Capítulo 8: Laços
No dia seguinte, Latifa levou Rio até a praça onde haviam se separado no dia anterior.
"U-Um... Sinto muito por fugir ontem!" A primeira coisa que saiu da boca de Latifa depois que ficaram de frente um para o outro foi um pedido de desculpas.
".... Sou eu quem deveria me desculpar, Latifa. A culpa foi minha. Eu devia ter contado de uma maneira melhor... fui muito desajeitado sobre isso. Eu sinto muito." Rio ficou um pouco surpreso, mas depois de um instante, ele se desculpou desajeitadamente.
"I-Isso não é certo! Fui eu sendo mimada! E-Eu sabia o tempo todo, mais ou menos... eu sabia que Onii-chan deixaria a vila algum dia... É por isso que eu estava com medo. Não ter Onii-chan comigo, mesmo por um momento, me deixa tão preocupada." Latifa rejeitou as palavras de Rio e revelou seus próprios pensamentos, como se quisesse apelar para ele.
"M... Mas sabe, ontem, quando ouvi você dizer que estava indo embora, fiquei um pouco tonta. Fiz Onii-chan se preocupar, e causei problemas para as outras garotas .... Então eu pensei sobre isso. Pensei nisso a noite toda. Eu queria falar com Onii-chan uma vez que organizasse meus pensamentos..."
Ver Latifa ficar cada vez mais ansiosa enquanto falava fez a expressão de Rio escurecer um pouco.
"Sim, eu queria falar com você também.", assentiu Rio, fazendo Latifa suspirar de alívio.
"Ainda bem..." Ela disse, como se a força fosse drenada de seu corpo.
"Mas confesso que... estava preocupado que você me odiasse agora." Rio balançou a cabeça com um sorriso tenso.
"N-Nunca! Eu amo o Onii-chan! Estava preocupada que você me odiasse depois de tudo. Preocupada que você deixe a vila porque eu estou sempre causando problemas. Eu sabia que esse não era o caso, mas... A ideia de ser um incômodo para o Onii-chan me deixou tão assustada.", disse Latifa, com lágrimas fluindo em grandes gotas.
"Você não é um incômodo.", informou Rio.
"Huh?" Latifa olhou em branco para ele.
"Você não causa problemas, e você não é um incômodo. Não sei se está tudo bem ou não uma pessoa tão egoísta como eu ser seu irmão, mas você é minha irmã. Não... eu ficaria honrado se você me aceitasse como seu irmão. Sinceramente.", disse Rio hesitantemente, parecendo um pouco culpado.
".... Eu sou sua irmã, Onii-chan. Quero ser sua irmã! Onii-chan não é nada egoísta! Está bem? Está realmente bem em eu ser sua irmã?!" O corpo de Latifa tremeu, as lágrimas caíam enquanto ela falava.
"Você está bem comigo como seu irmão?" Rio perguntou um pouco hesitante, mas Latifa assentiu enfaticamente e o abraçou.
"Sim! Onii-chan é meu irmão! Quem me salvou. Aquele que é gentil comigo! Aquele que me salvou, mesmo quando Onii-chan poderia ter apenas me matado!"
"Não, eu... eu te disse, certo? Que eu simplesmente não queria matar ninguém. Para evitar sujar minhas mãos, mostrei falsa gentileza. Não sou nada amável, realmente. Eu sou apenas egoísta.", disse Rio com pesar, franzindo a testa. Suas mãos não se moveram para envolver Latifa, e se mexeram sem rumo em vez disso.
"É real! Sua gentileza é real. Eu era uma escrava antes, então sou muito sensível às intenções maliciosas das pessoas. Eu vivi minha vida rastejando aos pés dos outros, observando o humor deles e sempre me desculpando, para que coisas horríveis não fossem feitas comigo..., mas eu não pude sentir qualquer malícia em suas ações, Onii-chan. É por isso que eu sei que a gentileza de Onii-chan é real!" Latifa tentou desesperadamente apelar para ele enquanto ela o abraçava.
"Latifa..."
"De qualquer forma, eu sou egoísta também! Você sabe... mesmo quando eu não tinha uma razão para viver, eu não queria morrer. Não queria sentir dor, então fiz tudo o que me disseram. Com essa boca, eu disse que meu mestre era o melhor. Eu era a coisa mais preciosa para mim. Não... isso ainda é verdade agora. Mesmo que Onii-chan seja tão importante para mim, eu continuo fazendo exigências e causando problemas!"
"Não, eu não fiquei nenhum pouco incomodado. Você não é egoísta — me deixa muito feliz ouvir você pedir algo.", disse Rio sem rodeios, balançando a cabeça devido a auto depreciação dela.
"...E-Ehe. Ehehe. Obrigada.... Estou feliz, também." Latifa pareceu surpresa por um segundo, antes de sorrir timidamente do fundo do seu coração. Isso fez Rio finalmente sorrir também, e ele desajeitadamente acariciou as costas de Latifa.
"... Ei, Onii-chan. Você realmente... será meu irmão?" Latifa perguntou mais uma vez, timidamente, enquanto olhava para o rosto de Rio.
"Sim. Se você estiver bem com isso."
"Sim, estou bem! Eu quero Onii-chan!"
"Realmente? Obrigado.", disse Rio com uma expressão conflituosa que era uma mescla entre feliz e preocupada.
"Sim. Ehehe." Latifa assentiu com um sorriso. Ela continuou agarrada ao Rio por um tempo; ele estava simplesmente deixando ela fazer o que queria. Então, depois de algum tempo —
"Ei, Latifa. Você quer que eu permaneça na vila?" Rio perguntou, segurando Latifa pelos ombros e olhando em seus olhos.
"U-Umm... Se Onii-chan quiser deixar a vila, eu... Eu posso lidar com isso. Porque sei que nos encontraremos de novo. É por isso que... eu não vou ser mimada e pedir para ir também. Vou fazer o meu melhor.", ela respondeu, dando um sorriso mais maduro do que o habitual.
"... A razão pela qual estou indo para Yagumo.... Acho que ainda não te contei, Latifa. É a cidade natal dos meus pais mortos. É por isso que eu quero ir para a região de Yagumo. É como visitar um túmulo... algo assim."
Antes que percebesse, Rio estava contando isto para ela tão facilmente que surpreendeu até ele próprio. Esta era uma parte de si mesmo que ele nunca tinha considerado confidenciar a ninguém, pelo menos de sua própria vontade —
"Então esse... era o motivo... Eu acho... Acho que não sabia nada sobre Onii-chan. No entanto, eu ainda..." Latifa murmurou em constrangimento, aparentemente chocada.
"O mesmo vale para mim. Há muita coisa que eu não sei sobre você, também."
“…. Suponho... que é verdade. Não contei muitas coisas ao Onii-chan. Coisas que preciso dizer corretamente... Coisas que eu quero que o Onii-chan que eu amo saiba sobre mim. Está tudo bem?" O rosto de Latifa assumiu uma expressão séria, e Rio gentilmente assentiu com a cabeça.
"... Sim. Você vai me contar a sua história, Latifa?"
Rio sabia que tinha que ouvir, porque agora, Latifa estava tentando dar um grande passo à frente. Se ele a rejeitasse aqui, seu progresso seria interrompido.
