Capítulo 1: Viagem ao País Vizinho
Na manhã seguinte à sua despedida com Celia na Academia Real, Rio estava andando pelo mercado fora dos muros da cidade para reunir equipamentos para sua jornada.
Ele precisava de comida, água, utensílios de cozinha, roupas, materiais para um leito, remédios, armas... os humanos claramente precisavam de uma grande quantidade de recursos para viver. Mas como havia um limite para o quanto ele podia carregar quando viajava sozinho, Rio teve que examinar cuidadosamente suas necessidades e comprar apenas o mínimo. Ele levaria apenas esses itens com ele em sua jornada.
Bem agora, ele só tinha suas roupas casuais que eram típicas de um nobre, e uma única espada. Era uma arma muito leve, então ele não se sentia muito confortável viajando apenas com ela.
Dito isto, desde que Rio se matriculou na Academia, ele passou a vida inteira dentro dos muros da cidade. Embora Celia o tinha levado aos mercados dentro dos muros da cidade para fazer compras antes, esta era sua primeira vez se aventurando nos mercados que estavam fora da cidade.
Ele estava um pouco perdido, agora.
Eu não faço ideia de para qual loja ir...
Ele já tinha ido a várias lojas, mas havia tantas delas. Algumas delas vendiam produtos tão mal feitos, que Rio franziu a testa em muitas ocasiões. Como ele queria comprar itens de qualidade que durassem um tempo, ele não queria escolher aleatoriamente uma loja para comprar. Depois de vagar pelas multidões ponderando sobre isso e aquilo, ele se cansou, e entrou em um beco para fazer uma pausa rápida.
Foi quando um aroma delicioso chegou até ele, imediatamente despertando seu apetite. Estava vindo de uma barraca de rua no beco.
Não havia muitos clientes no momento — possivelmente porque era aquele período tranquilo de tempo entre o café da manhã e o almoço, ou talvez devido à sua localização desfavorável — mas o cheiro que estava vindo de lá realmente parecia delicioso.
Pensando bem, ainda não tomei café da manhã. Vou comprar algo daquela barraca e pedir recomendações de algumas lojas.
Estimulados a se movimentar pela fome, os pés de Rio o levaram para a barraca. Uma garotinha estava atrás do balcão da barraca, parecendo um pouco entediada pela falta de clientes. Atrás dela, uma mulher que parecia ser sua mãe estava ocupada trabalhando duro na cozinha.
"Ah, bem-vindo!"
Quando Rio se aproximou da barraca, a menina sorriu de orelha a orelha e o cumprimentou. Ela devia ter cerca de sete ou oito anos. Era uma criança fofa, embora um pouco magra.
No entanto, no instante em que viu as roupas nobres de Rio, sua expressão endureceu. Ela certamente o confundiu com uma criança da nobreza.
No Reino de Beltram, onde a sociedade se baseava no status social, era bastante comum que os nobres agissem violentamente em relação aos plebeus. Por isso, os plebeus temiam a nobreza. Esta menininha provavelmente aprendeu esse sentimento com sua mãe.
"Ah, erm, quero dizer..." Percebendo que não podia agir de forma grosseira, a garotinha forçou um sorriso desconfortável em seu rosto.
"Não precisa ficar tão nervosa. Está cheirando muito bem aqui.... Você está vendendo alguma coisa?" Rio falou com ela gentilmente na tentativa de tranquilizá-la.
"Hum, é pão com molho, legumes e carne frita por dentro, senhor." A garotinha fez o possível para falar educadamente com Rio.
"Parece delicioso. Então, eu acho que vou querer um pouco." Rio sorriu suavemente, expressando ansiosamente seu desejo de comprar seu produto.
"Oh céus, é um nobre? .... Hein? Ah, umm..." A mãe notou a presença de Rio e correu para cumprimentá-lo, mas seus olhos se abriram dramaticamente quando ela viu o rosto de Rio.
"Há algo errado?" Rio perguntou a ela curiosamente.
"Ah, não... Não é nada. P-Por favor, desculpe minhas ações." A mulher se desculpou com medo por seu comportamento estranho, mas continuou a observar Rio com olhos atentos.
"Oh, é sobre a cor do meu cabelo?" Rio adivinhou o motivo pelo qual a mulher reagiu com choque, tocando uma mão em seu cabelo. Cabelo preto era raro em Beltram; ele tinha sido ridicularizado inúmeras vezes por estudantes na academia por causa deste cabelo.
"Hum, isso é.… sim. Na verdade, conheci alguém há muito tempo, um garoto de cabelo preto. Então eu pensei que talvez..., mas não havia como aquela criança ser da nobreza, então foi apenas um erro meu. N-Não sei como posso me desculpar o suficiente por isso..."
".... Posso perguntar qual era o nome desse garoto?" Rio perguntou para a mulher trêmula. Ela manteve a cabeça baixa por medo. Talvez ela fosse alguém que ele conheceu quando morava nas favelas.
"E-Eu acredito que era Rio..."
Bingo — aparentemente, Rio já tinha conhecido essa bela mulher antes.
Infelizmente, Rio estava fugindo agora, e não podia confirmar suas suspeitas tão facilmente. Se ela o confundiu com o filho de um nobre, então era uma vantagem para ele.
"Sinto muito, não me lembro desse nome."
"Então...é isso..."
Rio decidiu fingir ignorância, e a mulher mostrou sua clara decepção.
"Você está procurando por esse garoto?" Rio perguntou. Ele não conseguia se lembrar de nenhuma situação em que ele havia conhecido esta mulher antes.
Se ele tivesse que dar um palpite, ele assumiria que foi através do bando de bandidos com quem ele viveu nas favelas. Se esse fosse o caso, então o número de possibilidades seria reduzido significativamente. Se era alguém que o conhecia bem o suficiente para lembrar seu nome, então provavelmente era uma das pessoas que frequentavam o pequeno barraco em que Rio morava naquela época. A maioria das mulheres que frequentavam o barraco eram prostitutas que os bandidos chamavam. As que eles mais preferiam eram Gigi, que tinha sido morta no barraco, e sua irmã mais nova, Ângela. Havia várias outras que eles gostavam também, e Rio achou que essa mulher tinha que ser uma delas.
Dito isso, já se passaram mais de cinco anos desde a última vez que ele as viu. A mulher na frente dele não estava usando maquiagem, então ela não tinha o ar de uma prostituta, deixando difícil para ele reconhecê-la.
"É só que... ele pode ter testemunhado os momentos finais da minha irmã mais velha." A expressão da mulher ficou nublada enquanto ela falava. A menina olhou confusa para a conversa deles.
Uma irmã mais velha.... Poderia ser a irmã mais nova de Gigi, Ângela?
Graças às suas palavras, Rio foi finalmente capaz de reconhecer a mulher na frente dele. Ele fixou sua expressão para que sua surpresa não aparecesse, então engoliu o fôlego por essa reunião coincidente. Ela costumava usar maquiagem grossa no passado, mas ele podia ver traços de seu antigo eu agora que ele sabia quem ela era.
Pensando bem, Gigi tinha mencionado como ela queria começar uma loja com Ângela um dia... Mas ele não queria prolongar essa conversa, então ele mudou de assunto.
".... Desculpe, perguntei algo muito intrusivo para você."
"N-Não, é porque eu agi rudemente para começar. A culpa é minha.... Por favor, aceite minhas desculpas!" Ângela baixou a cabeça reflexivamente diante das desculpas de Rio.
“Na verdade, estou com muita fome agora. Eu posso tomar dois?" Achando improdutivo continuar seu vai-e-vem, Rio foi direto ao ponto.
"N-Não tenho certeza se nossos produtos se adequariam ao gosto de um nobre como você, senhor..." Ângela respondeu, envergonhada. Ela estava preocupada que Rio mudasse de ideia no momento em que ele mordesse a comida. Não era estranho encontrar nobres assim.
"Está tudo bem. Estou acostumado a barracas de comidas como essa", explicou Rio com um sorriso tenso. Suas palavras fizeram Ângela baixar a guarda um pouco.
"Então... serão oito cobres pequenos pelo dois."
"Nesse caso, você pode ficar com isso. Eu não preciso de troco", disse Rio, oferecendo uma moeda de prata pequena.
"Eu não posso aceitar isso..." Ângela se apressou para devolver o troco. Para ela, uma única prata pequena era mais da metade de seus ganhos diários habituais.
"É para me desculpar por assustar sua filha. Por favor, leve-a para comer algo delicioso." Rio balançou a cabeça, sorrindo para a garotinha em pé em silêncio.
"Mas..."
"Que tal, em troca, você me falar de alguma loja boa e confiável que armazena equipamentos para viajar? Na verdade, não estou muito familiarizado com as lojas desta área..." Rio timidamente coçou a parte de trás de sua cabeça em constrangimento. Por um breve momento, Ângela olhou de volta para ele em confusão — antes dela começar a rir.
"Nesse caso..."
Ela começou a contar a Rio sobre várias lojas que recomendava. Ele guardou os nomes das lojas e suas especialidades em sua cabeça enquanto observava Ângela preparar a comida.
Assim que ela terminou a explicação, a comida estava pronta.
"Aqui está". Ângela ofereceu o sanduíche preparado. Os ingredientes foram fechados em uma baguete crocante, a carne bem cozida e o molho picante especial se misturaram densamente para soltar um aroma apetitoso. Foi o suficiente para Rio ficar com água na boca.
"Obrigado", disse ele ao aceitar o primeiro sanduíche.
Pegando-o com as duas mãos, ele deu uma mordida forte — os plebeus pareciam favorecer esse tipo de pão duro. O sabor da carne suculenta e do molho picante se espalharam por sua boca. Ele não pôde evitar formar um sorriso em seus lábios.
"É delicioso", disse Rio com grande satisfação, fazendo Ângela suspirar aliviada.
Justo assim, Rio elegantemente terminou os dois sanduíches. A garotinha trabalhando na barraca olhou para ele, observando a maneira em que ele comia com admiração.
"Volte quando quiser, Onii-chan!"
"P-Pare com isso, Sophie!"
Enquanto ele partia, a garotinha — Sophie — chamou Rio com um grande sorriso. Sua atitude tinha mudado completamente daquela de mais cedo, quando sua cautela com ele suavizou, e depois, desapareceu. Ângela rapidamente tentou silenciá-la, preocupada que ela parecesse com excesso de familiaridade.
"Obrigado. Estou indo para um lugar distante por um tempo, mas virei visitá-las novamente em breve. Tchau, tchau ", disse Rio, sorrindo para Sophie. Com uma pequena reverência para Ângela, ele se afastou da barraca enquanto Sophie acenava com entusiasmo. Ele saiu do beco e voltou para a rua principal para ir à loja que Ângela lhe tinha falado.
...Hm?
Depois de andar por um tempo, ele notou que estava sendo observado por alguém. Rio parou e olhou a sua volta, mas havia tantas pessoas ao redor, que ele não foi capaz de identificar a fonte do olhar.
Foi só minha imaginação?
Apesar de se sentir desconfortável, Rio continuou andando.
◇◇◇
Depois disso, Rio completou suas compras rapidamente. Com a falsa acusação do que tinha acontecido na floresta atualmente colocada em sua cabeça, ele queria evitar ficar por perto por mais tempo do que o necessário. Se possível, ele queria deixar Beltram ao meio-dia.
Ele tinha acabado de comprar armas, roupas e uma mochila para guardar seus itens. Também, vendeu suas roupas casuais da nobreza que estava usando para aumentar seus fundos de viagem. Elas eram de alta qualidade, e o preço pelo qual foram vendidas refletiu isso.
Rio tinha acabado de se vestir com suas novas roupas: uma túnica preta que lhe permitia parecer com um aventureiro de aluguel novato com fundos modestos. Tudo o que lhe restava fazer era comprar suprimentos de comida, quando...
"Ei."
Alguém chamou Rio por trás. Ele voltou para ver um homem vestido como um bandido tentando espiar debaixo do capuz com um olhar penetrante. Rio olhou para ele com ceticismo. Talvez esta fosse a pessoa que ele tinha sentido olhando para ele mais cedo...
"O quê?"
"Você não é aquele garoto chamado Rio?"
".... Não, não sou. Você tem a pessoa errada, eu tenho um lugar para ir." Rio quase vacilou por um segundo antes de tentar afastar o tema. Mas o homem parou na frente dele audaciosamente, bloqueando seu caminho.
"Calma... apenas segure as rédeas. Bem agora, tinha um cartaz de procurado no quadro de avisos sobre um pirralho chamado Rio. Sendo um ‘corretor de informação, eu estava ciente disso mais cedo do que qualquer outra pessoa."
Enquanto falava, o homem se inclinou para a frente com os olhos atentos para olhar descaradamente para o rosto de Rio. Rio limpou qualquer traço de emoção de seu rosto e olhou de volta para o homem.
"E. O gato comeu sua língua, foi? Por que você não diz alguma coisa?"
"Desculpe. Eu senti que sua tagarelice não valia meu tempo. Exatamente o que isso tem a ver comigo?" Rio perguntou, a voz suavizada para conter sua raiva fervente. O homem deu um sorriso perverso.
"Bem, indo direto ao ponto, a descrição do pirralho no cartaz de procurado parece igual a sua. Você tava usando roupa de nobre no começo, então eu não podia falar com você tão fácil, mas agora você trocou por um capuz que evita chamar a atenção das pessoas. Então, como um corretor de informação, tudo se encaixou no lugar. É por isso que eu falei com você."
"Você achou a pessoa errada." Rio imediatamente derrubou a conjectura do homem.
"Não tente me enganar. Não tem muitos pirralhos com cabelo preto por aqui. Você é o tal Rio, não é?"
"Eu não sou," negou Rio, então começou a se afastar. Mas o homem correu para detê-lo.
"Ei, espere!"
"Me solte." Rio lançou um olhar frio no homem, que havia agarrado seu ombro com familiaridade.
"V-Você é bastante teimoso, não é?"
"Porque você está enganado."
"... Tch, que pirralho esperto. Bem, tanto faz. Mas ei, você parece estar se saindo muito bem por si mesmo. Quanto dinheiro você tem aí?"
Era uma pergunta atrás da outra. O homem continuou a bater a língua sem parar, mas Rio descobriu seu motivo com essas últimas palavras.
Seu objetivo era chantagem.
Ele deveria ter denunciado Rio imediatamente, mas ele tolamente deixou sua ganância desviá-lo.
