de Bertram, então ele percebeu que seria melhor mudar seu nome. Cabelos pretos também se destacavam na região de Strahl, então ele mudou sua cor com um artefato mágico. Era por isso que seu cabelo estava grisalho.

Seu momento de hesitação deveu-se à sensação de resistência que sentiu em se autodenominar "Haruto" na frente de Miharu. Dito isso, chamar a si mesmo de Rio exigiria uma explicação mais complicada.

No final, agir de forma tão incerta sobre dar seu nome teria parecido suspeito, então Rio resolutamente se autodenominou Haruto. Em seguida, ele se virou para observar Miharu para ver sua reação.

"Haru... to?", Miharu murmurou em branco o pseudônimo — não, o antigo nome de Rio.

"Haruto?", Aki também mostrou uma expressão em conflito. O tom de sua voz quase parecia amargo.

"Aki-chan.", Miharu disse. Aki olhou para ela surpresa, mas Miharu simplesmente balançou a cabeça em silêncio.

...Aki? Os olhos de Rio se arregalaram após ouvir o nome de Aki. Esse nome era o mesmo da irmã mais nova de Amakawa Haruto; a qual sua mãe havia levado quando seus pais se divorciaram.

Rio examinou o rosto de Aki. Ela tinha apenas quatro anos da última vez que ele a tinha visto, e o impacto de notar Miharu primeiro o distraiu, mas ela certamente tinha uma semelhança. Mas a informação mais conclusiva estava em como Miharu a chamou de Aki.

"...Umm, o que é?" Aki perguntou a Rio timidamente, percebendo que ela estava sendo observada.

"Ah não. Desculpe. Eu só estava me perguntando se havia algo errado com meu nome.", Rio reprimiu sua inquietação e colou um sorriso.

" Desculpa. Não é nada.", Aki se desculpou, aparentemente envergonhada.

"Ei, o que você quer dizer com não ter sobrenome, Haruto-niichan? Ah, eu sou Sendou Masato. Irmão mais novo de Aki-neechan.", Masato, que estava ouvindo em silêncio, se apresentou.

"Sendou, irmão... Então, Aki-chan seria Sendou Aki — certo?", Rio perguntou a Aki.

Masato havia dito que ele era o irmão mais novo de Aki, mas o nome de família deles não era Amakawa e Amakawa Haruto não tinha um irmão mais novo que pudesse ser de sua idade. Sendo esse o caso, Rio imediatamente presumiu que Masato era filho da pessoa com quem sua mãe deve ter se casado novamente.

"Ah sim. É mesmo. Desculpa, não me apresentei antes.", Aki assentiu, inclinando a cabeça para Rio.

Rio olhou para o céu pensativo. "Tudo bem... Masato-kun, você perguntou por que eu não tenho sobrenome, certo? O sol está prestes a se pôr e vamos conversar por um tempo, então vamos para outro local primeiro. Vou preparar um lugar onde possamos relaxar. Venham por aqui.", disse Rio, entrando nas pradarias próximas à estrada.

Miharu, Aki e Masato se entreolharam antes de assentir e segui-lo.

Rio continuou a avançar mais e mais nas pradarias vazias, e os outros gradualmente ficaram inquietos o seguindo, perguntando-se onde poderiam relaxar em um campo gramado como este.

Rio olhou ao redor do campo que escurecia com curiosidade antes de dar aos três um sorriso tenso. "Por aqui deve servir.", ele murmurou.

O lugar ao qual eles haviam chegado era plano e a uma distância razoável da estrada — a menos que alguém estivesse olhando atentamente da estrada, era uma área que não poderia ser facilmente avistada.

"Esperem só um momento... Vou prepará-la agora mesmo.", disse Rio, antes de colocar as mãos no chão e manipular a terra para fazer uma base estável. Para Miharu, Aki e Masato que o observavam de lado, no entanto, não estava claro o que ele estava fazendo.

"Discharge."

Rio estendeu sua mão esquerda, que estava equipada com o Armazenamento Espaço-Tempo e recitou a magia de ativação. No momento seguinte, o espaço diante de seus olhos se distorceu muito, girando como um vórtice. Então, tudo acabou no instante seguinte, deixando uma enorme casa de rocha em seu rastro.

"O-O que raios...?", Aki murmurou em choque total. Miharu e Masato estavam parados ali olhando para a construção de rocha com espanto.

Rio sorriu com suas reações. "Parece uma rocha velha normal, mas o interior é um agradável espaço de convivência. Venham por aqui.", ele disse, caminhando até a porta com familiaridade.

Miharu e os outros permaneceram onde estavam, olhando para as costas de Rio e a casa de rocha em estado de choque. Rio os convidou a entrar mais uma vez.


Comentários