"Então, eu vou contar para o Onii-chan meu segredo. Pode ser difícil de acreditar, no entanto..." Latifa enfatizou como um prefácio.
"A verdade é que eu morri uma vez. Eu era humana. Então, eu renasci em quem eu sou atualmente. Erm.... Não sei como dizer isso para Onii-chan acreditar em mim, mas não foi neste mundo. Eu vivia em um país chamado Japão. Mas antes que percebesse, eu estava neste mundo..." Ela explicou seriamente, embora de uma forma desordenada.
"Entendo. Eu acredito em você.", Rio facilmente aceitou. Latifa voltou o olhar em direção a ele.
".... Realmente? Onii-chan acredita em mim?"
"... Desculpa. Ao invés de dizer que acredito em você.... É mais como: eu já sabia. Porque.... Eu sou o mesmo que você." Rio corrigiu, balançando a cabeça lamentavelmente.
"Huh? .... Huh? O que isso quer dizer?"
"Você era uma pessoa japonesa. Eu era um também."
"... V-Você, também?" Latifa estava tão agitada, que mal conseguiu colocar sua pergunta em palavras.
"Eu também era japonês.", respondeu Rio seriamente, usando o japonês, falado desajeitadamente.
Ele manteve seu uso da língua até agora pensando em japonês sempre que estava sozinho, deixando-o ainda um pouco fluente, apesar de estar sem um parceiro de conversa por todos esses anos.
"Japonês... Ja... pão... Onii-chan era japonês, também?" Latifa perguntou com japonês instável também.
"Isso mesmo.", Rio assentiu fortemente.
"Então, Onii-chan.… sabia sobre mim... e não disse nada...?" Latifa perguntou inexpressivamente. Ela tinha chegado a um ponto além de estar surpreendida, e a emoção havia caído completamente fora de seu rosto. Ela tinha voltado a usar a linguagem que era familiar para este mundo.
"Sim.", respondeu Rio honestamente, abaixando um pouco a cabeça enquanto olhava diretamente nos olhos de Latifa.
Ao dar uma afirmação com suas palavras, as memórias que ele havia selado profundamente dentro de seu coração de quando ele era uma pessoa japonesa vividamente ressurgiram. Ele apertou a mão em um punho, aquelas memórias o faziam se sentir envergonhado.
"Onii-chan.…" Latifa parecia sentir algo dentro do gesto de Rio, e humildemente ficou em silêncio.
"Desculpe. Eu deveria ter me aberto a você mais cedo."
".... Não, tudo bem. Mas quando... você notou?" Latifa perguntou timidamente.
"Quando eu fiz pasta pela primeira vez para você. Você chamou de spaghetti.", respondeu Rio com um sorriso tenso.
"Isso foi há tanto tempo..., mas... Entendo... isso faz sentido."
"Naquela época, você ainda estava um pouco... mentalmente instável. Então, não achei que fosse algo que eu precisava te dizer. Mas, na verdade, eu só não queria te contar, porque eu não queria desenvolver nenhum arrependimento estranho da minha vida no Japão..." Rio disse com um sorriso autodepreciativo.
".... Entendo. Eu estava sendo protegido por Onii-chan esse tempo todo."
"Não, eu só estava me priorizando.", disse Rio com os dentes cerrados, mas Latifa balançou a cabeça.
"Não. Onii-chan ainda tem arrependimentos de quando vivia no Japão?"
"Se eu dissesse que não tenho nenhum... isso seria uma mentira. Eu definitivamente tenho arrependimentos de quando morri. Você tem algum, Latifa?"
"Eu tenho, mas... Estou bem, agora. Porque eu tenho Onii-chan." Latifa respondeu, com o sorriso mais radiante que ela tinha. Os olhos de Rio se arregalaram.
"Você com certeza é forte..."
"Isso é porque eu tenho você. Porque Onii-chan está aqui, eu posso ser forte. É por isso que... humm. Sei que é exigente da minha parte perguntar, mas quero saber mais sobre Onii-chan. Dessa forma, não estarei tão sozinha nesta vila enquanto você estiver fora. Então.... Se for possível, gostaria de ouvir histórias sobre sua vida antes de renascer. Isso está... bem?"
".... Sim, tudo bem. Se for para você, posso dizer. Você é minha irmãzinha, afinal, e eu gostaria de ouvir mais sobre você, também. Vamos conversar, devagar. Ainda temos muito tempo."
Rio hesitou por um instante, mas acabou concordando com um sorriso suave.
"Ok! Espera, você não vai embora imediatamente? Ainda há tempo?" Latifa disse, assentindo com um sorriso no início, antes de ser surpreendida.
"Sim. Ainda há muita coisa que quero aprender com a vila, e ainda quero ficar com você por um tempo.... Então vai ser mais um ano, pelo menos."
"E-Eeeeh? Eu... pensei que você estaria partindo imediatamente..." Sabendo que a despedida deles ainda estava num futuro distante, toda a força foi drenada dela.
E então, naquele dia, os dois trocaram histórias de antes de renascerem. Embora Rio tenha evitado elaborar algumas experiências, eles ainda falaram sobre muitas coisas.
O maior choque foi o fato de que eles se conheciam de longe, e estavam no mesmo ônibus pouco antes de morrerem. Quando ela descobriu essa verdade, Latifa começou a corar um pouco. E antes mesmo de perceberem, eles estavam conversando um com o outro até a noite.
Daquele dia em diante, os dois tornaram-se irmãos no verdadeiro sentido da palavra.
Então, uma vez que eles chegaram em casa —
"Oh. Vocês dois estão parecendo ainda mais próximos que antes... suponho que correu tudo bem?" Asura perguntou. Ela os estava esperando na frente da casa.
"Sim, obrigado pela preocupação. Nós nos tornamos mais próximos.", relatou Rio um pouco tímido.
"Mesmo que Onii-chan decida ir embora, decidi esperar por ele na vila!" Latifa disse com um sorriso despreocupado; uma lágrima de repente rolou pelo rosto de Asura.
"Oho... Vejo que me tornei mais suscetível a lágrimas na minha velhice... Rio-dono, obrigada por salvar essa criança." Asura agarrou sua mão, como se estivesse rezando.
◇◇◇
Um ano se passou rapidamente. Em um dia em particular, quando a partida de Rio da vila para a região de Yagumo estava se tornando iminente, ele foi convocado pelos anciões da vila, e seguiu para a sala de reuniões do Concelho.
"Hm. Que bom que você veio." Syldora, Dominic e Asura aguardavam na frente, dando as boas-vindas a Rio com um sorriso.
"Erm... Vocês precisam de algo de mim hoje?" Rio perguntou com uma leve cautela diante da recepção bastante exagerada. Syldora foi quem abordou o assunto.
"Bem, há algo que desejamos dar a Rio-dono, sendo que você é o benfeitor e amigo jurado da nossa vila. Primeiro, por favor aceite isso como um presente da vila."
Dito isso, Syldora presenteou Rio com um bracelete. Estava feito de um metal de mithril chamado prata mágica e tinha uma fórmula complexa gravada nele, juntamente com uma enorme pedra espiritual que estava embutida por dentro.