Bem, isso torna tudo melhor para mim, Rio pensou friamente.
"Já tive o suficiente disso. Não me oponho a usar meu direito de atacar você, entendeu?" Rio disse, pegando a adaga escondida em sua cintura ameaçadoramente.
O direito de atacar referia-se a uma lei onde a nobreza tinha o poder de eliminar qualquer plebeu que os afrontasse, no local, sem julgamento. Claro, Rio não era um nobre, mas como estava vestido como um até pouco antes, ele pensou que poderia usar o mal-entendido do homem para ameaçá-lo de volta.
Assim como ele previu, o medo cintilou nos olhos do homem.
"H-Heh, isso é um blefe. Que tal eu dar um grito para os soldados aqui? Aqui pode ser fora dos muros da cidade, mas a segurança é bastante decente. Não tem muitos, mas eles ainda patrulham esta área. Não vai importar pra mim se os soldados virem, mas você estaria com problemas, não é?" O homem perguntou com uma voz aguçada, como se estivesse tentando convencer a si mesmo.
"Não particularmente. Você gostaria de tentar?” Rio respondeu, indiferentemente.
"V-Você tem certeza disso?"
"Você não precisa verificar comigo antes de gritar. Vamos ver quem se mete em problemas depois disso", respondeu Rio audaciosamente, fazendo o homem morder o lábio.
Diante de um “peixe” tão grande, o homem se sentiu em conflito.
".... Se você já acabou aqui, eu vou indo agora." Com um assentir gelado à expressão frustrada do homem, Rio saiu, ocultando-se na multidão de pessoas e indo em direção à saída da capital.
Ele não notou a pequena figura o observando de longe, no fim.
◇◇◇
Três dias se passaram desde que Rio deixou a capital de Beltrant.
Ele continuou sua linha reta em direção ao leste, visando as terras distantes da região de Yagumo. Ao fazer pleno uso de sua essência para melhorar suas habilidades físicas e corpo, ele quase chegou ao país vizinho a Beltram — o Reino de Galark.
Desde que sua velocidade quase sobrenatural teria atraído atenção indesejada se ele usasse as estradas, ele se movia pelos bosques das montanhas. Por causa dessa decisão, sua rota tornou-se desnecessariamente mais difícil: havia uma maior chance de encontros com monstros e outras bestas perigosas, resultando em fadiga acumulada em seu corpo. No entanto, enquanto Beltram era mais largo horizontalmente, Galark era mais amplo verticalmente — isso significava que não levaria tanto tempo para Rio atravessar o país horizontalmente.
A leste do Reino de Galark estava a Região Selvagem — uma ampla área de terras que existia fora do controle humano. Não havia estradas nem mapas desenhados, e o terreno em si era acidentado, então Rio previu uma queda em sua velocidade de movimento quando chegou a esse ponto. E embora a região de Yagumo estivesse do outro lado da Região Selvagem, diziam que seguir os caminhos sem trilha a pé poderia levar anos. As bestas e monstros que podiam ser encontrados na área eram muito mais ferozes do que aqueles encontrados na região de Strahl, tornando a própria jornada um risco para a vida.
Apesar disso, Rio optou por ir em direção a Yagumo de qualquer jeito — ele queria ver a cidade natal ancestral que sua mãe falou em sua infância, construir túmulos para seus pais, e organizar os sentimentos complicados guardados em seu coração.
Deixando tudo isso de lado por enquanto.... No momento, o tempo tinha acabado de marcar as horas da tarde. Rio logo estaria cruzando a fronteira para o Reino de Galark.
Eu deveria verificar as estradas uma vez. Pode haver uma cidade próxima onde eu possa fazer uma pequena parada.
Assim que Rio chegou a essa decisão, ele se aproximou de uma árvore nas proximidades e escalou seu tronco alto num piscar de olhos. Do alto, ele olhou em volta e calculou sua posição usando o sol. Ele direcionou seu olhar para a direção que precisava ir, e viu nuvens de fumaça subindo no ar à distância. Provavelmente estavam sendo produzidas por um assentamento humano; a quantidade de fumaça sugeria fortemente que era uma cidade.
Com seu destino decidido, Rio desceu da árvore. Uma vez que ele estava em segurança no chão, ele deu um palpite na localização da estrada em direção à cidade e correu em direção a ela. Embora ele tenha se deparado com uma série de goblins e orcs ao longo do caminho, ele os deixou na poeira de sua velocidade avassaladora. Seria uma perda de tempo e energia parar e lutar contra cada um deles, como um tipo de tolo da justiça, então o máximo que ele fez foi interceptar um bando de lobos ágeis que o cercaram enquanto ele passava, como um aviso para eles.
Rio habilmente evitou a densa vegetação enquanto corria com passos leves. Cerca de dez minutos depois, ele viu uma estrada que atravessava a floresta. Ele desacelerou, pisando firmemente no chão para matar sua velocidade e parar na estrada com um salto. A estrada tinha cerca de dez metros de largura, o que era suficiente para uma carruagem puxada por cavalos passar facilmente. Uma vez que ele confirmou que não havia mais ninguém por perto, ele partiu em uma velocidade que não causaria suspeitas se ele fosse visto.
Cerca de 20 a 30 minutos depois, ele chegou à sua cidade de destino.
A estrada para a cidade estava ocupada com carruagens visitantes e viajantes a pé. Rio os seguiu por trás à distância. As terras próximas à cidade estavam dispersas com campos de trigo, hortas, vinhedos, pastos e celeiros; Rio podia ver agricultores trabalhando aqui e ali. Então, depois de seguir a estrada por um tempo, os muros ao redor da cidade foram vistos.
A cidade ainda parecia estar em desenvolvimento, pois parecia haver seções do muro que ainda estavam sendo construídas. Rio pôde ver várias figuras trabalhando energicamente.
Espero que meu status de procurado não tenha chegado a Galark ainda.... Enquanto olhava para as pessoas vivendo suas vidas de longe, Rio considerou seus problemas atuais.
No momento, Beltram e Galark são aliados. Se o Reino de Beltram solicitou a ação de Galark, então o cartaz de procurado de Rio também pode ter validade neste país.
E havia algo mais a se ter em mente: na região de Strahl, havia artefatos antigos conhecidos como dirigíveis encantados. Eles podiam voar pelo ar a uma velocidade média de pouco menos de 50 km, então era mais do que possível que o aviso de sua situação já tivesse chegado a Galark.
Eu vou ter que verificar o quadro de avisos perto do portão da cidade primeiro. Se tudo parecer bem, vou buscar algo para comer. Depois tenho que enviar uma carta para Celia-sensei e deixá-la saber que eu estou seguro... Rio contou suas tarefas com os dedos.
Ele estava realmente com um baixo estoque de alimentos no momento. O problema do cartaz de procurado na capital fez com que ele fugisse do país mais cedo, priorizando sua fuga ao invés de comprar mais comida. Esse era o motivo pelo qual ele, absolutamente, precisava reabastecer suprimentos para sua viagem aqui no Reino de Galark, antes de se aventurar na Região Selvagem.
Rio se preparou e vestiu o capuz da túnica que ele havia comprado em Beltram.
Ele caminhou até o portão que funcionava como a entrada da cidade. Ao lado do portão havia um quadro de avisos com várias notícias oficiais postadas nele. Entre elas estavam cartazes detalhados de procurados, e Rio lançou seu olhar sobre eles, um por um.
Meu nome... não parece estar aqui.
Incapaz de se encontrar no quadro, Rio soltou um suspiro de alívio. Sua expressão relaxou, agora que ele sabia que seria capaz de passar pelo portão para entrar na cidade.
E com isso, compreensivelmente, sua fome de repente aumentou dez vezes. Além das pequenas pausas para água, ele não tinha consumido nada enquanto fugia.
Próximo ao portão — bem ao lado do quadro de avisos — haviam fileiras de várias barracas de rua amontoadas juntas como um mercado. Havia bares e pousadas baratos também. Como os portões eram fechados à noite, configurações como esta podiam ser encontradas fora dos muros de qualquer cidade grande.
Mas bem agora, Rio estava atraído pelas barracas de comida mais do que qualquer outra coisa. Provavelmente havia muitos restaurantes deliciosos dentro dos muros da cidade, mas ele não estava interessado em sair de seu caminho para encontrá-los.
Posso comprar algo em uma barraca enquanto coleto o máximo de informação possível.
Atraído pelo cheiro de dar água na boca, Rio deixou seus pés o levarem adiante. Ele parou na frente de uma barraca vendendo espetos de carne grelhada. Não havia outros clientes no momento, então ele deu um passo à frente.
"Senhor? Por favor, me dê três espetos."
"Três espetos saindo. Serão seis moedas de cobre pequenas."
Rio fez seu pedido com um sorriso amigável, ao qual o proprietário respondeu com uma voz alegre.
"Aqui, uma moeda grande de cobre."
"Recebido. Aqui estão suas quatro moedas pequenas de troco... e aqui estão as mercadorias. Coma."
Depois de trocar a moeda, Rio levou a comida em suas mãos. O espeto de carne era temperado simplesmente com apenas sal, mas como estava recém grelhado, soltava um cheiro sedutor que abria o apetite. Perfeito para encher um estômago faminto. A carne em si não era de alta qualidade, e era bastante difícil de mastigar, mas Rio devorou os espetos em um instante.
"Hehe. Você come bem, garoto", disse o dono da barraca, feliz enquanto esfregava o nariz.
"Isso é porque você cozinhou bem, senhor. A propósito, poderia me contar um pouco sobre esse país? Na verdade, vim do interior de uma nação muito menor," perguntou Rio em tom educado, mas amigável.
"Com certeza. Você deve ser um aventureiro novato. Estou certo, garoto? A maioria dos aventureiros novatos da sua idade se aborrecem cedo, mas pelo que posso ver, você não parece muito arrogante, então você está indo bem. Se você quiser usar esta cidade como sua base, eu vou recebê-lo aqui."
"Obrigado." Rio não era exatamente um aventureiro, mas ele não sentiu a necessidade de corrigir o homem também, então ele deixou o comentário passar.
"Certo, então você queria saber sobre este país. Bem, há o Império Proxia ao norte, com quem discutimos por meio das nações menores entre nós. Temos uma aliança com Beltram, localizado a oeste. Depois há o Reino de Centostella ao sul, com quem também não estamos em maus termos. Este é um lugar muito confortável para se viver, se você me perguntar. Especialmente nesta cidade."
"É uma cidade pequena, mas parece animada e movimentada com vários tipos de pessoas." Rio expressou o pensamento que teve mais cedo enquanto observava os trabalhadores.
"Você entendeu bem! E é tudo graças a—”
“— a maneira como Liselotte-sama governa esta cidade comercial, Amande! Que tal, garoto? Quer provar um pouco de sopa de ‘massa’? É uma espécie de comida ‘men’ que Liselotte-sama inventou."
O dono da barraca dos espetos de carne estava aumentando a tensão em seu discurso, quando o dono da barraca ao lado dele de repente se intrometeu. Ele tinha acabado de atender seus últimos clientes.
"Pô, aniki. Eu tava prestes a dizer isso eu mesmo." O dono da barraca de espeto ficou mal-humorado por ter os holofotes roubados dele.
"Hehe. Não diga isso, maninho. Você ia recomendar isso para o garoto aqui, não era?"
Aparentemente, esses dois eram irmãos. O irmão mais velho se desculpou, fazendo o irmão mais novo brilhar com um sorriso.
Liselotte... Espera, ele acabou de dizer "massa" e "men"?
Enquanto os dois irmãos conversavam, os ouvidos de Rio se concentraram no vocabulário que havia aparecido na conversa, porque 'massa' e 'men' eram duas palavras que Rio — não, Amakawa Haruto — estava bastante familiarizado. "Massa" era um tipo de culinária italiana, enquanto "men" era a palavra japonesa para macarrão, derivada da palavra chinesa "mein". Nenhum desses alimentos, Rio tinha experimentado comer neste mundo antes.
Não havia como os habitantes deste mundo saberem essas palavras.
"Sopa de massa e.… men, você disse?" Rio perguntou hesitantemente.
"Sim. A massa é um tipo de alimento feito de trigo processado. Foi dito por Liselotte-sama que isso é um tipo de men. O único lugar onde você pode comê-lo fora dos muros da cidade é na barraca do meu aniki", explicou o dono da barraca de espeto de carne com orgulho.
"Então... posso obter uma porção dessa sopa de massa, por favor?" Neste caso, era ver para crer — então Rio decidiu ir em frente e fazer o pedido.
"Esse é o espírito! Normalmente, eu cobraria oito cobres pequenos..., mas já que você acabou de chegar do interior, eu vou te dar um desconto. Serão quatro cobres pequenos, só pra você, garoto."
Com o desconto do dono da barraca, Rio lhe deu quatro pequenas moedas de cobre como agradecimento.
"Obrigado por seu patrocínio. Vou cozinhar agora, então sente-se um pouco. Enquanto você estiver esperando, pode ouvir tudo sobre a maravilhosa Liselotte-sama de meu irmão."
"Bem, você está disposto a me contar?" Com o interesse despertado pela conversa sobre essa garota inventora da “massa”, Liselotte, Rio decidiu seguir com a sugestão do homem. Ele virou-se para defrontar o dono da barraca de espetos de carne.
"Claro, deixa comigo. Liselotte-sama é a governante da cidade de Amande. Ela é filha do Duque Cretia, e se formou na Academia Real de Galark quando tinha dez anos. Duque Cretia a deixou encarregada de governar esta cidade logo após sua formatura", explicou o dono da barraca de espeto calmamente.
A cidade comercial de Amande era uma pequena cidade criada pelo desmatamento das árvores na floresta. Estava localizada nas áreas mais ao oeste do território do Duque Cretia, a oeste de Galark. Foi apenas meio ano atrás que Liselotte assumiu o posto de Governante de Amande; desde que ela chegou ao poder, a cidade que não passava de nada mais do que uma pequena parada para os viajantes, tinha progredido rapidamente em desenvolvimento. Agora, Amande estava a caminho de se tornar um local de comercio vital que ligava o lado oeste de Beltram e o lado leste de Galark. A população era de cerca de 1.000 habitantes, mas a agitação da cidade superava esse número.
Liselotte ainda tinha onze anos, mas teve várias conquistas diferentes sob seu cinturão. O dono da barraca de espeto falou de todos eles com orgulho.
Primeiro, ela causou uma revolução agrícola nas terras agrícolas do território do Duque Cretia. Em segundo lugar, ela continuamente inventou novos alimentos e receitas. Em terceiro lugar, ela também considerou a capacidade dos habitantes da cidade de ter lazer e tempo de recreação. Em quarto lugar, ela também é a líder da maior organização comercial da cidade, a Companhia Rikka. E houve mais conquistas além dessas, ainda.
"E acima de tudo —"
"— ela é absolutamente adorável!"
Assim que uma expressão apaixonada apareceu no rosto do dono da barraca de espeto, o dono da barraca de massas interrompeu de seu lado. As palavras dos dois irmãos se sobrepuseram perfeitamente.
"H-Huh..." Rio recuou um pouco com sua sincronização assustadora, mas o dono da barraca de espeto não se importou com a reação dele enquanto continuava.
"Ela não age arrogante quando lida com plebeus como nós, também. De vez em quando ela vem inspecionar o mercado fora dos muros da cidade, e da última vez, ela até sorriu pra mim!", disse ele com um sorriso, mas o dono da barraca de massas parecia exasperado com suas palavras.
"Isso foi só você confundindo a linha de visão dela. Ela estava, definitivamente, sorrindo pra mim naquele momento."
"O quê?! Receio que eu não posso deixar um comentário como esse passar tão facilmente, aniki!"
Liselotte era basicamente a “idol” desta cidade. Verdade seja dita, ser uma filha da nobreza já a colocou longe do alcance dos plebeus. Tendo uma aparência fofa — e uma personalidade gentil em cima disso — facilita a ocorrência de mal-entendidos. Mesmo assim, essa Liselotte tinha apenas onze anos, e os irmãos diante de Rio estavam facilmente na casa dos trinta anos. Ele não pôde evitar sorrir amargamente com isso.
"Vejo que vocês dois têm muito amor por Liselotte-sama," disse Rio na tentativa de acalmá-los.
"T-Tolo! Nós não somos bons o suficiente pra amá-la!"
"I-Isso mesmo! Estaríamos muito felizes em dar nossas vidas por Liselotte-sama, mas nada além desse ponto!" O amor deles por Liselotte era tão profundo que o rosto de Rio se contraiu em sua tentativa de continuar sorrindo.
"Eee... Está pronta! Esta é a famosa sopa de massa da minha barraca. Está quente.... Tenha cuidado pra não se queimar", disse o dono da barraca de massas, segurando uma tigela de madeira, garfo e colher.
"Parece delicioso. Então isso é uma sopa de massa.... Entendo..." Rio aceitou a tigela e olhou cuidadosamente para o seu conteúdo.
Dentro havia um tipo de massa que Amakawa Haruto estava, sem dúvida, familiarizado com ela — macarrão italiano, chamado espaguete. A sopa era clara, e provavelmente temperada com nada além de sal. Havia toucinho e legumes na sopa, também, adicionando uma deliciosa fragrância ao vapor que desprendia a partir dela.
"Hehe, obrigado. Oh, você deve comer comidas men com um garfo e colher. Você sabe como usar isso, garoto?" Uma boa proporção de plebeus não tinha acesso a talheres como garfos e colheres, então o dono da barraca de massas perguntou, por precaução.
"Sim, eu sei."
"Isso é ótimo. Deve ter sido criado bem, hein? A maioria dos aventureiros acha eles muito incômodos e apenas bebem a comida agarrando a tigela com as mãos. Eles se queimam muito."
"Haha, eu vou ter que passar comer desse jeito," Rio deu uma risada tensa enquanto se sentava em um banco ao lado da barraca. Ele colocou a tigela na mesa improvisada diante dele e pegou o garfo e a colher.
Enquanto aproveitava o cheiro da sopa, ele moveu o garfo e a colher com mãos práticas e considerou a textura primeiro. A partir da textura macia e flexível, a massa utilizada provavelmente era fresca, não seca ou preservada. O sabor era simples e salgado; ele podia apreciar o sabor dos legumes e do toucinho, também. Ainda assim, Rio preferia um sabor mais picante com alho, malagueta e azeite. Mas essas coisas provavelmente eram difíceis de oferecer aqui, devido aos seus custos.
Se houver macarrão seco por aí, eu posso levá-lo como comida preservada em minha jornada, Rio pensou consigo mesmo enquanto o sabor nostálgico da massa relaxava sua expressão. Se havia massa fresca sendo feita, então macarrão seco deve ser mais do que acessível, também.
"Senhor, você pode me dizer onde eu posso comprar esta massa?" Rio perguntou rapidamente ao dono sobre o provedor de seus produtos.
"Oh? Você se apaixonou pela massa também, garoto? Se você for à loja da Companhia Rikka dentro dos muros da cidade, eles vão te vender um pouco. Também vendem outros produtos exclusivos da Companhia, então valeria a pena uma visita. É meio caro, mas eles também vendem carne 'manju' na loja deles."
"Carne manju, você diz?"
"Sim. Eles são redondos, e meio que parecem pão, mas a textura deles é flexível e surpreendentemente macia. E a melhor parte é que estão recheados de carne picada e suculenta. É caro, mas vale a pena experimentar uma vez."
A explicação do dono da barraca de massas fez algo ressoar na cabeça de Rio. A comida que ele descreveu agora soava muito semelhante ao ‘nikumanju’ — que eram pães de carne que Amakawa Haruto tinha comido antes.
"Huh, isso soa bem. Vou experimentar um mais tarde." Rio colocou um sorriso em seu rosto enquanto expressava seu interesse, então ele retomou sua refeição, silenciosamente, enquanto processava seus pensamentos sobre essa misteriosa Liselotte.
Pães de carne... certo.
Massa, macarrão e pães de carne — todos esses alimentos existiam na Terra, com exatamente os mesmos nomes e ingredientes. Quais eram as chances de que este mundo e a Terra, coincidentemente, tivessem palavras que soavam iguais e tivessem o mesmo significado?
Ele não podia ir tão longe a ponto de dizer que era absolutamente impossível, mas...
Embora uma palavra pudesse ter sido crível, ter uma segunda e terceira palavras na mesma instância fez com que a possibilidade fosse muito menor, especialmente porque eram todos alimentos inventados por uma única pessoa. Como resultado, as suspeitas de Rio pareciam cada vez mais conclusivas.
Talvez essa garota, Liselotte, estivesse na mesma posição que ele, Rio suspeitou. Em outras palavras... talvez alguém que estava vivendo na Terra tivesse morrido, apenas para renascer como Liselotte Cretia neste mundo. E, essa pessoa provavelmente era japonesa.
Claro, também é possível que Liselotte seja simplesmente uma fachada. Um terceiro de origem japonesa pode estar agindo como seu cérebro em vez disso — mas não havia nenhuma prova disso, também.
De qualquer forma, Liselotte definitivamente tinha acesso ao conhecimento da Terra — conhecimento que ela estava provavelmente usando para revolucionar Amande, Rio deduziu. Mas isso foi o mais longe que seus pensamentos foram antes que eles dessem uma parada brusca. Rio não tinha nenhuma intenção de perseguir agressivamente sua curiosidade mais do que isso. Mesmo que Liselotte estivesse realmente experimentando a mesma circunstância que ele, ele não tinha o menor desejo de conhecê-la e discutir isso.
Porque o humano chamado Amakawa Haruto tinha morrido cheio de arrependimentos.
Conhecê-la não mudaria nada, apenas o lembraria de suas memórias amargas e apegos indesejados — esse único pensamento era o bastante para impedir Rio de agir.
Amakawa Haruto estava morto.
Neste momento, Rio era Rio, não Amakawa Haruto. Essa era a verdade inegável.
Claro, as memórias e personalidade de Amakawa Haruto podem estar residindo dentro do corpo de Rio, mas elas foram misturadas.
Não... ele nem tinha certeza se eram reais ou não.
Além disso, mesmo que ele voltasse para a Terra assim, ele não seria mais capaz de viver como Amakawa Haruto. Seria impossível, porque Amakawa Haruto tinha seus fardos, enquanto o Rio tinha...
De qualquer forma, esta situação de Liselotte abriu a possibilidade de outros serem colocados em circunstâncias semelhantes a si mesmo. Rio se considerou afortunado o suficiente por aprender tudo isso. E embora ele estava adiando o assunto por enquanto, se ele tivesse sorte, talvez não fosse um problema.
Em todo caso, não havia forma deles deixarem alguém de origem desconhecida conhecer uma filha da nobreza de alta classe. Por enquanto, apenas ser capaz de saborear o gosto nostálgico desta comida era suficiente.
"Obrigado. A sopa de massa estava deliciosa. Vou dar uma olhada na Companhia Rikka agora.... Vou comprar um pouco dessa massa e experimentar a carne de manju," disse Rio depois de terminar a última colher de sopa de sua tigela, depois deixou as barracas para trás.
"Até mais, garoto," ambos os proprietários disseram calorosamente ao vê-lo partir.
Rio foi direto para os portões da cidade, onde entrou na própria cidade e seguiu em direção à Companhia Rikka para comprar massas.
◇◇◇
A estrada principal de Amande, repleta de lojas e pousadas, se estendia do leste ao oeste da cidade. Em seu centro, em uma praça que só podia ser descrita como a localização principal da cidade, estava a principal rama da Companhia Rikka.
Então esta é a sede da Companhia Rikka...
Rio olhou para a elegante construção feita de madeira e tijolos. Elevada sobre os edifícios ao seu redor com cinco andares de altura, sua aura de alta classe era quase inspiradora. Na frente da Companhia Rikka havia um pequeno balcão, onde os rumorados pães de carne estavam sendo vendidos. Eles eram moderadamente caros, vendidos a duas moedas de cobre grandes cada, mas havia uma fila formada independentemente.
Rio entrou na fila, decidindo comprá-los antes de entrar. Ele entregou as moedas e recebeu o pão de carne da atendente da loja; era um pouco grande, e sua textura fumegante era flexível e macia. Parecia bastante semelhante em aparência a um pão chinês ao vapor. Rio se moveu para um canto da praça e ansiosamente se preparou para provar o pão de carne. Ele mastigou e sentiu a sopa escaldante esguichar em sua língua, quase queimando sua boca. Quanto ao sabor...
É bom, mas...
Ele foi pego de surpresa. O gosto não era nada parecido com o que Rio esperava de algo que parecia um pão chinês ao vapor. Se ele tivesse que adivinhar, diria que a carne dentro era temperada com sal, pimenta, e muita cebola. Rio supôs que o gengibre, o molho de ostra e o óleo de gergelim necessários para criar aquele sabor característico do pão de carne provavelmente não estavam disponíveis aqui.
Só para constar, embora fosse impossível encontrar alimentos com a pronúncia exata como palavras da Terra, como os japoneses men e manju, os produtos e animais comidos na Terra também existiam neste mundo. Por exemplo, trigo e outros condimentos como sal estavam disponíveis aqui.
No entanto, havia alguns ingredientes que não podiam ser obtidos em Strahl por razões climáticas, então recriar as mesmas receitas e sabores da Terra era difícil. Uma vez que Rio atravesse a Região Selvagem e chegue à região de Yagumo, ele provavelmente será capaz de colocar as mãos em alguns novos ingredientes que não estão disponíveis em Strahl. Se ele os obter, poderá ser capaz de usar o conhecimento de Amakawa Haruto para recriar alguns pratos da Terra.
Enquanto a imaginação de Rio corria solta em sua cabeça, ele terminou de comer o pão de carne. "Obrigado pela refeição", ele murmurou em japonês, o sabor da massa e o pão de carne o fizeram se sentir um pouco nostálgico.
Agora que terminou sua refeição, ele dirigiu seu olhar para um canto da praça, onde o edifício da Companhia Rikka impressionantemente estava. A entrada do prédio estava aberta, acolhendo qualquer um dentro, como um vendedor ambulante que tinha acabado de entrar. Rio decidiu entrar também.
Logo após passar pelas portas, ele se deparou com várias atendentes de loja esperando para atender os clientes. Havia também um guarda de segurança de prontidão, posicionado onde a maioria dos clientes não notaria sua presença.
"Bem-vindo à Companhia Rikka."
Ao perceberem a chegada de Rio, as atendentes da loja fizeram uma educada reverência ao cumprimentá-lo. Seus movimentos claramente praticados o pegaram de surpresa. Então, uma jovem com belos cabelos ondulados se aproximou de Rio.
"Senhor, pedimos desculpas pelo inconveniente, mas armas são proibidas dentro da loja. Se tem alguma com você, vamos com prazer guardá-las para você até que você saia." A linda menina deu um sorriso gentil, mas amigável.
Ela parecia estar em torno da idade de Rio, se não um pouco mais jovem; jovem o suficiente para ser um atendente em treinamento na loja. Mas havia algo estranhamente maduro sobre a forma em como a menina se comportava. Ela estava usando o mesmo uniforme, um vestido com avental, que os outros atendentes usavam, mas ainda assim ela estava transbordando com a elegância que rivalizaria com a filha de um nobre.
".... Eu entendo."
Surpreendido a princípio, Rio então prontamente concordou e começou a retirar suas armas: a espada na cintura, duas adagas escondidas e vários punhais de arremesso. Uma segunda atendente veio recolher as armas de Rio.
Ela perguntou a Rio seu nome para fins administrativos, ao que ele respondeu confiantemente: “Me chamo Haruto”
Rio ainda estava vestindo sua túnica com o capuz sobre a cabeça; embora ele sabia que não era educado manter seu rosto escondido, era uma aparência típica para aventureiros, e também, a loja não parecia ter nenhuma reclamação desde que ele removesse as armas.
"Você se importaria se fizéssemos uma verificação corporal?"
"Não, vá em frente." Rio levantou os braços com um aceno de cabeça.
"Com licença", disse a atendente enquanto começava a verificar o corpo de Rio. A investigação acabou em segundos, e a garota julgou Rio como completamente desarmado com um aceno a outra atendente.
"Obrigado por sua cooperação, senhor. Agora vou guiá-lo para dentro — por favor, siga-me."
Sob a orientação da atendente da loja, Rio entrou em outra sala, olhando ao redor da loja enquanto caminhava três passos na diagonal atrás dela. O primeiro andar era um amplo espaço aberto com várias salas de conferência seladas para os atendentes da loja discutirem negócios com potenciais clientes. Rio foi levado para uma dessas salas. As salas foram seccionadas com divisórias, para que as discussões fossem mantidas em sigilo, desde que mantivessem suas vozes baixas.