"Isso é.… um Armazenamento Espaço-Tempo? Eu não posso aceitar algo tão valioso." Os olhos de Rio se arregalaram, recusando o presente quase reflexivamente.
Rio estava familiarizado com o Armazenamento Espaço-Tempo. Carregado com a magia de espaço-tempo que os humanos não podiam reproduzir através de suas fórmulas mágicas, era um artefato mágico que tinha um efeito extraordinário. Cria uma dimensão isolada semiperpétua em proporção à essência do proprietário registrado, a partir da qual os itens poderiam ser livremente armazenados e retirados à vontade.
"Não pense tanto sobre isso. É apenas mais um símbolo de nossa amizade. Sua jornada deve ser muito mais fácil com isso, certo?" Syldora balançou a cabeça, e ofereceu novamente o Armazenamento Espaço-Tempo para Rio.
"Pode ser mais fácil, mas..." Rio disse, expressando sua hesitação em aceitar o presente. Então, do lado —
"Não se preocupe com os detalhes, garoto. É disso que se trata uma amizade juramentada. E os presentes não são só da vila, sabe? Os anões prepararam um conjunto de armas para presenteá-lo. Esta espada aqui é feita de mythril. Pode absorver suas artes espirituais e guardar dentro dela. Há também um conjunto de armaduras feita a partir da pele do Wyvern Negro que você derrotou. Honestamente, faz com que a armadura de metal pareça papel em comparação.", disse Dominic em voz bem-humorada, com vários anões carregando armas e armaduras o seguindo.
A valiosa espada foi incorporada com uma pedra espiritual que brilhava lindamente. O conjunto de armaduras foi projetado como roupas, com luvas, botas, e um casaco longo que eram todos feitos da pele do Wyvern Negro. Brilhava com um esplendor negro como o azeviche.
"Como você ainda tem espaço para crescer, fizemos o tamanho um pouco maior. Faremos novos ajustes assim que você retornar para a vila. E, só para você saber, foi feito sob medida para você, então você não tem o direito de recusar.", disse Dominic com um olhar presunçoso.
"Os anões não são os únicos que prepararam um presente — nós elfos preparamos um grande número de medicamentos também. Há uma lista inventário de tudo incluído, que você pode inspecionar mais tarde.", disse Syldora, entregando a Rio um único pedaço de papel e gesticulando em direção a uma grande caixa de madeira no chão ao lado dele, que deve ter sido preenchida com os medicamentos.
Muitos medicamentos élficos eram criados usando materiais preciosos e artes espirituais, e sua eficácia estava várias ligas além do que os medicamentos humanos poderiam fazer. A lista que lhe foi entregue incluía até poções secretas e elixires milagrosos, fazendo com que Rio se espantasse.
"Está realmente tudo bem eu receber tais poções e elixires de você?"
"Hahaha, não se preocupe. Fui eu quem deu instruções sobre como fazer todas essas receitas. Contanto que você tenha os materiais, eu posso ensiná-lo como fazê-las também, Rio-dono."
"Esses materiais não são altamente valiosos?" Eram todos itens que eram difíceis de cultivar para os humanos; alguns itens até exigiam a seiva da árvore de Dryas.
"Eles podem ser difíceis de obter em territórios humanos, mas esse não é o caso desta vila. Sinta-se livre para tomar o quanto quiser.", disse Syldora com um sorriso gentil.
"Bem, ainda falta o presente de parte dos bestiais. Preparamos ingredientes colhidos na vila — muitos deles, na verdade, você não vai precisar se preocupar por um bom tempo. Por causa da grande quantidade de ingredientes, não foi possível trazê-los aqui para este lugar, mas você pode armazená-lo em seu Armazenamento Espaço-Tempo mais tarde. Oh, e este aqui não é só dos bestiais... Todas as outras espécies apresentaram seu álcool especial também."
Finalmente, como para dar o golpe final, Asura apresentou uma montanha de comida e bebida.
"Todo mundo... Vocês prepararam tanto..." Rio cerrou o punho enquanto seu rosto se torcia desculpando-se.
"Isso é uma coisa boba de se dizer, garoto. Você está subestimando o quanto fez por nós até agora. Seria ingrato da nossa parte deixá-lo partir desta vila com as mãos vazias!" Dominic disse com uma gargalhada.
"De fato, é exatamente como Dominic disse. Você pode considerar isso como a vontade coletiva da vila."
"Isso mesmo. Então, por favor — queremos que você aceite." Tanto Syldora quanto Asura falaram com a voz cheia de determinação.
Atrás dos três anciões líderes, os outros anciões da vila profundamente assentiram com a cabeça. Rio lentamente levantou a cabeça e olhou em volta para os rostos na sala.
"Palavras de gratidão não são suficientes pela grande amabilidade que vocês concederam ao meu indigno eu. Se algum dia houver um perigo ameaçando os Seirei no Tami, juro ajudá-los como seu amigo jurado — com todo o meu ser." Rio falou sua promessa verbal, e fez uma profunda reverência.
◇◇◇
Finalmente, chegou o dia de Rio partir da vila do povo espiritual.
Havia tantas pessoas que queriam vê-lo partir, que tiveram que tomar emprestado o santuário de Dryas como ponto de encontro antes de sua partida.
"Todos, muito obrigado por este último ano e meio.", disse Rio, oferecendo sua gratidão a todos que vieram vê-lo partir.
"Tenha uma boa viagem, Onii-chan!" Entristecida com a despedida, Latifa abraçou Rio até que ela parecia estar um pouco irritada — mas Rio achou isso ainda mais adorável.
"Latifa, você está machucando o Rio-san.", disse Sara exasperada com um sorriso nos lábios.
"Já que não nos veremos novamente por um tempo, estou carregando o máximo de 'energia Onii-chan' que puder! Esta é a sua chance se você quiser abraçar o Onii-chan também, Sara-oneechan!" Latifa disse, ainda abraçada a Rio.
"O-O quê?! Eu absolutamente não quero abraçá-lo!" Sara negou com um rubor furioso.
"Então eu vou abraçá-lo em vez de Sara-chan."
".... Eu também. Com licença."
Oufia e Alma disseram, dando um passo à frente.
"Huh?" Sara disse, aturdida.
"Bom para você, Sara-oneechan! Oufia-oneechan e Alma-oneechan farão isso em seu lugar. Ok, vou deixá-lo livre por um momento, então!" Latifa disse com um sorriso triunfante, soltando Rio para que Oufia e Alma pudessem se aproximar.
"Uugh..." Sara mostrou uma expressão frustrada.
"Ehehe, é um pouco embaraçoso. Então... com licença. Tenha uma boa viagem, Rio-san. Vamos todos viver juntos novamente quando você voltar!" Oufia disse suas palavras de despedida com um sorriso brilhante, enquanto dava um abraço gentil em Rio.
"Obrigado. Vou procurar receitas deliciosas enquanto estou em minha jornada.", respondeu Rio, sorrindo timidamente. Então, depois que Oufia o soltou com um olhar um pouco arrependido, Alma deu um passo à frente.
"Rio-san. P-Por favor, certifique-se de cuidar de si mesmo. Estarei rezando para que você tenha uma jornada segura." Alma abraçou Rio com um leve rubor também.