"Por favor, sente-se aqui." A garota ofereceu a Rio um assento em um sofá macio na sala, que ele aceitou com uma palavra de agradecimento. Ela então sentou-se no assento oposto, de frente para ele.
"Mais uma vez, bem-vindo a Companhia Rikka. Meu nome é Lotte, e estarei encarregada de auxiliá-lo hoje. Prazer em conhecê-lo, senhor." Lotte inclinou a cabeça educadamente.
Com base em sua idade, Rio assumiu que ela era apenas uma atendente em treinamento e esperava que alguém viesse encontrá-lo em seu lugar, então ele foi pego ligeiramente desprevenido. Ele não foi tolo o suficiente para deixar sua confusão mostrar-se em seu rosto, no entanto. Ver os modos maduros de Lotte, que rivalizavam com os de uma filha nobre, fez com que Rio tivesse certeza de que ela era mais do que adequada para atendê-lo.
Ela poderia ser.…? Não.
Um pensamento ridículo cruzou pela mente de Rio por um instante, mas ele imediatamente o descartou como altamente improvável. A julgar pela falta de constrangimento de Lotte, que era típico de um novato, suas capacidades eram provavelmente legítimas. Rio se preparou e cumprimentou Lotte respeitosamente.
"Obrigado por sua hospitalidade. Meu nome é Haruto. Estou viajando sozinho devido a certas circunstâncias, então, por favor, perdoe-me por manter meu capuz assim." O cumprimento de Rio foi cuidadosamente calculado; Lotte não foi desrespeitosa o suficiente para pedir a um cliente para remover seu capuz, mas se ele disse desta forma, ela chegaria a sua própria conclusão sobre suas circunstâncias. Dito isso, ela podia ver um vislumbre do rosto de Rio sob o capuz de onde ela se sentava em frente a ele. Os traços refinados da aparência dele, que Lotte pôde espiar, fizeram os olhos dela se arregalarem um pouco de surpresa.
"Isso deve estar bem, senhor, contanto que não cause nenhum inconveniente do nosso lado. Agora, estaria tudo bem ir direto aos negócios?"
Leves chamas de curiosidade acenderam nos olhos de Lotte, mas seu sorriso de atendimento ao cliente não diminuiu. Ela não tinha intenção de invadir a privacidade do cliente, então resolveu ir direto ao ponto.
"Sim, eu vim hoje para perguntar sobre a compra de massas. Se elas puderem ser preservadas para durar mais tempo no armazenamento, eu gostaria de comprar algumas a granel. Também gostaria de alguns outros ingredientes e especiarias, também."
"Entendido. Temos um tipo seco de massa disponível para compra. Desde que não seja deixada em um ambiente quente e úmido, podemos garantir que ela vai durar pelo menos um ano no armazenamento."
"Posso perguntar qual é o preço?"
"Certamente. Cobramos um cobre grande e cinco cobres pequenos para cada 500 gramas."
"Obrigado. E quanto você cobra por cevada?" Rio perguntou, colocando a mão contra a boca em um pensamento falso.
"Um cobre grande por quilograma, senhor."
"Então... posso pedir para você preparar quinze quilos de massa e dez quilos de cevada para mim?"
Os olhos de Lotte se abriram ligeiramente com os números que Rio divulgou.
Isso é muito para o aventureiro comum.... Isso estará bem?
Enquanto quinze quilos de massa e dez quilos de cevada eram normais para um comerciante que pretendia revender o produto, era uma quantidade bastante grande para um aventureiro comprar para uso pessoal. Além disso, a massa ainda era um novo produto — a maioria do público em geral não tinha ideia de quanto era necessário em uma porção. Apenas comerciantes e nobreza realmente tinham algum tipo de entendimento de seu peso.
Como houve muitos casos em que os mal-entendidos trouxeram conflitos às discussões relativas aos negócios, Lotte verificou duas vezes que os números estavam corretos.
"500 gramas de massa alimentarão cinco ou seis pessoas. Quinze quilos serão uma grande quantidade para uma pessoa consumir.... Você tem certeza de isso estará tudo bem para você, senhor?"
"Sim. Quinze quilos alimentariam cerca de 150 a 180 bocas e custariam quatro pratas pequenas e cinco cobres grandes, correto? Esses são certamente os números que tenho em mente." Rio deu um leve sorriso, imediatamente calculando os números em sua cabeça.
"Minhas desculpas, senhor. Vamos preparar quinze quilos de massa e dez quilos de cevada para você imediatamente." Lotte abaixou a cabeça profundamente, impressionada com as habilidades aritméticas instantâneas de Rio.
Nesse momento, uma atendente da loja no final de sua adolescência trouxe uma bandeja de chá.
"Com licença", disse ela com uma voz calma, e começou a servir o chá. A fragrância suave das folhas de chá de alta qualidade flutuava pelo ar, fazendo cócegas nos sentidos de Rio e Lotte.
Rio assentiu para a atendente em gratidão. "Muito obrigado."
"Por favor, sirva-se, senhor." Lotte ofereceu-lhe o chá.
"Obrigado. Então, se você não se importa..." Achando que seria rude não tocar no chá oferecido, Rio aceitou a xícara.
A mesa estava a uma boa distância do sofá, então ele pegou o pires junto com a xícara e admirou sua cor e design primeiro. Então, depois de apreciar a cor e fragrância, ele tomou um gole do chá. Lotte se viu incapaz de apartar os olhos dos movimentos graciosos de Rio.
"Você toma chá com frequência, Haruto-sama?"
"Sim. Tenho uma conhecida que gosta muito de tomar chá, e adquiri muitos conhecimentos relevantes bebendo com ela." Rio assentiu com um sorriso carinhoso. Ele lembrou das vezes em que bebia chá e conversava com Celia quase todos os dias. Graças a essas experiências, ele aperfeiçoou a etiqueta do chá a um ponto onde ele poderia facilmente participar de uma festa de chá organizada por uma filha da nobreza sem qualquer tipo de dificuldade.
"Oh, isso é maravilhoso de ouvir, senhor. As pessoas costumam dizer que o chá é uma bebida para as mulheres desfrutarem, então poucos cavalheiros estão interessados nele. Você pode dizer que tipo de folha há neste chá?" Lotte perguntou, sua expressão iluminando como uma flor desabrochando.
"A julgar por esse aroma único e sabor levemente amargo, eu diria que é uma folha produzida em Lis?"
"Correto."
"Então você está usando chá de boa qualidade, de fato. E vejo que o conjunto de chá também é de qualidade maravilhosa. Perdoe-me por dizer isso, mas pelo que posso ver do sofá, assim como da mesa.... Os móveis não são um pouco de alta qualidade para serem usados para receber pequenos clientes comerciais?" Rio perguntou, tentando extrair mais sobre o tema de Lotte.
O espaço em que estavam sentados foi montado com divisórias para imitar uma sala privada. O sofá e a mesa colocados lá eram ambos de tão alta qualidade, que poderiam ser facilmente usados em uma sala de conferência para convidados de alto nível.
O rosto de Lotte se iluminou com um sorriso feliz enquanto ela respondia a Rio com orgulho.
"Fufu, a melhor transação comercial começa com o ambiente de negócios perfeito! Esse é o lema da nossa companhia, senhor. E isso não muda dependendo da escala da transação."
".... Entendo. Esse deve ser um dos segredos para o crescimento repentino da Companhia Rikka. Com atendentes tão jovens e bonitas como você, Lotte-san, posso entender por que as pessoas se sentem inclinadas a esvaziar suas carteiras."
"Oh, você me lisonjeia." Lotte cobriu a boca com uma mão em timidez refinada.
"Não, eu realmente acredito nisso. Há alguns outros itens que preciso, e estou pensando em comprá-los aqui também."
"Fufu. Nesse caso, que tal retomarmos nossas discussões de negócios? Afinal, é o trabalho de um comerciante atender às demandas do cliente. Vamos preparar com prazer todos os itens que você precisa para sua jornada."
Assim, Rio e Lotte retomaram a conversa.
Rio ainda precisava de alimentos preservados e vários ingredientes, além dos utensílios para prepará-los, e ele foi capaz de comprar todos os itens que precisava através do serviço da Companhia Rikka. Alguns dos itens eram um pouco caros, mas outros itens ele não teria sido capaz de encontrar em outros lugares, como muitas das especiarias cultivadas e importadas das ilhas do sul. E com seu principal propósito de comprar massas realizado, Rio ficou extremamente satisfeito com o resultado de sua visita.
"Há mais alguma coisa que você precisa?"
"Não, isso é tudo que eu preciso. Mas se sua companhia também oferecer serviços de entrega de correspondência, gostaria de solicitar isso também..." Rio fez uma última pergunta depois de terminar todas as discussões de negócios.
Ele não podia deixar a região de Strahl sem enviar uma carta para Celia.
"Temos esse serviço disponível, mas não entregamos em determinadas regiões. Onde você deseja que entreguem sua correspondência?"
"A capital do reino de Beltram." Sua resposta favorável levou Rio a dizer-lhe o destino da carta.
"Isso não será um problema. Seus itens vão levar um momento para preparar, então, gostaria de escrever sua carta durante esse tempo?"
"Sim, por favor."
Rio pagou suas compras com as moedas e Lotte saiu da sala de reuniões para fazer alguns preparativos. Pouco tempo depois, uma atendente da loja apareceu com pergaminho, pena e tinta para Rio escrever sua carta. Rio aceitou os objetos e — depois de um momento de hesitação — caiu sobre a mesa e mergulhou a pena na tinta. Sua mão se movia constantemente sobre o pergaminho e riscava os caracteres de forma elegante.
A carta falava de sua jornada até agora: que ele estava em Galark no momento, e outras pequenas coisas que aconteceram no caminho. Ele assinou como "Haruto" no final. Depois que ele terminou de escrever, ele esperou um pouco para a tinta secar, em seguida, enrolou o pergaminho. Ele usou a vela na mesa para derreter a cera de vedação e pingá-la no pergaminho antes de selá-la. Com o selo da Companhia Rikka no pergaminho, a carta estava finalmente completa.
Ter a companhia mercante, que era dirigida pela filha de um duque, responsável por entregar a carta era muito mais tranquilizador do que pedir a qualquer organização aleatória ou indivíduo, pois havia um risco muito menor de perder a carta ou quebrar a confidencialidade.
Rio chamou uma atendente próxima e informou que ele tinha acabado de escrever. A atendente se retirou por um momento antes de retornar com Lotte e a atendente que serviu o chá de antes. Todas as compras de Rio foram preparadas e deixadas fora do espaço da reunião.
"Por favor, entregue isso à instrutora Celia Claire da Academia Real de Beltram." Rio entregou a importante carta para Lotte.
"Entendido. O destino é a Academia Real de Beltram, para a instrutora Celia Claire. Nós vamos ter certeza de entregá-la, senhor. Os itens de seu pedido também foram reunidos, então por favor, confirme que tudo está presente." Os olhos de Lotte se abriram levemente quando ela ouviu que o destinatário era Celia, mas apenas alguém que estava ao seu lado reconheceria a mudança em sua expressão — e somente após observação atenta.
Rio organizou os itens em sua mochila enquanto os verificava. Era um grande número de itens, mas sua mochila era grande o suficiente para acomodar tudo. Uma vez que a mochila estava cheia, Rio a jogou sobre seu ombro facilmente, fazendo os olhos de Lotte se alargarem em choque.
"Eu vejo que você tem muita força. Adequado para um aventureiro."
"Viajar pode ser duro, afinal... Fiz questão de me preparar para isso. Agora, devo me despedir." Disse Rio, as palavras de Lotte o fizeram sorrir. Com essas palavras de despedida, ele curvou-se uma vez e girou sobre seus calcanhares.
"Obrigada por seu patrocínio, senhor. Se passar por Amande novamente, nossas portas estarão sempre abertas para você." Lotte disse suas palavras de despedida, em seguida, curvou-se junto a atendente ao lado dela. As duas mantiveram a cabeça baixa até que Rio deixasse o edifício.
Então, uma vez que Rio estava fora do local... "Celia Claire... A filha prodigiosa do Conde Claire, da famosa família de magos. A maga gênia que se graduou cedo na Academia Real", Lotte levantou a cabeça e murmurou.
Ela estava ciente da reputação de Celia como a maga gênia de Beltram, apesar de viver aqui no Reino de Galark toda a sua vida. Devido ao fato de que simplesmente ter boas notas não era suficiente para se graduar cedo, uma quantidade esmagadora de excelência e talento tinha que ser exibida em uma área específica. Esse era o porquê de graduados precoces serem raros — ocorrendo uma vez por década, se a Academia tivesse sorte — então qualquer indivíduo educado em um círculo nobre estaria ciente do nome de Celia.
Além disso, Celia era a mais jovem graduada na história da Academia Real de Beltram, tornando-a muito mais famosa do que ela imaginava.
"Que garoto misterioso, não acha, Liselotte-sama?" A atendente ao lado de Lotte — ou melhor, Liselotte — falou.
"Me pergunto se ele é o filho de algum nobre tentando sair em uma jornada. E eu sou 'Lotte' neste momento, Cosette." Liselotte estreitou os olhos e olhou para a garota chamada Cosette.
"A propósito, o tempo de inspeção acabou. Aria e Natalie enviaram uma mensagem para voltar rapidamente para a propriedade e terminar o resto da papelada acumulada", relatou Cosette com os ombros caídos.
"Oh céus, então devemos nos apressar." Os cantos da boca de Liselotte se ergueram em um sorriso agradável, fazendo Cosette olhá-la curiosamente.
"Você parece estar de bom humor hoje."
"Foi uma boa mudança de ritmo... As negociações comerciais foram muito divertidas."
"Hmm. Ah, eu entendo agora. Aquele garoto era bonito, não era?"
"Você... não está errada, mas isso não tem nada a ver com isto." Liselotte negou reflexivamente por exasperação, mas as memórias dos traços faciais de Rio ressurgiram em sua mente, fazendo-a responder de forma desconcertante.
Ver a reação fascinante de sua ama fez Cosette sorrir atrevidamente.
"Vê? Esse deve ser o caso."
"Já basta. Eu estou indo agora!"