Rio tinha crescido bastante durante sua estadia na vila, então, comparado com o tamanho menor de alguém da raça dos anões como Alma, era como a diferença de tamanho de um adulto e uma criança.
"Se eu encontrar algum sake delicioso na minha viagem, vou trazê-lo como uma lembrança. Podemos beber juntos."
"Ah... C-Claro. Se não for muito incômodo, então por favor."
Embora ela achasse um pouco estranho para uma jovem donzela receber álcool como lembrança, isso ainda a deixou feliz, o que fez o rubor de Alma crescer ainda mais.
"Vamos, Sara-oneechan, você também!"
"Wah! E-Ei, Latifa!"
Assim que Alma soltou Rio, Latifa empurrou Sara por trás. Perdendo o equilíbrio e tropeçando nos pés, ela se viu na frente dele.
"Ah, umm. Oi, Rio-san..." Sara estava diante de Rio timidamente, com bochechas de cor escarlate.
"Oi, Sara-san. Como posso ajudá-la?" Rio respondeu com uma risada divertida.
"P-Por favor, me treine novamente quando você voltar!" Sara disse de uma forma bastante apressada, antes de se mover rapidamente e envolver os braços suavemente em torno dele.
"Claro. Continue com seu próprio treinamento para que você possa ganhar uma de mim da próxima vez."
"Ugh... Ok. Eu não vou perder!" Com um pequeno gemido, Sara cerrou seus dois punhos em motivação. Então, Uzuma, Anya, Bella e Arslan, assim como muitas outras pessoas dos Seirei no Tami, todos se aproximaram ao mesmo tempo.
"Todos de uma vez?" Rio olhou em volta para eles, aturdido.
"O grupo de Sara-oneesama é especial!", explicou Bella.
"Sim, sim. O grupo de Sara-sama é especial, certo?" Anya olhou para as garotas com um sorriso consciente. Oufia recebeu o olhar com seu próprio sorriso, mas Sara e Alma evitaram fazer contato visual.
"Rio-niisama, espero que você tenha uma boa viagem. Vamos brincar juntos de novo quando você voltar." Bella abraçou Rio fofamente.
"Ah! Você conquistou a irmã mais nova de Sara-sama também? Eu não devia nem me surpreender mais."
"O que você está dizendo, Anya-san?" O sorriso de Rio se contorceu em dúvida.
"Rio-aniki! Mantenha-se saudável! Me treine também quando você voltar!"
"Sim, claro. Cuide-se também, Arslan. Por favor, seja um bom amigo de Latifa."
"N-Nem precisa dizer, é claro." Arslan corou e se afastou um pouco bruscamente.
"Rio-dono, também estou ansiosa pelo dia em que possa lutar comigo novamente. Vou me esforçar para me disciplinar ainda mais do que você, para me tornar mais forte", disse Uzuma em seguida.
"Sim, eu vou me treinar também. Estou ansioso pela nossa revanche." Com essa promessa, Rio e Uzuma trocaram um firme aperto de mãos.
Para Uzuma, embora fosse apenas um duelo de prática, Rio era um dos poucos adversários contra os quais ela podia usar todo seu poder. O mesmo acontecia com Rio. Desde que ele ensinou à Uzuma técnicas para lutar contra outras pessoas, suas habilidades aumentaram exponencialmente. Ambos aguardavam ansiosamente sua revanche.
"Então, estarei orando por sua boa sorte. Cuide-se."
"Sim, também lhe trarei uma lembrança."
Depois de assentir profundamente, Uzuma se afastou de Rio. Então, os anciões apareceram.
"Oho. Vamos manter isto curto e doce para você; nós anciões vamos dizer adeus todos juntos. Rio-dono, volte para nós a qualquer momento. Essa vila é sua casa também.", disse Asura com um alegre sorriso.
"Isso mesmo! Volte quando quiser!" Dominic disse com uma risada alegre, segurando o ombro de Rio com firmeza.
"Sim. Todos nós presentes aguardaremos seu retorno, Rio-dono. Que os espíritos guiem sua jornada." Syldora sorriu e ofereceu uma oração para Rio ter uma viagem segura.
"Muito obrigado a todos vocês. Espero que todos aqui se cuidem também.", disse Rio, assentindo para todos os anciões.
"Tenha uma boa viagem e nos vemos em breve, Onii-chan!" Latifa veio mais uma vez para dar sua saudação final, abraçando Rio com entusiasmo.
"Sim, estarei de volta em breve." Rio gentilmente abraçou Latifa de volta. Eventualmente, ele relutantemente soltou a mão dela e girou em seu calcanhar com determinação...
... Só para girar de novo e olhar para o povo espiritual mais uma vez.
"Todos! É uma grande honra fazer parte de vocês. Estou profundamente em dívida com todos vocês por incluir meu eu indigno entre suas fileiras como um amigo jurado.", disse Rio em voz alta, antes de manipular o vento com artes espirituais e flutuar suavemente no ar. Os habitantes da vila estavam o animando e acenando com as mãos.
"Estou ansioso pelo dia em que nos encontraremos novamente!"
Dito isso, Rio acenou com a mão e partiu. Então, sua figura desapareceu, indo rapidamente em direção ao horizonte do céu. O povo espiritual acenou com os braços até que não podia mais ver a forma de Rio.
"E lá vai ele.", Alma murmurou baixinho quando a figura de Rio desapareceu completamente.
"Sara-oneechan, Oufia-oneechan, Alma-oneechan. Eu não vou perder.", disse Latifa, com os olhos fixos no céu, onde Rio havia desaparecido.
"... Huh? Perder em quê?" Sara perguntou em confusão.
"Eu amo o Onii-chan. Como família, e como o sexo oposto. Pode haver alguém além de nós no coração do Onii-chan... Mas eu não vou desistir. Então, apenas no caso de que todas vocês o amem também, vou declarar guerra agora. Não que isso importe muito se vocês não vêem Onii-chan dessa maneira..." Latifa olhou para Sara e as outras com um sorriso ousado.
"Quê — Não... não é como se eu me importasse particularmente!" Sara disse vagamente com um rosto vermelho brilhante, suas palavras não confirmam nem negam nada.
"Fufu, isso não é muito honesto da sua parte, Sara-chan.", disse Oufia com um doce sorriso.
"Isso mesmo. Ser desonesta por causa do seu constrangimento é um dos seus defeitos, Sara-neesan." Alma encolheu os ombros em exasperação.
"V-Você não é igual a mim, Alma?! Você não tem direito a falar!" Sara objetou.
"Pelo menos eu sou honesta quando mais importa!" Alma disse indiferentemente e virou o rosto. Sara sabia que esse era o tipo de comportamento que Alma adotava quando estava envergonhada, graças aos muitos anos que passaram juntas.
"Veja! Desse jeito! Nós somos iguais em como ficamos envergonhadas!"
"Não era disso que eu estava falando."
A forma como a conversa delas esquentou assim era típica para Sara e Alma. Se Rio estivesse presente, ele teria assistido com um sorriso a essa cena tão familiar. Os habitantes presentes observaram, todos sorrindo, enquanto as garotas argumentavam ruidosamente.
Era o ano 998 da Era Sagrada — mais de sete anos se passaram desde que Rio recuperou suas memórias de sua vida anterior. O dia em que a história seria posta em movimento estava se aproximando rapidamente.