Com um leve rubor em suas bochechas, Liselotte se afastou rapidamente. Cosette deu uma pequena risada antes de seguir de perto.
Ele precisava de comida, água, utensílios de cozinha, roupas, materiais para um leito, remédios, armas... os humanos claramente precisavam de uma grande quantidade de recursos para viver. Mas como havia um limite para o quanto ele podia carregar quando viajava sozinho, Rio teve que examinar cuidadosamente suas necessidades e comprar apenas o mínimo. Ele levaria apenas esses itens com ele em sua jornada.
Bem agora, ele só tinha suas roupas casuais que eram típicas de um nobre, e uma única espada. Era uma arma muito leve, então ele não se sentia muito confortável viajando apenas com ela.
Dito isto, desde que Rio se matriculou na Academia, ele passou a vida inteira dentro dos muros da cidade. Embora Celia o tinha levado aos mercados dentro dos muros da cidade para fazer compras antes, esta era sua primeira vez se aventurando nos mercados que estavam fora da cidade.
Ele estava um pouco perdido, agora.
Eu não faço ideia de para qual loja ir...
Ele já tinha ido a várias lojas, mas havia tantas delas. Algumas delas vendiam produtos tão mal feitos, que Rio franziu a testa em muitas ocasiões. Como ele queria comprar itens de qualidade que durassem um tempo, ele não queria escolher aleatoriamente uma loja para comprar. Depois de vagar pelas multidões ponderando sobre isso e aquilo, ele se cansou, e entrou em um beco para fazer uma pausa rápida.
Foi quando um aroma delicioso chegou até ele, imediatamente despertando seu apetite. Estava vindo de uma barraca de rua no beco.
Não havia muitos clientes no momento — possivelmente porque era aquele período tranquilo de tempo entre o café da manhã e o almoço, ou talvez devido à sua localização desfavorável — mas o cheiro que estava vindo de lá realmente parecia delicioso.
Pensando bem, ainda não tomei café da manhã. Vou comprar algo daquela barraca e pedir recomendações de algumas lojas.
Estimulados a se movimentar pela fome, os pés de Rio o levaram para a barraca. Uma garotinha estava atrás do balcão da barraca, parecendo um pouco entediada pela falta de clientes. Atrás dela, uma mulher que parecia ser sua mãe estava ocupada trabalhando duro na cozinha.
"Ah, bem-vindo!"
Quando Rio se aproximou da barraca, a menina sorriu de orelha a orelha e o cumprimentou. Ela devia ter cerca de sete ou oito anos. Era uma criança fofa, embora um pouco magra.
No entanto, no instante em que viu as roupas nobres de Rio, sua expressão endureceu. Ela certamente o confundiu com uma criança da nobreza.
No Reino de Beltram, onde a sociedade se baseava no status social, era bastante comum que os nobres agissem violentamente em relação aos plebeus. Por isso, os plebeus temiam a nobreza. Esta menininha provavelmente aprendeu esse sentimento com sua mãe.
"Ah, erm, quero dizer..." Percebendo que não podia agir de forma grosseira, a garotinha forçou um sorriso desconfortável em seu rosto.
"Não precisa ficar tão nervosa. Está cheirando muito bem aqui.... Você está vendendo alguma coisa?" Rio falou com ela gentilmente na tentativa de tranquilizá-la.
"Hum, é pão com molho, legumes e carne frita por dentro, senhor." A garotinha fez o possível para falar educadamente com Rio.
"Parece delicioso. Então, eu acho que vou querer um pouco." Rio sorriu suavemente, expressando ansiosamente seu desejo de comprar seu produto.
"Oh céus, é um nobre? .... Hein? Ah, umm..." A mãe notou a presença de Rio e correu para cumprimentá-lo, mas seus olhos se abriram dramaticamente quando ela viu o rosto de Rio.
"Há algo errado?" Rio perguntou a ela curiosamente.
"Ah, não... Não é nada. P-Por favor, desculpe minhas ações." A mulher se desculpou com medo por seu comportamento estranho, mas continuou a observar Rio com olhos atentos.
"Oh, é sobre a cor do meu cabelo?" Rio adivinhou o motivo pelo qual a mulher reagiu com choque, tocando uma mão em seu cabelo. Cabelo preto era raro em Beltram; ele tinha sido ridicularizado inúmeras vezes por estudantes na academia por causa deste cabelo.
"Hum, isso é.… sim. Na verdade, conheci alguém há muito tempo, um garoto de cabelo preto. Então eu pensei que talvez..., mas não havia como aquela criança ser da nobreza, então foi apenas um erro meu. N-Não sei como posso me desculpar o suficiente por isso..."
".... Posso perguntar qual era o nome desse garoto?" Rio perguntou para a mulher trêmula. Ela manteve a cabeça baixa por medo. Talvez ela fosse alguém que ele conheceu quando morava nas favelas.
"E-Eu acredito que era Rio..."
Bingo — aparentemente, Rio já tinha conhecido essa bela mulher antes.
Infelizmente, Rio estava fugindo agora, e não podia confirmar suas suspeitas tão facilmente. Se ela o confundiu com o filho de um nobre, então era uma vantagem para ele.
"Sinto muito, não me lembro desse nome."
"Então...é isso..."
Rio decidiu fingir ignorância, e a mulher mostrou sua clara decepção.
"Você está procurando por esse garoto?" Rio perguntou. Ele não conseguia se lembrar de nenhuma situação em que ele havia conhecido esta mulher antes.
Se ele tivesse que dar um palpite, ele assumiria que foi através do bando de bandidos com quem ele viveu nas favelas. Se esse fosse o caso, então o número de possibilidades seria reduzido significativamente. Se era alguém que o conhecia bem o suficiente para lembrar seu nome, então provavelmente era uma das pessoas que frequentavam o pequeno barraco em que Rio morava naquela época. A maioria das mulheres que frequentavam o barraco eram prostitutas que os bandidos chamavam. As que eles mais preferiam eram Gigi, que tinha sido morta no barraco, e sua irmã mais nova, Ângela. Havia várias outras que eles gostavam também, e Rio achou que essa mulher tinha que ser uma delas.
Dito isso, já se passaram mais de cinco anos desde a última vez que ele as viu. A mulher na frente dele não estava usando maquiagem, então ela não tinha o ar de uma prostituta, deixando difícil para ele reconhecê-la.
"É só que... ele pode ter testemunhado os momentos finais da minha irmã mais velha." A expressão da mulher ficou nublada enquanto ela falava. A menina olhou confusa para a conversa deles.
Uma irmã mais velha.... Poderia ser a irmã mais nova de Gigi, Ângela?
Graças às suas palavras, Rio foi finalmente capaz de reconhecer a mulher na frente dele. Ele fixou sua expressão para que sua surpresa não aparecesse, então engoliu o fôlego por essa reunião coincidente. Ela costumava usar maquiagem grossa no passado, mas ele podia ver traços de seu antigo eu agora que ele sabia quem ela era.
Pensando bem, Gigi tinha mencionado como ela queria começar uma loja com Ângela um dia... Mas ele não queria prolongar essa conversa, então ele mudou de assunto.
".... Desculpe, perguntei algo muito intrusivo para você."
"N-Não, é porque eu agi rudemente para começar. A culpa é minha.... Por favor, aceite minhas desculpas!" Ângela baixou a cabeça reflexivamente diante das desculpas de Rio.
“Na verdade, estou com muita fome agora. Eu posso tomar dois?" Achando improdutivo continuar seu vai-e-vem, Rio foi direto ao ponto.
"N-Não tenho certeza se nossos produtos se adequariam ao gosto de um nobre como você, senhor..." Ângela respondeu, envergonhada. Ela estava preocupada que Rio mudasse de ideia no momento em que ele mordesse a comida. Não era estranho encontrar nobres assim.
"Está tudo bem. Estou acostumado a barracas de comidas como essa", explicou Rio com um sorriso tenso. Suas palavras fizeram Ângela baixar a guarda um pouco.
"Então... serão oito cobres pequenos pelo dois."
"Nesse caso, você pode ficar com isso. Eu não preciso de troco", disse Rio, oferecendo uma moeda de prata pequena.
"Eu não posso aceitar isso..." Ângela se apressou para devolver o troco. Para ela, uma única prata pequena era mais da metade de seus ganhos diários habituais.
"É para me desculpar por assustar sua filha. Por favor, leve-a para comer algo delicioso." Rio balançou a cabeça, sorrindo para a garotinha em pé em silêncio.
"Mas..."
"Que tal, em troca, você me falar de alguma loja boa e confiável que armazena equipamentos para viajar? Na verdade, não estou muito familiarizado com as lojas desta área..." Rio timidamente coçou a parte de trás de sua cabeça em constrangimento. Por um breve momento, Ângela olhou de volta para ele em confusão — antes dela começar a rir.
"Nesse caso..."
Ela começou a contar a Rio sobre várias lojas que recomendava. Ele guardou os nomes das lojas e suas especialidades em sua cabeça enquanto observava Ângela preparar a comida.
Assim que ela terminou a explicação, a comida estava pronta.
"Aqui está". Ângela ofereceu o sanduíche preparado. Os ingredientes foram fechados em uma baguete crocante, a carne bem cozida e o molho picante especial se misturaram densamente para soltar um aroma apetitoso. Foi o suficiente para Rio ficar com água na boca.
"Obrigado", disse ele ao aceitar o primeiro sanduíche.
Pegando-o com as duas mãos, ele deu uma mordida forte — os plebeus pareciam favorecer esse tipo de pão duro. O sabor da carne suculenta e do molho picante se espalharam por sua boca. Ele não pôde evitar formar um sorriso em seus lábios.
"É delicioso", disse Rio com grande satisfação, fazendo Ângela suspirar aliviada.
Justo assim, Rio elegantemente terminou os dois sanduíches. A garotinha trabalhando na barraca olhou para ele, observando a maneira em que ele comia com admiração.
"Volte quando quiser, Onii-chan!"
"P-Pare com isso, Sophie!"
Enquanto ele partia, a garotinha — Sophie — chamou Rio com um grande sorriso. Sua atitude tinha mudado completamente daquela de mais cedo, quando sua cautela com ele suavizou, e depois, desapareceu. Ângela rapidamente tentou silenciá-la, preocupada que ela parecesse com excesso de familiaridade.
"Obrigado. Estou indo para um lugar distante por um tempo, mas virei visitá-las novamente em breve. Tchau, tchau ", disse Rio, sorrindo para Sophie. Com uma pequena reverência para Ângela, ele se afastou da barraca enquanto Sophie acenava com entusiasmo. Ele saiu do beco e voltou para a rua principal para ir à loja que Ângela lhe tinha falado.
...Hm?
Depois de andar por um tempo, ele notou que estava sendo observado por alguém. Rio parou e olhou a sua volta, mas havia tantas pessoas ao redor, que ele não foi capaz de identificar a fonte do olhar.
Foi só minha imaginação?
Apesar de se sentir desconfortável, Rio continuou andando.
◇◇◇
Depois disso, Rio completou suas compras rapidamente. Com a falsa acusação do que tinha acontecido na floresta atualmente colocada em sua cabeça, ele queria evitar ficar por perto por mais tempo do que o necessário. Se possível, ele queria deixar Beltram ao meio-dia.
Ele tinha acabado de comprar armas, roupas e uma mochila para guardar seus itens. Também, vendeu suas roupas casuais da nobreza que estava usando para aumentar seus fundos de viagem. Elas eram de alta qualidade, e o preço pelo qual foram vendidas refletiu isso.
Rio tinha acabado de se vestir com suas novas roupas: uma túnica preta que lhe permitia parecer com um aventureiro de aluguel novato com fundos modestos. Tudo o que lhe restava fazer era comprar suprimentos de comida, quando...
"Ei."
Alguém chamou Rio por trás. Ele voltou para ver um homem vestido como um bandido tentando espiar debaixo do capuz com um olhar penetrante. Rio olhou para ele com ceticismo. Talvez esta fosse a pessoa que ele tinha sentido olhando para ele mais cedo...
"O quê?"
"Você não é aquele garoto chamado Rio?"
".... Não, não sou. Você tem a pessoa errada, eu tenho um lugar para ir." Rio quase vacilou por um segundo antes de tentar afastar o tema. Mas o homem parou na frente dele audaciosamente, bloqueando seu caminho.
"Calma... apenas segure as rédeas. Bem agora, tinha um cartaz de procurado no quadro de avisos sobre um pirralho chamado Rio. Sendo um ‘corretor de informação, eu estava ciente disso mais cedo do que qualquer outra pessoa."
Enquanto falava, o homem se inclinou para a frente com os olhos atentos para olhar descaradamente para o rosto de Rio. Rio limpou qualquer traço de emoção de seu rosto e olhou de volta para o homem.
"E. O gato comeu sua língua, foi? Por que você não diz alguma coisa?"
"Desculpe. Eu senti que sua tagarelice não valia meu tempo. Exatamente o que isso tem a ver comigo?" Rio perguntou, a voz suavizada para conter sua raiva fervente. O homem deu um sorriso perverso.
"Bem, indo direto ao ponto, a descrição do pirralho no cartaz de procurado parece igual a sua. Você tava usando roupa de nobre no começo, então eu não podia falar com você tão fácil, mas agora você trocou por um capuz que evita chamar a atenção das pessoas. Então, como um corretor de informação, tudo se encaixou no lugar. É por isso que eu falei com você."
"Você achou a pessoa errada." Rio imediatamente derrubou a conjectura do homem.
"Não tente me enganar. Não tem muitos pirralhos com cabelo preto por aqui. Você é o tal Rio, não é?"
"Eu não sou," negou Rio, então começou a se afastar. Mas o homem correu para detê-lo.
"Ei, espere!"
"Me solte." Rio lançou um olhar frio no homem, que havia agarrado seu ombro com familiaridade.
"V-Você é bastante teimoso, não é?"
"Porque você está enganado."
"... Tch, que pirralho esperto. Bem, tanto faz. Mas ei, você parece estar se saindo muito bem por si mesmo. Quanto dinheiro você tem aí?"
Era uma pergunta atrás da outra. O homem continuou a bater a língua sem parar, mas Rio descobriu seu motivo com essas últimas palavras.
Seu objetivo era chantagem.
Ele deveria ter denunciado Rio imediatamente, mas ele tolamente deixou sua ganância desviá-lo.
Bem, isso torna tudo melhor para mim, Rio pensou friamente.
"Já tive o suficiente disso. Não me oponho a usar meu direito de atacar você, entendeu?" Rio disse, pegando a adaga escondida em sua cintura ameaçadoramente.
O direito de atacar referia-se a uma lei onde a nobreza tinha o poder de eliminar qualquer plebeu que os afrontasse, no local, sem julgamento. Claro, Rio não era um nobre, mas como estava vestido como um até pouco antes, ele pensou que poderia usar o mal-entendido do homem para ameaçá-lo de volta.
Assim como ele previu, o medo cintilou nos olhos do homem.
"H-Heh, isso é um blefe. Que tal eu dar um grito para os soldados aqui? Aqui pode ser fora dos muros da cidade, mas a segurança é bastante decente. Não tem muitos, mas eles ainda patrulham esta área. Não vai importar pra mim se os soldados virem, mas você estaria com problemas, não é?" O homem perguntou com uma voz aguçada, como se estivesse tentando convencer a si mesmo.
"Não particularmente. Você gostaria de tentar?” Rio respondeu, indiferentemente.
"V-Você tem certeza disso?"
"Você não precisa verificar comigo antes de gritar. Vamos ver quem se mete em problemas depois disso", respondeu Rio audaciosamente, fazendo o homem morder o lábio.
Diante de um “peixe” tão grande, o homem se sentiu em conflito.
".... Se você já acabou aqui, eu vou indo agora." Com um assentir gelado à expressão frustrada do homem, Rio saiu, ocultando-se na multidão de pessoas e indo em direção à saída da capital.
Ele não notou a pequena figura o observando de longe, no fim.
◇◇◇
Três dias se passaram desde que Rio deixou a capital de Beltrant.
Ele continuou sua linha reta em direção ao leste, visando as terras distantes da região de Yagumo. Ao fazer pleno uso de sua essência para melhorar suas habilidades físicas e corpo, ele quase chegou ao país vizinho a Beltram — o Reino de Galark.
Desde que sua velocidade quase sobrenatural teria atraído atenção indesejada se ele usasse as estradas, ele se movia pelos bosques das montanhas. Por causa dessa decisão, sua rota tornou-se desnecessariamente mais difícil: havia uma maior chance de encontros com monstros e outras bestas perigosas, resultando em fadiga acumulada em seu corpo. No entanto, enquanto Beltram era mais largo horizontalmente, Galark era mais amplo verticalmente — isso significava que não levaria tanto tempo para Rio atravessar o país horizontalmente.
A leste do Reino de Galark estava a Região Selvagem — uma ampla área de terras que existia fora do controle humano. Não havia estradas nem mapas desenhados, e o terreno em si era acidentado, então Rio previu uma queda em sua velocidade de movimento quando chegou a esse ponto. E embora a região de Yagumo estivesse do outro lado da Região Selvagem, diziam que seguir os caminhos sem trilha a pé poderia levar anos. As bestas e monstros que podiam ser encontrados na área eram muito mais ferozes do que aqueles encontrados na região de Strahl, tornando a própria jornada um risco para a vida.
Apesar disso, Rio optou por ir em direção a Yagumo de qualquer jeito — ele queria ver a cidade natal ancestral que sua mãe falou em sua infância, construir túmulos para seus pais, e organizar os sentimentos complicados guardados em seu coração.
Deixando tudo isso de lado por enquanto.... No momento, o tempo tinha acabado de marcar as horas da tarde. Rio logo estaria cruzando a fronteira para o Reino de Galark.
Eu deveria verificar as estradas uma vez. Pode haver uma cidade próxima onde eu possa fazer uma pequena parada.
Assim que Rio chegou a essa decisão, ele se aproximou de uma árvore nas proximidades e escalou seu tronco alto num piscar de olhos. Do alto, ele olhou em volta e calculou sua posição usando o sol. Ele direcionou seu olhar para a direção que precisava ir, e viu nuvens de fumaça subindo no ar à distância. Provavelmente estavam sendo produzidas por um assentamento humano; a quantidade de fumaça sugeria fortemente que era uma cidade.
Com seu destino decidido, Rio desceu da árvore. Uma vez que ele estava em segurança no chão, ele deu um palpite na localização da estrada em direção à cidade e correu em direção a ela. Embora ele tenha se deparado com uma série de goblins e orcs ao longo do caminho, ele os deixou na poeira de sua velocidade avassaladora. Seria uma perda de tempo e energia parar e lutar contra cada um deles, como um tipo de tolo da justiça, então o máximo que ele fez foi interceptar um bando de lobos ágeis que o cercaram enquanto ele passava, como um aviso para eles.
Rio habilmente evitou a densa vegetação enquanto corria com passos leves. Cerca de dez minutos depois, ele viu uma estrada que atravessava a floresta. Ele desacelerou, pisando firmemente no chão para matar sua velocidade e parar na estrada com um salto. A estrada tinha cerca de dez metros de largura, o que era suficiente para uma carruagem puxada por cavalos passar facilmente. Uma vez que ele confirmou que não havia mais ninguém por perto, ele partiu em uma velocidade que não causaria suspeitas se ele fosse visto.
Cerca de 20 a 30 minutos depois, ele chegou à sua cidade de destino.
A estrada para a cidade estava ocupada com carruagens visitantes e viajantes a pé. Rio os seguiu por trás à distância. As terras próximas à cidade estavam dispersas com campos de trigo, hortas, vinhedos, pastos e celeiros; Rio podia ver agricultores trabalhando aqui e ali. Então, depois de seguir a estrada por um tempo, os muros ao redor da cidade foram vistos.
A cidade ainda parecia estar em desenvolvimento, pois parecia haver seções do muro que ainda estavam sendo construídas. Rio pôde ver várias figuras trabalhando energicamente.
Espero que meu status de procurado não tenha chegado a Galark ainda.... Enquanto olhava para as pessoas vivendo suas vidas de longe, Rio considerou seus problemas atuais.
No momento, Beltram e Galark são aliados. Se o Reino de Beltram solicitou a ação de Galark, então o cartaz de procurado de Rio também pode ter validade neste país.
E havia algo mais a se ter em mente: na região de Strahl, havia artefatos antigos conhecidos como dirigíveis encantados. Eles podiam voar pelo ar a uma velocidade média de pouco menos de 50 km, então era mais do que possível que o aviso de sua situação já tivesse chegado a Galark.
Eu vou ter que verificar o quadro de avisos perto do portão da cidade primeiro. Se tudo parecer bem, vou buscar algo para comer. Depois tenho que enviar uma carta para Celia-sensei e deixá-la saber que eu estou seguro... Rio contou suas tarefas com os dedos.
Ele estava realmente com um baixo estoque de alimentos no momento. O problema do cartaz de procurado na capital fez com que ele fugisse do país mais cedo, priorizando sua fuga ao invés de comprar mais comida. Esse era o motivo pelo qual ele, absolutamente, precisava reabastecer suprimentos para sua viagem aqui no Reino de Galark, antes de se aventurar na Região Selvagem.
Rio se preparou e vestiu o capuz da túnica que ele havia comprado em Beltram.
Ele caminhou até o portão que funcionava como a entrada da cidade. Ao lado do portão havia um quadro de avisos com várias notícias oficiais postadas nele. Entre elas estavam cartazes detalhados de procurados, e Rio lançou seu olhar sobre eles, um por um.
Meu nome... não parece estar aqui.
Incapaz de se encontrar no quadro, Rio soltou um suspiro de alívio. Sua expressão relaxou, agora que ele sabia que seria capaz de passar pelo portão para entrar na cidade.
E com isso, compreensivelmente, sua fome de repente aumentou dez vezes. Além das pequenas pausas para água, ele não tinha consumido nada enquanto fugia.
Próximo ao portão — bem ao lado do quadro de avisos — haviam fileiras de várias barracas de rua amontoadas juntas como um mercado. Havia bares e pousadas baratos também. Como os portões eram fechados à noite, configurações como esta podiam ser encontradas fora dos muros de qualquer cidade grande.
Mas bem agora, Rio estava atraído pelas barracas de comida mais do que qualquer outra coisa. Provavelmente havia muitos restaurantes deliciosos dentro dos muros da cidade, mas ele não estava interessado em sair de seu caminho para encontrá-los.
Posso comprar algo em uma barraca enquanto coleto o máximo de informação possível.
Atraído pelo cheiro de dar água na boca, Rio deixou seus pés o levarem adiante. Ele parou na frente de uma barraca vendendo espetos de carne grelhada. Não havia outros clientes no momento, então ele deu um passo à frente.
"Senhor? Por favor, me dê três espetos."
"Três espetos saindo. Serão seis moedas de cobre pequenas."
Rio fez seu pedido com um sorriso amigável, ao qual o proprietário respondeu com uma voz alegre.
"Aqui, uma moeda grande de cobre."
"Recebido. Aqui estão suas quatro moedas pequenas de troco... e aqui estão as mercadorias. Coma."
Depois de trocar a moeda, Rio levou a comida em suas mãos. O espeto de carne era temperado simplesmente com apenas sal, mas como estava recém grelhado, soltava um cheiro sedutor que abria o apetite. Perfeito para encher um estômago faminto. A carne em si não era de alta qualidade, e era bastante difícil de mastigar, mas Rio devorou os espetos em um instante.
"Hehe. Você come bem, garoto", disse o dono da barraca, feliz enquanto esfregava o nariz.
"Isso é porque você cozinhou bem, senhor. A propósito, poderia me contar um pouco sobre esse país? Na verdade, vim do interior de uma nação muito menor," perguntou Rio em tom educado, mas amigável.
"Com certeza. Você deve ser um aventureiro novato. Estou certo, garoto? A maioria dos aventureiros novatos da sua idade se aborrecem cedo, mas pelo que posso ver, você não parece muito arrogante, então você está indo bem. Se você quiser usar esta cidade como sua base, eu vou recebê-lo aqui."
"Obrigado." Rio não era exatamente um aventureiro, mas ele não sentiu a necessidade de corrigir o homem também, então ele deixou o comentário passar.
"Certo, então você queria saber sobre este país. Bem, há o Império Proxia ao norte, com quem discutimos por meio das nações menores entre nós. Temos uma aliança com Beltram, localizado a oeste. Depois há o Reino de Centostella ao sul, com quem também não estamos em maus termos. Este é um lugar muito confortável para se viver, se você me perguntar. Especialmente nesta cidade."
"É uma cidade pequena, mas parece animada e movimentada com vários tipos de pessoas." Rio expressou o pensamento que teve mais cedo enquanto observava os trabalhadores.
"Você entendeu bem! E é tudo graças a—”
“— a maneira como Liselotte-sama governa esta cidade comercial, Amande! Que tal, garoto? Quer provar um pouco de sopa de ‘massa’? É uma espécie de comida ‘men’ que Liselotte-sama inventou."
O dono da barraca dos espetos de carne estava aumentando a tensão em seu discurso, quando o dono da barraca ao lado dele de repente se intrometeu. Ele tinha acabado de atender seus últimos clientes.
"Pô, aniki. Eu tava prestes a dizer isso eu mesmo." O dono da barraca de espeto ficou mal-humorado por ter os holofotes roubados dele.
"Hehe. Não diga isso, maninho. Você ia recomendar isso para o garoto aqui, não era?"
Aparentemente, esses dois eram irmãos. O irmão mais velho se desculpou, fazendo o irmão mais novo brilhar com um sorriso.
Liselotte... Espera, ele acabou de dizer "massa" e "men"?
Enquanto os dois irmãos conversavam, os ouvidos de Rio se concentraram no vocabulário que havia aparecido na conversa, porque 'massa' e 'men' eram duas palavras que Rio — não, Amakawa Haruto — estava bastante familiarizado. "Massa" era um tipo de culinária italiana, enquanto "men" era a palavra japonesa para macarrão, derivada da palavra chinesa "mein". Nenhum desses alimentos, Rio tinha experimentado comer neste mundo antes.
Não havia como os habitantes deste mundo saberem essas palavras.
"Sopa de massa e.… men, você disse?" Rio perguntou hesitantemente.
"Sim. A massa é um tipo de alimento feito de trigo processado. Foi dito por Liselotte-sama que isso é um tipo de men. O único lugar onde você pode comê-lo fora dos muros da cidade é na barraca do meu aniki", explicou o dono da barraca de espeto de carne com orgulho.
"Então... posso obter uma porção dessa sopa de massa, por favor?" Neste caso, era ver para crer — então Rio decidiu ir em frente e fazer o pedido.
"Esse é o espírito! Normalmente, eu cobraria oito cobres pequenos..., mas já que você acabou de chegar do interior, eu vou te dar um desconto. Serão quatro cobres pequenos, só pra você, garoto."
Com o desconto do dono da barraca, Rio lhe deu quatro pequenas moedas de cobre como agradecimento.
"Obrigado por seu patrocínio. Vou cozinhar agora, então sente-se um pouco. Enquanto você estiver esperando, pode ouvir tudo sobre a maravilhosa Liselotte-sama de meu irmão."
"Bem, você está disposto a me contar?" Com o interesse despertado pela conversa sobre essa garota inventora da “massa”, Liselotte, Rio decidiu seguir com a sugestão do homem. Ele virou-se para defrontar o dono da barraca de espetos de carne.
"Claro, deixa comigo. Liselotte-sama é a governante da cidade de Amande. Ela é filha do Duque Cretia, e se formou na Academia Real de Galark quando tinha dez anos. Duque Cretia a deixou encarregada de governar esta cidade logo após sua formatura", explicou o dono da barraca de espeto calmamente.
A cidade comercial de Amande era uma pequena cidade criada pelo desmatamento das árvores na floresta. Estava localizada nas áreas mais ao oeste do território do Duque Cretia, a oeste de Galark. Foi apenas meio ano atrás que Liselotte assumiu o posto de Governante de Amande; desde que ela chegou ao poder, a cidade que não passava de nada mais do que uma pequena parada para os viajantes, tinha progredido rapidamente em desenvolvimento. Agora, Amande estava a caminho de se tornar um local de comercio vital que ligava o lado oeste de Beltram e o lado leste de Galark. A população era de cerca de 1.000 habitantes, mas a agitação da cidade superava esse número.
Liselotte ainda tinha onze anos, mas teve várias conquistas diferentes sob seu cinturão. O dono da barraca de espeto falou de todos eles com orgulho.