"U-Um... Sinto muito por fugir ontem!" A primeira coisa que saiu da boca de Latifa depois que ficaram de frente um para o outro foi um pedido de desculpas.
".... Sou eu quem deveria me desculpar, Latifa. A culpa foi minha. Eu devia ter contado de uma maneira melhor... fui muito desajeitado sobre isso. Eu sinto muito." Rio ficou um pouco surpreso, mas depois de um instante, ele se desculpou desajeitadamente.
"I-Isso não é certo! Fui eu sendo mimada! E-Eu sabia o tempo todo, mais ou menos... eu sabia que Onii-chan deixaria a vila algum dia... É por isso que eu estava com medo. Não ter Onii-chan comigo, mesmo por um momento, me deixa tão preocupada." Latifa rejeitou as palavras de Rio e revelou seus próprios pensamentos, como se quisesse apelar para ele.
"M... Mas sabe, ontem, quando ouvi você dizer que estava indo embora, fiquei um pouco tonta. Fiz Onii-chan se preocupar, e causei problemas para as outras garotas .... Então eu pensei sobre isso. Pensei nisso a noite toda. Eu queria falar com Onii-chan uma vez que organizasse meus pensamentos..."
Ver Latifa ficar cada vez mais ansiosa enquanto falava fez a expressão de Rio escurecer um pouco.
"Sim, eu queria falar com você também.", assentiu Rio, fazendo Latifa suspirar de alívio.
"Ainda bem..." Ela disse, como se a força fosse drenada de seu corpo.
"Mas confesso que... estava preocupado que você me odiasse agora." Rio balançou a cabeça com um sorriso tenso.
"N-Nunca! Eu amo o Onii-chan! Estava preocupada que você me odiasse depois de tudo. Preocupada que você deixe a vila porque eu estou sempre causando problemas. Eu sabia que esse não era o caso, mas... A ideia de ser um incômodo para o Onii-chan me deixou tão assustada.", disse Latifa, com lágrimas fluindo em grandes gotas.
"Você não é um incômodo.", informou Rio.
"Huh?" Latifa olhou em branco para ele.
"Você não causa problemas, e você não é um incômodo. Não sei se está tudo bem ou não uma pessoa tão egoísta como eu ser seu irmão, mas você é minha irmã. Não... eu ficaria honrado se você me aceitasse como seu irmão. Sinceramente.", disse Rio hesitantemente, parecendo um pouco culpado.
".... Eu sou sua irmã, Onii-chan. Quero ser sua irmã! Onii-chan não é nada egoísta! Está bem? Está realmente bem em eu ser sua irmã?!" O corpo de Latifa tremeu, as lágrimas caíam enquanto ela falava.
"Você está bem comigo como seu irmão?" Rio perguntou um pouco hesitante, mas Latifa assentiu enfaticamente e o abraçou.
"Sim! Onii-chan é meu irmão! Quem me salvou. Aquele que é gentil comigo! Aquele que me salvou, mesmo quando Onii-chan poderia ter apenas me matado!"
"Não, eu... eu te disse, certo? Que eu simplesmente não queria matar ninguém. Para evitar sujar minhas mãos, mostrei falsa gentileza. Não sou nada amável, realmente. Eu sou apenas egoísta.", disse Rio com pesar, franzindo a testa. Suas mãos não se moveram para envolver Latifa, e se mexeram sem rumo em vez disso.
"É real! Sua gentileza é real. Eu era uma escrava antes, então sou muito sensível às intenções maliciosas das pessoas. Eu vivi minha vida rastejando aos pés dos outros, observando o humor deles e sempre me desculpando, para que coisas horríveis não fossem feitas comigo..., mas eu não pude sentir qualquer malícia em suas ações, Onii-chan. É por isso que eu sei que a gentileza de Onii-chan é real!" Latifa tentou desesperadamente apelar para ele enquanto ela o abraçava.
"Latifa..."
"De qualquer forma, eu sou egoísta também! Você sabe... mesmo quando eu não tinha uma razão para viver, eu não queria morrer. Não queria sentir dor, então fiz tudo o que me disseram. Com essa boca, eu disse que meu mestre era o melhor. Eu era a coisa mais preciosa para mim. Não... isso ainda é verdade agora. Mesmo que Onii-chan seja tão importante para mim, eu continuo fazendo exigências e causando problemas!"
"Não, eu não fiquei nenhum pouco incomodado. Você não é egoísta — me deixa muito feliz ouvir você pedir algo.", disse Rio sem rodeios, balançando a cabeça devido a auto depreciação dela.
"...E-Ehe. Ehehe. Obrigada.... Estou feliz, também." Latifa pareceu surpresa por um segundo, antes de sorrir timidamente do fundo do seu coração. Isso fez Rio finalmente sorrir também, e ele desajeitadamente acariciou as costas de Latifa.
"... Ei, Onii-chan. Você realmente... será meu irmão?" Latifa perguntou mais uma vez, timidamente, enquanto olhava para o rosto de Rio.
"Sim. Se você estiver bem com isso."
"Sim, estou bem! Eu quero Onii-chan!"
"Realmente? Obrigado.", disse Rio com uma expressão conflituosa que era uma mescla entre feliz e preocupada.
"Sim. Ehehe." Latifa assentiu com um sorriso. Ela continuou agarrada ao Rio por um tempo; ele estava simplesmente deixando ela fazer o que queria. Então, depois de algum tempo —
"Ei, Latifa. Você quer que eu permaneça na vila?" Rio perguntou, segurando Latifa pelos ombros e olhando em seus olhos.
"U-Umm... Se Onii-chan quiser deixar a vila, eu... Eu posso lidar com isso. Porque sei que nos encontraremos de novo. É por isso que... eu não vou ser mimada e pedir para ir também. Vou fazer o meu melhor.", ela respondeu, dando um sorriso mais maduro do que o habitual.
"... A razão pela qual estou indo para Yagumo.... Acho que ainda não te contei, Latifa. É a cidade natal dos meus pais mortos. É por isso que eu quero ir para a região de Yagumo. É como visitar um túmulo... algo assim."
Antes que percebesse, Rio estava contando isto para ela tão facilmente que surpreendeu até ele próprio. Esta era uma parte de si mesmo que ele nunca tinha considerado confidenciar a ninguém, pelo menos de sua própria vontade —
"Então esse... era o motivo... Eu acho... Acho que não sabia nada sobre Onii-chan. No entanto, eu ainda..." Latifa murmurou em constrangimento, aparentemente chocada.
"O mesmo vale para mim. Há muita coisa que eu não sei sobre você, também."
“…. Suponho... que é verdade. Não contei muitas coisas ao Onii-chan. Coisas que preciso dizer corretamente... Coisas que eu quero que o Onii-chan que eu amo saiba sobre mim. Está tudo bem?" O rosto de Latifa assumiu uma expressão séria, e Rio gentilmente assentiu com a cabeça.
"... Sim. Você vai me contar a sua história, Latifa?"
Rio sabia que tinha que ouvir, porque agora, Latifa estava tentando dar um grande passo à frente. Se ele a rejeitasse aqui, seu progresso seria interrompido.