Primeiro, ela causou uma revolução agrícola nas terras agrícolas do território do Duque Cretia. Em segundo lugar, ela continuamente inventou novos alimentos e receitas. Em terceiro lugar, ela também considerou a capacidade dos habitantes da cidade de ter lazer e tempo de recreação. Em quarto lugar, ela também é a líder da maior organização comercial da cidade, a Companhia Rikka. E houve mais conquistas além dessas, ainda.
"E acima de tudo —"
"— ela é absolutamente adorável!"
Assim que uma expressão apaixonada apareceu no rosto do dono da barraca de espeto, o dono da barraca de massas interrompeu de seu lado. As palavras dos dois irmãos se sobrepuseram perfeitamente.
"H-Huh..." Rio recuou um pouco com sua sincronização assustadora, mas o dono da barraca de espeto não se importou com a reação dele enquanto continuava.
"Ela não age arrogante quando lida com plebeus como nós, também. De vez em quando ela vem inspecionar o mercado fora dos muros da cidade, e da última vez, ela até sorriu pra mim!", disse ele com um sorriso, mas o dono da barraca de massas parecia exasperado com suas palavras.
"Isso foi só você confundindo a linha de visão dela. Ela estava, definitivamente, sorrindo pra mim naquele momento."
"O quê?! Receio que eu não posso deixar um comentário como esse passar tão facilmente, aniki!"
Liselotte era basicamente a “idol” desta cidade. Verdade seja dita, ser uma filha da nobreza já a colocou longe do alcance dos plebeus. Tendo uma aparência fofa — e uma personalidade gentil em cima disso — facilita a ocorrência de mal-entendidos. Mesmo assim, essa Liselotte tinha apenas onze anos, e os irmãos diante de Rio estavam facilmente na casa dos trinta anos. Ele não pôde evitar sorrir amargamente com isso.
"Vejo que vocês dois têm muito amor por Liselotte-sama," disse Rio na tentativa de acalmá-los.
"T-Tolo! Nós não somos bons o suficiente pra amá-la!"
"I-Isso mesmo! Estaríamos muito felizes em dar nossas vidas por Liselotte-sama, mas nada além desse ponto!" O amor deles por Liselotte era tão profundo que o rosto de Rio se contraiu em sua tentativa de continuar sorrindo.
"Eee... Está pronta! Esta é a famosa sopa de massa da minha barraca. Está quente.... Tenha cuidado pra não se queimar", disse o dono da barraca de massas, segurando uma tigela de madeira, garfo e colher.
"Parece delicioso. Então isso é uma sopa de massa.... Entendo..." Rio aceitou a tigela e olhou cuidadosamente para o seu conteúdo.
Dentro havia um tipo de massa que Amakawa Haruto estava, sem dúvida, familiarizado com ela — macarrão italiano, chamado espaguete. A sopa era clara, e provavelmente temperada com nada além de sal. Havia toucinho e legumes na sopa, também, adicionando uma deliciosa fragrância ao vapor que desprendia a partir dela.
"Hehe, obrigado. Oh, você deve comer comidas men com um garfo e colher. Você sabe como usar isso, garoto?" Uma boa proporção de plebeus não tinha acesso a talheres como garfos e colheres, então o dono da barraca de massas perguntou, por precaução.
"Sim, eu sei."
"Isso é ótimo. Deve ter sido criado bem, hein? A maioria dos aventureiros acha eles muito incômodos e apenas bebem a comida agarrando a tigela com as mãos. Eles se queimam muito."
"Haha, eu vou ter que passar comer desse jeito," Rio deu uma risada tensa enquanto se sentava em um banco ao lado da barraca. Ele colocou a tigela na mesa improvisada diante dele e pegou o garfo e a colher.
Enquanto aproveitava o cheiro da sopa, ele moveu o garfo e a colher com mãos práticas e considerou a textura primeiro. A partir da textura macia e flexível, a massa utilizada provavelmente era fresca, não seca ou preservada. O sabor era simples e salgado; ele podia apreciar o sabor dos legumes e do toucinho, também. Ainda assim, Rio preferia um sabor mais picante com alho, malagueta e azeite. Mas essas coisas provavelmente eram difíceis de oferecer aqui, devido aos seus custos.
Se houver macarrão seco por aí, eu posso levá-lo como comida preservada em minha jornada, Rio pensou consigo mesmo enquanto o sabor nostálgico da massa relaxava sua expressão. Se havia massa fresca sendo feita, então macarrão seco deve ser mais do que acessível, também.
"Senhor, você pode me dizer onde eu posso comprar esta massa?" Rio perguntou rapidamente ao dono sobre o provedor de seus produtos.
"Oh? Você se apaixonou pela massa também, garoto? Se você for à loja da Companhia Rikka dentro dos muros da cidade, eles vão te vender um pouco. Também vendem outros produtos exclusivos da Companhia, então valeria a pena uma visita. É meio caro, mas eles também vendem carne 'manju' na loja deles."
"Carne manju, você diz?"
"Sim. Eles são redondos, e meio que parecem pão, mas a textura deles é flexível e surpreendentemente macia. E a melhor parte é que estão recheados de carne picada e suculenta. É caro, mas vale a pena experimentar uma vez."
A explicação do dono da barraca de massas fez algo ressoar na cabeça de Rio. A comida que ele descreveu agora soava muito semelhante ao ‘nikumanju’ — que eram pães de carne que Amakawa Haruto tinha comido antes.
"Huh, isso soa bem. Vou experimentar um mais tarde." Rio colocou um sorriso em seu rosto enquanto expressava seu interesse, então ele retomou sua refeição, silenciosamente, enquanto processava seus pensamentos sobre essa misteriosa Liselotte.
Pães de carne... certo.
Massa, macarrão e pães de carne — todos esses alimentos existiam na Terra, com exatamente os mesmos nomes e ingredientes. Quais eram as chances de que este mundo e a Terra, coincidentemente, tivessem palavras que soavam iguais e tivessem o mesmo significado?
Ele não podia ir tão longe a ponto de dizer que era absolutamente impossível, mas...
Embora uma palavra pudesse ter sido crível, ter uma segunda e terceira palavras na mesma instância fez com que a possibilidade fosse muito menor, especialmente porque eram todos alimentos inventados por uma única pessoa. Como resultado, as suspeitas de Rio pareciam cada vez mais conclusivas.
Talvez essa garota, Liselotte, estivesse na mesma posição que ele, Rio suspeitou. Em outras palavras... talvez alguém que estava vivendo na Terra tivesse morrido, apenas para renascer como Liselotte Cretia neste mundo. E, essa pessoa provavelmente era japonesa.
Claro, também é possível que Liselotte seja simplesmente uma fachada. Um terceiro de origem japonesa pode estar agindo como seu cérebro em vez disso — mas não havia nenhuma prova disso, também.
De qualquer forma, Liselotte definitivamente tinha acesso ao conhecimento da Terra — conhecimento que ela estava provavelmente usando para revolucionar Amande, Rio deduziu. Mas isso foi o mais longe que seus pensamentos foram antes que eles dessem uma parada brusca. Rio não tinha nenhuma intenção de perseguir agressivamente sua curiosidade mais do que isso. Mesmo que Liselotte estivesse realmente experimentando a mesma circunstância que ele, ele não tinha o menor desejo de conhecê-la e discutir isso.
Porque o humano chamado Amakawa Haruto tinha morrido cheio de arrependimentos.
Conhecê-la não mudaria nada, apenas o lembraria de suas memórias amargas e apegos indesejados — esse único pensamento era o bastante para impedir Rio de agir.
Amakawa Haruto estava morto.
Neste momento, Rio era Rio, não Amakawa Haruto. Essa era a verdade inegável.
Claro, as memórias e personalidade de Amakawa Haruto podem estar residindo dentro do corpo de Rio, mas elas foram misturadas.
Não... ele nem tinha certeza se eram reais ou não.
Além disso, mesmo que ele voltasse para a Terra assim, ele não seria mais capaz de viver como Amakawa Haruto. Seria impossível, porque Amakawa Haruto tinha seus fardos, enquanto o Rio tinha...
De qualquer forma, esta situação de Liselotte abriu a possibilidade de outros serem colocados em circunstâncias semelhantes a si mesmo. Rio se considerou afortunado o suficiente por aprender tudo isso. E embora ele estava adiando o assunto por enquanto, se ele tivesse sorte, talvez não fosse um problema.
Em todo caso, não havia forma deles deixarem alguém de origem desconhecida conhecer uma filha da nobreza de alta classe. Por enquanto, apenas ser capaz de saborear o gosto nostálgico desta comida era suficiente.
"Obrigado. A sopa de massa estava deliciosa. Vou dar uma olhada na Companhia Rikka agora.... Vou comprar um pouco dessa massa e experimentar a carne de manju," disse Rio depois de terminar a última colher de sopa de sua tigela, depois deixou as barracas para trás.
"Até mais, garoto," ambos os proprietários disseram calorosamente ao vê-lo partir.
Rio foi direto para os portões da cidade, onde entrou na própria cidade e seguiu em direção à Companhia Rikka para comprar massas.
◇◇◇
A estrada principal de Amande, repleta de lojas e pousadas, se estendia do leste ao oeste da cidade. Em seu centro, em uma praça que só podia ser descrita como a localização principal da cidade, estava a principal rama da Companhia Rikka.
Então esta é a sede da Companhia Rikka...
Rio olhou para a elegante construção feita de madeira e tijolos. Elevada sobre os edifícios ao seu redor com cinco andares de altura, sua aura de alta classe era quase inspiradora. Na frente da Companhia Rikka havia um pequeno balcão, onde os rumorados pães de carne estavam sendo vendidos. Eles eram moderadamente caros, vendidos a duas moedas de cobre grandes cada, mas havia uma fila formada independentemente.
Rio entrou na fila, decidindo comprá-los antes de entrar. Ele entregou as moedas e recebeu o pão de carne da atendente da loja; era um pouco grande, e sua textura fumegante era flexível e macia. Parecia bastante semelhante em aparência a um pão chinês ao vapor. Rio se moveu para um canto da praça e ansiosamente se preparou para provar o pão de carne. Ele mastigou e sentiu a sopa escaldante esguichar em sua língua, quase queimando sua boca. Quanto ao sabor...
É bom, mas...
Ele foi pego de surpresa. O gosto não era nada parecido com o que Rio esperava de algo que parecia um pão chinês ao vapor. Se ele tivesse que adivinhar, diria que a carne dentro era temperada com sal, pimenta, e muita cebola. Rio supôs que o gengibre, o molho de ostra e o óleo de gergelim necessários para criar aquele sabor característico do pão de carne provavelmente não estavam disponíveis aqui.
Só para constar, embora fosse impossível encontrar alimentos com a pronúncia exata como palavras da Terra, como os japoneses men e manju, os produtos e animais comidos na Terra também existiam neste mundo. Por exemplo, trigo e outros condimentos como sal estavam disponíveis aqui.
No entanto, havia alguns ingredientes que não podiam ser obtidos em Strahl por razões climáticas, então recriar as mesmas receitas e sabores da Terra era difícil. Uma vez que Rio atravesse a Região Selvagem e chegue à região de Yagumo, ele provavelmente será capaz de colocar as mãos em alguns novos ingredientes que não estão disponíveis em Strahl. Se ele os obter, poderá ser capaz de usar o conhecimento de Amakawa Haruto para recriar alguns pratos da Terra.
Enquanto a imaginação de Rio corria solta em sua cabeça, ele terminou de comer o pão de carne. "Obrigado pela refeição", ele murmurou em japonês, o sabor da massa e o pão de carne o fizeram se sentir um pouco nostálgico.
Agora que terminou sua refeição, ele dirigiu seu olhar para um canto da praça, onde o edifício da Companhia Rikka impressionantemente estava. A entrada do prédio estava aberta, acolhendo qualquer um dentro, como um vendedor ambulante que tinha acabado de entrar. Rio decidiu entrar também.
Logo após passar pelas portas, ele se deparou com várias atendentes de loja esperando para atender os clientes. Havia também um guarda de segurança de prontidão, posicionado onde a maioria dos clientes não notaria sua presença.
"Bem-vindo à Companhia Rikka."
Ao perceberem a chegada de Rio, as atendentes da loja fizeram uma educada reverência ao cumprimentá-lo. Seus movimentos claramente praticados o pegaram de surpresa. Então, uma jovem com belos cabelos ondulados se aproximou de Rio.
"Senhor, pedimos desculpas pelo inconveniente, mas armas são proibidas dentro da loja. Se tem alguma com você, vamos com prazer guardá-las para você até que você saia." A linda menina deu um sorriso gentil, mas amigável.
Ela parecia estar em torno da idade de Rio, se não um pouco mais jovem; jovem o suficiente para ser um atendente em treinamento na loja. Mas havia algo estranhamente maduro sobre a forma em como a menina se comportava. Ela estava usando o mesmo uniforme, um vestido com avental, que os outros atendentes usavam, mas ainda assim ela estava transbordando com a elegância que rivalizaria com a filha de um nobre.
".... Eu entendo."
Surpreendido a princípio, Rio então prontamente concordou e começou a retirar suas armas: a espada na cintura, duas adagas escondidas e vários punhais de arremesso. Uma segunda atendente veio recolher as armas de Rio.
Ela perguntou a Rio seu nome para fins administrativos, ao que ele respondeu confiantemente: “Me chamo Haruto”
Rio ainda estava vestindo sua túnica com o capuz sobre a cabeça; embora ele sabia que não era educado manter seu rosto escondido, era uma aparência típica para aventureiros, e também, a loja não parecia ter nenhuma reclamação desde que ele removesse as armas.
"Você se importaria se fizéssemos uma verificação corporal?"
"Não, vá em frente." Rio levantou os braços com um aceno de cabeça.
"Com licença", disse a atendente enquanto começava a verificar o corpo de Rio. A investigação acabou em segundos, e a garota julgou Rio como completamente desarmado com um aceno a outra atendente.
"Obrigado por sua cooperação, senhor. Agora vou guiá-lo para dentro — por favor, siga-me."
Sob a orientação da atendente da loja, Rio entrou em outra sala, olhando ao redor da loja enquanto caminhava três passos na diagonal atrás dela. O primeiro andar era um amplo espaço aberto com várias salas de conferência seladas para os atendentes da loja discutirem negócios com potenciais clientes. Rio foi levado para uma dessas salas. As salas foram seccionadas com divisórias, para que as discussões fossem mantidas em sigilo, desde que mantivessem suas vozes baixas.
"Por favor, sente-se aqui." A garota ofereceu a Rio um assento em um sofá macio na sala, que ele aceitou com uma palavra de agradecimento. Ela então sentou-se no assento oposto, de frente para ele.
"Mais uma vez, bem-vindo a Companhia Rikka. Meu nome é Lotte, e estarei encarregada de auxiliá-lo hoje. Prazer em conhecê-lo, senhor." Lotte inclinou a cabeça educadamente.
Com base em sua idade, Rio assumiu que ela era apenas uma atendente em treinamento e esperava que alguém viesse encontrá-lo em seu lugar, então ele foi pego ligeiramente desprevenido. Ele não foi tolo o suficiente para deixar sua confusão mostrar-se em seu rosto, no entanto. Ver os modos maduros de Lotte, que rivalizavam com os de uma filha nobre, fez com que Rio tivesse certeza de que ela era mais do que adequada para atendê-lo.
Ela poderia ser.…? Não.
Um pensamento ridículo cruzou pela mente de Rio por um instante, mas ele imediatamente o descartou como altamente improvável. A julgar pela falta de constrangimento de Lotte, que era típico de um novato, suas capacidades eram provavelmente legítimas. Rio se preparou e cumprimentou Lotte respeitosamente.
"Obrigado por sua hospitalidade. Meu nome é Haruto. Estou viajando sozinho devido a certas circunstâncias, então, por favor, perdoe-me por manter meu capuz assim." O cumprimento de Rio foi cuidadosamente calculado; Lotte não foi desrespeitosa o suficiente para pedir a um cliente para remover seu capuz, mas se ele disse desta forma, ela chegaria a sua própria conclusão sobre suas circunstâncias. Dito isso, ela podia ver um vislumbre do rosto de Rio sob o capuz de onde ela se sentava em frente a ele. Os traços refinados da aparência dele, que Lotte pôde espiar, fizeram os olhos dela se arregalarem um pouco de surpresa.
"Isso deve estar bem, senhor, contanto que não cause nenhum inconveniente do nosso lado. Agora, estaria tudo bem ir direto aos negócios?"
Leves chamas de curiosidade acenderam nos olhos de Lotte, mas seu sorriso de atendimento ao cliente não diminuiu. Ela não tinha intenção de invadir a privacidade do cliente, então resolveu ir direto ao ponto.
"Sim, eu vim hoje para perguntar sobre a compra de massas. Se elas puderem ser preservadas para durar mais tempo no armazenamento, eu gostaria de comprar algumas a granel. Também gostaria de alguns outros ingredientes e especiarias, também."
"Entendido. Temos um tipo seco de massa disponível para compra. Desde que não seja deixada em um ambiente quente e úmido, podemos garantir que ela vai durar pelo menos um ano no armazenamento."
"Posso perguntar qual é o preço?"
"Certamente. Cobramos um cobre grande e cinco cobres pequenos para cada 500 gramas."
"Obrigado. E quanto você cobra por cevada?" Rio perguntou, colocando a mão contra a boca em um pensamento falso.
"Um cobre grande por quilograma, senhor."
"Então... posso pedir para você preparar quinze quilos de massa e dez quilos de cevada para mim?"
Os olhos de Lotte se abriram ligeiramente com os números que Rio divulgou.
Isso é muito para o aventureiro comum.... Isso estará bem?
Enquanto quinze quilos de massa e dez quilos de cevada eram normais para um comerciante que pretendia revender o produto, era uma quantidade bastante grande para um aventureiro comprar para uso pessoal. Além disso, a massa ainda era um novo produto — a maioria do público em geral não tinha ideia de quanto era necessário em uma porção. Apenas comerciantes e nobreza realmente tinham algum tipo de entendimento de seu peso.
Como houve muitos casos em que os mal-entendidos trouxeram conflitos às discussões relativas aos negócios, Lotte verificou duas vezes que os números estavam corretos.
"500 gramas de massa alimentarão cinco ou seis pessoas. Quinze quilos serão uma grande quantidade para uma pessoa consumir.... Você tem certeza de isso estará tudo bem para você, senhor?"
"Sim. Quinze quilos alimentariam cerca de 150 a 180 bocas e custariam quatro pratas pequenas e cinco cobres grandes, correto? Esses são certamente os números que tenho em mente." Rio deu um leve sorriso, imediatamente calculando os números em sua cabeça.
"Minhas desculpas, senhor. Vamos preparar quinze quilos de massa e dez quilos de cevada para você imediatamente." Lotte abaixou a cabeça profundamente, impressionada com as habilidades aritméticas instantâneas de Rio.
Nesse momento, uma atendente da loja no final de sua adolescência trouxe uma bandeja de chá.
"Com licença", disse ela com uma voz calma, e começou a servir o chá. A fragrância suave das folhas de chá de alta qualidade flutuava pelo ar, fazendo cócegas nos sentidos de Rio e Lotte.
Rio assentiu para a atendente em gratidão. "Muito obrigado."
"Por favor, sirva-se, senhor." Lotte ofereceu-lhe o chá.
"Obrigado. Então, se você não se importa..." Achando que seria rude não tocar no chá oferecido, Rio aceitou a xícara.
A mesa estava a uma boa distância do sofá, então ele pegou o pires junto com a xícara e admirou sua cor e design primeiro. Então, depois de apreciar a cor e fragrância, ele tomou um gole do chá. Lotte se viu incapaz de apartar os olhos dos movimentos graciosos de Rio.
"Você toma chá com frequência, Haruto-sama?"
"Sim. Tenho uma conhecida que gosta muito de tomar chá, e adquiri muitos conhecimentos relevantes bebendo com ela." Rio assentiu com um sorriso carinhoso. Ele lembrou das vezes em que bebia chá e conversava com Celia quase todos os dias. Graças a essas experiências, ele aperfeiçoou a etiqueta do chá a um ponto onde ele poderia facilmente participar de uma festa de chá organizada por uma filha da nobreza sem qualquer tipo de dificuldade.
"Oh, isso é maravilhoso de ouvir, senhor. As pessoas costumam dizer que o chá é uma bebida para as mulheres desfrutarem, então poucos cavalheiros estão interessados nele. Você pode dizer que tipo de folha há neste chá?" Lotte perguntou, sua expressão iluminando como uma flor desabrochando.
"A julgar por esse aroma único e sabor levemente amargo, eu diria que é uma folha produzida em Lis?"
"Correto."
"Então você está usando chá de boa qualidade, de fato. E vejo que o conjunto de chá também é de qualidade maravilhosa. Perdoe-me por dizer isso, mas pelo que posso ver do sofá, assim como da mesa.... Os móveis não são um pouco de alta qualidade para serem usados para receber pequenos clientes comerciais?" Rio perguntou, tentando extrair mais sobre o tema de Lotte.
O espaço em que estavam sentados foi montado com divisórias para imitar uma sala privada. O sofá e a mesa colocados lá eram ambos de tão alta qualidade, que poderiam ser facilmente usados em uma sala de conferência para convidados de alto nível.
O rosto de Lotte se iluminou com um sorriso feliz enquanto ela respondia a Rio com orgulho.
"Fufu, a melhor transação comercial começa com o ambiente de negócios perfeito! Esse é o lema da nossa companhia, senhor. E isso não muda dependendo da escala da transação."
".... Entendo. Esse deve ser um dos segredos para o crescimento repentino da Companhia Rikka. Com atendentes tão jovens e bonitas como você, Lotte-san, posso entender por que as pessoas se sentem inclinadas a esvaziar suas carteiras."
"Oh, você me lisonjeia." Lotte cobriu a boca com uma mão em timidez refinada.
"Não, eu realmente acredito nisso. Há alguns outros itens que preciso, e estou pensando em comprá-los aqui também."
"Fufu. Nesse caso, que tal retomarmos nossas discussões de negócios? Afinal, é o trabalho de um comerciante atender às demandas do cliente. Vamos preparar com prazer todos os itens que você precisa para sua jornada."
Assim, Rio e Lotte retomaram a conversa.
Rio ainda precisava de alimentos preservados e vários ingredientes, além dos utensílios para prepará-los, e ele foi capaz de comprar todos os itens que precisava através do serviço da Companhia Rikka. Alguns dos itens eram um pouco caros, mas outros itens ele não teria sido capaz de encontrar em outros lugares, como muitas das especiarias cultivadas e importadas das ilhas do sul. E com seu principal propósito de comprar massas realizado, Rio ficou extremamente satisfeito com o resultado de sua visita.
"Há mais alguma coisa que você precisa?"
"Não, isso é tudo que eu preciso. Mas se sua companhia também oferecer serviços de entrega de correspondência, gostaria de solicitar isso também..." Rio fez uma última pergunta depois de terminar todas as discussões de negócios.
Ele não podia deixar a região de Strahl sem enviar uma carta para Celia.
"Temos esse serviço disponível, mas não entregamos em determinadas regiões. Onde você deseja que entreguem sua correspondência?"
"A capital do reino de Beltram." Sua resposta favorável levou Rio a dizer-lhe o destino da carta.
"Isso não será um problema. Seus itens vão levar um momento para preparar, então, gostaria de escrever sua carta durante esse tempo?"
"Sim, por favor."
Rio pagou suas compras com as moedas e Lotte saiu da sala de reuniões para fazer alguns preparativos. Pouco tempo depois, uma atendente da loja apareceu com pergaminho, pena e tinta para Rio escrever sua carta. Rio aceitou os objetos e — depois de um momento de hesitação — caiu sobre a mesa e mergulhou a pena na tinta. Sua mão se movia constantemente sobre o pergaminho e riscava os caracteres de forma elegante.
A carta falava de sua jornada até agora: que ele estava em Galark no momento, e outras pequenas coisas que aconteceram no caminho. Ele assinou como "Haruto" no final. Depois que ele terminou de escrever, ele esperou um pouco para a tinta secar, em seguida, enrolou o pergaminho. Ele usou a vela na mesa para derreter a cera de vedação e pingá-la no pergaminho antes de selá-la. Com o selo da Companhia Rikka no pergaminho, a carta estava finalmente completa.
Ter a companhia mercante, que era dirigida pela filha de um duque, responsável por entregar a carta era muito mais tranquilizador do que pedir a qualquer organização aleatória ou indivíduo, pois havia um risco muito menor de perder a carta ou quebrar a confidencialidade.
Rio chamou uma atendente próxima e informou que ele tinha acabado de escrever. A atendente se retirou por um momento antes de retornar com Lotte e a atendente que serviu o chá de antes. Todas as compras de Rio foram preparadas e deixadas fora do espaço da reunião.
"Por favor, entregue isso à instrutora Celia Claire da Academia Real de Beltram." Rio entregou a importante carta para Lotte.
"Entendido. O destino é a Academia Real de Beltram, para a instrutora Celia Claire. Nós vamos ter certeza de entregá-la, senhor. Os itens de seu pedido também foram reunidos, então por favor, confirme que tudo está presente." Os olhos de Lotte se abriram levemente quando ela ouviu que o destinatário era Celia, mas apenas alguém que estava ao seu lado reconheceria a mudança em sua expressão — e somente após observação atenta.
Rio organizou os itens em sua mochila enquanto os verificava. Era um grande número de itens, mas sua mochila era grande o suficiente para acomodar tudo. Uma vez que a mochila estava cheia, Rio a jogou sobre seu ombro facilmente, fazendo os olhos de Lotte se alargarem em choque.
"Eu vejo que você tem muita força. Adequado para um aventureiro."
"Viajar pode ser duro, afinal... Fiz questão de me preparar para isso. Agora, devo me despedir." Disse Rio, as palavras de Lotte o fizeram sorrir. Com essas palavras de despedida, ele curvou-se uma vez e girou sobre seus calcanhares.
"Obrigada por seu patrocínio, senhor. Se passar por Amande novamente, nossas portas estarão sempre abertas para você." Lotte disse suas palavras de despedida, em seguida, curvou-se junto a atendente ao lado dela. As duas mantiveram a cabeça baixa até que Rio deixasse o edifício.
Então, uma vez que Rio estava fora do local... "Celia Claire... A filha prodigiosa do Conde Claire, da famosa família de magos. A maga gênia que se graduou cedo na Academia Real", Lotte levantou a cabeça e murmurou.
Ela estava ciente da reputação de Celia como a maga gênia de Beltram, apesar de viver aqui no Reino de Galark toda a sua vida. Devido ao fato de que simplesmente ter boas notas não era suficiente para se graduar cedo, uma quantidade esmagadora de excelência e talento tinha que ser exibida em uma área específica. Esse era o porquê de graduados precoces serem raros — ocorrendo uma vez por década, se a Academia tivesse sorte — então qualquer indivíduo educado em um círculo nobre estaria ciente do nome de Celia.
Além disso, Celia era a mais jovem graduada na história da Academia Real de Beltram, tornando-a muito mais famosa do que ela imaginava.
"Que garoto misterioso, não acha, Liselotte-sama?" A atendente ao lado de Lotte — ou melhor, Liselotte — falou.
"Me pergunto se ele é o filho de algum nobre tentando sair em uma jornada. E eu sou 'Lotte' neste momento, Cosette." Liselotte estreitou os olhos e olhou para a garota chamada Cosette.
"A propósito, o tempo de inspeção acabou. Aria e Natalie enviaram uma mensagem para voltar rapidamente para a propriedade e terminar o resto da papelada acumulada", relatou Cosette com os ombros caídos.
"Oh céus, então devemos nos apressar." Os cantos da boca de Liselotte se ergueram em um sorriso agradável, fazendo Cosette olhá-la curiosamente.
"Foi uma boa mudança de ritmo... As negociações comerciais foram muito divertidas."
"Hmm. Ah, eu entendo agora. Aquele garoto era bonito, não era?"
"Você... não está errada, mas isso não tem nada a ver com isto." Liselotte negou reflexivamente por exasperação, mas as memórias dos traços faciais de Rio ressurgiram em sua mente, fazendo-a responder de forma desconcertante.
Ver a reação fascinante de sua ama fez Cosette sorrir atrevidamente.
"Vê? Esse deve ser o caso."
"Já basta. Eu estou indo agora!"
Com um leve rubor em suas bochechas, Liselotte se afastou rapidamente. Cosette deu uma pequena risada antes de seguir de perto.
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