"Então, eu vou contar para o Onii-chan meu segredo. Pode ser difícil de acreditar, no entanto..." Latifa enfatizou como um prefácio.
"A verdade é que eu morri uma vez. Eu era humana. Então, eu renasci em quem eu sou atualmente. Erm.... Não sei como dizer isso para Onii-chan acreditar em mim, mas não foi neste mundo. Eu vivia em um país chamado Japão. Mas antes que percebesse, eu estava neste mundo..." Ela explicou seriamente, embora de uma forma desordenada.
"Entendo. Eu acredito em você.", Rio facilmente aceitou. Latifa voltou o olhar em direção a ele.
".... Realmente? Onii-chan acredita em mim?"
"... Desculpa. Ao invés de dizer que acredito em você.... É mais como: eu já sabia. Porque.... Eu sou o mesmo que você." Rio corrigiu, balançando a cabeça lamentavelmente.
"Huh? .... Huh? O que isso quer dizer?"
"Você era uma pessoa japonesa. Eu era um também."
"... V-Você, também?" Latifa estava tão agitada, que mal conseguiu colocar sua pergunta em palavras.
"Eu também era japonês.", respondeu Rio seriamente, usando o japonês, falado desajeitadamente.
Ele manteve seu uso da língua até agora pensando em japonês sempre que estava sozinho, deixando-o ainda um pouco fluente, apesar de estar sem um parceiro de conversa por todos esses anos.
"Japonês... Ja... pão... Onii-chan era japonês, também?" Latifa perguntou com japonês instável também.
"Isso mesmo.", Rio assentiu fortemente.
"Então, Onii-chan.… sabia sobre mim... e não disse nada...?" Latifa perguntou inexpressivamente. Ela tinha chegado a um ponto além de estar surpreendida, e a emoção havia caído completamente fora de seu rosto. Ela tinha voltado a usar a linguagem que era familiar para este mundo.
"Sim.", respondeu Rio honestamente, abaixando um pouco a cabeça enquanto olhava diretamente nos olhos de Latifa.
Ao dar uma afirmação com suas palavras, as memórias que ele havia selado profundamente dentro de seu coração de quando ele era uma pessoa japonesa vividamente ressurgiram. Ele apertou a mão em um punho, aquelas memórias o faziam se sentir envergonhado.
"Onii-chan.…" Latifa parecia sentir algo dentro do gesto de Rio, e humildemente ficou em silêncio.
"Desculpe. Eu deveria ter me aberto a você mais cedo."
".... Não, tudo bem. Mas quando... você notou?" Latifa perguntou timidamente.
"Quando eu fiz pasta pela primeira vez para você. Você chamou de spaghetti.", respondeu Rio com um sorriso tenso.
"Isso foi há tanto tempo..., mas... Entendo... isso faz sentido."
"Naquela época, você ainda estava um pouco... mentalmente instável. Então, não achei que fosse algo que eu precisava te dizer. Mas, na verdade, eu só não queria te contar, porque eu não queria desenvolver nenhum arrependimento estranho da minha vida no Japão..." Rio disse com um sorriso autodepreciativo.
".... Entendo. Eu estava sendo protegido por Onii-chan esse tempo todo."
"Não, eu só estava me priorizando.", disse Rio com os dentes cerrados, mas Latifa balançou a cabeça.
"Não. Onii-chan ainda tem arrependimentos de quando vivia no Japão?"
"Se eu dissesse que não tenho nenhum... isso seria uma mentira. Eu definitivamente tenho arrependimentos de quando morri. Você tem algum, Latifa?"
"Eu tenho, mas... Estou bem, agora. Porque eu tenho Onii-chan." Latifa respondeu, com o sorriso mais radiante que ela tinha. Os olhos de Rio se arregalaram.
"Você com certeza é forte..."
"Isso é porque eu tenho você. Porque Onii-chan está aqui, eu posso ser forte. É por isso que... humm. Sei que é exigente da minha parte perguntar, mas quero saber mais sobre Onii-chan. Dessa forma, não estarei tão sozinha nesta vila enquanto você estiver fora. Então.... Se for possível, gostaria de ouvir histórias sobre sua vida antes de renascer. Isso está... bem?"
".... Sim, tudo bem. Se for para você, posso dizer. Você é minha irmãzinha, afinal, e eu gostaria de ouvir mais sobre você, também. Vamos conversar, devagar. Ainda temos muito tempo."
Rio hesitou por um instante, mas acabou concordando com um sorriso suave.
"Ok! Espera, você não vai embora imediatamente? Ainda há tempo?" Latifa disse, assentindo com um sorriso no início, antes de ser surpreendida.
"Sim. Ainda há muita coisa que quero aprender com a vila, e ainda quero ficar com você por um tempo.... Então vai ser mais um ano, pelo menos."
"E-Eeeeh? Eu... pensei que você estaria partindo imediatamente..." Sabendo que a despedida deles ainda estava num futuro distante, toda a força foi drenada dela.
E então, naquele dia, os dois trocaram histórias de antes de renascerem. Embora Rio tenha evitado elaborar algumas experiências, eles ainda falaram sobre muitas coisas.
O maior choque foi o fato de que eles se conheciam de longe, e estavam no mesmo ônibus pouco antes de morrerem. Quando ela descobriu essa verdade, Latifa começou a corar um pouco. E antes mesmo de perceberem, eles estavam conversando um com o outro até a noite.
Daquele dia em diante, os dois tornaram-se irmãos no verdadeiro sentido da palavra.
Então, uma vez que eles chegaram em casa —
"Oh. Vocês dois estão parecendo ainda mais próximos que antes... suponho que correu tudo bem?" Asura perguntou. Ela os estava esperando na frente da casa.
"Sim, obrigado pela preocupação. Nós nos tornamos mais próximos.", relatou Rio um pouco tímido.
"Mesmo que Onii-chan decida ir embora, decidi esperar por ele na vila!" Latifa disse com um sorriso despreocupado; uma lágrima de repente rolou pelo rosto de Asura.
"Oho... Vejo que me tornei mais suscetível a lágrimas na minha velhice... Rio-dono, obrigada por salvar essa criança." Asura agarrou sua mão, como se estivesse rezando.
◇◇◇
Um ano se passou rapidamente. Em um dia em particular, quando a partida de Rio da vila para a região de Yagumo estava se tornando iminente, ele foi convocado pelos anciões da vila, e seguiu para a sala de reuniões do Concelho.
"Hm. Que bom que você veio." Syldora, Dominic e Asura aguardavam na frente, dando as boas-vindas a Rio com um sorriso.
"Erm... Vocês precisam de algo de mim hoje?" Rio perguntou com uma leve cautela diante da recepção bastante exagerada. Syldora foi quem abordou o assunto.
"Bem, há algo que desejamos dar a Rio-dono, sendo que você é o benfeitor e amigo jurado da nossa vila. Primeiro, por favor aceite isso como um presente da vila."
Dito isso, Syldora presenteou Rio com um bracelete. Estava feito de um metal de mithril chamado prata mágica e tinha uma fórmula complexa gravada nele, juntamente com uma enorme pedra espiritual que estava embutida por dentro.
"Isso é.… um Armazenamento Espaço-Tempo? Eu não posso aceitar algo tão valioso." Os olhos de Rio se arregalaram, recusando o presente quase reflexivamente.
Rio estava familiarizado com o Armazenamento Espaço-Tempo. Carregado com a magia de espaço-tempo que os humanos não podiam reproduzir através de suas fórmulas mágicas, era um artefato mágico que tinha um efeito extraordinário. Cria uma dimensão isolada semiperpétua em proporção à essência do proprietário registrado, a partir da qual os itens poderiam ser livremente armazenados e retirados à vontade.
"Não pense tanto sobre isso. É apenas mais um símbolo de nossa amizade. Sua jornada deve ser muito mais fácil com isso, certo?" Syldora balançou a cabeça, e ofereceu novamente o Armazenamento Espaço-Tempo para Rio.
"Pode ser mais fácil, mas..." Rio disse, expressando sua hesitação em aceitar o presente. Então, do lado —
"Não se preocupe com os detalhes, garoto. É disso que se trata uma amizade juramentada. E os presentes não são só da vila, sabe? Os anões prepararam um conjunto de armas para presenteá-lo. Esta espada aqui é feita de mythril. Pode absorver suas artes espirituais e guardar dentro dela. Há também um conjunto de armaduras feita a partir da pele do Wyvern Negro que você derrotou. Honestamente, faz com que a armadura de metal pareça papel em comparação.", disse Dominic em voz bem-humorada, com vários anões carregando armas e armaduras o seguindo.
A valiosa espada foi incorporada com uma pedra espiritual que brilhava lindamente. O conjunto de armaduras foi projetado como roupas, com luvas, botas, e um casaco longo que eram todos feitos da pele do Wyvern Negro. Brilhava com um esplendor negro como o azeviche.
"Como você ainda tem espaço para crescer, fizemos o tamanho um pouco maior. Faremos novos ajustes assim que você retornar para a vila. E, só para você saber, foi feito sob medida para você, então você não tem o direito de recusar.", disse Dominic com um olhar presunçoso.
"Os anões não são os únicos que prepararam um presente — nós elfos preparamos um grande número de medicamentos também. Há uma lista inventário de tudo incluído, que você pode inspecionar mais tarde.", disse Syldora, entregando a Rio um único pedaço de papel e gesticulando em direção a uma grande caixa de madeira no chão ao lado dele, que deve ter sido preenchida com os medicamentos.
Muitos medicamentos élficos eram criados usando materiais preciosos e artes espirituais, e sua eficácia estava várias ligas além do que os medicamentos humanos poderiam fazer. A lista que lhe foi entregue incluía até poções secretas e elixires milagrosos, fazendo com que Rio se espantasse.
"Está realmente tudo bem eu receber tais poções e elixires de você?"
"Hahaha, não se preocupe. Fui eu quem deu instruções sobre como fazer todas essas receitas. Contanto que você tenha os materiais, eu posso ensiná-lo como fazê-las também, Rio-dono."
"Esses materiais não são altamente valiosos?" Eram todos itens que eram difíceis de cultivar para os humanos; alguns itens até exigiam a seiva da árvore de Dryas.
"Eles podem ser difíceis de obter em territórios humanos, mas esse não é o caso desta vila. Sinta-se livre para tomar o quanto quiser.", disse Syldora com um sorriso gentil.
"Bem, ainda falta o presente de parte dos bestiais. Preparamos ingredientes colhidos na vila — muitos deles, na verdade, você não vai precisar se preocupar por um bom tempo. Por causa da grande quantidade de ingredientes, não foi possível trazê-los aqui para este lugar, mas você pode armazená-lo em seu Armazenamento Espaço-Tempo mais tarde. Oh, e este aqui não é só dos bestiais... Todas as outras espécies apresentaram seu álcool especial também."
Finalmente, como para dar o golpe final, Asura apresentou uma montanha de comida e bebida.
"Todo mundo... Vocês prepararam tanto..." Rio cerrou o punho enquanto seu rosto se torcia desculpando-se.
"Isso é uma coisa boba de se dizer, garoto. Você está subestimando o quanto fez por nós até agora. Seria ingrato da nossa parte deixá-lo partir desta vila com as mãos vazias!" Dominic disse com uma gargalhada.
"De fato, é exatamente como Dominic disse. Você pode considerar isso como a vontade coletiva da vila."
"Isso mesmo. Então, por favor — queremos que você aceite." Tanto Syldora quanto Asura falaram com a voz cheia de determinação.
Atrás dos três anciões líderes, os outros anciões da vila profundamente assentiram com a cabeça. Rio lentamente levantou a cabeça e olhou em volta para os rostos na sala.
"Palavras de gratidão não são suficientes pela grande amabilidade que vocês concederam ao meu indigno eu. Se algum dia houver um perigo ameaçando os Seirei no Tami, juro ajudá-los como seu amigo jurado — com todo o meu ser." Rio falou sua promessa verbal, e fez uma profunda reverência.
◇◇◇
Finalmente, chegou o dia de Rio partir da vila do povo espiritual.
Havia tantas pessoas que queriam vê-lo partir, que tiveram que tomar emprestado o santuário de Dryas como ponto de encontro antes de sua partida.
"Todos, muito obrigado por este último ano e meio.", disse Rio, oferecendo sua gratidão a todos que vieram vê-lo partir.
"Tenha uma boa viagem, Onii-chan!" Entristecida com a despedida, Latifa abraçou Rio até que ela parecia estar um pouco irritada — mas Rio achou isso ainda mais adorável.
"Latifa, você está machucando o Rio-san.", disse Sara exasperada com um sorriso nos lábios.
"Já que não nos veremos novamente por um tempo, estou carregando o máximo de 'energia Onii-chan' que puder! Esta é a sua chance se você quiser abraçar o Onii-chan também, Sara-oneechan!" Latifa disse, ainda abraçada a Rio.
"O-O quê?! Eu absolutamente não quero abraçá-lo!" Sara negou com um rubor furioso.
"Então eu vou abraçá-lo em vez de Sara-chan."
".... Eu também. Com licença."
Oufia e Alma disseram, dando um passo à frente.
"Huh?" Sara disse, aturdida.
"Bom para você, Sara-oneechan! Oufia-oneechan e Alma-oneechan farão isso em seu lugar. Ok, vou deixá-lo livre por um momento, então!" Latifa disse com um sorriso triunfante, soltando Rio para que Oufia e Alma pudessem se aproximar.
"Uugh..." Sara mostrou uma expressão frustrada.
"Ehehe, é um pouco embaraçoso. Então... com licença. Tenha uma boa viagem, Rio-san. Vamos todos viver juntos novamente quando você voltar!" Oufia disse suas palavras de despedida com um sorriso brilhante, enquanto dava um abraço gentil em Rio.
"Obrigado. Vou procurar receitas deliciosas enquanto estou em minha jornada.", respondeu Rio, sorrindo timidamente. Então, depois que Oufia o soltou com um olhar um pouco arrependido, Alma deu um passo à frente.
"Rio-san. P-Por favor, certifique-se de cuidar de si mesmo. Estarei rezando para que você tenha uma jornada segura." Alma abraçou Rio com um leve rubor também.
Rio tinha crescido bastante durante sua estadia na vila, então, comparado com o tamanho menor de alguém da raça dos anões como Alma, era como a diferença de tamanho de um adulto e uma criança.
"Se eu encontrar algum sake delicioso na minha viagem, vou trazê-lo como uma lembrança. Podemos beber juntos."
"Ah... C-Claro. Se não for muito incômodo, então por favor."
Embora ela achasse um pouco estranho para uma jovem donzela receber álcool como lembrança, isso ainda a deixou feliz, o que fez o rubor de Alma crescer ainda mais.
"Vamos, Sara-oneechan, você também!"
"Wah! E-Ei, Latifa!"
Assim que Alma soltou Rio, Latifa empurrou Sara por trás. Perdendo o equilíbrio e tropeçando nos pés, ela se viu na frente dele.
"Ah, umm. Oi, Rio-san..." Sara estava diante de Rio timidamente, com bochechas de cor escarlate.
"Oi, Sara-san. Como posso ajudá-la?" Rio respondeu com uma risada divertida.
"P-Por favor, me treine novamente quando você voltar!" Sara disse de uma forma bastante apressada, antes de se mover rapidamente e envolver os braços suavemente em torno dele.
"Claro. Continue com seu próprio treinamento para que você possa ganhar uma de mim da próxima vez."
"Ugh... Ok. Eu não vou perder!" Com um pequeno gemido, Sara cerrou seus dois punhos em motivação. Então, Uzuma, Anya, Bella e Arslan, assim como muitas outras pessoas dos Seirei no Tami, todos se aproximaram ao mesmo tempo.
"Todos de uma vez?" Rio olhou em volta para eles, aturdido.
"O grupo de Sara-oneesama é especial!", explicou Bella.
"Sim, sim. O grupo de Sara-sama é especial, certo?" Anya olhou para as garotas com um sorriso consciente. Oufia recebeu o olhar com seu próprio sorriso, mas Sara e Alma evitaram fazer contato visual.
"Rio-niisama, espero que você tenha uma boa viagem. Vamos brincar juntos de novo quando você voltar." Bella abraçou Rio fofamente.
"Ah! Você conquistou a irmã mais nova de Sara-sama também? Eu não devia nem me surpreender mais."
"O que você está dizendo, Anya-san?" O sorriso de Rio se contorceu em dúvida.
"Rio-aniki! Mantenha-se saudável! Me treine também quando você voltar!"
"Sim, claro. Cuide-se também, Arslan. Por favor, seja um bom amigo de Latifa."
"N-Nem precisa dizer, é claro." Arslan corou e se afastou um pouco bruscamente.
"Rio-dono, também estou ansiosa pelo dia em que possa lutar comigo novamente. Vou me esforçar para me disciplinar ainda mais do que você, para me tornar mais forte", disse Uzuma em seguida.
"Sim, eu vou me treinar também. Estou ansioso pela nossa revanche." Com essa promessa, Rio e Uzuma trocaram um firme aperto de mãos.
Para Uzuma, embora fosse apenas um duelo de prática, Rio era um dos poucos adversários contra os quais ela podia usar todo seu poder. O mesmo acontecia com Rio. Desde que ele ensinou à Uzuma técnicas para lutar contra outras pessoas, suas habilidades aumentaram exponencialmente. Ambos aguardavam ansiosamente sua revanche.
"Então, estarei orando por sua boa sorte. Cuide-se."
"Sim, também lhe trarei uma lembrança."
Depois de assentir profundamente, Uzuma se afastou de Rio. Então, os anciões apareceram.
"Oho. Vamos manter isto curto e doce para você; nós anciões vamos dizer adeus todos juntos. Rio-dono, volte para nós a qualquer momento. Essa vila é sua casa também.", disse Asura com um alegre sorriso.
"Isso mesmo! Volte quando quiser!" Dominic disse com uma risada alegre, segurando o ombro de Rio com firmeza.
"Sim. Todos nós presentes aguardaremos seu retorno, Rio-dono. Que os espíritos guiem sua jornada." Syldora sorriu e ofereceu uma oração para Rio ter uma viagem segura.
"Muito obrigado a todos vocês. Espero que todos aqui se cuidem também.", disse Rio, assentindo para todos os anciões.
"Tenha uma boa viagem e nos vemos em breve, Onii-chan!" Latifa veio mais uma vez para dar sua saudação final, abraçando Rio com entusiasmo.
"Sim, estarei de volta em breve." Rio gentilmente abraçou Latifa de volta. Eventualmente, ele relutantemente soltou a mão dela e girou em seu calcanhar com determinação...
... Só para girar de novo e olhar para o povo espiritual mais uma vez.
"Todos! É uma grande honra fazer parte de vocês. Estou profundamente em dívida com todos vocês por incluir meu eu indigno entre suas fileiras como um amigo jurado.", disse Rio em voz alta, antes de manipular o vento com artes espirituais e flutuar suavemente no ar. Os habitantes da vila estavam o animando e acenando com as mãos.
"Estou ansioso pelo dia em que nos encontraremos novamente!"
Dito isso, Rio acenou com a mão e partiu. Então, sua figura desapareceu, indo rapidamente em direção ao horizonte do céu. O povo espiritual acenou com os braços até que não podia mais ver a forma de Rio.
"E lá vai ele.", Alma murmurou baixinho quando a figura de Rio desapareceu completamente.
"Sara-oneechan, Oufia-oneechan, Alma-oneechan. Eu não vou perder.", disse Latifa, com os olhos fixos no céu, onde Rio havia desaparecido.
"... Huh? Perder em quê?" Sara perguntou em confusão.
"Eu amo o Onii-chan. Como família, e como o sexo oposto. Pode haver alguém além de nós no coração do Onii-chan... Mas eu não vou desistir. Então, apenas no caso de que todas vocês o amem também, vou declarar guerra agora. Não que isso importe muito se vocês não vêem Onii-chan dessa maneira..." Latifa olhou para Sara e as outras com um sorriso ousado.
"Quê — Não... não é como se eu me importasse particularmente!" Sara disse vagamente com um rosto vermelho brilhante, suas palavras não confirmam nem negam nada.
"Fufu, isso não é muito honesto da sua parte, Sara-chan.", disse Oufia com um doce sorriso.
"Isso mesmo. Ser desonesta por causa do seu constrangimento é um dos seus defeitos, Sara-neesan." Alma encolheu os ombros em exasperação.
"V-Você não é igual a mim, Alma?! Você não tem direito a falar!" Sara objetou.
"Pelo menos eu sou honesta quando mais importa!" Alma disse indiferentemente e virou o rosto. Sara sabia que esse era o tipo de comportamento que Alma adotava quando estava envergonhada, graças aos muitos anos que passaram juntas.
"Veja! Desse jeito! Nós somos iguais em como ficamos envergonhadas!"
"Não era disso que eu estava falando."
A forma como a conversa delas esquentou assim era típica para Sara e Alma. Se Rio estivesse presente, ele teria assistido com um sorriso a essa cena tão familiar. Os habitantes presentes observaram, todos sorrindo, enquanto as garotas argumentavam ruidosamente.
Era o ano 998 da Era Sagrada — mais de sete anos se passaram desde que Rio recuperou suas memórias de sua vida anterior. O dia em que a história seria posta em movimento estava se aproximando rapidamente.
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